Capítulo 03: Trégua com gosto de café.
Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor.
Madre Teresa de Calcutá
—
Tweek caminhava em passos desanimadamente lentos pelos corredores, seu tênis fazia um belo trabalho no piso chegando a ser irritante aquele barulho algumas vezes pela força que seu pé deslizava ao encontro com o chão.
Estava cansado por causa da noite mal dormida e já estava sofrendo pela ausência de energia em seu corpo, seus olhos estavam começando a pesar e sua visão estava um pouco distorcida. Teve sorte que seu humor não tenha se alterado tanto, mas sentia-se com raiva quando passava pelas portas das salas e ouvia aquela barulheira infernal.
Precisava sair dos corredores e achar algum lugar calmo, mas seu raciocino estava lento e a única palavra que veio à sua mente foi: biblioteca.
Não estava longe da mesma então com um esforço de suas últimas reservas de energia, rumou para a biblioteca que nesse período estaria praticamente vazia. Ao entrar recebeu um olhar caloroso da bibliotecária e foi para o fim da sala, onde era o lugar mais reservado e distante, pois nas últimas prateleiras haviam livros esquecidos e chatos que praticamente ninguém mais lia.
Um lugar perfeito para dormir por alguns minutinhos.
Não era a primeira vez que fora a biblioteca para dormir, na última vez fora pego mas a mulher que cuida dessa ala da escola simplesmente ignorou o fato recomendou que na próxima vez que viesse a fazer isso, que fosse mais cauteloso e isso seria um segredo de ambos.
Tweek nunca se sentiu tão bem ao ouvir tais palavras, poderia dormir na biblioteca quantas vezes quisesse se tomasse cautela, mas naquele estado que estava se jogaria no chão e dormiria lá mesmo. No entanto, não fez isso e juntou algumas cadeiras que rodeavam a mesa e se deitou nelas.
Precisava dormir antes que seu corpo desligasse sozinho e torcia muito para que ninguém da supervisão o encontrasse naquele estado de dormência.
Seus olhos foram se fechado gradualmente enquanto sua visão ia escurecendo, mas antes de apagar de vez viu um vulto conhecido, no entanto, estava tão cansado para pensar em algo que simplesmente adormeceu.
Craig havia seguido o loiro com o total cuidado para não ser descoberto e quando o viu entrar na biblioteca e juntar as cadeiras para se deitar, aquilo o surpreendeu. Nunca o viu dormir fora da sala de aula, ainda mais num lugar como aquele.
Nas mãos de Tweek havia uma carta, imaginou que seria a cartas das tarefas que o outro iria desempenhar, como não tinha permissão para lê-la somente a pegou e colocou no bolso do moletom do loiro. Ele era descuidado de mais, bom para Craig, que teria uma vantagem de conseguir mais pontos para si.
Mas isso só aconteceria se o cupido começasse a fazer suas tarefas e por agora, do jeito que ele dormia, demoraria para acordar.
Inconsequentemente sua mão foi até os cabelos loiros de Tweek, acariciando suas pontas; ora enrolando em seus dedos, ora deslizando. Estranhamente seus cabelos eram sedosos, difícil de acreditar já que eram tão rebeldes e nunca ficavam quietos no lugar.
Seus olhos se voltaram para o rosto cansado mas sutil do adolescente, era tão hipnotizante ficar olhando ele dormir, mas algo lhe chagou atenção, algo que não era normal. Embaixo de seus olhos ele viu uma pequena camada de cor mais claro do que a sua habitual cor, não era uma coisa que qualquer um poderia distinguir, somente se ficar olhando para o rosto por um longo tempo — como Craig estava.
O moreno levou uma de suas mãos até aquela anomalia e passou um pouco forte o dedo sentindo algo grudar o mesmo, trousse de volta e ficou examinando.
Se irritou ao reconhecer aquilo.
Era maquiagem.
Ficou com raiva de Tweek por esconder aquilo dele, se somente o produto estava debaixo de seus olhos era para esconder suas olheiras e isso o entristeceu e o irritou bastante, afinal, o loiro estava escondendo algo que não fazia bem para sua saúde.
Cogitou em acorda-lo e lhe dar uma bela bronca, mas sabia que a insônia dele era forte e permitiu, somente desta vez, que ele ficasse dormindo até seu corpo recuperar energias suficiente para passar o resto do dia.
Ficaria ali na biblioteca até o outro acordar, poderia demorar mas não se importava, precisava zelar o sono do outro para que ninguém o interrompa.
——
Já estava na última aula e Tweek ainda não acordará, se não fosse pela sua respiração calma Craig poderia jurar que ele estava morto.
Mas ele estava morto de cansaço.
O moreno havia pegado um livro qualquer para passar o tempo, se sentou na cadeira vaga que ficava ao lado da cadeira que o loiro descansava sua cabeça, algumas vezes sua mão passou pelos cabelos rebeldes do outro, acariciando e recebendo um muxoxo baixo, fazendo sorrir de lado por tamanha fofura que Tweek tinha quando estava dormindo.
Bateu o sinal informando o fim das aulas naquele dia e Craig só havia saído da biblioteca para pegar suas coisas e as de Tweek; suas mochilas estavam desajeitadamente sobre a mesa.
Tweek se remexeu mais do que o normal e Craig constatou que estava acordado, sentiu os braços do mesmo se esticar, se espreguiçando, porém ainda matinha seus olhos fechados. Percebeu que suas mãos subiram até suas coxas, onde foram apalpadas para conseguir distinguir que raios era aquilo.
Ao abrir os olhos vagarosamente para se acostumar com a claridade olhou para trás para enfim saber o que aquilo que tanto apalpava e arregalou os olhos ao ver Craig sorrindo. Levantou-se quase em um pulo distanciando-se ao máximo que podia do outro.
—Cra-Craig? —Disse incrédulo, de todas as pessoas que poderiam estar ali com ele, a última pessoa que vinha em sua mente era seu namorado.
Seu rosto esquentou.
—Bom dia raio do dia! —Falou abrindo um sorriso largo, achando graça a vergonha alheia.
—O que eu ap-apertei? —Indagou se lembrando que suas mãos apertaram ao fofo e forte ao mesmo tempo.
Craig não tinha desfeito do seu sorriso e se levantou, a fim de colocar o livro que pegara na estante que ficava próximo a mesa que estavam. Tweek rodeou a mesa achando que o outro iria se aproximar, embora não soubesse exatamente o porquê de querer se manter longe.
—Minhas coxas. —Respondeu quando colocou o livro de volta ao seu lugar e o encarou, seu sorriso logo se desfez ao recordar que precisava conversar algo importante com ele.
—De-desculpe-me. —Disse baixando o olhar para o chão descrente que suas mãos apertaram uma parte do corpo do outro sem ter permissão para isso, mas ao sentir seu corpo ser pressionado contra a mesa logo se virou e encontrou uma expressão aterrorizando no rosto do moreno.
—Vai me contar o porquê de estar usando maquiagem ou vou ter que descobrir sozinho? —Falou ríspido, causando ainda mais medo no pobre Tweek.
—Eu... Eu... —Não sabia como esclarecer aquilo, jamais imaginaria que ele descobriria. Seu olhar estava desfoca trêmulo, assim como seu corpo todo, não conseguia olhar diretamente para aqueles olhos azuis.
Azuis de descontentamento.
—Tweek! —Insistiu novamente.
—Eu não sei... Eu... Eu fi-fiquei com me-medo que vo-você fosse bri-brigar comigo! —Falou sentindo sua garganta secar, seus olhos se encheram de lágrimas por temer o que poderia vir a seguir.
Craig iria machuca-lo?
Ele teria coragem de fazer isso?
Bem, na última vez que ficou com olheiras, Craig havia o alertado que se viesse acontecer novamente seria melhor que ele não estivesse na cidade.
O moreno suspirou e o abraçou forte, sentido as tremedeiras de Tweek ficarem mais suaves. O loiro ficou mudo e paralisado, aquele abraço era tão quente e reconfortante; Craig tinha uma das mãos entrelaçada com os cabelos sedosamente rebeldes do outro e a outra mão apertava firme a cintura fina até demais para um garoto.
—Você tem medo de mim? —Indagou com a voz baixa e passiva, demostrando que não iria machuca-lo.
Silêncio.
Tweek não conseguia falar por mais que abrisse a boca, aquele abraço estava acabando com sua capacidade de raciocino, além do cheiro do moreno começar a lhe deixar viciado e tonto.
—Tweek? —Chamou se afastando minimamente, levando a mão que estava emaranhando nos cabelos loiros para a bochecha do mesmo. —Você tem medo de mim? —Perguntou novamente olhando no fundo dos olhos de Tweek.
Aquelas esmeraldas puramente lindas que outrora estavam com um brilho de medo, agora estavam turvas.
O Tweak encarou de volta sem saber o que dizer, aquele tom de voz fazia-o sentir amado.
Engoliu seco e tentou responder algo coerente.
—Qua-quando você ficou bra-bravo daquela vez... —Encarou o ombro de Craig por alguns breves segundos e depois voltou a olhar aquelas orbes azuis. —Eu fique... En-então desta vez, eu te-tentei esconder...
Craig o olhava com um aperto no coração em saber que causou medo naquela pessoa que tanto queria proteger, sentiu-se repulsa de si mesmo por passar uma imagem de monstro para Tweek.
—Desculpe. Não queria te fazer ter medo de mim, apenas me preocupei muito com seu estado. Sou seu amigo e namorado e isso te faz ser a coisa mais importante para mim agora. —Se declarou indiretamente, não se arrependeu de falar tais palavra só esperava que Tweek entendesse o significado delas o quanto antes, porque a vontade de beija-lo estava começando a consumi-lo.
O loiro arregalou os olhos e corou fortemente, jamais pensaria que ouviria essas palavras serem proferidas pelos lábios carnudos de Craig. Sorriu, sorriu meigamente para ele, embora desconhecendo, infelizmente, o real sentindo daquelas palavras.
Tweek o abraçou forte, sentindo uma felicidade lhe encher, mas não o completar. Faltava alguma coisa que não sabia, porém, naquele momento, nada disso importava. Apenas desfrutar daquele calor que emanava de seus corpos colados era de importância.
Uma pontada de decepção percorreu o corpo de Craig ao perceber que Tweek não havia entendido as entrelinhas de sua confissão, mas ele não deixaria essa pequena derrota lhe fazer desistir. Ainda tinha tempo de conquista-lo e o faria, afinal, decidiu que tomaria uma atitude em relação aos seu sentimento oculto pelo loirinho, embora soubesse que tinha chances de sair machucado daquela história.
Tweek se afastou minimamente, pois o braço que circulava sua cintura não se moveu um centímetro, então seus rostos acabaram ficando próximos. Tão próximos que ambos podiam sentir a respiração do outro colidir contra suas peles.
—Dá próxima vez, não esconda, estamos entendidos? —Disse tentando acalmar seu instinto de beija-lo e apertar ainda mais seus corpos.
—Cer-certo! —Afirmou engolindo seco com aquela aproximação. Seu coração estava batendo descontroladamente e sua mente quase não estava processando nada, seu olhar alternava entre os olhos azuis de Craig e seus lábios carnudos.
O moreno conseguiu reprimir qualquer desejo que estava aflorando em sua pele com um sutil beijo na testa do loiro— por enquanto isso bastava—, que se afastou minimamente por reação. Não demorou muito naquele gesto e logo se separam, Craig deu dois passos para trás, sorrindo pela face totalmente vermelha do outro.
—Acho melhor irmos. —Disse um pouco envergonhado.
O Tucker foi até a ponta da mesa e pegou sua mochila indo para a saída da biblioteca, Tweek continuou parado no mesmo lugar, somente suas mãos se moveram, uma foi até sua testa passando pelo local onde fora beijando e a outra foi para onde ficava o coração, apertando o moletom na inútil tarefa de fazer seu coração se acalmar.
Se Craig continuasse com aquelas atitudes estranhas temia que não conseguiria aguentar mais. Iria ter um ataque cardíaco, pois somente por ele chegar perto o bastante seu coração começava a disparar e isso o irritava, porque não sabia como lidar com essa desordem, além da sua mente simplesmente entrar em curto circuito.
Sabia que seu namorado era gentil e amoroso, mas nunca imaginou que o viria tratar com tanto zelo. Até parecia que ele estava gostando mais do que deveria e isso era errado, porque até onde sabia, nenhum dos dois eram gays.
Mas isso importa?
—É muita... pre-pressão. —Murmurou para si.
—Tweek vamos logo, não quero que o tiozinho da limpeza nos pegue aqui. —Gritou Craig já na entrada da biblioteca, fazendo o loiro dissolver seus pensamentos e pegar sua mochila desastradamente e ir para onde o moreno se encontrava. — O que você estava fazendo que demorou tanto? —Indagou-o quando já estava ao seu lado.
—É... É que eu pe-pensei que ti-tinha esquecido algo. —Mentiu pois não tinha coragem para dizer o que estava pensando, ainda mais quando seus pensamentos eram todos voltados a ele.
Craig deu de ombros e pegou a mão de Tweek, entrelaçando seus dedos e indo para fora da escola.
——
O caminho todo foi em silêncio pois nenhum estava com vontade de falar algo depois do que aconteceu na biblioteca, Tweek estava com vergonha mas não menos feliz, gostou muito daquele abraço e sentir o calor que Craig. O cheiro dele ficaria gravado em sua mente para o resto da vida e assim como o café, temia ficar depender dele.
Era uma pena.
Craig por outro lado estava pensando em como conquistar seu loirinho de vez, ele gostava muito do Tweek, mais do que simples amigo e isso o assustava de certa forma, porque nunca sentiu algo tão forte quanto estava sentindo ultimamente. Tudo era intenso demais. Era como se antes fosse somente uma pequena faísca e que a cada aproximação, cada expressão, cada gesto, cada palavra que o loiro lhe dava, aquela pequenina faísca se tornava cada vez mais forte.
Alimentando-se da existência de Tweek Tweak.
Tinha medo que o seu namorado não retribuísse seus sentimentos, poderia até estar engando em relação a como ele ficava constrangido perto de si, mas tentava não pensar muito nisso. E também não queria que os seus sentimentos estivesse apenas brincando com os de Tweek, que não passasse de uma fase e como consequência, Tweek sairia extremamente magoado dessa história.
Eram tantas coisas que estava em risco, mas não podia fraquejar, tinha que ser forte e tentar esclarecer bem os seus sentimentos e manter profundas esperanças que fosse reciproco.
Chegaram em frente à casa de Tweek, pouco receosos soltaram as mãos se encaram por alguns minutos. O clima entre eles estava tenso, mesmo não havendo motivo para tal coisa.
—Eu vou tra-trabalhar hoje. Se você qui-quiser passar lá... —Disse desviando os olhos do moreno, era um convite tão simples mas ao mesmo tempo tão complicado.
—Está melhor para trabalhar? —Indagou preocupado.
—Sim, es-estou sim. Descansei bastante na es-escola. —Sorriu vergonhoso ao lembrar que apalpou as coxas firmes de Craig.
—Ok, eu passo lá depois. —Disse enquanto levava sua boca ao encontro da testa do outro, o deixando sem reação.
Beijou carinhosamente e se afastou, bagunçando (?) o cabelo do outro na volta. Viu que Tweek ganhará uma coloração forte no rosto e sorriu, acho que ele nunca iria parar de gostar daquele tipo de reação.
Não viu quando Craig foi embora, mas despertou quando sua mãe o chamou estranhando por ainda não ter entrado. Seu coração palpitava tão forte que jamais se acostumaria com aquela sensação.
Por que toda a vez que Craig fazia isso, seu coração ficava louco?
Não tinhas respostas, pra falar a verdade não tinha resposta para quase —se não todas — as perguntas que pairavam em sua mente.
Subiu devagar pelas escadas até chegar em seu quarto, seus olhos estavam desfocados e tudo que pensava era se aguentaria por mais tempo toda aquela tortura que Craig estava o fazendo passar.
Se jogou na cama e fitou o teto sem muito animo, sentiu as lágrimas invadirem seus olhos e escorregar sutilmente pelo seu rosto. Queria tanto saber o que estava errado consigo, mas não tinha nenhum amigo no qual poderia desabafar, claro que tinha o Craig como melhor amigo, mas como ele iria falar isso se o causador de tudo que estava passando era próprio Craig?
Pelo menos, por agora, tentaria aguentar e não se desmoronar na frente da pessoa que tanto presava, que tanto possuía um carinho especial. Tentaria ser forte, por ele.
——
Haviam poucas pessoas na cafetaria dos Tweak’s, pois faltava apenas meia hora para fecharem, mas ainda assim era bastante pessoas para o pobre adolescente atender, para a sua sorte a maioria deles já estavam servidas e agradeciam gentilmente a Tweek por suas bebidas.
Por mais estranho que possa parecer, Tweek tinha muito talento em ser garçom, conseguia encantar praticamente a todos que entravam no estabelecimento com sua educação e carisma, se alguém falasse que ele viraria isso quando era um garotinho, jamais em sua vida iria acreditar.
Controlava bem suas tremedeiras e suas palavras sempre saiam perfeitamente, estava se esforçando ao máximo naquele emprego, pois isso estava lhe ajudando a se recuperar do vício da cafeína e as suas consequências.
O único problema era Craig, parecia que todo o seu esforço simplesmente desaparecia quando o mesmo estava por perto. Era como se não estivesse progredindo e sim regredindo, para pior que antes.
Que diabos de poder era esse que Craig Tucker tinha sobre si?
Seu corpo congelou quando viu que o moreno havia cruzado a porta e indo para um lugar reservando perto da janela, e em todo o trajeto seus olhos estavam conectados. Tweek engoliu seco e voltou atender o jovem casal que se encontrava ao seu lado, tentando ao máximo parecer normal ao olhos azuis que tanto lhe tira a concentração.
Já tinha perdido as esperanças que ele realmente viesse, e no fundo até que acho melhor, pois assim não ficaria perdido e seu coração ficaria bem calminho.
Mas ele veio.
E seu coração pulou.
Ah, como isso o irritava. Era seu corpo e ele não tinha nenhum controle sobre o mesmo. Era frustrante.
Assim que entregou os pedidos foi em passos receosos até a mesa que Craig estava, abrindo involuntariamente um sorriso gentil, o moreno estava olhando as pessoas passar pelo lado de fora e quando viu que seu loiro finalmente havia ido até ele, voltou seus olhos para aquelas esmeraldas tão lindas.
—Pe-pensei que não viesse. —Disse mais baixo que gostaria.
—Eu disse que viria, não disse? —Informou impassível.
—Eu já volto com seu pedido. —Não era a primeira vez que ia na cafetaria, ia até que regulamente e sempre pedia o mesmo café. O mais suave. Rodou os calcanhares, mas voltou quando se lembrou que estava trabalhando em um novo café, porém não tinha ninguém para experimentar e já que confiava muito no Craig, resolveu pedir a ajuda a ele. —Hm, Craig você po-poderia me fazer um fa-favor?
O moreno não tinha deixando de olha-lo e concordou com um leve balançar de cabeça.
—É que eu estou tra-trabalhando em um novo sabor? Estilo? Ainda não sei ao cer-certo de café, e gostaria de alguém para experimentar. —Disse controlando-se ao máximo para suas palavras não saírem tão cortadas.
Craig sorriu.
—Sou sua nova cobaia. Só espero que não tinha veneno nisso. —Falou brincando, mas logo se arrependendo. Tweek era uma pessoa que levava muito a sério essas brincadeiras.
O rosto do loiro entristeceu e seu olhar puro tornou-se magoado.
—Você acha que eu sou esse tipo de pessoa? —Perguntou incrivelmente sem atropelar as palavras, mas carregadas de tristeza.
Boa Craig...
—Desculpe, não era isso o que eu queria dizer. —Tentou argumentar, mas aquelas duas esmeraldas emanando tristeza lhe deixou paralisado.
Em um ato de desculpas, Craig segurou a mão de Tweek e a beijou carinhosamente, murmurando desculpas várias vezes.
Ouvisse um coro de “annw” pelo estabelecimento pela cena tão fofa dos dois. O loiro cora fortemente na mesma hora, enquanto Craig cora um pouco, mas nada que possa ser tão extravagante.
O Tweak fica sem reação e a tristeza que sentia simplesmente desaparecerá com aquele ato. O loiro puxou a mão rapidamente e foi até a cozinha do lugar, só parando quando estava no fim do cômodo, olhou para sua mão e sorriu.
Como ele não podia perdoar alguém com um coração tão generoso?
Balançou a cabeça tentando se concentrar nas poucas pessoas que ainda restavam no lugar, não podia se abalar, tinha que se manter forte.
Por enquanto...
——
Finalmente terminara o expediente e Tweek já estava preparando o “novo” café. Estava receoso com o gosto e com o desenho que estava tentando fazer, não era o que queria, mas, infelizmente para alguém inexperiente como ele era o mais fácil.
Assim que terminou levou seu pequeno experimento para sua cobaia, que esperou sem questionar.
—Desculpe te fazer es-esperar. —Disse colocando o copo descartável na mesa e sentando-se de frente para o moreno.
—Não tem importância, vou para sua casa de qualquer maneira. —Informou puxando o copo para perto de si, mas logo recebeu um olhar intenso de confusão. —Sua mãe não te avisou?
—Me avisou o que?
Craig o olhou incrédulo e logo sorriu divertido.
—Vou dormir na sua casa esse final de semana. A Senhora Tweak que me convidou. —Respondeu tentando pegar na borda do copo sem se queimar.
—O QUE? GAH! —Quase gritou ao saber, sua mãe não dissera nada todo o dia e seu quarto estava uma bagunça além de estar extremamente confuso com seus sentimentos, teria que dormir no mesmo cômodo que ele.
Ah, a Deusa da sorte estava acabando com a sua saúde mental.
Craig estava prestes a experimentar o café de Tweek, mas o mesmo dá um grito que faz ele parar na hora e o olhar questionário.
—Vê... Vê o de-desenho. —Disse sentindo suas bochechas pegarem fogo, tinha mesmo que começar com esse maldito desenho?
O Tucker olhou para o copo e viu um coração desenhando, não estava totalmente alinhando ou bem feito, mas sorriu largou ao vê-lo.
—Um coração? —Indagou adorando as feições de constrangimento que o outro adquiria.
—Era... Era o mais fá-fácil. —Respondeu olhando para a mesa, enquanto apertava seus cabelos contra seus dedos ferozmente.
Aquilo era tão embaraçoso.
—Oh. —Deixou soltar sem querer mas mantendo o sorriso largo nos lábios.
Levou o copo aos lábios e deu um pequeno gole, aquilo continuava quente então tinha que tomar cuidado para não queimar a boca, e assim que sentiu o gostou olhou surpreso para Tweek que tinha uma expressão de ansiedade em saber a resposta.
—Está muito bom Tweek, não gosto muito de café mas esse ficou muito gostoso. —Disse sincero.
— ‘Tá mentindo.
Craig o olhou em desdém.
—Eu lá tenho cara que diz mentiras? —Indagou incrédulos as palavras do loiro.
—Bem, teve um dia...
—Calado! —Falou rispidamente, fazendo Tweek formar um bico nos lábios e depois começar a rir levando-o junto com sua risada contagiosa.
Depois do ataque de risadas Craig voltou a falar.
—Mas é sério, isso tá muito bom. —Disse enquanto bebia mais um gole do café de Tweek.
O loiro sorriu triunfante e orgulhoso, Craig não mentira pra ele sobre uma coisas dessas.
—Devia falar com seu pai sobre isso. —Aquele café estava realmente viciante.
—Hm, ainda não. Vou me aprimorar mais! —Informou tremendo de emoção por finalmente estar conseguindo fazer algo interessante.
—Mas melhore seus desenhos! Na próxima quero meu rosto nele.
Tweek estreitou os olhos em discordância a suas palavras.
—Quer mais nada não?
—Um guardachuvinha daquele que tem em coquetéis seria interessante. —Respondeu rindo da expressão incrédula de Tweek. —Ficaria bem legal... —Piscou como se aquilo fizesse o outro aceitar sua proposta, mas o que conseguiu foi um loirinho ficar vermelho novamente.
Péssima ideia.
—Bo-Bom acho melhor irmos! —Disse enquanto se levantava e rumando para a cozinha da cafetaria para tirar o avental que continha o símbolo do café e o nome Tweak bordado no meio.
Craig suspirou e tomou mais um gole do café, sorriu ao pensar que Leo não tinhas chances contra ele em conquistar seu loirinho.
Não demorou muito para Tweek voltar e fechar todas as portas e janelas do lugar, seus pais já haviam saído fazia tempo, o loiro sempre fechava o negócio da família. Não limpo o lugar porque não cabia a ele essa função, pelo menos por enquanto.
——
—Você não trouxe seu saco de dormir?! —Perguntou em desdém. Ao chegarem em casa ambos subiram para o quarto de Tweek e o mesmo estranhou o fato de não ver o vermelho e velho saco de dormir do outro.
—Acabei... Esquecendo (?) —Explicou em total mentira, ele não havia esquecido porcaria nenhum, era tudo um plano para conseguir dormir na mesma cama que seu namorado.
—Aonde vo-você vai dor-dormir agora? —Disse estupefato, andando de um lago para o outro. Cogitou em deixa-lo dormir junto consigo na mesma cama, mas só de pensar nisso seu corpo estremeceu.
—Tweek a sua cama é grande o suficiente para caber nós dois! —Informou sentando na mesma.
—O que? GAH!
—Larga de frescura, não somos namorados de verdade lembra? Eu não vou te agarrar, te beijar ou fazer outras coisas, nós só vamos dormir! —Falou sentindo uma pontada de arrependimento ao proferir tais palavras. Tudo o que ele estava querendo fazer, não podia.
Tweek ficou um pouco pensativo, ele tinha razão, não eram namorados de verdade então não tinham que fazer nada que um casal de namorados faria, mas então porque sentiu uma decepção correr por todo seu corpo?
— ‘Tá, mas não fi-fique tão perto. —Anunciou derrotado, como recusar algo que Craig propôs?
Teria que dormir praticamente colado na parede para não encostar na pele do outro, já não bastasse seu coração disparar toda a vez que o outro fizesse um ato estranho agora teria que dormir na mesma cama.
É, ele passaria a noite em claro novamente e tudo por culpa da mesma pessoa.
Craig sorriu vitorioso e pegou uma muda de roupa, ficara sabendo que os pais de Tweek resolveram fazer um banheiro no quarto do mesmo, até pouco tempo achava aquela noticia desinteressante, mas agora que o via com outros olhos, achava que foi a ideia mais genial que eles tiveram.
Enquanto Tweek se sentava cadeira da mesa de estudo, ligando seu computador, Craig se dirigiu ao banheiro e fechou a porta. O loiro ficou meio congelado quando viu que o moreno iria usar o banheiro, não sabia o motivo daquele constrangimento, Craig tinha praticamente tudo que ele tinha, só que em tamanhos maiores —se é que vocês me entendem.
Seu rosto ganhou um tom avermelhado ao pensar em como o corpo do Tucker tivera mudanças, porém nunca as viu de verdade, afinal, o moreno não era o tipo de pessoa que gostava de mostrar seus músculos, sempre foi muito retraído e quieto no seu canto.
Sabia que ele tinha ganhado massa muscular pois em tempo quentes era difícil ver alguém entupido de blusas grossas, então, um pouco dava para ser visto e foram estrategicamente bem colocados.
Academia fez muito bem a ele.
Balançou a cabeça ferozmente tentando acabar com esses pensamentos impuros, desde quando ele pensava nessas coisas? Eles eram bons amigos e só, o que Craig pensaria se soubesses desses pensamentos nada amistosos?
Amaria...
Tinha que pensar em peitos, bundas, mulheres... Não em abdômen sarado que seu amigo tinha e muito menos ter vontade de passar suas mãos pelos gomos dele.
Tweek estava começando a ficar mais desesperado com esses sentimentos e que agora vinha com bônus especial de desejo. Levou suas mãos até seus cabelos e os puxou indelicadamente.
“Céus, o que tem de errado comigo?” —Pensou enquanto sentia lágrimas emundarem seus olhos novamente. Não, não podia chorar agora, Craig estava no outro cômodo e a qualquer minuto poderia sair de lá e ver sua lamentável fraqueza.
Mas antes que pudesse se recuperar totalmente dessa recaída, o moreno abre a porta e vê Tweek encolhido e tremendo, mas aquele tipo de tremedeira não era o normal dele. Rapidamente vai até ele o puxa gentilmente seu braço, livrando uma parte de seus cabelos de serem puxado ainda mais.
—Tweek? —Chamou-o com uma voz calma mas preocupada. O loiro virou o rosto e deu de cara com aqueles olhos azuis celestes lhe olhando com tanto zelo.
Não aguento e o abraçou forte sendo retribuído pouco segundos depois, não se permitiu chorar, segurou aquela vontade ao máximo que conseguia deixando escapar somente alguns soluços que na maioria das vezes eram involuntário.
Craig ficou sem reação ao ver Tweek daquela maneira tão frágil, queria perguntar o motivo de estar tão desolado, mas aquele abraço estava conseguindo acalma-lo e isso era o mais importante naquele momento.
Infelizmente —ou não — o abraço não durou muito tempo e logo Tweek levou sua mão até o abdômen do outro a fim de se afastar, porém só naquele momento que se tocou que o moreno não estava com uma camisa; estava completamente desmudo da parte de cima.
O loiro corou fortemente ao constatar que, mesmo que minimamente, acabou realizando um dos seus desejos ocultos pelo moreno. Deu alguns passos apressados para atrás, quase caindo, e olhou para o chão, evitando olhar para aquele corpo.
Aquele corpo todinho seu...
—Des-Des-Des-Desculpe-me... —Disse extremamente constrangido.
—Por que... —Tentou começar mas pensou que seria mais produtivo deixa-lo contar sem pressão. —Por que a desculpa?
—Por... Por ter te abraçado. GAH! —Respondeu indo até o guarda roupa e pegando uma muda de roupa.
—Oh, não precisa se desculpar por isso.
Tweek passou por ele com a cabeça baixa e totalmente corado.
—De qua-qualquer maneira, desculpe. —Terminou sua fala atrás da porta do banheiro, que trancou por motivos desconhecidos.
Craig sorriu abertamente mas logo o desfez pensando em alguma maneira de tentar resolver o porquê do Tweek estar tão fragilizado naquele momento.
O loiro retirava suas roupas desastradamente e assim que as retirou ficou se olhando no espelho — que era bem grande por sinal — e fez um bico ao comprar sua massa muscular com a do Craig.
E o que constatou foi:
Ele era uma vareta humana!
Levantou seus braços para tentar conseguir algum “montinho” de musculo, mas não apareceu nada e aquilo foi frustrante.
Ligou o chuveiro e tomou um banho razoavelmente devagar, não estava com coragem de enfrentar aqueles olhos azuis, embora não soubesse o motivo de estar tão acanhando ultimamente na presença do moreno.
Eles eram apenas amigo e era um homem como ele, não deveria se portar dessa maneira tão infantil, aprecia que era uma virgem que estava se resguardando para seu príncipe encantado, embora ele realmente fosse virgem ainda.
Desligou o chuveiro e se vestiu rápido, arrumando — ou tentando— seu cabelo que estava mais bagunçado que o normal. Chegou ao trinco da porta e respirou fundo, irritando-se por aquela atitude infantil.
Mal abriu a porta e viu Craig fazendo flexão de braço. Mas que merda, seu coração voltou a bater rapidamente somente por ver os músculos dele trabalhando em perfeita harmonia.
“—Gzuis!”
Craig parou quando sentiu um olhar intenso sobre si, sentou-se no chão e ficou encarando Tweek com uma sobrancelha erguida, indagando silenciosamente o porquê daquele olhar sendo que era algo tão normal.
—Não de-deveria fazer isso de-depois de jantar. —Informou desviando o olhar.
—Faz quase duas horas que jantamos, não vai me fazer mal algum, vai até ser bom para dormir depois.
—Mas você pode suar...
—Só se eu fazer muito. É apenas um pouquinho, sem muito esforço. —Disse voltando a sua posição de outrora a fim de terminar, mas parou e olhou sugestivamente para o loiro. —Quer tentar?
—Tentar o que? —Voltou a olhar para o moreno, que felizmente já estava visito com uma camiseta de manga longa.
Craig sorriu.
—Tentar fazer alguma flexão. —Respondeu gentilmente.
—Ah... Sei não... —Ele olhou torto, já tentara fazer tempo atrás, mas não deu muito certo.
—Qualé, é fácil. Vem que eu te ensino! —Chamou com a mão e com uma voz impossível de recusar.
Em passos receoso Tweek se aproximou e sentou-se ao lado dele, sendo recompensado com um sorriso lindo.
Ele tinha que parar de sorrir daquele jeito ou não aguentaria mais.
—Faça assim.... —Disse se posicionando suas mãos no chão e apoiando-se na ponta dos pés, formando uma prancha.
Tweek fez o mesmo.
—Tente ficar o mais reto que conseguir sem deixar seu quadril de mexer quando for se abaixar. Fique reto na ida e na subida. — Fez um como exemplo. —Agora sua vez.
Tweek olhou para o chão convidativo e respeitou fundo se abaixou, mas suas forças simplesmente desapareceram quando tempo subir. Parecia que sua força foi drenada em questão de segundos.
—Vamos Tweek. —Falou enquanto se segurava para não rir.
O loiro gemeu alto o que fez Craig se desmanchar em risada, ele era muito fraquinho, mas do que imaginava.
—Pare de... Rir... Otário. —Falava pausadamente, segurando as poucas energias que ainda tinha. Gemeu de novo, tentando subir, mas aquilo era uma tarefa extremamente difícil.
—Vai! Vai! Vai! —Não parava de rir, mas tentava mandar alguma força para o loiro atrás de um “grito” de guerra.
Gemeu alto novamente.
—Eu não vou aguentar.... —Disse conseguindo se levantar alguns bons centímetros do chão. — Mais...
—Vamos lá Tweek, falta pouco!
Em um último gemido e que lhe dera as forças necessárias, Tweek consegue voltar a posição inicial, sendo aplaudido pelo namorado.
—Parabéns, você conseguiu fazer uma! —Enfatizou no uma, rindo mais baixo.
O loiro caiu no chão exausto.
—Vai se... Fe-ferrar. —Murmurou sorrindo largo.
Porém eles mal desconfiavam que do lado de fora do quarto estava os pais de Tweek, corados e feliz ao ouvir aqueles barulhos um tanto quanto maliciosos para quem tinha uma mente bastante fértil.
—Eles são tão gays. —Murmurou sorrindo de ponta a ponta.
——
Ambos já se encontravam na cama de costas um para o outro, e nenhum ainda estava dormindo. Tweek estava exausto, ainda mais por fazer aquele exercício físico, mas seu corpo se recusava a dormir por estar tão perto de Craig.
Estava tenso com sua presença.
E Craig não estava conseguindo dormir por simplesmente não tirar a ideia de virar-se e dormir abraçado com o loiro.
Tinha coragem de fazer tal coisa, o único problema é que tinha medo de ser repelido pelo outro. Isso acabaria com algumas chances que ele tinha.
Tweek suspirou alto demais, informando que ainda estava acordado e aquilo foi a gota d’agua para o moreno, em um rápido movimento enroscou seu braço na cintura alheira e o trouxe mais para perto de si.
O loiro ficou paralisado e seu coração só faltou pular para fora do peito de tamanha surpresa e emoção. Tentou falar algo mais suas palavras morreram quando o ouviu murmurar perto de mais de seu ouvido.
—Eu estou casando e você também. Durma que amanhã será um novo dia. —Disse aconchegando sua cabeça na nuca de Tweek, sentindo seu aroma de café suave invadir suas narinas e lhe fazer relaxar. —Não vou fazer nada, então se acalme. —Sentia que Tweek estava bem tremulo e seu coração disparado, podia sentir isso por estar muito pero; e ele não estava muito diferente.
Era tão fácil falar, mas simplesmente não conseguia fechar seus olhos sabendo que Craig estava tão perto de seu corpo.
Ele era um mentiroso, disse que não iria agarro e estava ali, só faltava fundir seus corpos de tão colados que estavam. Mas aquilo o fazia se sentir protegido e confortável, claro que nunca admitiria isso para ele, no entanto, estava profundamente feliz pela essa atitude do moreno.
Engoliu seco e fechou seus olhos com força, depois de algumas horas finalmente sentiu suas pálpebras pesarem e se entregou a Hypnos, Deus do sono, sem questionar.
She drives me crazy, She's like a maniac
I wanna leave but I just can't get my heart back
It's complicated, so pretty twisted
It makes no sense to pretend I can resist it.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.