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História Sign Of The Times - Tomarry. - O Prodígio de Fogo de Durmstrang.


Escrita por: xx_lcy

Notas do Autor


P.S.: não se iludam com Corvus, muito menos com Hadrian ;)

Capítulo 3 - O Prodígio de Fogo de Durmstrang.



Era a última semana de agosto, e eles estavam no beco diagonal.

Era um desejo pessoal das crianças, que já tinham recebido suas cartas de Ilvermorny e Durmstrang. Após a compra de materiais, eles estariam voltando para a Rússia Congelada, e Oliver estaria encomendando vestes de suas devidas escolas. Em algum momento, Harry e Hermione optaram por se separarem, Hermione junto de Oliver, e Harry ficou sozinho, na intenção de ir comprar um animal.

Às portas da loja, mais de uma gaiola estava em exposição, e ele observou, ignorando as crianças britânicas excitadas entrando na loja, em busca de mais opções de animais.

Seus olhos passaram de animal em animal, de sapo às corujas, aos gatos, até que ele a viu. Uma adormecida serpente negra, consideravelmente longa, o que mostrava, com uma frieza cortante, que a cobra estava ali há muito tempo, aguardando ser comprada por alguém.

Harry decidiu comprá-la, seria um bode expiatório perfeito para praticar seu parseltongue, principalmente agora que ele descobrira que não falava a língua das serpentes pela horcrux de Voldemort, e sim por sua ascendência com os Gaunt.

— Ela é linda, você não acha? — Uma voz sedosa o tirou de seus pensamentos, e ele sobressaltou, assustado.

Voltando o olhar sério para o garoto ao seu lado, Harry sentiu seu coração acelerar de pânico. Diabos, tanto discurso que fizera para Hermione, dizendo que não estaria se envolvendo com Tom Riddle, ali estava ele sendo flagrado encarando a serpente pelo próprio.

— É. Ela é linda. — Ele se viu dizendo, de mal gosto, virando seu olhar de volta para a serpente.

Ele notou que seu ato certamente causara uma irritação no garoto ao seu lado, porque ele se moveu, prostrando-se imediatamente ao lado de Harry, em uma adoração mórbida pelas escamas negras, que agora se moviam para observar os dois garotos. Ela silvou, raivosa, e Harry esforçou sua mente para entender.

Oh, certo. Aquela cobra realmente precisava de algumas horas tendo aquela boca suja sendo lavada com água e sabão. Tom, contrariando a careta de Harry, deixou uma risada infantil sair de seus lábios, e ele encarou a serpente.

Eu não quero zombar de você. — Sussurrou ele, e Harry olhou ao redor, vendo que ninguém estava próximo para ver aquilo. — Mas também não posso levá-la para mim, eu não tenho dinheiro.

O sorriso do futuro Lorde das Trevas morreu, e Harry sentiu algo afundar em seu estômago, quando ele viu a tristeza nos olhos da serpente, que silvou algo desconexo semelhante a "estou acostumada", e voltou a se enrolar em si mesma, como se buscasse algum conforto em suas próprias escamas.

O Riddle distanciou seu corpo da gaiola, aparentemente magoado, e Harry resolveu que fingiria não ter entendido o que fora dito, afinal não precisava de mais atenção que o necessário.

— O que aconteceu? Você estava tão feliz. — Comentou, como quem não quer nada, e o rosto de Tom voltou-se para ele, surpreso, como se só agora o notasse de volta ali.

— Você parece ser bem afortunado, sabia? — Tom murmurou, com a voz baixa.

— Acho que tenho espelho em casa, muito obrigado. — Harry respondeu, cortante, e o maior estreitou os olhos, perigosamente calmo demais para o gosto de Harry.

— Compre-a — Riddle disse. — Ela está cansada de ficar sozinha, está constantemente sendo abandonada. Isso acontecer com humanos está tudo bem, é normal, mas serpentes são seres puros e inocentes, não merecem isso.

Harry encarou Tom.

— Você tem algum problema muito sério. — Harry disse, amargo, desejando que o outro sumisse de sua vista. — Que tal ir cuidar de suas compras, não das minhas?

Algo perigoso brilhou nos olhos avelã de Tom Riddle, e Harry sentiu sua espinha formigar com o silêncio que gritava "perigo" entre eles. Antes, portanto, que pudesse formular a frase, aos tropeços, o mais velho disse, com uma voz seca, sem a polidez de antes "como desejar".

Sendo deixado sozinho com a serpente, ele a ouviu murmurar um xingamento indelicado para ele, e ele crispou, olhando mortal para a cobra, que fingiu piscar seus olhos verde-claro em inocência. Olhando ao redor, ele viu as costas de Riddle se distanciarem cada vez mais, então se inclinou para a cobra, e sussurrou:

Você tem a boca suja demais para não ser minha.

Ignorando a alegria evidente da serpente com uma certa dor no coração, ele chamou o vendedor através de um pequeno sino na jaula, e, enquanto buscava em sua bolsa pela quantia que seria paga pela cobra, tentava não se colocar em um pedestal de culpa.

Quer dizer, não havia como ele adivinhar que Riddle estaria por perto, afinal pelo pouco que vira a respeito do outro, ele parecia ser um estudante preparado, estando sempre a um ou dois passos à frente dos colegas de classe. Por quê, então, viera comprar materiais tão tardiamente?

Com um frio no estômago, Harry se lembrou do ano que estavam. 1937. Em dois anos, uma guerra explodiria por toda a Europa, e ataques aqui e ali eram comuns mesmo antes de sua chegada oficial, então Harry chegou à conclusão de que o orfanato estava tomando sérias precauções em relação ao seus órfãos.

Pegando a gaiola da serpente negra, que mal se continha em si de tanta felicidade, deslizando suas escamas pelas grades, e silvando, ameaçadora, na direção de quem olhasse para ela, Harry caminhou por entre a multidão, indo para o ponto de encontro que combinara com Hermione e Oliver.

Ele afundou na maré de gente, rindo internamente com os "meu Merlin, esse garoto tem uma cobra", "criança estúpida, escolhendo logo uma serpente como animal", "parece que quer chamar a atenção".

Em seu torpor, Harry mal notou olhos bicolores, de cabelos loiros esbranquiçados, em suas costas, observando seus passos com um sorriso divertido.


(☯)


Quando Hadrian pisou no navio que levaria os estudantes para Durmstrang, sua mente voou para seu quarto ano, o ano em Voldemort voltara e Cedrico morrera com sua tola fidelidade. Fechando os olhos, ele ainda sentia o cheiro metálico e pesado da morte.

Ele arregalou os olhos, com uma lembrança que antes não estava lá.

Ele não se lembrava daquele cheiro metálico, ou de uma criatura observando-o com olhos cavernosos, sussurrando um cântico para o morto. Por que diabos isso veio à tona agora, de qualquer maneira?

Ponderando, ele imaginou que deveria ser por sua recém descoberta a respeito de seu lado Peverell, afinal nunca antes ele conversara, de fato, com a Morte, mas agora voltando sua mente para o passado, o manto negro estava lá, o observando com uma frieza de cortar seu crânio.

Ele pigarreou, e caminhou pelo deque entre os estudantes silenciosos de Durmstrang, em direção ao interior, onde haveriam quartos para os estudantes. Haviam pessoas de todas as idades ali, e algumas já estavam vestidas com seus uniformes.

Trocando seu olhar de pessoa em pessoa, Harry o viu.

Corvus Rosier estava lá, se despedindo de um casal muito parecido com ele, além de um segundo homem, este moreno e alto, com postura e aparência brincalhona. Harry se arrepiou, sabendo bem quem era aquele homem. Fugindo de suas vistas, ele desceu, ignorando os empurrões dos outros em si, apesar de não gostar de ser tocado. Não queria causar uma cena, de qualquer maneira. 

Quando achou um quarto livre, ele trancou a porta com magia, e retirou dos bolsos suas coisas encolhidas magicamente. O quarto era pequeno, havendo apenas uma cama minúscula no canto esquerdo, uma porta à direita, que ele julgou ser o sanitário, e no curto espaço que se dividiam, havia uma janela pequena, parecida com a de um submarino, mas ele não viu muita coisa ali, então decidiu desviar os olhos.

Uma voz retumbou por todo o navio, e Harry se assustou, no mesmo instante que tirava sua serpente de dentro da sua gola do casaco. A voz avisava que o navio zarparia em três minutos, e que estivessem preparados até lá, pois a viagem era longa, de cinco horas. O jovem fez uma careta, mas decidiu estudar enquanto isso.

Ele se sentou no assoalho frio de madeira, e abriu um de seus malões, este de materiais escolares, enquanto que o outro era de seus pertences pessoais, trancado furiosamente com todos os feitiços que ele conhecia, inclusive com aqueles que ainda não existiam nesta época.

Quando pegou alguns livro, viu que haviam matérias decididamente diferentes de Hogwarts, sem contar, é claro, com a natureza obscura de alguns livros. Ignorando seu estômago revirando pelos conteúdos das Trevas que eram inseridos na grade de matéria para crianças, ele pensou sobre sua ascendência familiar, e em como a maioria tinha inclinação e facilidade para com as trevas.

Ignorando seus apelos internos, ele começou sua leitura do livro de primeiro ano da matéria "Artes das Trevas". Ele realmente não ficou surpreso quando a matéria entrou em sua mente, com uma naturalidade gigantesca, como se fosse apenas uma revista de quadrinhos muito divertida que ele estava lendo.

Os três minutos se passaram, e sua barriga agitou-se novamente quando o navio zarpou. Grunhindo, ele pegou um frasco do bolso de seu casaco, e bebeu rapidamente, na intenção de se livrar do enjôo marinho. A cobra voltou de algum canto do quarto que ele não tinha visto, e ele a observou com atenção, quando ela se aproximou, pomposa, como se quisesse dizer algo.

Você ainda não me deu um nome, mestre desnaturado.

Harry corou, mas conseguiu soltar uma risada fraca.

É a minha primeira vez tendo uma cobra, eu realmente não esperava que você aguardasse por um nome, pensei que tivesse um próprio.

— Oh, claro, até porque Merlin ia escrever nas mentes de cada cobrinha seus adoráveis nomezinhos.

Harry fechou a cara para a serpente, fazendo um beicinho não intencional, e a cobra silvou, parecendo estar rindo.

Estou aguardando. — Silvou novamente.

Sirius. — Ele disse, então, sentindo uma dor muda no coração que nunca tinha sarado.

Ótimo, eu gostei, é melhor do que não possuir nome.

Sirius, a mamba negra, se afastou silvando algumas coisas que Hadrian ficou feliz de não ter prestado atenção, e ele voltou seus olhos para seu livro, decidido a ignorar seu amigo serpente deslizando provocativamente ao redor dele para irritá-lo.

Após cinco horas, Harry removeu os feitiços de seu malão pessoal, para retirar o uniforme de Durmstrang, em seguida fechando-o e o encolhendo novamente, mesmo com o aviso da voz retumbando no navio sobre deixarem suas coisas ali.

Ele não era tolo, sabia que Grindelwald fora expulso dali com seu aprofundamento na magia das Trevas, então certamente o Instituto estaria de olho nele, caso vessem mais livros das Trevas do que tinham pedido em suas listas, alguns mais avançados do que o normal para crianças de onze anos.

Em seu malão pessoal, as coisas estavam separadas em compartimentos, tendo parte do dinheiro, seu álbum de fotos, e o mapa dos marotos no último, mais profundo. Estavam encantados, mesmo com toda a segurança, para que parecessem itens divergentes, caso fossem tocados por alguém que não fosse ele.

A Varinha das Varinhas estava presa em seu braço, como uma tatuagem longa, ocupando todo seu pulso até perto da dobra do braço. A Bulgária era fria, então raramente ele estaria mostrando o braço. Já a capa de invisibilidade estava tatuada como um triângulo em sua clavícula.

Encostou-se na parede ao lado da porta, colocando casualmente as mãos nos bolsos do casaco estilo sobretudo, prestando atenção no fluxo de pessoas, para sair somente quando estivesse com poucas pessoas. Sirius deslizou para ele, desta vez enrolando-se em seu pescoço por vontade própria. Sorrindo, ele pensou como sua cobra era esperta, a considerar que lá fora estava frio, e suas escamas não o protegeriam.

Quando os passos diminuíram, ele abriu a porta, ao mesmo tempo que um rapaz à sua frente também abria, e ele tentou não demonstrar choque. Quão conveniente poderia ser os cabelos castanhos bem alinhados, e olhos verdes exatamente em sua frente?

O garoto então sorrira para ele, e ele sentiu um peso cruel em seu peito, quando o sorriso foi doce e gentil, infantilmente inocente. Tão diferente do cruel que seria no futuro, após massacrar famílias inteiras por diversão.

— Meu nome é Corvus Rosier! — Disse, alegre, estendendo a mão.

Um flash de cabelos loiros sujos de sangue tomaram a mente de Harry, e ele engoliu em seco, estendendo a mão trêmula.

— Hadrian Shafiq.

— Você está trêmulo! Quer algum remédio para enjôo? — Perguntou o mais baixo, quando voltaram a marchar junto aos outros para fora do navio.

— Não, eu apenas estou nervoso. — Hadrian disse, notando que sua voz saíra ríspida demais para parecer natural. — Eu não sei como funcionam as coisas lá.

— Eu te explico! — Disse Corvus, se aproximando mais dele, quando deixaram o deque para a neve, para caminharem o que faltava para o castelo de Durmstrang. — Não há luz em Durmstrang, apenas uma tocha a cada esquina, para que tudo seja escuro, por tradição. A cerimônia de seleção é simples: você corta o interior de seu braço em linha reta, deixará as gotas caírem em uma bacia até que ela lhe revele a que casa você pertence.

A parte interna do braço. Ele pensou em sua tatuagem, e decidiu que usaria o braço destro, mesmo se fosse o esquerdo para o ritual.

Ele parou abruptamente, quando uma garota parou na frente deles, virando-se para trás para dizer, maldosa:

— Já ouvi relatos que algumas crianças eram tão difíceis de classificar, que sangraram até a morte em cima da bacia!

Hadrian empalideceu visivelmente, lembrando-se da confusão do chapéu seletor na hora de lhe definir sua casa. Para sua surpresa, Corvus riu, chutando com as botas de inverno um punhado de neve na direção da garota.

— Pare de assustá-lo, Catarina! Ele já está nervoso!

Ela riu novamente, voltando-se para Hadrian, dando um sorriso infantil pequeno.

— Catarina Travers, ao seu dispor! — Ela fingiu bater uma continência, e Harry desejou afastá-los de si.

Não estava ali para fazer amigos, estava ali para se tornar um assassino.

— Hadrian Shafiq. — Ele se viu dizendo pela segunda vez, e desta vez mais pessoas voltaram seus olhares para eles, nem todos primeiranistas, como Catarina.

Então, ele se viu em uma conversa com mais de uma pessoa, a respeito dos Shafiq, e em como não tinha chego ao seu fim, como era descrito por aí. Aos poucos, ele foi relaxando, mesmo com o frio açoitando seu corpo de maneira maldosa, e a neve cada vez mais densa a cada passo que davam para Durmstrang.

Mesmo com toda a conversa, a mente de Harry estava bem ciente do corpo de Corvus tão próximo do seu, que seus ombros se tocavam. Sutilmente, ele se afastou.


(☯)


Era a temida hora da seleção. Quando seu nome fora chamado pela diretora da época, uma senhora de aparência severa e maldosa, ele caminhou de maneira elegante por entre aquele salão gigantesco, em direção ao piso elevado que ficava a mesa dos professores, e a bacia seletora, esta à frente dos professores, em uma pequena mesa de madeira.

Enquanto ele andava das portas-duplas até o piso elevado, seus olhos verdes analisaram o lugar. O piso era de pedra negra, parecida com aquelas de castelos medievais. O salão, apesar de ser grande, era escuro, iluminado com poucas tochas nas paredes. Haviam quatro mesas com um espaço absurdo entre elas, não eram longas como as de Hogwarts, mas eram de uma madeira semelhante. O teto não era enfeitiçado para parecer com o céu lá fora, seu telhado era bem visível, na verdade, e aquilo era cortante e triste para Harry, por alguma razão que ele ainda não sabia.

Quando chegou em frente à mesa, a diretora, Rayna, observou de maneira altiva, parada ao lado da mesa como um soldado em posição.

Ele puxou a manga longa de seu braço direito, ignorando o calafrio que o tomou pelo frio na pele descoberta, e, como se sentisse seu desconforto, Sirius se apertou nele por baixo das vestimentas. Ele passou a lâmina lentamente por sua pele, abrindo um corte reto e longo, como pedia a "tradição".

Enquanto observava seu sangue caindo na água leitosa da bacia, Hadrian estava ciente do olhar pesado de todos em suas costas e a diretora o olhando, fixamente. Ele tremeu sob seu olhar, a mulher parecia ver sua alma. Pensando no nome dela, ele lembrou de quando estava esperando seu filho, e Draco e ele passaram alguns meses olhando livros e mais livros de significados de nomes. Era irônico que Rayna significasse exatamente "rainha" e "senhora absoluta". Ali, a mulher era como uma rainha, dando a ordem final.

Algo queimou em seu braço, e ele franziu a testa, quando o ferimento se fechou, e uma linha vermelha parecida com sangue substituiu o corte. Acima da bacia, um repentino fogo surgiu, e um dragão rugiu.

— Hadrian Shafiq, primeiro ano, aceite Haus Feue como sua casa! — A mulher disse, altiva, como uma líder militar, e ele quase sorriu quando viu o brilho de orgulho nos olhos dela.

— Eu aceito Haus Feue como minha casa, e peço que Berghaman Feuekov me aceite entre os seus! — Ele disse o que havia ensaiado segundos antes com Corvus e Catarina.

O fogo que estava por cima da bacia rugiu novamente, e ele tentou não ganir de medo, quando o dragão pulou para o seu pulso, onde estava o corte, tatuando em sua pele o símbolo Feue em vermelho-fogo.

A diretora o tocou no ombro propositalmente, e Harry sorriu pequeno, quando viu no pulso dela o mesmo dragão.

— Bem-vindo a Durmstrang, vá festejar com os seus! — Disse, e, só então, a mesa vermelha berrou em euforia pelo novo membro.

Logo que ele se sentou, sentiu toques brutos em seus cabelos e em suas costas, mas desta vez se divertiu com seus novos companheiros de casa. Ele não viu, mas seus olhos brilharam pela primeira vez. Nem mesmo se importou com o silêncio que tomou novamente o salão, ou com Corvus sentado ao seu lado.

Certo, ele ter sido classificado para a mesma casa que o garoto era surpreendente, considerando que fora algo natural, afinal Durmstrang não aceitava que um aluno pedisse por uma casa. Ele apenas seria classificado para aquela casa, e isso era tudo. Se na hora do julgamento ele hesitasse, seria punido pelo fundador de sua casa com a expulsão, não seria aceito, e seria convidado a voltar apenas depois de um ano.

Pelo que ele se lembrava da definição da casa Feue, era a casa dos corajosos, orgulhosos, espontâneos, cativantes e sensuais, pessoas de pulso firme, que não abaixariam a cabeça, e que não se deixaria influenciar por terceiros. É claro que também eram suicidas ao nível Grifinória, além de pecaminosos. Mas Harry não se importou, ele estava decidido que gostava de sua nova casa.



Um ano se passou muito rápido em Durmstrang. Apesar da distância, ele trocava cartas às vezes com Hermione, que fora classificada para a casa Serpente Chifruda, e estava muito feliz e eufórica com Ilvermorny, dizendo o quanto estava apaixonada pela escola, e, naturalmente, perturbando Harry com sua alegria gigantesca.

Ele se viu em uma amizade profunda com Corvus antes que pudesse se afastar, e aquilo afetou toda sua determinação para matá-lo. Seu interior se corroía toda vez que ele via o garoto na cama ao lado, brincando com Sirius, enquanto os outros garotos empalideciam somente com a visão.

Hadrian se sentiu mal consigo mesmo, mas tinha ido longe demais para voltar atrás.

Mesmo Catarina, que fora classificada para a Haus Land (o que preocupou um pouco o Potter), agora tinha se tornado uma amiga frequente no dia-a-dia dos dois meninos.

Haus Land era a casa de pessoas fiéis, que não suportavam traição, e que buscavam sua própria justiça. Era um pouco assustador.

No segundo ano deles, Harry não se conhecia mais. Estava cada dia mais frio e maldoso, sua aptidão para as Trevas sendo algo bem conhecido e muito elogiado por toda a escola, principalmente por Rayna, que parecia ter um prazer pessoal em observar a casa Feue em suas aulas.

Em suas aulas práticas, ele era imbatível.

Feitiços das Trevas eram jorrados de seus lábios como se fosse brincadeira de criança, e de repente, ele se viu sendo adorado pelos estudantes, e algo apertava sempre em seu estômago, quando Corvus sorria, orgulhoso para ele, do outro lado da sala de duelos.

No terceiro ano, os estudos de "Defesas" foi para algo mais leve: o patrono. Harry pela primeira vez hesitou, e todos viram isso. Ele não era mais feliz, isso estava cada vez mais evidente. Há muitos anos ele não sorria, e não parava de ter pesadelos quase todas as noites, como diabos ele se lembraria de algo para fazê-lo feliz, afinal?

O professor tranquilizou a turma, dizendo que ficassem relaxados, e que nem tudo acontecia imediatamente, e que, por enquanto, se concentrassem em uma lembrança feliz. Harry se afastou da turma, se encostando em um canto, e tentou investigar sua própria mente.

Há muito tempo, ele tinha esquecido da sensação de sorriso de seus pais. Lembrar de Sirius Black lhe trazia dor, e todos seus amigos do futuro não eram o suficiente. Mas havia Draco e Scorpius, e foi neles que ele pensou. Pensou intensamente em quando as coisas estavam bem, em como eram felizes, e em como os sorrisos de seus homens eram lindos.

— Expecto Patronum! — Ele disse, e todos se calaram para observarem o "Prodígio de Fogo".

Um dragão chinês dançou para fora de sua varinha, e circulou a todos com suas curvaturas perfeitas demais para um simples patrono. Parecia um animal de verdade, e emanava energia pura, era tão belo quanto majestoso.

— Muito bem, Hadrian! — Disse o professor, excitação na voz, olhos brilhando. — Muito bem mesmo! 50 pontos para Haus Feue!

Ele se encostou na parede, e o sorriso do professor morreu, quando ele olhou para seu aluno mais inteligente. Ele parecia tão destruído, que, mesmo com a ausência de lágrimas, todos podiam sentir que seu coração chorava.

— Eu sinto muito, Hadrian. — Disse Catarina, se aproximando. Era uma aula compartilhada com Haus Land. — Eram seus pais?

— Deixe-o em paz, senhorita Travers — A voz de Rayna disse, exigente, e ela olhou para ele com preocupação não escondida. — Senhor Shafiq, me acompanhe até minha sala, por favor.

Ele a seguiu, cabisbaixo, sabendo o endereço de cor. Nos últimos anos, a mulher agira como uma super mãe para ele, e ele admirava que ela continuasse justa mesmo com sua clara preferência pela casa Feue. O Castelo não era grande, mas neste instante, o tempo pareceu passar mais devagar e a escuridão do castelo parecia que iria o engolir em breve.

— Qual era sua lembrança? — Ela perguntou, quando se sentaram.

— Uma pessoa importante para mim. Está morta. — Disse ele, sentindo a garganta arder.

— Hadrian, eu me preocupo com você. — Rayna suspirou, encostando as costas em sua cadeira. — Nos últimos meses, você está tão afundado nos estudo, que eu sinto a história de Grindelwald se repetindo.

Um arrepio percorreu sua coluna, e ele olhou para cima, raivoso.

— Não me compare a ele.

— Ora, não? — Perguntou ela, em clara provocação. — Diga-me, Hadrian, quando foi a última vez que você perdeu um confronto nas aulas de Duelo e Artes de Combate?

— Bem, isso acontece com frequência! — Ele tentou dizer, as palavras se enrolando em sua língua, e suas bochechas coraram.

— Quando, Hadrian? — Perguntou ela novamente, insistência na voz.

— Huh, nunca. — Ele admitiu, então, sentindo um amargor na língua.

— Quando foi a última vez que usou um feitiço da Luz em seus combates, Hadrian?

Novamente ele sentiu a bile subir em sua garganta.

— Quando, senhor Shafiq? — Ela exigiu, diante seu silêncio.

— Primeiro ano. — Ele disse, tropeçando nas sílabas.

— E quando foi que suas notas em Artes das Trevas foram menores que "9,9" ou "10"?

— Nunca. — Ele bufou. — Onde quer chegar com isso?

— Eu estou tentando te alertar. Sei de seu ódio para com Grindelwald, afinal eu mesma li sua redação da aula de História da Magia. Você definiu Gellert de algumas maneiras bem maldosas, se me permite dizer.

— E eu menti? — Ele questionou de volta, franzindo a testa.

— Absolutamente não. Foi eu quem o expulsou daqui, e ele também era um de meus favoritos. Então, Hadrian, não me force a ir pelo mesmo caminho com você.

Harry engoliu alguns comentários mordazes, e assentiu.

— Sim, senhora.

— Oh, e, Hadrian — Ela chamou novamente, quando ele estava quase saindo. — Quero lhe entregar algo, mantenha em segredo.

Ele se virou, interessado. Para seu desgosto, ela colocou duas folhas rabiscadas em sua frente, e ele fez uma careta, olhando para a mulher de maneira confusa.

— Corvus e Catarina são amigos bem próximos a você, não? — Ela perguntou, preocupação na voz.

— Sim, senhora. — Ele disse, embora quisesse dizer "não".

— Presumindo que seu ódio para com o homem envolve algum familiar sendo assassinado pelo mesmo, eu me preocupo com o que seus amigos venham a apoiar. Quero deixá-lo preparado para a decepção quando ela vier.

Mais rápido que suas etiquetas permitiam, ele pegou os papéis para si, e Rayna se perguntou se fizera o certo, considerando o olhar de puro ódio nos olhos do "Prodígio de Fogo".



Estavam nas semanas de provas, no quinto ano.

Harry sabia que agiria em breve, e, nos últimos dias, a ansiedade lhe contorcera por dentro como uma doença. As provas eram como os NOMs de Hogwarts, e ele sorriu com uma satisfação sádica, quando viu quão fácil estavam as provas. Catarina e Corvus tinham concordado com ele.

Era estranho como a amizade entre eles ocorrera de uma maneira tão natural, e mais estranho ainda era como quando estava com eles, tudo ao seu redor desaparecia, mesmo as palavras das redações deles, que ele lera tantos anos antes. Suas ideologias continuavam as mesmas, mesmo com as várias discussões entre Harry e eles, reclamando que ele assasssinara pessoas por puro prazer.

Ele estava afastado de Corvus e Catarina desde a última discussão, quando Corvus dissera, com todas as letras:

— Bem, se ele chegou a assassinar alguém próximo a você, é porque esta pessoa merecia.

— Grindelwald é revolucionário! — Catarina concordara, então.

Harry se lembra de ter cuspido um discurso ácido sobre a hipocrisia deles em odiar trouxas, mas estarem agindo como os nazistas, matando pessoas por diversão, simplesmente porque as consideravam uma "raça inferior". Ele fora embora, então, após perguntar, de maneira venenosa "que diferença há entre apoiar um genocida e ser um genocida?".

O tempo tinha sido dado, ele escrevera para Hermione certo dia, aproveitando a coruja da amiga. Escrevera em códigos, é claro. Não sabia se estavam sendo interceptados, mas não arriscaria sua pele por nada.

Sentado do lado de fora do castelo, observando a água batendo nas rochas do alto do precipício que estava, ele tentava relaxar com o frio lhe açoitando. Estava aguardando os demais estudantes terminarem suas provas, para que iniciasse a festa anual de encerramento, cujo aconteceria uma festa no salão, as mesas estariam repletas de muita comida, uma música tocaria, e Durmstrang estaria iluminada pela primeira vez.

Balançando os pés no vazio do precipício, Hadrian se lembrou da carta enviada à Hermione, no dia anterior.

 

Querida irmã,

O tempo acabou, sabe? Eu esperei por muito tempo, para ter a certeza de que Sirius não estaria venenoso o suficiente para machucar alguém, mas, pelo visto, ele é mais perigoso que o basilisco. Ele se esgueira pelos cantos, finge ser bom, mas suas ideologias sobre qual humano não atacar realmente é um saco.

Eu estou com bastante medo de ter que me livrar da minha serpente, ela é dócil comigo, mas é maldosa com os outros. Papai Oliver escreveu para mim, e disse que é um pouco tarde para tentar domesticá-la, e talvez eu tenha que me livrar dela.

Ainda dói, eu não quero deixá-lo.

De seu problemático irmãozinho,

Hadrian P. Shafiq.


Ele sabia que Hermione entenderia as implicações por trás do "P" em sua assinatura. Harry estaria assinando Peverell muito em breve, o que significava que Corvus em breve estaria morto.

Harry pegou sua varinha de azevinho, e a balançou, produzindo um patrono corpóreo do dragão chinês, este que começou a dançar ao redor dele, ao mesmo tempo que as primeiras lágrimas desciam de seus olhos. Depois de tanto tempo, ele não conseguira mesmo mudar alguém que dormira ao seu lado por anos, aquele que fora seu melhor amigo durante cinco longos anos, aquele que sempre sorrira gentil para ele, mas que tivera a capacidade e a frieza de virar-se para ele, e dizer cruelmente que se algum parente de Hadrian havia morrido, a culpa era unicamente do parente dele.

A esta altura, o Potter imaginou que a missão já fora dada, considerando quão orgulhoso o garoto parecia estar nos últimos dias.

Tomando uma decisão, com um plano formado, Hadrian se levantou, batendo nas calças para se livrar da neve, e caminhou em direção a Durmstrang. Era engraçado a maneira como o instituto havia se tornado uma casa para ele; não na mesma proporção que Hogwarts, é claro, mas ainda assim importante.

Quando entrou no salão, ele viu os olhos de águia de Rayna em si, antes de ser puxado pelos dragões de sua casa para festejarem na mesa vermelha. Harry sorriu para eles, mas continuou monossilábico ou silencioso a maior parte da festa, mas os dragões estavam acostumados ao seu silêncio mortal, então se ocupavam apenas em festejarem ao redor deles.

Com um arrepio, Harry notou que estava na cabeceira da mesa, e todos em sua casa o saudavam como se ele fosse um Tom Riddle, versão búlgara.

Era a hora de dormir. Hadrian aguardou por alguns minutos, antes de se livrar do corpo pequeno de Sirius, dormindo por cima do seu, para caminhar para a cama ao lado. Ele se sentou, sentindo a cama afundar sob suas pernas, e sussurrou, em um chamado:

— Corvus! — Lançou um abaffiato não-verbal em seguida, e chamou novamente, ainda sussurando: — Corvus!

— Achei que estava bravo comigo — A voz do outro veio, magoada. Muito bem desperta, o que assustou Harry.

— Eu- Bem, não posso mentir que não estou, você foi bem indelicado. — Harry disse, baixinho.

— E você agiu como seu eu fosse um genocida. — O outro protestou, e Harry apertou a mandíbula, para não iniciar uma discussão.

— Podemos nos encontrar nas férias? Eu quero te mostrar minha família. — Disse Hadrian, a voz em um tom morno.

— Sua família? Por quê? — Havia desconfiança na voz do Rosier.

— Você é meu melhor amigo — Justificou, falhando a voz teatralmente, para simular um choro. — Eu gostaria que as pessoas mais importantes para mim se encontrassem.

Houve uma risada na penumbra, e ele sentiu um toque em sua bochecha. Seu corpo congelou, e ele sentiu o intenso desejo de empurrar para longe de si aquela mão que se sujaria com sangue inocente.

— Como se eu fosse seu namorado? — Corvus perguntou, e Harry sentiu seu estômago revirar.

— Como meu amigo, seu idiota! — Disse, sentindo a raiva arder sua têmpora.

— Eu sei — Corvus ronronou. — Eu estava brincando, mas quero que pense nisto.

O coração de Harry acelerou, e ele franziu a testa, ao sentir suas bochechas corarem.

— Do que está falando? — Perguntou.

— Você é idiota ou só não sabe reagir quando é cortejado, senhor Shafiq? — Ele ronronou, em um tom sedutor.

Algo ardeu em puro ódio dentro de Harry, e ele pensou em como seria rápido e indolor. Era apenas puxar a varinha das varinhas de sua tatuagem, um breve movimento em forma de raio, e pronto. Sua missão estava cumprida. Corvus nem saberia o que o atingiu, sem gritos, sem provas, sem testemunhas.

— Eu apenas não gosto de ser cortejado por apoiadores de um homem que tirou tudo de mim. — Disse, frieza na voz, se levantando e indo para sua cama.

Corvus não disse nada a noite inteira, e Harry apertou sua mandíbula novamente, ignorando a dor em seus dentes. O ódio que ele sentia fazia seu corpo tremer.

Quando ele dormiu, os olhos azuis de Draco apareceram para ele novamente. 


Notas Finais


diga-me o que acha.


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