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História Simon says - Seu mestre mandou se sentir desconfortável


Escrita por: emdji

Notas do Autor


Novamente atualizando a fanfic :) Queria agradecer as poucas pessoas que estão acompanhando a história e dizer que o próximo capítulo vai sair provavelmente quarta ou quinta-feira.

Boa leitura!

Capítulo 3 - Seu mestre mandou se sentir desconfortável


Honda não conseguia se esquecer do primeiro corpo gelado que viu. Era de uma garota loira magricela de lábios rachados e com a alma amargurada chamava Annelise. Encontraram-na sem vida na piscina de adultos do clube muito tempo depois de seu coração parar de bater. Havia um bilhete dizendo que tudo aquilo aconteceu porque o namorado a traiu com outra menina. Ela sabia quem era a outra menina e sabia que a traidora gostaria que as coisas tivessem tomado outro rumo. Ambas tinham dezesseis anos e um futuro inteiro pela frente, mas só Honda sobreviveu para aguentar a culpa pelas próximas décadas.

Ela engoliu o café amargo que havia restado em sua caneca e notou que uma pessoa a observava de longe. Era apenas uma sombra, mas a pele pálida e a estrutura óssea fizeram com que ela se lembrasse de Annelise.

— Como vai, minha querida?

— Você não tem vergonha mesmo, Honda. — resmungou a outra enquanto saía da escuridão e se sentava na cadeira. O corpo feito de água ondulava a cada movimento.

— E você não conseguiu aceitar que seu namorado preferiu sua irmã mais nova.

A sexagenária viu o rosto da irmã se contorcer de raiva e percebeu que seus traços assumiram outra forma. Ela agora encarava um rosto mais jovem, pálido, com cabelos escuros rebeldes e lábios cheios. Cílios longos piscaram para ela e ela notou as sardas peculiares dos gêmeos Moore se destacando nas bochechas. Honda recuou vários passos até bater a cabeça em um dos armários da cozinha improvisada e fazer algumas caixas de cereais caírem com o impacto.

— S-saia daqui! — pediu com a voz trêmula. Tateando em meio aos cereais de milho industrializados espalhados pelo balcão, acabou encontrando uma espátula e a usou como uma arma.

— Chega a ser engraçado. — comentou o quinto membro do clube de Simon Petersburg. — Eu gostava muito de Bob Esponja antigamente. É uma pena, né? Uma pena que pessoas jovens acabem morrendo por causa de outras.

— Eu v-vi o seu corpo.

— Já pensou na possibilidade de eu não ter morrido? — indagou. — Talvez sua irmã nunca tenha existido e você acabou enlouquecendo porque é uma vadia velha e solitária. — disse em meio a uma risada histérica. — Veja bem; é Abigail quem sempre vinha com teorias malucas, mas eu podia imitar qualquer pessoa caso o Simon me mandasse fazer isso.

— SAIA! — Honda atirou a espátula em direção à voz, mas o objeto simplesmente atravessou o corpo como se não houvesse nada lá.

O gêmeo mais novo ainda gargalhava quando ela desabou no chão e notou um colar com pingente de âncora preso em seu pescoço. As vistas da sexagenária escureceram e Honda estranhou ter como último pensamento uma lembrança em que um garoto com roupas femininas libertava pássaros das gaiolas da loja de animais.

 

 

*

 

 

Jim tinha o péssimo hábito de desenhar relógios em seu braço quando estava nervoso. A ideia de que podia controlar o próprio tempo parecia enganar o seu cérebro vez ou outra, mas não funcionou naquele dia. O seu pulso esquerdo já estava lotado de números e ponteiros dentro de círculos imperfeitos e ele ainda se sentia como um adolescente transando pela primeira vez — sem saber onde enfiar a cabeça.

A manhã pareceu se arrastar na sala de espera do hospital principal de Rock Springs. O delegado havia acabado de chamar Simon Petersburg para o interrogatório quando alguns de seus colegas correram para a cozinha para socorrer a mulher que estava inconsciente no chão. Ele tinha um assassinato em suas mãos e várias horas de sono acumuladas, mas pediu para que os policiais lidassem com a situação enquanto ele acompanhava a secretária ao lado de um enfermeiro na ambulância.

Ele já estava quase perfurando uma veia com a ponta da caneta de tanta tensão que sentia. Aguentou firme por mais quatro minutos até que Edward Black, médico geral e pai de Richard, chamasse-o em voz alta.

De pé, o delegado o cumprimentou com um aperto firme de mão e começou a enchê-lo de perguntas.   

— Qual é o problema com a Honda? Por que é que eu não pude vê-la até agora?

— Acalme-se, senhor Hopper. — pediu o médico enquanto assinava relatórios para uma enfermeira de seios grandes que se materializou na frente deles. Em outra ocasião, talvez tivesse observado e aproveitado melhor a visão que o decote dava e talvez até se arriscar com algumas cantadas enferrujadas. Ele só queria sair daquele lugar com cheiro de naftalina e virose.  — Imagino que o seu dia esteja bem complicado. Minha mulher não para de me ligar perguntando se já falei com “aquele delegado de merda” sobre o nosso filho. — comentou com uma risada.

— Eu ainda não interroguei Richard, mas vou me lembrar do “delegado de merda”.

— Leve um pouco na esportiva, Jim. Você sabe que Laura só não quer perder outro filho.

Ambos caminharam até o quarto 203 absortos em seus próprios pensamentos. Pararam em frente à porta de madeira branca lascada. Ele coçou o cavanhaque enquanto observava as rachaduras e as lascas de tinta que saíam da parede.

Os médicos ficam cada vez mais ricos, mas a construção do hospital parece não ter tido nenhuma reforma até hoje.

A voz do médico fez com que ele saísse do transe.

— Antes de entrarmos, eu preciso avisá-lo de que Honda provavelmente não será capaz de reconhecê-lo ou até mesmo de falar alguma coisa.

— O quê? O que houve?

— Honda teve um derrame, Jim. — explicou. — Ela disse um monte de frases incoerentes e estava bem agitada. Minha enfermeira é quem tem paciência para essas coisas. Se quiser perguntar alguma coisa a ela, fique à vontade, mas às vezes nem mesmo ela consegue entender os pacientes debilitados.

Hopper engoliu em seco. Entrou no quarto cheio de dúvidas, mas uma certeza o assombrava desde que chegou ao hospital: sua boa e velha secretária não resistiria por muito tempo.

 

 

*

 

 

Abigail já havia mascado todo o seu estoque de chicletes enquanto esperava a sua vez de ser interrogada. Durante todo o tempo em que aguardou, conseguiu descobrir pelo menos três de seus colegas espalhados pela delegacia. Viu pelo reflexo de uma lata de refrigerante vazia que Ricky havia caído no sono em uma espécie de estofado — e invejou secretamente a facilidade com que o menino parecia encarar qualquer tipo de situação com uma longa soneca. Quando um policial levou um detento para o outro lado, percebeu que o presidiário assobiou antes de ser acertado por um cassetete com força, o que só provava que Kit-Kat estava, felizmente ou não, detida há alguns metros de distância. Biggs também ouviu os policiais zombarem de alguém que usava saltos agulha, o que significa que Nicholas também estava vivo, uma vez que Simon mandou que ele usasse sapatos femininos elegantes sempre que um adulto duvidasse de suas ações.  

Ela era fã de coisas relacionadas à justiça. Já havia visto todas as variações de CSI e Law & Order que haviam sido lançados até então e uma porção de documentários relatando casos de assassinato sem solução. Era a maior fã de Agatha Christie de todo o condado e tinha vontade de desvendar todos os mistérios da humanidade desde que o pai morreu no Afeganistão sem ao menos receber uma condecoração por seus serviços. E era a curiosidade o que movia Biggs, tanto que ela entrou em um maldito jogo que mais parecia uma tentativa de bullying disfarçada só porque ficou curiosa com a proposta.

A verdade é que ainda não entendia muito bem qual era o objetivo do desafio. Simon parecia ser a única pessoa que ela era incapaz de decifrar as segundas intenções. Paul também era um forasteiro, mas a sua agressividade estava apenas no estereótipo sobre seu tom de pele. Pawel era bondoso e sempre pedia que o melhor amigo pegasse mais leve nas brincadeiras, mas Simon parecia sempre ignorar as sugestões e costumava exagerar em alguns desafios.

Ela sabia como Dicky se sentia desconfortável parecendo uma menina. Sabia que parte da arrogância de Katherine vinha dos joguinhos que Simon a obrigava a participar, fora as roupas vulgares e o excesso de maquiagem que vinha usando nos últimos meses e lhe arranjavam encrenca com o padrasto. Deus sabia o quanto ela se sentia horrível também sendo chamada de Biggs o tempo todo. Eles riam e apontavam para ela. “Olha a gorda! Olha a Biggs!”, e ela era obrigada a continuar comendo alimentos calóricos mesmo que quisesse fazer dieta.

Abigail decidiu se esticar nas cadeiras de plástico quando sentiu Morfeu convidá-la para o mundo dos sonhos. Ficou alguns minutos naquela linha tênue entre dormir e não dormir, improvisando a bolsa desconfortável como travesseiro. Suas pálpebras já estavam completamente fechadas quando ela sentiu o material ceder ao seu peso e quebrar debaixo de seu corpo. Ela permaneceu com os olhos fechados, evitando lágrimas de desespero enquanto metade da delegacia explodia em gargalhadas e observavam a cena sem se darem ao trabalho de ajudá-la.

O lugar ficou em silêncio quando Jim Hopper entrou pela porta principal e viu a menina com o rosto inchado de lágrimas e vergonha. Ele ajudou a garota a se levantar, fez um cafuné desajeitado e fuzilou os outros policias com o olhar. Quando todos pareceram se dispersar e voltar a seus afazeres, ele abriu um sorriso sem jeito para Abigail.

— Eles não sabem como são ridículos.

Ela concordou enquanto secava o rosto com as costas da mão. Pigarreou para limpar a garganta e agiu como se não tivesse acontecido nada.

— O senhor vai me interrogar agora?

Jim deu uma gargalhada e tornou a bagunçar os cabelos crespos e ruivos.

— Como se a filha de Carter Smith fosse uma criminosa.

 

 


Notas Finais


Será que o Dickinson está realmente morto? Será que ele foi a vítima??????????????????????????????? LOGO MAIS, NO GLOBO REPÓRTER


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