1. Spirit Fanfics >
  2. Simplesmente Amor. >
  3. Luto.

História Simplesmente Amor. - Luto.


Escrita por: Mache

Notas do Autor


Naruto, obviamente não me pertence.

Capítulo 7 - Luto.


“So come just as you are to me

Don't need apologies

Know that you are a worthy

I take your bad days with your good

Walk through this storm I would

I'd do it all because I love you

I love you”

Unconditionally – Katy Perry

 

Capítulo 7 – Luto.

O final de semana passou muito rápido. Eu tinha me inscrito em um cursinho de pré-vestibular a fim de me manter por dentro do conteúdo que cairia no ENEM. A turma era composta basicamente por adolescente fazendo com que eu me sentisse um peixe fora d’água. O curso acontecia de quinze em quinze dias e aos sábados. Eu ficava o dia inteiro sentada em uma carteira dura escrevendo e gravando a aula dada por um professor baixinho e gordinho.

No meu primeiro sábado de aula eu tive biologia, química, português e literatura. Matérias que eu amava, então conforme o professor falava, a minha mente buscava informações armazenadas no meu subconsciente e consequentemente minha mão anotava com avidez cada palavra no meu antigo caderno de faculdade.

Obviamente, o dia passou rápido e eu me sentia feliz com o meu primeiro dia de aula. No domingo eu passei o dia todo revisando o que eu tinha visto e comecei a aprofundar os assuntos estudados. Estava deitada no chão do meu quarto quando Ino apareceu com uma panela cheia de brigadeiro me obrigando a parar o que eu estava fazendo e ir assistir um filme com ela.

É claro que eu fiz exatamente o que ela me pediu e foi ai que eu percebi que já era noite e que eu só havia parado para almoçar e mais nada. Me joguei no sofá ao lado dela pegando uma colher generosa de brigadeiro e nós passamos o resto da noite assistindo Harry Potter e o cálice de fogo que para a sorte de Ino, era o filme favorito dela.

Acordei com o despertador dela tocando já que o meu tinha acabado a pilha. Ela me jogou a toalha com a escova de dentes na boca e o cabelo preso em um coque alto na cabeça.

– Pelo amor de Deus! - Falou ao tirar a escova da boca. - Não demora!

Assenti e me levantei da cama com muita força de vontade. Meus músculos estavam tensos de passar tanto tempo deitada no chão ontem e minhas mãos queimavam de tanto escrever. O dia seria puxado no escritório, mas eu tinha que começar a me acostumar já que foi essa vida que eu escolhi. Tomei um bano rápido sem lavar os meus cabelos que a cada dia ficavam mais claros, no próximo final de semana eu iria ter que pintar de novo. Desde que eu o havia pintado de rosa, já havia feito mais de dez aplicações nos meus fios que agora estavam dois dedos abaixo dos meus ombros. Meus cabelos sempre cresceram rápido.

Coloquei um vestido preto tubinho tomara que caia e um blazer vermelho por cima com uma meia calça preta com risca de fiz e sapatos Luiz Quinze vermelhos de verniz. Deixei os cabelos soltos, não tinha tempo para fazer um penteado e nem passar uma maquiagem na cara, então apenas passei um batom rosa claro e um pouco do mesmo nas maçãs do rosto a fim de me dar uma cor mais vívida.

Ino me gritava tentando me apressar. Peguei a minha bolsa de qualquer jeito quase caindo no meio do corredor no processo, isso rendeu umas risadas dela e uma carranca da minha parte. Para o nosso azar ser completo, a avenida paulista estava engarrafada. O trajeto que fazíamos em vinte minutos durou uma hora. Quando finalmente entramos no grande prédio, avistamos uma Hinata apática com os olhos vermelhos falando ao telefone.

Ino quis parar para conversar com ela, eu também, mas estávamos muito atrasadas para bater papo, teria que esperar a hora do almoço. Quando chegamos no nosso andar logo notamos uma atmosfera estranha e pesada. Naruto estava em um canto conversando com Karin que tinha os olhos vermelhos e Sai estava sentado com o ar perdido olhando pelas grandes janelas de vidro.

– O que está acontecendo? - Ino sussurrou para mim como se eu pudesse lhe responder.

– Não sei amiga, eu cheguei com você, lembra? - Tentei manter minha voz neutra e baixa, mas meu coração batia tão forte que eu podia escutar o mesmo em meus ouvidos como trovoadas em um dia chuvoso.

– Creio que vocês duas ainda não foram avisadas. - A voz de Sasuke surgiu atrás de nós fazendo com que Ino desse um pulo e emitisse um gritinho de susto, já eu senti o corpo todo vibrar ao som de sua voz, mas não era aquela sensação boa e sim como se algo muito ruim tivesse acontecido. - Venham até a minha sala, por favor.

Entramos em silêncio e ficamos ali em pé olhando para ele sem saber o que nos aguardava. Ele estava de preto e hoje não era um dia especifico para ele usar aquela cor, afinal, seu pai não ligava nas segundas-feiras. Comecei a sentir falta de ar como se a sala tivesse diminuído de tamanho, eu nem sabia o que ele ia falar, mas já estava começando a ter um ataque de pânico.

Os olhos dele eram repletos de tristeza e aquilo só me fazia ficar mais desesperada ainda. Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos, mas o meu corpo parecia estar anestesiado, como se estivesse preparado para a bomba que ele estava prestes a soltar.

– Está tudo bem Sas… Dr. Uchiha? - Tratei de me corrigir.

– Não. Não está tudo bem. - Ele olhou para as próprias mãos. Aquilo era incomum. Ele nunca deixava de nós olhar nos olhos. - Que bom que hoje em particular vocês se atrasaram. Eu prefiro conversar com as duas sozinhas. - Dessa vez ele nos encarou. Tive a impressão de que seu olhar se demorou mais em mim até que ele quebrou o contato visual se virando para olhar alguma coisa pela janela, como se fosse difícil falar nos encarando. - Eu não sei falar isso de outra forma, então vou ser direito. - Ele suspirou e aquilo me fez voltar a tremer. - Será doloroso de qualquer maneira. - Sasuke criou coragem e nos encarou. - Tsunade sofreu um acidente.

– Meu Deus! - Ino segurou a minha mão com força. - Ela está bem?

Sasuke se manteve em silêncio e meu coração parou de bater.

– Só diz que ela vai ficar bem, por favor. - Supliquei.

– Eu sinto muito. Os médicos fizeram o possível…

– Mas não conseguiram salvá-la. - Eu completei por ele.

Um buraco se abriu no meu peito. Tsunade era como se fosse uma mãe para mim e perdê-la daquela forma era como reviver a morte da minha própria mãe. Senti a mão de Ino escorrer da minha e quando eu a encarei seus olhos azuis eram um misto de dor e tristeza.

– Não, ela não. Não a Tsunade. - Ela fungou e eu podia ver que a qualquer momento as lágrimas iam escorrer pelos seus olhos.

Ela começou a andar de um lado para o outro tentando absorver aquela notícia e até negando de vez em quando, como se a qualquer momento a mulher pudesse entrar por aquela porta cheia de papéis em mãos atarefada e doida para tomar um café forte para aguentar o mau humor de Sasuke. Não sei em que momento em me permitir sentar no sofá de couro preto da sala de Sasuke e nem sei por quanto tempo eu fiquei ali olhando para o nada sem absorver ou expressar qualquer coisa. Minha mente vagava e a dor no meu peito só aumentava.

Uma mão quente repousou sobre a minha me trazendo de volta a realidade. Sasuke estava agachado na minha frente e sua expressão era pura preocupação. Ino já não estava mais na sala, na certa estava chorando escondida em algum lugar, ela odiava chorar na frente dos outros. Quando ele percebeu que havia conseguido a minha atenção, sentou-se ao meu lado no sofá sem tirar os olhos dos meus.

– Eu sinto muito. Eu sei o quanto vocês duas eram próximas.

Eu só conhecia Tsunade há cinco meses, mas pareciam anos. Ela era tão mãezona que ela conseguiu tampar o buraco em meu peito feito pela morte da minha mãe. Ela supriu nesses cinco meses toda a falta que eu sentia do carinho de mãe.

– Eu me apeguei tanto a ela. - Disse contendo um soluço. - Não acredito que a perdi também…

– Quem você perdeu?

– Minha mãe.

– Eu sinto muito. Quase perdi a minha uma vez, não sei o que faria sem ela.

– O que aconteceu? - Perguntou olhando em seus belos olhos escuros. Ele trincou os dentes e eu notei o vinco que se formou em sua testa. - Um assalto, mas faz muito tempo.

– Que horror! - Segurei a mão dele com força. - Tsunade era como uma mãe para mim.

– Para todos nos. Esse escritório nunca mais será o mesmo.

O silêncio que se instaurou entre nós foi perturbador. Eu não era muito boa em lidar com o luto e pelo jeito Sasuke também não. Não sei por quanto tempo ficamos em silêncio. Quando percebi que a dor não iria embora e que eu precisava colocar para fora eu me levantei e ele se levantou junto. Quando eu o encarei, notei que seus olhos estavam marejados e aquilo me impulsionou a abraçá-lo. Ele se assustou com a minha atitude mais não me rejeitou, muito pelo contrário. Ele retribuiu o meu abraço e afundou a cabeça na curvatura do meu pescoço respirando fundo. O calor do corpo dele era o que eu precisava naquele momento. Sasuke era como uma rocha, duro, porém quente como o sol. Eu ficaria ali o tempo que fosse preciso, entretanto ele me soltou gentilmente e eu tive que controlar o impulso de segurar firme o seu terno.

– Obrigado. - Falou ainda segurando as minhas mãos. - Vai ser difícil trabalhar sem ela, mas vamos tentar manter o ambiente alegre como ela gostava. Eu preciso da sua ajuda para isso.

– Claro.

– Eu vou liberar todos para irem ao funeral, vamos? - Disse soltando a minha mão e abrindo caminho para que eu o seguisse.

O que aconteceu depois foi como um borrão para mim. Sasuke foi super atencioso com os funcionários e com a família de Tsunade. Ele arcou com todas as despesas do funeral, fazia questão de proporcionar aquilo a ela e aos seus familiares. Era como se ele tivesse uma dívida para com ela, pelos tantos anos de trabalho. Além de Sasuke, Itachi e o Dr. Uchiha pai dos dois estavam ali presentes quando o corpo da mulher foi enterrado. O Dr. Uchiha era um homem muito bonito, assim como os filhos, ele tinha uma presença forte e quando fez um discurso em homenagem a mulher, cujo tinha sido secretária dele, pude ver que seus olhos ficaram marejados.

Foi uma cerimônia bonita e triste. Assim que terminou eu me permitir olhar mais uma vez para Sasuke e notei que o mesmo me encarava. Acenei e ele fez o mesmo e então ele entrou em seu carro seguido por seu irmão e pai e foi embora, completando o vazio que assolava o meu coração.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...