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História Simple like Flowers - Capítulo dez - Novos Amigos


Escrita por: BlueLady

Notas do Autor


Ainda não faz parte do chat do face? Lá eu interajo com vocês, além de dar spoilers, atualizações, andamentos e posso pedir suas opiniões ♥
Quer entrar? Mande seu nome nos comentários ou por mensagem!
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Vou contar a história sobre esse capítulo.
Eu tinha postado o capítulo 9 e me "deixei" um dia de folga.
Ontem eu falei que ia escrever de madrugada. Não tinha uma palavra ainda.
Uma da manhã eu comecei a escrever. As ideias vieram como um jato e eu não conseguia para de escrever.
Resultado: Era para acontecer 5 coisas, aconteceram 2, fiquei escrevendo por 5 horas e o capítulo ficou com 4300 palavras. É a vida.
Fui dormir 6:30 da manhã, com o coração partido e a cabeça a mil pensando nos próximo capítulos.
A vida de autor não é fácil.

Capítulo 10 - Capítulo dez - Novos Amigos


Fanfic / Fanfiction Simple like Flowers - Capítulo dez - Novos Amigos

AVISO: O CAPÍTULO DEZ TRATA DE ASSUNTOS MAIS PESADOS E HÁ PALAVRÕES E VIOLÊNCIA. 

Como da primeira vez, Marinette e Adrien não se falavam no caminho de volta. Adrien tentara puxar assunto duas ou três vezes, mas Marinette acabara se enrolando nas palavras e o assunto acabava.

Depois de finalmente conseguir pensar em um assunto, Marinette respirou fundo antes de falar, para evitar gaguejar o suficiente para ele não entender nada.

― Você vai na viagem? Parece bem divertido e vai estar quente e praias são legais e... ― Tampou a boca com as mãos. Quando não gaguejava, falava demais. Onde estava a boa sorte concedida pelo Miraculous?

― Vou sim. ― Ele sorriu para ela. ― E você?

Ela ia responder um “claro que sim! ” com um sorriso no rosto, mas se lembrou da conversa com Pierre.

― Eu... Eu não sei. ― Sua cara revelava um pouco de sua tristeza.

― Por que? Seus pais estão sem dinheiro? ―  Adrien ficou um pouco surpreso, Marinette parecia uma das mais animadas com a viagem.

Ela se surpreendeu. Tratou logo de negar, com os olhos arregalados.

― Não, não é isso. É só que eu acho que tenho um... ― ela parecia buscar a melhor palavra. ― um compromisso.

Ele suspirou.

― É uma pena. ― Marinette corou. Provavelmente era impressão, mas Adrien queria que ela fosse?

Ela abriu a boca para responder, mas um estrondo ali perto a interrompeu.

O chão tremeu. Pessoas gritavam e corriam. Adrien segurou Marinette pelo pulso e a puxou para o lugar mais seguro no momento.

― Promete que vai ficar aqui? ― Ele olhava nos olhos dela. Adrien não se perdoaria se alguma coisa acontecesse com Marinette. ― Aqui é seguro, o akuma não vai te achar, pelo menos não tão rápido. Tem que me prometer que vai ficar aqui. ― Ela não ia. Ele queria protegê-la, mas Marinette que deveria protegê-lo.

― Onde você vai? ― Ele hesitou por alguns segundos, como se pensasse em uma resposta convincente, o que, de fato, fazia.

― Eu vou procurar mais pessoas e as trarei aqui. Não se preocupe, eu sei me cuidar. ― Ele deu uma última olhada na garota e saiu correndo do beco.

Marinette suspirou. Olhou para os lados, não havia ninguém perto.

― Tikki, transformar! ― A kawami atendeu seu pedido.

Ladybug pulava de prédio em prédio. Seus olhos estavam atentos, mas a cidade não parecia a mesma de alguns minutos atrás.

Estava fazia. Sem barulho. Sem pessoas. Sem nada.

Isso a assustava mais do que ela queria. Adrien desaparecera, isso a amedrontava mais que tudo. Ela devia ter cuidado dele.

― Assustador, não? ― Chat Noir estava parado ao seu lado. Talvez pela angústia da heroína, ela não o percebera. ― Você viu alguém ser levado?

― Ahn? ― Ela o olhou, confusa.

― Sua cara, estava horrivelmente preocupada, achei que tinha visto alguém importante ser levado.

― O inimigo... leva as pessoas? ― Ladybug perguntou, mais para si mesmo do que para o amigo.

― Sim. Você não viu? Então estava preocupada por quê? Pelo seu namorado? ― Ele falava em tom de deboche, mas o sorriso de seu rosto sumiu quando ela corou. ― Sério? De verdade? Você tem um namorado? ― Seu rosto entristeceu e ele percebeu cada sinal.

Ela gostava de alguém, mas era um amor unilateral. Ainda tinha chances, talvez.

― N-não temos tempo para isso. Você sabe onde está o inimigo? ― Ela se recompôs.

― Por ali. ― Ele apontou para a Torre Eiffel. O garoto suspirou, derrotado. ― Por que sempre lá? Dá um trabalho voltar depois.

Ladybug riu, mesmo não sendo a hora, isso fez o sorriso voltar ao rosto do gato.

― Vamos! ― Ele disse confiante. Os dois começaram a correr pelos prédios. A medida que se aproximavam, algumas vozes gritando ainda podiam ser escutadas.

Eles pararam em um prédio em frente a torre.

― Onde ele está? ― Chat perguntou, com a mão em cima do rosto cobrindo a luz solar que vinha para que ele pudesse enxergar.

Ladybug olhou em frente. O sol começava a se pôr.

Em um movimento rápido, algo agarrou seus pés e os puxou, a levando de cara para o chão.

Ela nem vira o inimigo chegar, mas conseguiu se levantar rapidamente. Olhou para trás, o inimigo já tinha desaparecido.

― Atrás de...! ― Chat Noir gritou, jogou seu corpo para frente como se pudesse evitar alguma coisa.

Ladybug foi atingida com um bastão em suas costas, a fazendo cair de novo.

Ela gemeu de dor. Tentou se levantar, mas quando estava de joelhos, viu o bastão ir ao encontro de sua cara. Ela fechou os olhos como reflexo, claro que aquilo não ajudaria em nada.

Mas a dor não veio. Abriu os olhos correndo. O bastão estava jogado em algum lugar do telhado.

Chien segurava o inimigo. Seu braço estava dobrado, como se fosse uma barra segurando o inimigo pelo pescoço.

Ele, melhor, ela, se debatia.

Era uma mulher, usando uma roupa de karatê, adaptada em um vestido.

― O-Obrigada Chien. ― Ela gaguejou graças a dor. Tentava se levantar, mas o bastão em suas costas deixaria um hematoma feio por uns dias.

Chat a ajudou, delicadamente a ficar de pé.

― Não parece tão durona. ― Chien caçoava, mas a garota mordeu seu braço. ― Ai! ― Ele a largou.

Ela correu e alcançou o bastão. Com o bastão em mãos, ela parecia correr mais rápido e ter mais força. Ela corria até Ladybug novamente.

Ladybug usou seu ioiô na esperança de conseguir segurar o bastão, mas a garota foi mais rápida e, em um golpe rápido, ela desarmou Ladybug.

Quando o bastão ia acertar seu rosto novamente, uma rajada forte de vento apareceu, embora Chien, Chat e Ladybug sentissem o vento, a única afetada era a garota. Seus cabelos voavam e ela tentava inutilmente andar na direção da heroína.

― Rápido, só temos mais 5 segundos. ― Ladybug reconheceu a voz. Ela correu na direção da garota e pegou seu bastão, depois de ser quase atingida. Ladybug estava perto demais e só tinha 1 segundo, quando a garota foi levantada e segurada por Birdie.

― Me solta, pássaro idiota! ― Ela se debatia, mas Birdie a levantara em alto voo e deixara sua carne bem longe da boca da garota, deixando-a assim, sem alternativa de fuga.

Lady pegou o ioiô e quebrou o bastão em seu joelho. Uma borboleta negra saiu, mas Ladybug a purificou rápido.

A garota parou de se debater.

― Onde estou? ― Era uma mulher realmente bonita. Tinha o rabo de cavalo alto com um cabelo castanho avermelhado e sua pele era lisa, sem nenhuma mancha. Birdie a levou para o chão.

― O que foi aquele vento? ― Ladybug perguntou assim que ele voltou.

― É o meu poder, o seu é o Lucky Charm, o do Chat é o Cataclismo e o meu é o Rafale Imperial. Eu consigo criar rajadas de vento com minhas asas, mas sou treinado o bastante para aquilo apenas funcionar em quem em quero. ― Ele escutou um bip, vindo de seu colar. ― Tenho que ir, até mais. ― Ele pulou do teto e saiu voando.

― E qual é o seu, Chien? ― Ele pareceu feliz por Ladybug ter perguntado. Chat estava quieto, depois da luta, ele lembrara da “agradável” conversa que tivera com o cão.

― Que bom que perguntou. O meu é o Bark Mortalle. ― Ele sorriu confiante. ― Não queiram ser meus inimigos quando eu uso isso. Meu latido é tão horrível que já estourei tímpanos, mas não se preocupem! ― Ele usava as mãos como se tivesse apresentando um produto em uma feira. Sua mão estava levantada em sinal de “pare”. ― Eu consigo controlá-lo o suficiente para não acertar meus amigos ou pessoas inocentes.

Eles ficaram quietos por um momento.

― Chien, posso falar em particular com você por uns dois minutinhos? ― Ele acenou com a cabeça. Chat Noir fingiu não estar abalado, mas por dentro, seu peito ardia. Ele estava prestes a pular para outro prédio e ir embora quando Ladybug o chamou. ― Espere! Eu preciso falar com você também, só... Me espere aqui. Eu já volto.

Chat a obedeceu, por algum motivo, ele sentia que aquela conversa seria boa.

Ladybug foi ao prédio do lado com a esperança que Chat Noir não ouvisse.

― Você vai se desculpar com ele? Você me prometeu. ― Seus olhos estavam sérios e rígidos.

― Claro que eu vou, eu cumpro minhas palavras, você só não me deu a chance. ― Chien não parecia nada preocupado.

― Eu vou acreditar em você.

― Não sei por que não iria. Lady, você está tensa. ― Ele colocou as mãos no ombro da menina. ― Se depender de mim, nós sairemos bons amigos dali, ok? ― Ele deu um sorriso para tranquiliza-la.

Ela o encarou por alguns segundos.

― Você se parece muito com o Pierre.

― Nooooooossa! ― Ele fez uma cara perplexa. ― Não sabia que parecia tanto comigo mesmo.

― Para com brincadeiras. Eu estou querendo dizer que você é parecido demais com o Pierre para que eu não tivesse percebido antes.

― Se eu não tivesse te contado, você nunca teria descoberto sozinha. ―

― Por que não? Eu não sou idiota, sabe... ― Ela parecia irritada.

― Não, não é isso. ― Ele se apressou em dizer antes que ela explodisse de raiva. ― Você não sabe o quão inconveniente seria se as pessoas começassem a assimilar as pessoas dentro de suas cabeças? Nunca mais teríamos sossego. As transformações servem para isso.

Ela fez uma cara de quem não entendeu.

― Olhe. ― Ele tentou explicar. ― Se as pessoas conseguissem olhar para nossos rostos e assimilarem com o Pierre, por exemplo, não acha que quando qualquer um da escola fosse possuído por um akuma saberia quem procurar? Poderia capturar sua família como reféns. Até mesmo o próprio Hawk Moth poderia fazer isso. É por isso que mantemos a nossa identidade secreta em segredo.

― Mas, é tão simples... É só olhar no seu rosto e sei que é o Pierre.

― Digamos que tem um toque de... ― Ele parecia buscar a palavra certa. ― Magia nas máscaras. Isso deixa a parte do cérebro responsável pela memória meio... confusa. Ela sabe que tem algo familiar, mas ela não consegue ligar os pontinhos. É como uma criança daltônica tentando ligar pontos coloridos uns nos outros. Ele só vai conseguir resolver se alguém disser bem claramente.

― Então... Eu só consigo ver você como Pierre, porque você me contou antes?

― Exatamente. Seu cérebro só vai ligar os pontos se o portador da máscara te disser quem é. Ou se você ver essa pessoa se destransformando. De resto, seu cérebro nunca juntará os pontos.

― E se eu disser para alguém que o Pierre é o Chien, elas não assimilarão?

― Nope. Elas tentarão juntar as duas coisas, mas verão pessoas totalmente diferentes e dirão que você está louca.

― Isso é confuso.

― Bem, acho que nosso tempo acabou. Você ainda tem que conversar com o gatinho e eu também. Gostaria de conversar mais, mas ainda tenho que preparar sua surpresa.

Ela sabia do que ele falava.

― Isso funcionará? Quer dizer, eu vou poder ir? ― Ele sorriu com a pergunta desesperada da garota.

― É uma pessoa. Essa pessoa é... Especial. Você entenderá assim que ver. Felizmente, eu consegui entrar em contato com ela hoje à tarde.

Um sorriso surgiu no rosto de Ladybug.

― Isso quer dizer que...? ― Ele confirmou com o olhar.

― Se eu fosse você, entregaria a autorização o quanto antes aos seus pais. Só para ter certeza. ― Ladybug ficou tão feliz que poderia abraça-lo ali mesmo, mas tinha um certo gato perigoso bem perto deles.

Ela pulou para o prédio que ele estava.

― Desculpe. ― Foi tudo que disse. Parece que todo o sofrimento que o gato tivera voltassem a sua mente, tirando a felicidade de sua face e trocando por tristeza e um olhar baixo.

― Por quê? Você não fez nada, my lady. ― Ele foi em encontro dela. Seus olhos verdes queimavam em curiosidade.

― Eu... Eu soube o que o Chien disse a você. ― Ele congelou.

― Como você...

― Eu só soube. Eu queria pedir desculpas. Eu sou... horrível com você. Eu dou a entender que eu não gosto de você, Chat, mas é mentira. Você é importante para mim. ― Chat estava perplexo com o que ouvia.

― Eu... Eu sou importante? ― Ela o olhou perplexa.

― Claro que é. Sem você, eu não seria nada nas missões. Você salva as pessoas, você tem um coração bom. Eu só... Eu só penso muito em mim mesma. Eu esqueço que outras pessoas existem. Fico tão concentrada em lutar contra o inimigo que esqueço que tenho que ser humana.

― Não existe pessoa no mundo que é tão gentil quanto você, my lady. ― Ela o olhou corada. ― As pessoas te amam com razão. Você está sempre lá para elas, sempre faz o seu melhor. É uma honra ser seu parceiro.

Ela deu uma risada constrangida.

― Obrigada.

― Existe uma garota, que com certeza, já que eu não te conheço na vida real, é a pessoa ‘normal’ mais bondosa que já conheci. Ela me ajudou mesmo não sendo da conta dela. Ela tem a personalidade parecida com a sua, mas ela não salva mais da metade da cidade nos tempos livres.

Ladybug riu.

― Parece uma boa garota. Ela cuidou de você? ― Aquilo incomodava um pouco a heroína.

― Sim. Eu... Fiz algo ruim para ela, mas mesmo assim, quando eu fui me desculpar, ela ficou preocupada comigo, ela foi minha psicóloga... Acho que só consegui seguir em frente por causa dela. ― Uma leve dor no peito da garota aumentava a cada palavra boa.

― Ah é? Quem é a garota? Eu acho que eu devia agradecê-la. ― Doía dizer aquilo.

― Seu nome é Marinette. ― Ladybug engasgou. Chat Noir a olhou, confuso.

― Tudo bem? ― Ele perguntou.

― Ah, sim. ― Ela sorriu. De fato, as duas garotas na qual Chat tinha falado que eram incrivelmente gentis, bem das duas, duas eram ela. ― Chien está te esperando no outro prédio. Ele precisa falar com você.

Ele se remexeu um pouco, como se estivesse desconfortável.

― Certo.

― Eu já vou. Tenha uma boa noite. ― Ela se despediu acenando e pulou entre os prédios.

Chat foi ao encontro do cachorro. Ele esperava pacientemente, como se o vento misturado com o cheiro de fim de tarde que vinham das gostosas padarias ali perto fossem sua companhia.

― O que quer falar comigo? ― Chat perguntou, desconfiado.

― Quero pedir desculpas. ― Ele olhou nos olhos do gato. O olhar de Chien era sincero, com calma e arrependimento.

― Você acha que eu vou aceitar, depois de tudo que você me disse? ― Chat Noir praticamente cuspia as palavras.

― Não. Mas não é por isso que não vou pedir. As desculpas funcionam assim. Você fala de seus arrependimentos e a pessoa escolhe aceitar ou não. Meu trabalho é te falar que sinto muito.

― Não acredito em você. ― Chien se sentou e suspirou, Chat preferiu ficar de pé.

― Eu tenho uma história. Um passado. Uma rocha grande no meu caminho que não me permite passar. Uma pessoa me disse para... escalar isso com os outros. Quer ouvir um passado de um garoto mimado que acha que seu passado é doloroso demais?

― Do que está falando? ― Chat pareceu confuso. O cachorro falara aquilo meio do nada, mas Chat sentia que ele precisava desabafar. O gato se viu no cachorro. Chien parecia sentir o mesmo que ele sentia antes de contar a história para Marinette.

― Meu passado não é horrível. É uma história bem comum até. Muitas pessoas passaram por isso. Quando eu conto essa história, apenas me dizem que eu sou um garotinho mimado. ― Ele riu.

― As pessoas que não viveram seu passado não podem dar opinião. ― Chat resolveu se sentar, sentia que seria um bom tempo ali.

― Não, não podem. ― Ele olhava para a Torre Eiffel. ― Acho que você não gostará da história, mas vou contar do mesmo jeito.

“ Eu tinha aproximadamente 13 anos. Não faz muito tempo. Eu estava estudando em uma escola nova, no interior da França. Era uma escola boa.

Eu era pobre. Sempre fui. Minha mãe era uma prostituta e meu pai era um de seus clientes. Obviamente que ele não me assumiu. Minha mãe também não ligava muito para mim. Acho que eu agradeço por isso, ás vezes. Isso me ajudou a me tornar independente, mesmo jovem.

Quando minha mãe me disse que eu ia estudar numa boa escola, achei que tinha um truque, uma armadilha para ela finalmente se livrar de mim, mas não. Ela tinha dormido com o diretor da escola e assim, conseguido uma vaga para mim.

Eu não queria ir, não queria que minha mãe pagasse com o corpo. Ela era minha mãe afinal. Ela nunca tinha ligado para mim e eu me perguntava por que, finalmente, ela tinha decidido isso.

Mas eu fui. Esse foi meu erro.

Eu acho que eu já tinha essa aparência. Eu ouvia algumas garotas fofocando sobre mim em algumas aulas. Elas diziam que eu tinha um rosto bonito, mas que eu era pobre, então elas me ofendiam de alguma coisa e riam sozinhas.

Mesmo assim, eu nunca realmente liguei. Eu só estudava e me esforçava ao máximo pela chance que minha mãe havia conseguido.

Foi então que eu a conheci, Chat. Você sabe como é isso, né? Amor à primeira vista.

Eu sabia muito pouco sobre aquela garota. Ela se chamava Stephanie. Ela era filha do diretor e era linda. Olhos azuis e cabelos loiros levemente encaracolados nas pontas, pele lisinha sem manchas e naturalmente corada de rosa.

Por algum motivo que não sabia explicar, ela se aproximou de mim. Me ajudava nas matérias que tinha dificuldade. Lanchava comigo para que eu não ficasse sozinho. Fazia muitas coisas, isso só foi aumentando meu amor por ela.

Um dia eu a chamei para sair. Tinha ganhado meu Miraculous há uma semana, mais ou menos. Eu não podia leva-la para algum lugar que tivesse que pagar, pois não tinha dinheiro de sobra. Então decidi leva-la ao parque.

Assim que ela apareceu no nosso ponto de encontro e eu disse que íamos para o parque, sua cara fechou por alguns poucos segundos, mas logo voltou ao normal. Achei que eu estivesse meio louco, mas era um sinal que eu ignorei.

Passamos o dia no parque, foi divertido, pelo menos a minha parte. Ela não saía do banco, achei que ela gostava de ficar sentada.

Eu fiz meu primeiro trabalho com o Miraculous. Fiquei famoso rápido. Ninguém sabia da minha identidade, mas tinha uma pessoa que eu queria que soubesse.

Eu a chamei um dia e contei. Contei do meu bracelete, contei dos meus poderes. Ela acreditou em tudo, claro, e ficou feliz. Muito feliz. Feliz demais.

Foi quando aconteceu. Tinham acabado as aulas do dia e Stephanie me chamou na biblioteca.

Eu fui lá. Não estávamos namorando. Eu era mais um cachorrinho que a seguia para todos os lugares.

Assim que entrei, ela segurou minha mãe e me levou para outro lugar. No meio do caminho, ela me vendou e disse que era uma surpresa. Eu queria lutar contra aquilo, meus instintos me diziam que algo estava errado. Eu ignorei, Stephanie era boazinha demais para aquilo.

Eu ouvi uma porta de metal se abrir e alguém me chutou nas costas. Eu caí no chão. Alguém tirou a venda.

Um cara do terceiro ano me segurava. Ele parecia aqueles garotos que já saem da escola e vão direto para a cadeia. Não me parecia uma companhia agradável.

Na minha frente, estava a Stephanie. Ela sorria malignamente e eu sabia que não adiantaria pedir ajuda a ela ou gritar por socorro.

‘O que está acontecendo? ’ Eu perguntei. Ela riu diabolicamente.

‘Você, seu filho de uma puta suja, você e aquela vadia que você chama de mãe estragaram minha vida. Eu tinha uma vida perfeita. Eu, meu pai, minha irmãzinha e minha mãe. Tínhamos tudo. Mas nãããão. Minha mãe descobriu que meu pai estava a traindo e se separou. Ficamos com apenas ¾ do que tínhamos. Você sabe quanto é isso? ’ Ela pegou um taco de beisebol de algum canto da sala e me bateu na barriga.

Lembro que doeu. Muito.

‘Tá vendo isso aqui? ’ Ela levantou seu celular. Tinha alguma coisa passando na tela, mas minha visão estava turva demais para enxergar. ‘Isso aqui, são vídeos. Vídeos da puta da sua mãe dando para todos da cidade. Isso está na internet, sua mãe já virou comédia entre todos da escola. Isso que você merece por estragar minha vida. ’

Lembro que algumas lágrimas caíram e eu apanhei um pouco, não lembro de quem. Eu me sentia humilhado, raivoso e triste.

Triste porque eu não fui o homem que aquela garota queria.

Você deve estar pensando no meu nível de idiotice, Chat, eu também me sinto assim hoje em dia.

Eu fiquei lá dentro por bastante tempo. Uma professora me achou depois da aula, no dia seguinte.

Ela estava furiosa. Aparentemente, eu tinha ameaçado a pobre Stephanie que não parava de chorar na enfermaria e tinha espalhado vídeos pornô pelo seu celular como chantagem.

Aparentemente, minha mãe também estava chantageando o pobre diretor, que, por isso, teve que se divorciar de sua esposa.

No fim, eu fui expulso e minha mãe, quase presa.

Consegui me emancipar esse ano. Não vi mais minha mãe. Só sei que ela falava menos ainda comigo, depois do incidente da escola. Eu acho que ela acha que eu sou o culpado.

Aquilo não foi para minha ficha. Consegui estudar em outras escolas até vir para cá. ”

Uma lágrima caiu do rosto de Chien. Após terminar sua história, todos os sentimentos voltaram.

― Como isso é “nada demais”? Chien, não sei de onde você vem, mas até onde eu me conheço por gente, isso não é nada normal de acontecer com adolescentes. ― Chat estava perplexo com a história que ouvira. Simplesmente não conseguia acreditar que havia gente tão ruim no mundo.

― Eu não costumo contar a “versão inteira” para as pessoas. Muito comprida. Eu falo que fui enganado na escola e que fizeram brincadeiras comigo porque era pobre, aí uma garota espalhou uns vídeos constrangedores e inventou uns boatos.

― Isso definitivamente não se parece com a história que você acabou de contar. ― Ele deu de ombros, como se realmente não ligasse.

― Aquela garota era um monstro, pessoas assim me dão nojo. ― Chien se mexeu, desconfortável. ― Eu... Eu acho que eu te perdoo pelo o que você me disse. ― Chien deu um sorriso triste.

― Isso é bom. Ladybug vai ficar feliz.

― Quem é você? Quem é você na vida real? Eu preciso saber. ― Ele estava preocupado. Chien sorriu, esticou sua mão para um aperto de mãos.

― Prazer, Pierre. O cara que compra papel higiênico numa sorveteria.

Chat arregalou os olhos.

― V-Você é... ― Ele estava surpreso demais para falar. Depois de alguns segundos, seu coração conseguiu se acalmar e ele olhou para Chien, o examinando. ― Como eu não percebi antes?

Chien explicou da magia da máscara. Chat não respondeu, só fitou o chão.

― Não sei como você sorri todo dia com um passado desses.

― A gente sorri. É melhor e mais fácil enganar os outros com um sorriso falso. Se eles verem que tem algo de errado, nem se aproximar eles se aproximam. Você entende, certo?

Chat entendia. Sorrir. Sorrir. Era tudo que ele fazia pelo seu pai. Ele concordou com a cabeça. Pela primeira vez, o cão e o gato se entendiam.

A noite pairava sobre eles dois. Seus rostos iluminados pelas luzes coloridas da Torre Eiffel

― Pierre, eu tenho uma pergunta, embora eu ache que já sei a resposta.

― Ahn. ― Ele olhava para a Torre, como se suas luzes refletissem suas dúvidas.

― Você ainda gosta da Stephanie? ― Chien tirou os olhos da Torre e olhou para os verdes do garoto.

― Eu acho que a Stephanie que me ajudava com a lição, que comia comigo... Bem, não acho que ela era de todo falsa. Eu gosto nisso nela. Eu amava, hoje... Hoje eu só gosto.

Eles ficaram em silêncio por mais um tempo.

― Os sorrisos, você não dá nenhum verdadeiro? ― Chat parecia calmo, mas era como se sua tristeza saísse pelas ondas calmas de som da sua voz.

― Eu dou. Dificilmente, mas dou. Quando eu estou com você, Marinette e Oliver, eles saem com mais facilidade.

― Oliver sabe da sua história?

― Sabe. Eu contei a versão resumida e ele teve a mesma reação que você. Ele ficou irritado, o que é difícil acontecer. Contei a versão inteira e ele quebrou um vaso. Tenho um bom amigo.

― Agora tem mais um. Quero ser seu amigo, Pierre, quero te ajudar a escalar seu obstáculo.

Chien sorriu, de alguma forma, Chat sabia que era verdadeiro.

― Isso ficou meio gay.

― Ei! ― Chat ficou indignado. ― Minha frase tinha ficado tão legal! Por que você a estragou desse jeito?

Chien riu. Ele se destransformou. Chat fez o mesmo.

― Quer fazer alguma coisa? ― Adrien perguntou, ele esperava que Plagg lesse o clima. Ele corou depois de refletir sobre sua frase. ― Sem pensamentos estranhos!

Pierre riu, mas voltou sua atenção as luzes da Torre Eiffel, elas o acalmavam. Com uma voz melancólica e cheia de ressentimento, ele disse:

 ― No momento, eu só quero olhar as luzes de Paris.


Notas Finais


Não se esqueça de acompanhar para receber novos capítulos. Comentários e Favoritos sempre bem-vindos.
E ai? O que acharam?


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