História Silly lovely - Drarry - Eu tentei

Como o tempo podia estar passando tão rápido? Harry se perguntou encarando a enorme barriga de Draco.

Seis meses, o bebê dentro do meio-vella estava completando seis meses, mas parecia estar quase completando nove. Aquilo não era normal, possuía certeza absoluta que não.

Talvez fossem gêmeos, era uma possibilidade, mas isso eles não descobriram até a hora do parto, já que o herdeiro dos Malfoy se recusava a sair de casa há dois meses, quando seu abdômen se mostrou incapaz de ser escondido debaixo dos suéters largos, que na verdade possuíam a Harry.

O clima dentro da casa era infernal, não se falavam, não se tocavam, mal se viam para falar a verdade. Harry trabalhava o dia inteiro e Draco ficava em casa com o elfo, Mink, a nova aquisição da família.

Harry estava chateado, não conseguia entender o que havia acontecido com o seu relacionamento.

Era sua culpa, claro que era. Ele foi um babaca, rude e abusivo, se arrependia tanto de ter acusado Draco, de gritar com ele e principalmente o esbofetear. Mas ações geram reações e agora tudo o que causou de ruim estava se voltando mal contra si.

Aos seus olhos Draco parecia brilhar, como se uma redoma de luz o cobrisse, mas deveriam ser seus olhos de bobo apaixonado, já que qualquer pessoa em sã consciência veria que o menino loiro estava destruído. Seu rosto, antes impecável e bonito, agora era marcado por olheiras profundas, bochechas magras e sem cor, com ossos saltados as definindo. Seu corpo estava mais magro, evidenciando a barriga grande. Seu cabelo estava alcançando os ombros, mas estavam secos e sem brilho. Seus olhos não eram mais atrevidos ou indiferentes, agora se mostravam cansados, desfocados. Ele estava irreconhecível e Harry se culpava demais, ele havia feito Draco perder seu brilho.

Decidindo tomar uma atitude, pelo seu bem estar e pelo bem estar de Draco, enviou uma carta para o presidente do time onde jogava, pedindo por uma semana de recesso, alegando ter problemas pessoais para resolver. O senhor de idade não negou, quem atualmente negaria algo a Harry Potter? O menino era um herói!

Acariciou as penas da coruja castanha, sorriu quando ouviu o pio alto dela e abriu a janela para que voltasse para seu dono. Guardou o pedaço de pergaminho que o autorizava a tirar um recesso de sete dias e subiu as escadas para o quarto que dividia com Draco, a primeira porta do pequeno corredor do segundo andar da casa onde moravam atualmente, um sobrado nem tão grande e nem tão pequeno no vilarejo de Hogsmeade.

Aos seus olhos Draco parecia uma pequena e fofa bolinha dorminhoca e indefesa, mas quem o conhecesse sábia que não havia nada de indefeso no garoto que dormia sobre a cama grande, com um colchão fofo e confortável e uma estrutura de madeira.

- Draco, acorde! - Chamou, sentando-se na ponta da cama, como resposta recebeu apenas um bufo.

- Saía logo e me deixe dormir. - Abanou a mão em direção a porta.

- Você anda dormindo demais, que tal ir comigo dar uma volta? Não precisamos ir longe, apenas caminhar pelo vilarejo. - Puxou o cobertor que estava sobre Draco e o jogou para o lado. - Hein? O que acha?

- Acho que você deveria parar de me incomodar e ir trabalhar. - Virou-se de barriga para cima e encarou Harry.

- Eu estou de "férias" - Fez aspas com as mãos. - por uma semana, legal, certo? Vou poder passar mais tempo com você.

- Acho que você deveria voltar para o trabalho. - A expressão de Harry murchou um pouco, Draco estava querendo dizer que não queria passar esse tempo consigo?

- Eu prometo que deixo você dormir a tarde inteira se sair comigo agora, vamos caminhar, apenas cinco minutinhos. - Harry falou. Draco o olhou desconfiado, mas levantou.

(x)

Caminhavam pelas ruas lado a lado, Draco usava uma blusa prata fina, com as mangas indo até seus cotovelos, uma apertada bermuda preta e uma sandália nos pés, já que usar tênis ou sapatos o incomodavam por causo do inchaço em seus pés.

Harry vestia uma camiseta básica azul, bermuda jeans e um all star branco.

O calor estava insuportável, o que fazia o loiro ficar mais irritado que o comum. A expressão emburrada em seu rosto demonstrava muito bem isso. Harry já não sábia mais o que fazer para entreter Draco, já haviam tomado sorvete, ido à Dedos de Mel e andado pelo lado de fora das cercas da Casa dos Gritos.

Sentia-se irritado, mais consigo mesmo do que qualquer coisa. Draco estava a ponto de ter um colapso, apertava suas mãos uma contra a outra. Sua garganta estava apertada. Ele queria tanto dizer a Harry o que estava sentindo no momento.

Percebeu que lentamente estavam voltando para onde moravam, melhor assim, pensou. Decidindo tomar uma atitude drástica sobre a sua situação, se virou de frente para Potter, que instantaneamente parou de andar.

- Sim? - pediu.

- E-eu... - sua voz falhou. - Nós precisamos conversar. - despejou e baixou a cabeça.

Harry assentiu, confuso, e apoiou sua mão nas costas de Draco, juntos andaram até o sobrado colorido.

Internamente sentia que algo de ruim estava por vir, mas não podia simplesmente amordaçar o meio-veela para que não falasse, era um maldito grifinório! Tudo o que estivesse por vim teria que ouvir e aceitar, e se fosse um pedido para que terminassem o relacionamento confuso que tinham, iria tentar fazer com que Draco mudasse de idéia, não iria aceitar o fim disso. Afinal estava apaixonado, mesmo que não demonstrasse isso.

Cruzaram a porta de entrada e caminharam, ainda próximos, em direção a sala de visitas. Sentaram-se lado a lado no sofá azul royal, Draco respirou fundo antes de começar a falar.

- E-eu... Eu sinto que o que nós temos é errado. - Suspirou, os olhos baixos, evitando ter de encarar os olhos verdes de Harry. - Que isso não deveria estar acontecendo, desde sempre você e a Weasley fêmea estiveram apaixonados, você sempre foi o menino herói. Você é tudo o que sua casa representa. - Pausou. - Eu sempre estive do lado errado, nasci para ser forte e frio, mas algo mais forte do que o querer estava em mim, eu sou fraco e magrelo.

"Eu cresci sabendo que era um bruxo, que estava destinado a cuidar da minha linhagem, da minha honra, e que deveria pertencer a Sonserina, como meus pais e meus antepassados. - Olhou para o moreno ao seu lado, que se mantinha em silêncio, deixando com que Draco falasse tudo o que sentia. - Mas eu nunca me senti um sonserino de verdade, também nunca me senti um Malfoy, e-eu... Eu nem deveria ter nascido bruxo. - Fungou."

Harry se aproximou e segurou a mão clarinha de Draco, que contrastava maravilhosamente bem com a sua, muitos tons mais escura.

- Quando eu conheci você, na loja da Madame Malkin, eu senti que enfim havia achado um lugar aonde eu me encaixasse, um lar. - Umedeceu os lábios. - Mas você logo me abandonou para ficar com a sangue-ruim e o pobretão. - Harry pigarreou, incomodado com o jeito que Draco havia mencionado seus melhores amigos.

"Desculpe. - Pediu, mas logo continuou a falar: - Eu fui criado como realeza, eu era o primero de tudo, eu era especial, mas você, Harry Potter, me ofuscou e me abandonou. O alguém que eu sentia ser meu lar me expulsou para abrigar outras pessoas no lugar onde me pertencia! - A expressão triste havia desaparecido, dando lugar a uma expressão raivosa. - Talvez fosse o universo tentando nos avisar que nunca iria dar certo."

- O quê? Não, nós estamos dando certo, muito certo. - Harry rebateu.

- Não, não estamos. Eu estou me sentindo triste, feio, horroroso, me sinto abandonado, como se ninguém me amasse. - Uma lágrima escorreu, abrindo caminho para as outras que se seguiram.

- Eu amo! Amo muito. - Segurou o rosto de Draco com as duas mãos, uma de cada lado, e o puxou, fazendo se encararem.

- Eu não sinto seu amor. - Suspirou. - Você não me toca mais com desejo, não me olha apaixonado, não sorri brilhante. - Engoliu a sáliva acomulada na boca. - Às vezes eu acho que tudo isso é minha culpa e culpa do bebê.

"Você me machucou, por dentro e por fora, você me fez ter raiva do meu filho por meses, eu achei que era minha culpa estar grávido, achei que era culpa do bebê por estar vivo. - Mais lágrimas escorreram. - Eu quis morrer e quis que ele morresse também. - Soluços surgiram junto com as lágrimas, mas dessa vez Harry também chorava, apertando mais forte as mãos no rosto de Draco. - E-eu tento... E-eu tento dizer a mim mesmo que foi meu lado veela querendo me matar junto ao bebê. Eu tento... - Soluçou alto, fechando os olhos para não ter que encarar o rosto choroso a sua frente. - Mas eu sei que foram meus sentimentos, que foi minha vontade me livrar dele."

As palavras se perderam enquanto os apaixonados se abraçavam, chorando juntos e expulsando toda a dor que sentiam. Harry murmurava desculpas atrás de desculpas com o rosto enterrado no pescoço de Draco.

- Faça amor comigo Harry. - Afastou-se do abraço, podendo encarar o rosto inchado e vermelho do homem a sua frente. - Me faça sentir amado novamente.