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História Sweeten - Taekook - Sunshine


Escrita por: coppi_tk

Notas do Autor


Oi pessoas!
Primeiramente, obrigada por dedicarem um tempo para ler minha primeira Fanfic!
Eu estou muito apaixonada pelas interações Taekook nesse capitulo, espero que gostem também! Boa leitura.

~ Perdoem caso passe algum erro ~
Nome do capítulo: Nascer do sol

Capítulo 4 - Sunshine


Durante os dias seguintes, evitei os hyungs para não envolver em qualquer situação que pudesse dar margem para as provocações de Taehyung; mas não consegui evitar aquela situação quando um dos encontro deles havia sido no apartamento que eu dividia com Namjoon. Eu sequer consegui ficar apenas em meu quarto fingindo que eles não estavam ali, pois Hoseok era mestre da persuasão e de alguma forma me convenceu a me juntar a eles, que bebiam e conversavam na sala.

A presença de Taehyung ainda era inevitável, mas eu fiz o possível para não me deixar abalar por suas atitudes. No início ele não chegou a me dar atenção, apenas me cumprimentou com uma breve saudação, mas ao longo do dia, enquanto eu o evitava, ele parecia mais insistente em tirar a minha paz.

Houve um momento em que eu estava no sofá da sala assistindo um programa na tevê, Jin hyung, Suzy e Hoseok estavam reunidos na mesa da cozinha, Jimin e Namjoon já não estavam no local, e o Yoongi estava fumando um cigarro perto da janela.

Nesse momento Taehyung apareceu no ambiente e se aproximou, primeiro fingiu que também estava assistindo o que passava na televisão, mas mostrou que assistir não era a sua intenção naquele momento:

— Jungkookie... — Ele chamou baixinho, parecendo hesitante, mas o ignorei, mantendo os meus olhos fixos no eletrodoméstico. — Oi?! Tem alguém aí? — Ele continuou, aproximando-se com um passo.

Taehyung jogou algo em minha direção, que acabou tocando em meu braço de uma forma leve, mas permaneci imóvel, tentando ignorar a sua presença, sem olhar para o que ele havia jogado em mim. Não iria dar a ele o que ele queria, mesmo que a situação estivesse me deixando ainda mais irritado que o habitual.

Estremeci quando Taehyung se sentou ao meu lado no sofá, com o tronco virado em minha direção, e permaneci olhando para a frente:

— Coelhinho? — Ele chamou, ainda parecendo hesitante.

Mas me mantive fiel em ignorá-lo, e não me deixar levar por suas provocações, mas ele era insistente:

— Ei... — Ele puxou levemente o meu cabelo, para que eu olhasse para si.

O gesto não doeu, mas a minha reação foi inesperada até para mim:

— Qual é a porra do seu problema, Kim?! — Gritei, ao mesmo tempo que joguei o travesseiro que estava em meu colo em sua cara, e levantei irritado do sofá.

No momento em que levantei percebi que ele segurava dois pacotinhos de Banana Kick Snack de chocolate, que era um tipo de aperitivo que vinham em embalagens de salgadinhos muito famosos em toda Coreia do sul.

Taehyung não levantou o rosto para me encarar, porque quando joguei o travesseiro nele parece que ele acabou deixando os doces caírem da embalagem no sofá. Eu não soube como reagir diante daquela cena, abri a boca para dizer alguma coisa, mas não consegui emitir nenhum som.

Quando desviei o olhar de Taehyung, notei que a nuna e os hyungs estavam ao redor da sala, tentando saber o que havia acontecido, nos encarando com os olhares curiosos e confusos. Taehyung começou a catar os biscoitos que haviam caído, ainda sem olhar para mim, e um sentimento de arrependimento, fez com que eu recuasse alguns passos.

À medida em que aquele sentimento crescia, fui me afastando cada vez mais do ambiente até não estar mais dentro do dormitório.

Me senti sem rumo quando me vi fora do apartamento, mas permaneci caminhando apressado até chegar no elevador. Tentei não olhar para trás até o momento em que entrei na cabine. A sensação de sufocamento e frustração ainda me dominava quando encarei os botões do eletromecânico, sem saber que número apertar, ou para onde eu deveria ir.

No momento em que me questionei sobre as possibilidades de pegar um trem e fugir para Busan — o lugar do qual eu estava fugindo — me veio à memória do dia em que explorei o condomínio pela primeira vez, onde acabei encontrando uma área que não parecia ser muito frequentada pelos estudantes, ou pelos funcionários que cuidavam do local.

Apertei o botão para o último andar do prédio. O elevador subia lentamente, e eu me sentia ansioso, querendo que ele chegasse logo ao último andar. As portas finalmente se abriram, e saí apressado e sem um destino certo, sentindo um nó na garganta e uma sensação de vazio no peito. O corredor do prédio parecia extenso, mas eu continuei caminhando até o fim, onde havia uma porta, e atrás dela, uma escada que dava na cobertura.

Subi os degraus que no fim revelou o terraço amplo da cobertura, e ainda que parecesse um local pouco frequentado, havia grades de proteção ao redor dos muros. Aparentemente não havia ninguém na região, então caminhei devagar até chegar em um dos muros gradeados, me apoiando neles para poder observar a rua pouco movimentada.

A brisa suave da noite acariciava meu rosto, trazendo um pouco de alívio para a tensão que ainda me dominava. Eu olhava para a rua lá embaixo, perdido em pensamentos, tentando encontrar uma resposta para tudo o que estava acontecendo.

As luzes da cidade brilhavam como estrelas em meio ao horizonte urbano, e a sensação de estar tão alto me dava uma perspectiva diferente do mundo ao meu redor. Era como se eu estivesse em um lugar completamente distinto daquele que deixei lá embaixo.

Respirei profundamente ainda tentando entender as coisas que estava sentindo, não sei se a brisa da noite me ajudou muito com aquilo, mas eu já me sentia um pouco mais calmo. Comecei a observar as coisas que havia por ali. A luz que iluminava a região não era muito clara, mas consegui observar alguns bancos de concretos e vários objetos que provavelmente haviam sido deixados para trás por estudantes que visitaram aquela área.

Decidi me afastar um pouco da grade e comecei a explorar a região. Cheguei em um armário de madeira com diversas portas, mesclado na parede. Na primeira porta havia algumas luvas de boxe que estavam um pouco desgastadas, e nas portas seguintes haviam coisas como halteres, cordas de pular, alguns kits de ginásticas e outros diversos materiais para fazer exercícios físicos.

Puxei um dos colchonetes que encontrei ali, desenrolei e arrumei no chão para eu poder me posicionar. Me sentei com as pernas cruzadas e fechei os olhos, respirando fundo.

Aos poucos, meu cérebro tentava se desligar dos problemas e preocupações do dia, focando apenas no momento presente. Enquanto me concentrava em esvaziar meus pensamentos, uma pequena lembrança surgiu em minha mente: minha mãe me ensinando a meditar quando eu era mais novo. Manti os olhos fechados por alguns instantes, seguindo suas orientações antigas. Concentrei-me na minha respiração, inspirando profundamente e expirando devagar. A cada ciclo respiratório, sentia-me mais presente, mais conectado comigo mesmo.

Os sons da cidade também permeavam o ar da cobertura. O som abafado das conversas distantes, o burburinho dos carros passando, a música vinda de alguma festa próxima, tudo se misturava em uma sinfonia caótica, mas que de alguma forma parecia em harmonia naquele momento.

Não sei por quanto tempo fiquei naquela posição, mas já não me sentia tão apreensivo quando abri os olhos e me deitei no local ainda me sentindo arrependido.

Me virei no colchonete para deitar de barriga para cima, e quando mudei de posição os meus olhos encontraram a lua na fase crescente, se destacando no céu estrelado. Aquela era uma das minhas épocas preferidas para observar o céu, porque quando a lua estivesse cheia, ela ganharia um tom um pouco dourado. Peguei meu celular do bolso para tirar uma foto daquela amplidão quando notei que havia recebido uma mensagem de Jihan, mas decidi ignorar.

Permaneci naquela posição por muito tempo, distraído com os corpos celestes, escutando um álbum musical de um dos meus artistas favoritos pelo celular. Aquilo fez com que eu me lembrasse de Busan. Sentia saudades de casa, sentia que talvez eu devesse voltar para o meu lugar.

Ouvi um barulho estranho no local, como se algo tivesse caído, então observei em volta. Não vi ninguém por ali, mas fazia algum tempo que estava tendo a sensação de que estava sendo observado, por isso me levantei e andei pelo lugar para ter certeza se estava realmente sozinho.

Ouvi o barulho estranho outra vez, mas notei que era apenas uma lata de refrigerante que estava sendo arrastada pelo vento. Puxei o colchonete para mais perto do muro e me sentei sobre ele, descansando as costas no local. Tentei ignorar aquele sentimento inquieto e permaneci naquele espaço. Meus olhos ficaram pesados, já devia ser o quinto bocejo que dava ali, mas não queria voltar para o dormitório, não queria ter que encarar os hyungs, muito menos o Kim mais novo do grupo, então permaneci ali.

°•○°•●°•○°•●

Enquanto cochilava, minha mente se entregou a sonhos estranhos, uma mistura de memórias e imaginação. Em meio a esses devaneios, revivi momentos da minha infância em Busan, correndo pelas ruas estreitas e explorando as praias de areia branca. O som das ondas e o cheiro do mar me envolviam, trazendo uma sensação de paz e pertencimento que eu havia deixado para trás ao mudar para Seul.

De repente, a paisagem mudou, e me vi novamente na cobertura. O sol ainda não havia nascido, eu me sentia cansado, e minhas costas doíam por causa da posição que havia adormecido. Me espreguicei, me levantando do colchonete, percebendo que havia um cobertor sobre mim, encarei o local observando ao redor para tentar entender como o tecido fora parar ali.

Eu sentia tanto sono que nem me importei com aquele detalhe, apenas dobrei o lençol, deixando-o sobre um dos bancos de concreto e coloquei o colchonete no lugar. Me concentrei em seguir para voltar ao apartamento, no entanto, algo me fez hesitar e voltei para o banco onde havia deixado o cobertor.

Toquei no tecido levemente amassado, observando a estampa familiar do tecido que eu havia trazido da minha cidade natal, então segurei o lençol e voltei a andar em direção a saída da cobertura, enquanto me questionava como aquilo havia parado ali.

Antes que eu pudesse sair da cobertura, percebi que não estava sozinho, mas o que realmente me surpreendeu foi o fato de ser "ele" ali.

— Taehyung? — O chamei no mesmo instante que o vi na escada com a cabeça encostada na parede, ele parecia dormir serenamente, apesar do frio que fazia naquele dia.

Mesmo depois de chamá-lo, ele continuou dormindo — parecia cansado — e fiquei receoso em acordá-lo. Utilizei a manta que estava em minhas mãos e cuidadosamente coloquei sobre si. Enquanto ele dormia, o observei por alguns segundos, me questionando se deveria continuar o meu caminho para o dormitório, ou se devia ficar ali. Então decidi esperar que o mesmo acordasse, não queria deixá-lo sozinho, até porque, ele também não havia me deixado. Voltei para o muro e fiquei observando a rua relativamente movimentada. Era tão cedo, mas já haviam pessoas acordadas para irem trabalhar ou semelhante, vários meios de transporte estavam circulando e havia uma quantidade de pessoas fazendo algum tipo de exercício, como ciclismo, caminhada e corridas matinais.

Fiquei fascinado quando o sol começou a nascer, e observei o fenômeno que aos poucos ia iluminando tudo, dando aquela sensação melancólica de que teríamos um "longo dia".

— Jeon... — Ouvi a voz de Taehyung atrás de mim.

Não quis me virar para encará-lo, ainda não sabia como fazer aquilo depois de tudo o que havia acontecido com a gente, mas também não queria que ele pensasse que eu estava o ignorando porque aquilo já havia causado confusão o suficiente entre nós dois.

— Ei, você já acordou... — Falei sem olhar em seus olhos.

— Eu não consigo dormir muito — Ele respondeu, com a voz ainda mais rouca por causa do sono. — Está frio, não é?

— Uhum... — Respondi.

Nesse momento senti o seu braço sobre o meu ombro, dividindo o cobertor que usava comigo. Enquanto Taehyung enrolava o lençol entre nós, meu coração parecia ter encontrado um ritmo próprio, acelerando em um compasso descompassado, que nem mesmo eu conseguia entender o porquê. Fiquei surpreso com aquela ação inesperada, mas ao mesmo tempo, senti um calor reconfortante se espalhar pelo meu corpo.

A proximidade física entre nossos corpos criava uma eletricidade invisível, e cada pequeno contato era amplificado em meu ser. Eu podia sentir o calor do corpo de Taehyung, sua respiração suave, e o pulsar da sua presença ao meu lado.

O cenário ao nosso redor ganhava tons alaranjados e dourados, pintando o céu com a promessa de um novo dia repleto de possibilidades. As luzes da cidade começavam a se apagar, e o silêncio da madrugada cedia espaço aos primeiros cantos dos pássaros.

— Você gosta do sol? — Os olhos de Taehyung me observavam atentamente, e naquela expressão, eu podia ver um misto de emoções.

— Sim... — Sorri ao responder.

Seus lábios levemente se curvaram em um sorriso mínimo, como se ele estivesse se permitindo abrir um pouco sua guarda e compartilhar aquele momento de vulnerabilidade comigo.

— Eu também..., mas acho que prefiro a lua... — Quando ele mencionou sua preferência pela lua, não pude deixar de sorrir, pois aquela escolha parecia capturar a sua essência misteriosa e cativante.

A lua, com suas fases mutáveis, era uma metáfora perfeita para a complexidade de Taehyung.

— Deve ser porque vocês têm coisas em comum... — Falei.

— Temos? — Ele desviou o olhar do nascer do sol e me encarou, seus olhos parecendo mais profundos e curiosos do que nunca.

— Vocês são misteriosos, imprevisíveis, e... fascinantes... — Respondi o observando, sem conseguir desviar o olhar dele.

Ele ficou em silêncio por um momento, absorvendo minhas palavras, e então soltou um suspiro suave.

— Você acha? — Ele perguntou, com um sorriso mínimo.

— Sim, realmente combina com você — Respondi.

— Obrigado... — Ele disse, em seguida voltou a observar o nascer do sol.

Pensei em pedir desculpas pelo que havia acontecido na noite anterior, mas não parecia uma boa ideia mexer no assunto naquele momento. Então permaneci em silêncio.

— Hmm... Você ficou bravo mesmo, não é? — Ele perguntou de repente. — Por eu ter entrado no banheiro algumas vezes naquele dia?

Percebi que Taehyung também carregava suas próprias angústias e inseguranças, e que talvez não conseguíssemos seguir em frente se continuássemos com aquelas dúvidas.

— Sim, Taehyung, é claro que eu fiquei bravo. — Respondi com o meu olhar fixo no dele, sem desviar.

Ao ouvir minha resposta, sua expressão oscilou entre a surpresa e a compreensão. Eu sabia que ele estava processando minhas palavras.

— Eu sinto muito... Eu não queria que você se sentisse invadido ou que se chateasse comigo. — ele disse, parecendo genuinamente arrependido.

Eu respirei fundo, reunindo coragem para abordar o assunto que havia me incomodado por tanto tempo.

— Por que você fez aquilo? — Questionei, tentando manter minha voz firme. — Por que você entrava no banheiro mesmo sabendo que eu estava lá?

O rosto de Taehyung pareceu corar, ele me encarou surpreso com a pergunta, mas logo desviou o olhar, coçando a nuca de forma um pouco nervosa.

— Na verdade, acho que isso não tem uma justificativa plausível... Mas saiba que nunca foi a minha intenção te deixar chateado... — Ele disse, e respirou fundo antes de continuar: — Às vezes parecia que você estava me convidando... digo, você ficava me encarando com uma expressão estranha e depois anunciava que iria ao banheiro... Então ficava pensando "será que ele quer conversar comigo em particular?" ou coisa do tipo. Mas eu não entendia porque você sempre fazia aquilo e depois parecia surpreso quando eu aparecia...

Antes que ele pudesse continuar, acabei o interrompendo:

— Não eram convites! Na primeira vez, eu lembrei que havia invadido o banheiro quando você estava usando e fiquei com vergonha. E nas outras vezes eu só estava tentando deixar claro que o banheiro estaria ocupado para que você soubesse e não entrasse quando eu estivesse lá... — Me expliquei, um pouco envergonhado por ter passado aquela impressão.

— E por que você não começou a trancar a porta quando percebeu que eu estava fazendo aquilo de propósito? — Indagou.

— Porque imaginei que você iria parar quando eu comecei a anunciar que o local estaria ocupado... — Respondi.

— E por que sempre sorria quando eu o provocava e te imitava? — Continuou, buscando uma forma de encaixar as peças.

— Eu estava rindo de nervoso, a situação era embaraçosa e cada vez que você entrava no local eu era pego de surpresa... — Falei, voltando a encará-lo. — Inclusive, por que você começava a me imitar?

— Na primeira vez foi para quebrar o gelo, por causa do equívoco que eu havia cometido... — Ele respondeu, ainda hesitante, parecia não querer continuar com aquele assunto.

— E nas outras duas vezes? — O incentivei a continuar.

— Acho que, de alguma forma, eu gostei de ver a sua reação — admitiu, sua voz parecia mais baixa que o normal, e podia jurar que os seus lábios iriam formar um biquinho.

Aquela confissão me pegou de surpresa. Nunca imaginei que sua implicância pudesse ter um motivo profundo por trás delas. Era como se ele buscasse uma forma de conexão, mesmo que fosse através de provocação. Por um momento, me questionei se ele realmente entendia que aquilo me deixava desconfortável.

— Gostava da minha reação? — repetir, querendo entender melhor. — Mas aquilo só me deixava ainda mais irritado. Por que você gostaria de me ver assim?

Taehyung suspirou, tentava manter o olhar em mim, mas estava tão envergonhado que parecia impossível não desviar o olhar às vezes, mas ele tentava sustentar o olhar no meu, para me garantir que estava sendo sincero.

— Talvez porque, de certa forma, eu me sentisse... visto por você — ele respondeu, escolhendo suas palavras com cuidado. — Eu sei que é estranho, mas, de alguma forma, as suas reações me faziam sentir que eu existia para você... Eu não gostava quando você me ignorava.

Ele percebeu que eu iria falar do nosso primeiro encontro, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele continuou:

— Eu sei que a primeira vez que nos vimos foi um desastre, que te ignorei, e que isso provavelmente te magoou... Mas eu não confio em pessoas que não conheço...

— Mas você sequer se deu a oportunidade de me conhecer... — Acusei.

— Eu sei, eu cometi um erro... percebi isso quando vi você cuidando dos meus hyungs... Você mal os conhecia, mas se preocupou com eles, e passou boa parte da noite cuidando deles. Eu vi que você era diferente, e nunca quis tanto voltar no tempo e tentar fazer as coisas de outra forma...

Enquanto Taehyung falava, pude sentir sua vulnerabilidade e sinceridade em sua voz. Ele realmente estava expondo suas inseguranças e arrependimentos diante de mim.

— Taehyung, eu não sabia que você se sentia assim... Sei que nosso primeiro encontro não foi ideal, mas eu devia ter imaginado que você teria os seus motivos e medos para agir daquela forma. Não é fácil confiar em alguém logo de cara, principalmente depois de uma circunstância em que a nossa confiança é quebrada — respondi, tentando ser compreensivo.

Ele assentiu, mas ainda parecia carregar um peso sobre os ombros. A expressão em seu rosto mostrava que ele estava lutando consigo mesmo para continuar ou parar.

— Eu não iria tentar entrar no banheiro uma quarta vez naquele dia, eu já estava ficando cansado de fazer aquilo, mas aquela última vez você havia deixado claro que queria que eu fosse também, eu até perguntei aos hyungs para ter certeza de que não estava ficando louco, e eles confirmaram que você disse "vou ficar te esperando" — confessou, com um toque de tristeza em suas palavras. — Eu não iria te imitar, na verdade, estava disposto a tentar deixar as coisas claras com você. Mas você estava tão irritado que não queria aceitar nem um pedido de desculpas depois de me esclarecer que eu realmente havia interpretado as coisas errado. Eu tentei não demonstrar, mas realmente fiquei envergonhado com aquela situação, eu nem sabia como encarar você depois daquilo, por isso fui embora.

Enquanto Taehyung continuava a se abrir comigo, eu podia sentir a complexidade do efeito borboleta que havíamos nos metido. Eu nunca tinha percebido o quão confuso ele se sentia, e aquilo me fez entender porque ele parecia tão hesitante no dia anterior.

Ele se afastou, saindo de debaixo do lençol, e deu um passo para trás, em seguida se curvou o máximo possível, e se manteve naquela posição por alguns segundos:

— Eu realmente sinto muito, Jungkook. Espero que um dia possa me perdoar por tudo.

— Meu Deus, Taehyung! Não precisa disso, está tudo bem... — Falei me sentindo nervoso, por ele permanecer naquela posição. Segurei seu rosto com as duas mãos tentando fazer ele sair daquela posição, mas ele continuou — Está tudo bem, de verdade... por favor, pare de se curvar, nem foi esse incidente que me deixou verdadeiramente bravo com você...

Aquilo fez com que ele voltasse à posição anterior lentamente, e as minhas mãos se encaixaram melhor em seu rosto, pousando em suas bochechas.

— O que? — Ele perguntou, parecendo confuso.

— Eu comecei a te ignorar muito antes disso... — Expliquei, enquanto afastava as mãos.

— Sim, mas não foi para se vingar do dia que te ignorei?

— Também, mas esse não foi o único motivo. — Falei e Taehyung ainda pareceu confuso, esperando que eu continuasse: — Cada vez que você fazia suas brincadeiras, parecia que eu não era mais do que um alvo para suas piadas. Eu me sentia desconfortável, incompreendido e, principalmente, subestimado.

Ele ouvia atentamente minhas palavras, parecendo absorver cada sentimento que eu expressava. Seus olhos mostravam arrependimento e culpa, como se finalmente percebesse a magnitude do impacto de suas ações.

— Mas o que realmente me deixou triste foram os momentos em que você falou mal da minha aparência. Eu odiava quando você me chamava de "dentuço", ou de covarde, ou fazia comparação esquisitas dos meus olhos...

— Perdão? — Aquilo não soou como um pedido de desculpa, mas sim como "não sei do que você está falando"

— Você sabe sobre o que estou falando... Eu sei que talvez não fosse a sua intenção, mas é importante entender como suas ações afetam as pessoas ao seu redor. Brincadeiras podem ser divertidas quando todos estão confortáveis com elas, mas quando ultrapassam os limites e machucam alguém, é necessário parar e refletir sobre o que está realmente acontecendo. Eu não queria me sentir assim, irritado e triste por causa das suas provocações, mas não consegui evitar.

Taehyung se aproximou lentamente, a expressão genuinamente arrependida em seu rosto. Seus olhos permaneceram na altura dos meus olhos, buscando um contato mais íntimo.

— Jungkook, eu sinto muito. Agora eu entendo o quanto minhas ações foram inadequadas e o quanto elas te afetaram. Eu me sinto profundamente culpado por ter te magoado dessa forma. Nunca foi minha intenção te subestimar ou menosprezar você. Eu estava errado, e peço desculpas por todas as vezes que cruzei a linha. — Ele falou sem desviar o olhar, parecia querer tocar em mim, porém não o fez. — Mas eu realmente não me recordo do momento em que falei essas coisas sobre a sua aparência. — Seus dedos finalmente alcançaram a minha bochecha, acariciando a região. — Como eu poderia falar algo assim sobre você quando eu acredito que você é simplesmente uma das pessoas mais adoráveis que já conheci?

Tentei não focar no formigamento que seus dedos causaram em minha pele, e focar na importância daquela conversa.

— Jabuticaba, eu pesquisei o que é. — respondi sem conseguir concluir o meu raciocínio depois de suas palavras. — Você nunca dizia exatamente isso, mas fazia as comparações... Disse que meus olhos pareciam duas jabuticabas... Também ficava me chamando de coelho e...

Minha voz sumiu quando sua outra mão também pousou em minha outra bochecha.

— Coelhinho. — Ele disse em um tom baixo, rouco, e carinhoso? Eu não consegui decifrar aquele tom, talvez estivesse confuso por causa dos olhos castanhos me encarando de forma tão intensa que eu mal conseguia fazer outra coisa que não fosse encará-lo. — Não te chamo assim porque acho seus dentes grandes ou que você é um covarde, muito menos para te provocar. Eu te chamo assim porque acho o seu sorriso lindo e sua risada adorável, jungkook. Quando vejo você sorrir só me vem a imagem de um coelhinho fofo em minha mente...

A confusão em minha cabeça só aumentava à medida que os segundos se passavam. Seus olhos fixos nos meus, como se estivesse tentando transmitir a sinceridade de suas palavras através desse contato visual.

— E jabuticaba, você disse que já pesquisou o que é então, sabe que é uma das frutinhas mais fofas que existem, e seus olhos são extremamente semelhantes a elas porque eles são tão brilhantes que parece que há estrelas neles...

Suas palavras desarmaram completamente minhas armaduras. Eu nunca imaginei que esse apelido, que antes me irritava tanto, pudesse ter uma conotação tão diferente para ele.

— Eu... eu não sabia disso... — Minha voz saiu um pouco trêmula, enquanto tentava processar tudo o que estava acontecendo. — Quando eu era mais novo... eu sofria bullying na escola e os meus colegas usavam apelidos semelhantes... Eu achei que você estava fazendo o mesmo... Pensei que você estava apenas me provocando.

Taehyung acariciou minhas bochechas com os polegares, e eu senti uma onda de conforto se espalhar por mim.

— Sinto muito por não ter conseguido me expressar... Eu nunca quis te magoar, Jungkook. Não sabia que minhas palavras soavam de formas insensíveis e cruéis para você, e eu sinto tanto por isso.

Suas mãos em meu rosto me impedia de desviar o olhar, então nossos olhares permaneceram conectados enquanto ele falava, e foi como se uma nova compreensão se estabelecesse entre nós. Eu podia sentir a honestidade em suas palavras e gestos, o que me deu coragem para me desculpar por todo mal entendido que havia causado entre nós dois:

— Taehyung, eu... eu sinto muito por ter te ignorado daquela forma. Não imaginei que era essa visão que você tinha sobre mim, nunca imaginei que estaria interpretando tudo errado... Eu não sou bom com conflitos... Acabei agindo impulsivamente sem pensar que poderia haver outro ponto de vista sobre a nossa situação — Admiti, sentindo um nó na garganta. — Talvez também tenha me deixado levar pelas minhas próprias inseguranças... principalmente relacionadas a minha aparência...

— Me desculpe, mas eu não consigo entender o que você quer dizer com isso? — Taehyung lentamente retirou suas mãos do meu rosto, mas o calor do contato ainda ecoava em minha pele. — Digo, espero que minhas palavras não sejam mal interpretadas novamente, aparentemente não sou muito bom com isso, mas como você consegue ser inseguro tendo esse rosto? Você é lindo, Jungkook.

O elogio surgiu de forma espontânea e sincera, e eu senti meu coração dar um salto em resposta. Era como se todas as inseguranças e mágoas estivessem sendo varridas para longe, dando lugar a uma nova compreensão entre nós.

Antes que eu pudesse agradecer pelo elogio, Taehyung continuou:

— A garota que namorar com você vai ter muita sorte. — Ele disse antes de voltar o olhar para o nascer do sol.

Depois desse dia, eu poderia dizer que Taehyung continuou o mesmo, mas estaria mentindo se dissesse isso. A verdade é que ele ainda fazia suas brincadeiras e tentava me provocar, porém ele sempre parecia mais cauteloso e cuidadoso quando se tratava de mim, sempre tentava se certificar que não estava passando do limite, ou se não estava me deixando desconfortável.

Incrivelmente, descobrimos que tínhamos muito em comum, mas mesmo assim, permanecíamos hesitantes quando nos referíamos um ao outro. Eu pensei que depois daquela conversa profunda, de alguma forma, iríamos nos aproximar, mas a realidade era diferente.

°•○°•●°•○°•●

Restavam alguns dias para começar as aulas na universidade, e tentava aproveitar boa parte daquele período sem aulas da melhor forma: dormindo. Geralmente não havia muitas coisas interessantes para fazer, então eu normalmente passava uma parte da noite jogando e dormia por uma boa parte do dia.

Em um desses dias acordei e o sem ao menos ver a luz do sol durante todo o dia, era por volta das 18:00 da noite e tinha acordado depois de uma 13 horas de sono, e provavelmente ainda teria dormido um pouco mais se não fosse pelas vozes familiares invadindo o meu quarto de forma abafada.

Os hyungs pareciam se divertir, enquanto riam alto, fazendo com que suas vozes invadissem todo o ambiente, o que me motivou a me levantar da cama. Caminhei silenciosamente para o banheiro, onde eliminei todos os resíduos do corpo, em seguida escovei os dentes e lavei o rosto, para que a minha aparência não estivesse tão ruim depois de tantas horas de sono.

Quando finalmente entrei na sala, curioso para saber o que os hyungs estavam fazendo sem mim, os encontrei sentados no chão, enquanto formavam uma pequena roda. Quando me fiz presente no ambiente toda a atenção se voltou para mim:

— Jungkookie! Finalmente acordou, estávamos começando a cogitar que você estava morto! — Seokjin disse em um tom brincalhão.

— Eu poderia ter dormido mais um pouco se vocês não fossem tão barulhentos. — Falei com um sorriso, enquanto entrava no local.

— Sério que você achou isso barulhento? E o Taehyung mal deixou a gente fazer barulho ou te pregar uma peça! — Hoseok falou.

— Não é? Toda hora ele mandava a gente falar baixo, estava parecendo um velho rabugento, já não aguentava mais — Jimin disse, revirando os olhos.

Procurei os olhos de Taehyung em meio ao diálogo dos hyungs, mas seus olhos permaneceram na roda, e seu rosto havia ganho um tom levemente rubro.

— Eu só disse para não acordar a bela adormecida, nada de mais! — Ele tentou se defender.

O comentário me fez sorrir, porque o pouco que estava conhecendo sobre Taehyung, sabia que aquela era uma forma dele quebrar o gelo porque o que Jimin e Hoseok estavam dizendo provavelmente era uma verdade que ele não queria que eu soubesse.

— É mesmo? Bem, eu estava esperando o beijo do meu príncipe encantado — Ironizei com um sorriso. — Mas você demorou demais, então eu desisti.

Minha resposta fez com que os hyungs rissem alto, e arrancou um sorriso de Taehyung, que me encarou ainda com o rosto levemente ruborizado.

— Agora que a madame acordou, podemos fazer barulho? — Jimin olhou diretamente para Taehyung, que o ignorou.

— O que estão fazendo? — Perguntei, seguindo para a cozinha.

— Estamos jogando "Verdade ou desafio"... — Hoseok falou em um tom alto para que eu ouvisse. — Quer jogar? — Me convidou para jogar quando voltei para a sala com um pacote de salgadinho.

— Não, valeu — Respondi e me joguei no sofá, buscando o controle da TV.

— Por que não? — Perguntou, parecendo decepcionado com a minha resposta.

— Vamos, Jungkook, vai ser divertido! — Jimin insistiu.

— Só estávamos esperando você acordar para você se juntar a nós, Jungkookie! Não acredito que você nos fez esperar à toa... — Seokjin falou, chateado com a minha resposta.

Apesar da insistência dos hyung, continuei recusando a proposta, pois "Verdade ou Desafio" era o tipo de jogo que me deixava desconfortável. As perguntas íntimas e desafios constrangedores nunca foram o meu forte. Eu preferia observar de longe.

Taehyung apenas se levantou do chão e seguiu em minha direção. E acabei ficando sem reação quando ele se sentou ao meu lado no sofá, girando seu tronco para ficar de frente para mim.

— Vamos, Jungkookie! — Ele disse, inclinando-se na minha direção. — Será divertido, prometo. Você não precisa se preocupar.

Balancei a cabeça com um sorriso forçado, mantendo minha resposta simples:

— Não, obrigado. Eu só quero assistir.

Taehyung fez um bico, claramente desapontado com minha recusa. Ele não era alguém que aceitava um "não" como resposta facilmente. Ele continuou tentando me convencer, mencionando como todos já haviam participado e como eu seria o único a ficar de fora.

Eu não estava convencido. Cruzei os braços sobre o peito e sacudi a cabeça novamente.

— Eu realmente não quero jogar. Vão em frente sem mim.

Mas Taehyung era teimoso, e ele não estava prestes a desistir tão facilmente. Ele inclinou-se mais perto, seus lábios quase roçando meu ouvido quando ele sussurrou persuasivamente:

— Você não precisa fazer nada que não queira, Jungkook. Só nos dê a oportunidade de te conhecer, além disso, é uma ótima maneira de você nos conhecer melhor também. Dê uma chance, por favor? — Sua voz era suave e tentadora, e eu sabia que ele estava usando todo o seu charme para me convencer.

Mordi o lábio inferior, lutando contra a tentação. Olhei ao redor da sala e vi os hyungs observando atentamente, tentando descobrir qual seria o resultado daquela ação.

Então finalmente cedi à persistência de Taehyung e suspirei.

— Tudo bem, vou jogar. Mas qualquer coisa, eu vou parar e sair do jogo.

Um sorriso vitorioso iluminou o rosto de Taehyung, e ele pulou animadamente para o centro da sala, se reunindo aos outros jogadores. Enquanto eu me juntava a eles, senti uma mistura de ansiedade e curiosidade. Eu não sabia no que estava me metendo, e o sorriso dos hyungs me fez acreditar que talvez aquilo fosse uma péssima ideia.


Notas Finais


Muito obrigada por ler até aqui, e muito obrigada pelos comentários e favoritos, isso me deixou muito feliz <3
Acho que os fãs de "Anne with an e" vão pegar uma referência :)))
O próximo capitulo terá muita boiolice, então até semana que vem!
Tag da fic: #sweetentk
Meu twitter e instagram: @coppi_tk
Até a próximo capitulo!


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