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História Simply, I love you. - Sonhos


Escrita por: Azumy_18

Capítulo 70 - Sonhos


Fanfic / Fanfiction Simply, I love you. - Sonhos

[...] e a saudade dela bater [...]

Faltando poucos minutos para o meio dia o celular de Natasha vibrou em sua mesa. Abriu um largo sorriso ao atender:
- Kate, eu estava com saudade
- Oi Nat! Também estou morrendo de saudade de vocês
- Você já está  aí na Jamaica há uma semana e parece mais um mês
- Pois é! Mas aqui é tão lindo, as praias, a cultura, tudo, eu estou apaixonada por esse país.
- Nem pense em querer ficar só porque as praias te encantaram
- Há! Há! Há!
- Hmm ou será que não foi só a praia que encantou? Será que tem um jamaicano que chamou atenção da minha tímida amiga? Hein?
- Não... – Ela respondeu um pouco nervosa, e Natasha notou isso, mas apenas riu.
- Sei, me manda a foto dele eu quero ver
- Há! Nat, você está imaginando coisas, não tem nenhum cara que chamou minha atenção. E eu estou aqui apenas há uma semana, é impossível se interessar por alguém em tão pouco tempo.
- Mais não é mesmo. Eu vi meu mundo virar de cabeça para baixo quando esbarrei no John, bati os olhos nele e tudo mudou.
- Mas vocês tiveram semanas para se conhecer depois, ficaram quase dois meses apenas se encontrando, conversando e dando uns beijinhos.
- E fiz certo. Conheci ele melhor.
- É, mas você teve bastante tempo para isso, eu só tenho mais duas semanas
- Hmmm então tem alguém sim – Soltou uma risadinha.
- Arg! Não Nat, não tem ninguém. – Bufou – Vamos mudar de assunto. A Mich me mandou as fotos do final de semana da família. Eu adorei suas fotos com o John.
- Minhas... Fotos? Com o John? Como assim?
- Ela não tem mandou? Há! Há! Há! Pensei que tivesse sido a primeira pessoa a receber. Ela disse que mandou todas para o John.
- O que? Como assim? Ela não me mandou nada – Natasha apoiou o celular entre o ombro e a orelha abrindo seu notebook e acessando seu e- mail para ver se tinha alguma mensagem dela. Nada.
- Provavelmente vai mandar. São lindas, minhas favoritas são as de vocês sentados na areia, aquilo é tão romântico, parece ate capa de filme. Eu só lembrei do filme Querido John, na capa eles estão sentados daquele jeito, igual você e ele.
- Eu acabei de mandar uma mensagem para ela dizendo que quero as fotos.
- E como estão as coisas entre vocês?
- Perfeitas, eu amo o John e ele faz de tudo para me ver feliz, e o amo ainda mais, cada dia. É impossível controlar.
- Ele já disse que ama você?
- Não com palavras, mas eu percebo em cada ato, cada gesto, beijo ou toque eu sei que daquela forma ele está dizendo que me ama, mas... Eu queria ouvir... Queria que ele dissesse essas três palavras, talvez assim eu sentisse 100% todo o amor que com gestos ele diz sentir por mim.
- Eu sei. Nat tem que dar tempo a ele, você mesma disse o quanto ele é machucado em relação ao amor, foi abandonado por tanta gente, e agora que está com você tem medo de dizer o que sente, de confiar e perder tudo como das outras vezes.
- Mas ele não vai me perder, eu já disso isso a ele. Nunca vai me perder, eu estou sempre aqui, e sempre vou estar. Poxa eu amo ele, e só quero que diga com todas as letras que me ama também.
- Ele vai dizer, só precisa ter coragem. Acredite.
- Espero que sim – Suspirou – É tão bom falar com você Kate. Você me faz falta, sempre sabe a coisa certa para me dizer quando estou mal.
- Você é minha amiga, eu sempre vou saber ajudar você. E também sinto muito a sua falta, mas logo voltarei.
- Ainda falta muito – Resmungou.
- A Mich vai suprir minha ausência, tenho certeza. Há! Há! Há! – Um barulho parecido com uma sirene de ambulância soou – Oh! Nat eu preciso ir, minha aula vai começar. Beijos. Amo você.
- Amo você também. Beijos. – Desligou. Olhou para tela do seu celular por uns segundos e suspirou.
As batidas na divisória da sua baía a trouxeram de volta do mundo da lua. Raphael estava com o braço apoiado na divisa olhando- a com uma sobrancelha erguida:
- Eu preciso brigar com alguém por essa sua cara de tristeza?
- Não, eu acabei de falar com a Kate. Disse que está adorando a Jamaica.
- E por que não estaria? Água azul, areia branca, meninas de biquínis pequeninos, sol, bebidas misturadas, aquilo é o paraíso. Meu sonho é deitar nu em uma daquelas espreguiçadeiras e me bronzear.
- Que horror. Seria uma péssima visão.
- Para você, pois para as garotas eu seria tipo um Deus jamaicano reencarnado, as mulheres fariam oferendas para mim. Ia ser incrível. Acho que vou me mudar para lá.
- Nem pense nisso. Eu não teria mais ninguém para me chatear. – Riu descompassadamente – Agora que notei, você voltou das férias, resolveu pegar no batente. O dinheiro do seu pai acabou?! 
- Quase isso, eu queria ir para Rússia e ele para o México, não deu muito certo nosso jogo dos pauzinhos para ver quem ganhava. Nós dois roubamos, então resolvemos ficar e curtir por aqui mesmo, meu velho ate é divertido. – Deu de ombros – Saiba que fiquei furioso por não ter me visto a manhã toda aqui. O sexo com o senhor bilionário é tão bom que faz você ficar alheia aos seus amigos?
- Raphael – Olhou para os lados para ver se ninguém tinha escutado, mas era horário de almoço e quase todos tinham saído – Não é nada disso, eu cheguei e vim direto para a minha mesa, não fui para o seu setor.
- Hunf! – Apertou os olhos como se estivesse analisando a resposta – Ta! Perdoo você se me levar para comer comida Mexicana agora.
- Aah! Tudo bem, eu conheço um restaurante aqui perto, podemos ir andando, e sim eu vou pagar.
- Está perdoada – Ofereceu a mão para ajuda- La a levantar.
- Você é um manipulador
- Eu tento – Deu de ombros.
- Há! Há! Há! Vamos indo – Saiu da sua baía e atravessaram o andar ate o elevador.     

- Você sabia que seu namorado gostosão já foi capa da revista Premium?
- O John? – Se ela tivesse bebendo algo com certeza teria cuspido tudo fora – Como assim?
- Ele posou pra marca Calvin Klein – Raphael continuou vendo as fotos em seu celular – Hmmm! Fora as roupas, ele também posou de cueca.
- O que? Me dá, deixa eu ver – Natasha quase pulou em cima da mesa pegando o celular dele. Ficou literalmente de boca aberta quando viu as fotos. Não sabia dizer em qual estava mais gostoso. – Oh! Meu Deus, eu não sabia disso. Eu não acredito que não sabia disso – Em uma das fotos ele estava vestido com uma calça colada, tênis, camisa e segurava a aba da sua jaqueta olhando por cima dos cílios, com um olhar sério e cheio de mistério. Natasha deu um gritinho como se tivesse ganhado o melhor presente do mundo.
- Ele tinha 22 anos quando fez essas fotos, aí no site diz que o próprio dono da Calvin Klein pediu que fosse ele, especularam ate que depois disso e da fama que teve com essas fotos ele seria modelo.
- Minha nossa – Continuou olhando as fotos. Calça jeans, sapato esportivo e moletom, sentado com os pés apoiados em algo e sorrindo de um jeito que demonstrava que sabia o quanto era desejado. Havia muitas fotos dele vestido socialmente em frente a carros caros, em terraços de prédios, usando ternos de três peças, ou apenas a calça e a camisa sempre tão lindo quanto à foto anterior. Parou de respirar quando viu as fotos só de cueca. – Só pode tá de brincadeira. 22 anos e esse corpo continua igual, só que maior. – Mostrou a foto para Raphael.
- Caramba Nat é esse homem que você tem todas as noites? – Ficou de queixo caído.
- Aqui estão os pedidos de vocês – A garçonete deixou a bandeja na mesa e acabou olhando para o telefone. Raph escutou o suspiro que ela soltou e disse – É, eu sei, é muito gostoso, minha amiga tem muita sorte de ter esse homem. Qual mulher não queria ser a namorada dele?! – Falou isso de forma muito natural e impressionada.
A moça olhou para Natasha e ficou vermelha, apenas deu um leve sorrisinho e saiu quase correndo dali:
- Raphael Há! Há! Há! Há!
- Não me agradeça. Ela quase babou nos meus tacos e cobiçou o seu homem de cueca – Desembrulhou seu taco e o mordeu.
- Isso acontece sempre quando saímos. As mulheres quebram o pescoço olhando para ele – Olhou mais uma vez as fotos antes de devolver o celular para o amigo – Eu vou pegar todas essas fotos quando chegar em casa.

No final do expediente John ligou para Natasha tentando convence- La a ir dormir em seu apartamento, mas ela respondeu que tinha de levar trabalho para casa e passaria uma parte da noite resolvendo, e não queria incomoda- lo, principalmente porque ela não teria concentração com ele do seu lado. Esta noite John dormiria sozinho.
                                                                                          JOHN

 Eu segurei a mão dele com força, tentando puxa- lo para correr comigo ate a barraca de sorvete do outro lado da rua, meus pés afundavam na areia, mais ainda quando tentava fazer com meu pai andasse mais rápido. Ele apenas ria:
- Calma John, o sorveteiro não vai fugir – A brisa do mar bagunçou os cabelos dele. Eu lembro que uma boa parte da minha infância meu pai usou cabelo comprido, batia em seus ombros, dizia que minha mãe achava um charme, por isso manteve, mas quando ficou mais velho via aquilo como um aborrecimento, principalmente quando estava calor, e então cortou.
- Mas eu quero tomar sorvete agora, a mamãe disse que quer também.
- Tudo bem, nós vamos comprar – Eu dei um pulo para cima da calçada e esperei meu pai me conduzir para o outro lado da rua, sempre segurando minha mão. A mão dele era tão grande, e a minha tão pequenininha.
Nós paramos em frente à barraca, eu segurei na bancada e fiquei na ponta dos pés tentando ver quais os sabores que tinha, mas eu era muito baixinho e não consegui ver. Meu pai se abaixou e me pegou no colo:
- Qual você quer campeão? Chocolate ou baunilha?
- Os dois – Mostrei dois dedos indicando os dois sabores.
- Os dois? Mas não acha que é muito? – Ele ergueu uma das sobrancelhas. Eu sabia que ele estava brincando, fazia essa cara de desconfiança sempre que eu pedia algo a mais.
- Não, eu tomo tudinho
- Não vai se melar todo?
- Não – Balancei a cabeça, queria aqueles dois sabores, e não ia me melar com sorvete.
- Tudo bem – Sorriu – Por favor, me veja duas bolas uma de chocolate outra de baunilha, e eu quero de pistache – Meu pai adorava sorvete de pistache, mas eu não era um sabor horrível, não sei como ele conseguia comer aquilo. Franzi o nariz quando ele pediu – Não faz essa cara, é muito gostoso sorvete de pistache.
- Não é não, é ruim.
Meu pai pegou meu sorvete e me entregou:
- O meu de chocolate e baunilha é melhor
- Isso porque você nunca comeu outro – Pagou o homem e atravessamos de novo a rua caminhando para uma barraca coberta.
- E o sorvete da mamãe? – Olhei para ele e dei uma grande lambida no meu sorvete.
- Compramos depois que acabarmos, se não vai acabar derretendo. – Ele sentou em uma cadeira comigo no colo – Está bom?
Eu concordei com a cabeça querendo muito tomar tudo aquilo. Meu pai riu e limpou minha bochecha:
- John sua mãe está planejando sua festa de aniversário, disse que você já escolheu o tema
- Sim, carros. Tio Teddy e eu assistimos a um filme de corrida, tinha vários carros grandões e todos corriam muito rápido – Fiz o gesto com a minha mão livre imitando o som que o carro fazia quando corria.
- É mesmo? Então o tema vai ser carro – Sorriu tomando seu sorvete – E já escolheu o quer ganhar de presente?
- Ainda não, mamãe disse que vai me levar no shopping para escolher meu presente. Falou que eu posso escolher qualquer um porque é meu aniversário – Eu estava mais do que animado em ir escolher meu presente, passei a semana toda vendo as propagandas na televisão, mas não conseguia me decidir.
- E pode mesmo, oito anos só se faz uma vez na vida, e meu filhão pode me pedir o que quiser – Ele passou a mão na minha testa empurrando meu cabelo para trás e me deu um beijo no mesmo local. – Olha só seu sorvete está derretendo.
- É o vento – Eu limpei com a língua o sorvete derretido na minha mão. O vento vindo do mar era forte. Meus pais adoravam ir à praia, brincavam comigo na areia, tomávamos banho, mas nunca me deixavam passar mais do que alguns centímetros da margem, não sem eles por perto. Eu só ia para o fundo quando meu pai me carregava e me ensinava a nadar. Minha mãe sempre gritava “não solta ele”, mas quando eu nadava ate ela, batia palmas e me abraçava e me enchia de beijos. 
Eu terminei meu sorvete primeiro que meu pai, minhas mãos estavam grudentas e cheirando a chocolate, eu podia come- Las, mas meu pai não deixaria. Ele me limpou e apertou de leve meu nariz como de costume. Eu senti a brisa mais salgada, e tive vontade de olhar para o lado, foi então que vi uma moça, alta, de cabelos negros, era muito bonita e estava de costas:
- Olha pai, aquela menina ali é muito bonita
- Que menina? – Procurou, e eu apontei na direção dela – Oh! É parece ser muito bonita.
Então ela virou de frente, eu pude ver que ela tinha olhos azuis, os mais azuis que já vi em toda a minha vida. Notei algo de familiar neles. Natasha. Sim, era ela:
- É a Natasha pai
- Natasha? A filha do tio Taylor? – Ele parecia não acreditar no que eu dizia.
- Sim, ela
- Mas ela só tem três anos, e aquela ali é uma mulher adulta
- É ela pai. Deixa eu te apresentar – Eu pulei do colo do meu pai e peguei na sua mão levantando- o da cadeira. Ele riu novamente. Os cabelos dela balançavam com o vento e estava sorrindo olhando para um canto, mas quando seus olhos pousaram em mim sua expressão mudou, ficando triste. Eu não entendi, era quase como uma expressão de dor. De repente escutei o freio e a batida de dois carros. Eu me assustei e segurei forte na mão do meu pai, mas não a senti. Olhei para trás e ele havia sumido, e não só isso, eu não era mais uma criança. Reconheci estava novamente com 28 anos, a mesma idade em que meu pai morrera.
- Pai – Gritei e corri ate os destroços. Esbarrei em todos que estavam na minha frente mandando que saíssem. Olhei para o outro motorista e ele saiu do carro tossindo, com apenas alguns arranhões. Ao me aproximar vi meu pai com a cabeça sobre o volante todo cheio de sangue, o outro carro havia batido no seu lado – Meu Deus, não, não. Pai, pai, acorda. Pai você está bem? Sai da frente – Empurrei um homem parado perto do carro que ao invés de ajudar ficou apenas olhando. Puxei a porta, mas ela não queria abrir, temia que o pior tivesse acontecido e que se perdesse mais tempo, o perderia. Chutei a porta com força e o trinco se quebrou, a puxei com violência, não queria saber se ia acertar alguém, só queria tirar meu pai dali. Empurrei sua cabeça para trás com cuidado e o peguei no colo levando- o para calçada.
- John... – Meu nome saiu fraco, mas suspirei aliviado, ele estava vivo.
- Fique quieto pai, a ambulância já está vindo, você vai ficar bem.
- Eu sinto... Muito... Filho... Me perdoa... – Ele tossiu e eu senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, meu coração parecia se contorcer em meu peito – Eu deixei... Você sozinho... Sinto muito.
- Não, não, você não deixou, nós vamos resolver isso, você vai para o hospital e tudo vai ficar bem, você vai ver... Só, por favor, fique comigo – Não consegui segurar o soluço e chorei mais ainda.
- Desculpe filho – Sua mão tocou a minha e então ele fechou os olhos. Para sempre.
- Não, não, pai, não, por favor. Oh Meu Deus, não, papai. Não vá – Ergui seu corpo abraçando- o, embalando nós dois – Pai, por favor, não vá, eu preciso de você, não me deixe pai. Acorde, peça qualquer coisa, mas não me deixe. Por favor... Pai... – Ele não me deu nenhum sinal, não acordou, ou se quer me tocou, meu pai havia partido, me deixado, eu não o teria mais aqui comigo. Então eu gritei, o mais auto que pude, uivei de dor, meu coração estava em frangalhos, meu melhor amigo havia morrido, e não saberia o que fazer sem ele para me guiar – Papai eu te amo – Disse entre o soluço olhando para o seu corpo sem vida acariciando seus cabelos.


John acordou com um grito, sentando na cama olhando em volta percebeu que estava em seu quarto, que tudo não passava de um sonho. Sentiu uma gota de água cair em seu peito, tocou seu rosto e estava todo molhado, havia chorado. Novamente sonhara com o acidente, queria parar de reviver isso, era muito doloroso.
Se sua mãe estivesse em casa, correria para o seu quarto em busca de consolo e acabaria dormindo lá, como fizera diversas vezes logo depois da morte do seu pai. Juntou as pernas próximas ao corpo, recostou a cabeça nos joelhos e chorou tudo o que tinha para chorar, tirando aquele nó da garganta.
Quando se acalmou, tomou um gole d’água da garrafa que sempre deixara no criado, pegou seu celular e discou para a única pessoa que viria ao seu encontro.
Natasha demorou um tempo para perceber o que a havia acordado. Vários papéis estavam espalhados em sua cama e seu notebook havia descarregado. Tateou por entre as folhas em busca do celular ate acha- lo. Devido à claridade teve de apertar os olhos para ver quem estava ligando em plenas três da manhã. John. Ele nunca ligava a essa hora, sentiu seu sangue gelar e mais do que as pressas atendeu:
- John? Aconteceu alguma coisa?
- Você pode vir para o meu apartamento? Eu não quero ficar sozinho – Sua voz estava triste.
- Posso, mas aconteceu algo? – Pulou da cama procurando um casaco.
- Eu sonhei com meu pai... O acidente dele... – Ele parecia que ia chorar, mas apenas respirou fundo – Pode vir? Eu preciso de você, preciso que me abrace.
- Estou a caminho, chego em alguns minutos.
- Obrigado
- Não se preocupe, eu vou chegar rapidinho. Te amo.
- Eu sei – Desligou.
Natasha pegou o sobretudo e vestiu. Teve de andar devagar no corredor para não acordar ninguém, mas quando chegou no andar de baixo saiu em disparada na direção da garagem.
As portas do elevador apitaram quando chegaram à cobertura. Tudo estava escuro e calmo, Sam estava em seu cercadinho dormindo em sua caminha, o que era um bom sinal, quando um animal está calmo é porque não há perigo na casa.
- John? – Viu a luz do quarto acesa e correu para subir as escadas.  A cama estava desarrumada, mas nem sinal dele – John? – Chamou outra vez.
As cortinas se agitaram, e olhou para o lado, ele estava com as mãos sobre o parapeito olhando para a cidade. Natasha caminhou parando na porta:
- Oi
Ele olhou para o lado e viu o alívio em seu rosto, deu passos largos até ela e a abraçou forte tirando- a do chão:
- Estou aqui, não precisa ter medo
- Obrigado por vir, eu precisava de você.
- Eu disse que sempre que precisasse de mim eu estaria aqui – Tocou seu rosto dando um beijo em sua bochecha. Ele escondeu o rosto na curva do seu pescoço, e a abraçou tão forte como se precisasse se agarrar a ela para ter certeza de que não fugiria. Natasha não disse nada, apenas deixou que ele a abraçasse, que recuperasse o fôlego e por si só percebesse que estava tudo bem.
Aos poucos ele a soltou deixando- a no chão. Ela pensou que ele choraria, mas por sorte só precisava de um momento para refletir e respirar. John tocou o rosto dela e lhe deu um longo selinho:
- Obrigado de novo por vir
- Não me agradeça. – Passou as mãos nos cabelos dele olhando- o atentamente – Quer me contar sobre o sonho?
- Não, eu... – Ele não queria contar, pois reviveria toda aquela dor, e não precisava disso agora – É que eu não... – Não sabia como explicar.
- Está tudo bem, se não quer falar não tem problema. Quando quiser conversar a respeito vou estar ao seu lado para ouvir.
- Obrigado – Beijou sua testa. Era disso que precisava, apenas alguém que o abraçasse e não pedisse explicação para nada, apenas silêncio e consolo. Olhou para baixo e viu o casaco – Você está usando algo por baixo?
- Sim – Desabotoou e desfez o laço. Ela estava com roupa de dormir.
- Você veio da sua casa ate aqui apenas de pijama? – Sorriu.
- Quando me ligou parecia urgente, não queria perder tempo procurando roupa, então apenas peguei um casaco.
Ele deu uma outra olhada na roupa, short cor de rosa, blusinha branca estampada com o rosto do Mickey. Desta vez ele riu:
- O que foi?
- Você está usando a roupa do Mickey
- Hmm?! – Olhou para baixo e se deu conta que havia dito a ele o quanto adorava aquele ratinho. Fechou os olhos e riu. – É eu estou usando.
- E está tão fofa – A abraçou novamente tirando- a do chão. Bastou apenas isso para se sentir melhor, aquele peso no peito sumir, ela sempre transformava sua tristeza em alegria, tudo sempre ficava perfeito com ela. – Você está com uma carinha de sono, quer dormir?
- Eu estava lendo uma papelada imensa e peguei no sono, daí você me acorda as três da manhã, o que acha? – Ergueu uma sobrancelha.
- Há! Há! Há! Ok! Vamos dormir.
- Antes você vai tomar uma ducha, está todo suado
- Mas há essa hora a água deve estar congelando
- Você tem chuveiro elétrico, engraçadinho. Vamos – Segurou a mão dele e o levou ate o banheiro.
John tomou uma rápida chuveirada, a água estava quente, mas quando saiu do banheiro o frio estava de matar. Trocou a calça e vestiu uma camisa. Ela já estava deitada esperando- o:
- Vem – Ergueu os braços – Hoje eu vou ninar você – John deitou ao lado dela, pousando a cabeça em seu ombro, passando o braço em volta da sua cintura. Ela tinha um cheiro doce e sabia que só sentindo seu perfume dormiria tranquilamente.
Natasha recostou seu queixo sobre a cabeça dele enquanto acariciava seu braço. Deu um suave beijo em sua testa:
- Está confortável? – Ela perguntou.
- Muito – Enrolou sua perna junto à dela.
- Que bom – Mesmo com seu ombro servindo de apoio para a cabeça dele, ela conseguiu levar a mão ate o cabelo dele para lhe fazer carinho ate dormir.
De manhã John apertou os olhos sentindo o aperto macio em torno de si. Abriu lentamente seus olhos e notou que Natasha continuava abraçada a ele. Não pôde deixar de sorrir. Ela espantou seu pesadelo apenas por vir e usar aquela roupa do Mickey, trazer aquela paz inexplicável que somente ela tinha. Natasha era como seu aparador de sonhos.
Esfregou o rosto sobre o peito dela, como ela sempre faz quando acorda na mesma posição que ele. Ela riu abaixando a cabeça para olha- lo:
- Então essa é a sensação – Falou sonolenta.
- É muito bom fazer isso
- É sim – Passou a mão no rosto dele empurrando seu cabelo para o lado – Dormiu bem?
- Muito bem, eu sempre durmo feito uma pedra quando você está aqui – Beijou seu pescoço.
- Fico feliz em ser útil – Respondeu usando a mesma frase que falara varias vezes – Quer tomar café?
- Você vai cantar e dançar enquanto prepara?
- Claro que não, eu posso ate cantar, mas não danço
- Assim não quero, vamos esperar a Tina chegar – A abraçou.
- Há! Há! Há! Não seja infantil John.
- Você não quer dançar – Resmungou.
- É vergonhoso
- Não é não. Você dança só para mim.
- De qualquer forma ainda é vergonhoso – Ela o escutou gemendo em frustração e acabou rindo – Eu tenho uma ideia, porque você não me ajuda a preparar o café? Assim ligamos o rádio e dependendo da música talvez eu ate dance. O que acha?
- Hmmm! Fechado – Sorriu feito um bobo – Eu posso pedir uma coisa?
- Claro
- Pode faltar no trabalho hoje? Para ficar comigo, eu não estou me sentindo muito bem para ir para a revista hoje.
- Eu fico com você, de qualquer forma iria avisar ao meu pai que não vou hoje.
- Obrigado. – Acariciou seu rosto com a costa da mão – Eu quero levar você em um lugar hoje.
- Ah é? Onde?
- Só depois do café eu conto – Sorriu lhe dando um selinho.
- Ok! Então vamos preparar o café – Eles levantaram da cama e saíram de mãos dadas rumo à cozinha.




 



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