História Simple like Flowers - Capítulo nove - Segredos Profundos

Enquanto Marinette conversava com Nathanael, Alya esforçava seu máximo para levar duas caixas cheias de coisas para o laboratório. Ela estava, infelizmente, no lugar errado na hora errada, portanto, seu professor de biologia escolheu-a para levar as caixas dos materiais novos para o laboratório.

Aquilo estava pesado. Alya se esforçava ao máximo para que aquilo não caísse completamente no chão resultando em uma detenção.

Num movimento rápido, Alya tropeçou, perdendo o equilíbrio. Quando as caixas estavam quase caindo de suas mãos, duas mãos fortes se colocaram sobre a sua, evitando a queda das caixas.

― Uou, isso parece pesado, está tudo bem?

Os olhos de Alya subiram rapidamente para encarar os olhos de seu salvador. Seus olhos encontraram os olhos escuros de Oliver. Por um pequeno momento, Alya se perdeu naquela escuridão.

― Ah. ― Ela voltou ao normal. ― Sim, só fiquei surpresa por você estar no lugar certo na hora certa. ― Ele sorriu.

― Dizem muito isso. Acho que você precisa de ajuda aí. ― Ele falou. Antes dela conseguir responder alguma coisa, ele pegou uma das caixas. ― Qual o destino?

― Laboratório. ― Ela respondeu. Realmente, com a ajuda de Oliver, aquilo seria muito mais rápido e poderia sair mais cedo.

O laboratório era subindo as escadas. Oliver era um garoto muito alegre, não tinha como não se divertir perto dele, por isso, a ida não foi entediante.

Assim que deixaram as caixas em cima da mesa, Alya se virou para ele.

― Já que terminamos antes do previsto, acho que você merece um refrigerante por me ajudar. ― Ele sorriu após o que ela disse.

― Agradeço o convite, mas não quero incomodar, além disso, não fiz nada esperando alguma coisa em troca.

― Para com isso! ― Ela tocou seu ombro. ― Eu estou te convidando, vamos vai ser legal.

― Ok, ok. ― Ele se deu por vencido.

Alya parou em frente a máquina de refrigerantes.

― Qual você quer? ― Ela perguntou depois de pegar uma coca para ela.

― Uma Schweppes, por favor. ― Ele a respondeu. Ela digitou uns números no teclado da máquina e uma lata caiu em um buraco.

Alya a pegou e entregou para o garoto.

― Acho que seus serviços estão pagos. ― Ela falou.

― Seria abuso te convidar para tomar esse refrigerante comigo em algum lugar? ― Oliver tinha um sorriso simples no rosto.

Alya corou.

“Calma, garota, é um convite de amigos. ”

― Claro!

Eles se sentaram em uma das mesas da lanchonete.

― Você tem namorado, Alya?

― Não... ―Respondeu relutante. ― Por quê?

― Ah, é que você é bem bonita e legal. ― Ele deu um sorriso amigável. Ela corou, antes de falar alguma coisa, ele continuou. ― E vejo você sempre conversando com o Nino, achei que tinham algo mais. ― Ele trocou o sorriso amigável por um malicioso.

Ai que Alya corou de vez.

― N-Nós n-não temos nada.

― Se você quiser, posso te ajudar com isso. Sou bom em juntar corações. ― Seu sorriso não saia de seu rosto. Alya estava ficando cada vez mais envergonhada.

― C-Como é seu relacionamento com o Pierre? Vocês parecem bons amigos. ― Alya mudou de assunto. Ele a olhou divertido pela mudança.

― Muito bom, somos amigos de infância. E como é o seu com o Nino? ― Ele voltou ao assunto.

― Q-Que bom que são amigos, como se conheceram? ― Ela fingia interesse e tentava não mostrar que estava mais que nervosa.

― Ele salvou minha vida. Se você continuar me ignorando eu... ― Ele ia falar, mas ela o interrompeu.

― Uau, é incrível que ele tenha salvado sua vida quando ainda eram crianças! Vocês tinham quan... ― Ela ia continuar, mas Oliver levantou e saiu da mesa.

Ela demorou 2 segundos paras se tocar sobre o que estava acontecendo. Ela se levantou correndo e tocou sem ombro. Ele parou de súbito e a olhou sorridente.

― Sabia que você viria se eu fingisse estar bravo.

Alya corou de irritação.

― Idiota.

― Então, agora você pode me dizer o que você acha do Nino?

―... ― Ela ficou quieta por um instante. Encarando o chão, começou a falar. ― Eu acho que ele é muito legal, divertido, leal e... E eu acho que eu gosto dele. ― Ela corou muito depois daquilo. Admitir era difícil. Ela nem se reconhecia, quando ficara tão parecida com Marinette em relação a garotos? ― Não vai rir, vai?

Oliver sorriu.

― Por que eu riria? Você fica muito fofa falando da pessoa que gosta. Quem me dera uma menina que nem você gostasse de mim, eu não ia ser tão lerdo que nem o Nino, mas acho que ele vai ficar feliz quando souber, vocês fazem um bom casal. ― Ela sorriu com a fala.

― Obrigada, você sabe como animar alguém.

― Digamos que Pierre sempre pisa na bola e eu tive que aprender a consertar. ― Ele sorriu. Quando falava do Pierre, parecia que seu rosto se iluminava.

― Ei. ― Ela o chamou curiosa, ele a olhou mais ainda. ― Você é...? ― Ela não terminou a frase.

Ele deu um sorrisinho, como se confirmasse. Alya ficou surpresa.

― Digamos que sim. ― Ele falou, depois dos olhos da garota brilharem de curiosidade. ― Eu sou bi, Alya.

― E você gosta do P-Pierre? ― Ela ousou perguntar.

― Por que é só eu falar que eu sou bi que as pessoas assumem que eu gosto dele? ― Ele fez um olhar levemente irritado. Ela ia se desculpar quando ele continuou. ― Quer dizer, está tão na cara assim?

Alya ficou sem palavras.

― E-E ele gosta de você? ― Ele lançou um olhar triste e Alya percebeu que devia ter ficado quieta.

― Se ele gostasse, você não acha que nós estaríamos juntos?

― E-Eu não s-sei. ― Alya não sabia muito bem o que falar naquela situação delicada.

― Ele é hétero, Alya, fim da história. ― Oliver pegou suas coisas na mesa e saiu. ― Acho que eu devia me apaixonar por uma garota, ia ser bom para mim.

― Não nos escolhemos por quem nos apaixonamos. ― Ele olhou para trás antes de desaparecer da vista de Alya. Ele sorriu e disse:

― Não conte para ninguém, é nosso segredo.

Alya estava atônita. Oliver parecia um garoto muito legal parta sofrer um amor não correspondido impossível desse jeito, mas a vida não pode ser justa com todos o tempo todo.

Ela pegou sua coca, faltava aproximadamente dois goles para terminar, mas ela já tinha perdido a vontade.

Ela queria ajudar aqueles dois, mas se Pierre fosse hétero, ela somente faria algo sem sentido que poderia deixa-lo irritado o suficiente para acabar com sua amizade longínqua com Oliver.

Ela decidiu não fazer nada, então.

Jogou sua coca no lixo e pegou suas coisas. Não estava no ânimo para andar por aí, então foi para o pátio.

Chegando lá, viu o Adrien, mas antes que pudesse chamar por seu nome, ele saiu andando em direção a um dos bancos, ela achou estranho, mas depois que viu a cena do banco, entendeu tudo.

Sentiu duas coisas ao mesmo tempo. Felicidade pelo possível ciúmes de Adrien e tristeza pelo Oliver ao ver Pierre abraçando Marinette.

Adrien andava com passos pesados até o banco, Marinette olhava para o chão, mas Pierre conseguiu vê-lo.

― Adrien! ― Marinette levantou o olhar assim que ouviu o garoto dizer aquele nome. Seus olhos se encontraram, mas Marinette percebeu que tinha algo a mais que um simples olhar de felicidade que combinava com o sorriso de seu rosto.

― Pierre, vejo que está se divertindo com a Mari. ―  Por fora, ele só parecia sorrir, mas no fundo, ele pensava em como matar um garoto que flertava com sua amiga em público.

Amiga, porque Marinette era uma amiga, afinal, ele amava Ladybug.

― Que bom que você chegou Adrien, Marinette precisa de você. ― Os dois se surpreenderam com a fala de Pierre. O mesmo sorria como se fosse a coisa mais normal de se dizer.

― Ahn... O que? ― Adrien ficou confuso.

― Ela acabou de dar um fora e está se sentindo mal por isso. ― Marinette o olhou de um jeito que Pierre teria que desejar a morte. ― Infelizmente, olha a hora! ―  Pierre mostrou o pulso sem nada. ― Eu super preciso ir naquela loja comprar papel higiênico. ― Ele apontou para uma loja que ficava em frente a saída da escola.

― Pierre. ―  Marinette chamou sua atenção após olhar na direção que ele apontou. ― Aquilo é uma sorveteria.

Ele olhou para a loja assustado, mas depois colocou o sorriso novamente no rosto.

― Você não sabe como o papel de lá é bom. ― Ele se soltou da garota e levantou. Puxou Adrien e o colocou sentado no banco. ― Você vai ter que tomar conta dela de agora em diante. ― Deu uma piscada de um olho só para Adrien.

Ele saiu correndo.

― Acho que ele precisa de alguns remédios. ― Adrien comentou vendo o garoto correr.

― Concordo. ― Os dois riram, mas o clima ficou pesado novamente.

Depois de alguns segundos de silêncio que mais pareciam horas, Adrien resolveu falar:

― Então... Em quem você deu fora? ― Eles não estavam abraçados, mas só de estarem na companhia um do outro, já se sentiam constrangidos o suficiente.

― Nathanael. ― Ela respondeu.

Eles ficaram quietos por mais um tempo.

― Vou te levar em casa. ― Ele falou, se levantando.

― O que? N-Não precisa. ― Ela se levantou também.

― Minha vez de ser o homem, lembra? ― Ele piscou para ela. Marinette ficou vermelha.

Então os dois saíram juntos da escola.

Pierre os observava escondido ― ou pelo menos ele achava que sim ― enquanto sorria.

― O que você está fazendo? ― Alya perguntou, se abaixando para ver o garoto atrás da moita. Assim que ele a ouviu, deu um pulo e acabou deitado no chão.

― Alya! Como você descobriu meu esconderijo?

― Talvez porque você é mais barulhento que uma porca no cio? ― Ele fez uma cara de falsa tristeza, mas logo sorriu novamente.

― Você viu aqueles dois? Foram embora juntos para casa!

― Isso tem dedo seu?

― Quem você acha que é o perito em juntar corações? ― Ele disse se orgulhando.

― Não sei... O Oliver, talvez? ― Ele fechou a cara.

― Eu! ― Ele disse indignado.

Ela fechou os olhos e suspirou. Era agora ou nunca.

― O que você acha do Oliver? ― Ele fez uma cara de dúvida.

― Ahn... Ele é meu melhor amigo.

― Você não sente nada por ele? ― Pierre entendeu onde ela queria chegar.

― Ei! Eu não sou gay, tá legal? Eu sei que sou um pouco estranho, mas é porque minha mãe fumava, não é culpa minha!

Ela suspirou de novo.

― Desculpe, desculpe... E tem alguém que você gosta no momento?

― Gostar? Sim. Amar? Não. Próxima pergunta. ― Ele já encarava aquilo como um questionário.

― De quem você gosta? ― Ela não deixava de ser curiosa.

Pierre sorriu sem mostrar os dentes, seus olhos mostravam ternura.

― De você. ―  Alya engasgou e corou, antes que pudesse responder, Pierre caiu na risada.

Alya corou mais ainda por ter acreditado.

― Você tinha que ver sua cara. ― Ele se divertia.

― Eu estou falando sério. ― Ela fez uma cara brava.

― Digamos que eu gosto de alguém que eu não posso ter. Uma pessoa importante para mim que acha o grão de arroz que a irmã mais nova comeu na primeira refeição de sua vida mais importante que minha existência. ― Ele estava bem normal para a seriedade de suas palavras.

 ― Que horror... Por que você gosta dela?

― Não escolhemos essas coisas. Ela foi importante para mim, fim da história, hora da criança dormir. ― Ele afagou seus cabelos.

Levantando-se do chão, ele começou a andar em direção do portão.

― Ah! ― Ele se virou para ela. ― Esse é nosso segredo. ― Depois de um sorriso, ele foi embora.

A situação era parecida demais com a do Oliver.

Alya ia enlouquecer com tantos segredos.