1. Spirit Fanfics >
  2. Sindromya Poesia Desestruturada >
  3. Capítulo 3 Um turbilhão de emoções

História Sindromya Poesia Desestruturada - Capítulo 3 Um turbilhão de emoções


Escrita por: Suellen_Dias

Notas do Autor


Nesse capítulo eu apresento vocês a outra protagonista, entre outras personagens.
Espero que gostem *.*

Capítulo 3 - Capítulo 3 Um turbilhão de emoções


Anna caminhava distraída aos acontecimentos a sua volta. Tão distraída que não notou um carro andando muito lentamente ao seu lado, enquanto sua condutora a chamava pela quarta vez.

— Ei, Anna maluca! – gritou a motorista

Como uma tentativa quase extrema de lhe chamar atenção a jovem mulher que guiava o carro apertou a mão com força na buzina. Foi eficaz. O susto fez com que Anna se desequilibrasse desajeitadamente quase caindo.

— Deus! – exclamou, pressionando uma mão no peito — Porra, Sky! Que merda! — reclamou irritada ao reconhecer a autora de tal atitude

Sky apenas gargalhava divertidamente.

— Estou te chamando por horas! Tá aí tão avoada que nem me escutou! Tive que tomar medidas drásticas. — zombou Sky

— Medidas drásticas você vai sentir quando eu te bater onde mais dói! — ameaçou Anna abrindo a porta do carro.

Sky riu ainda mais.

— Nas bolas?

— Se você prefere! — Anna deu e ombros. — Só não sabia que era masoquista... — provocou

— Na verdade seria um tipo de favor. Algo como eliminar o que me impede de ser quem eu realmente sou plenamente.

Sky poderia fazer quantas piadas fossem sobre o assunto, mas Anna sabia que ela sofria por não ter nascido como se sentia, como realmente era.

— Genital não define gênero, sabes disso! E você já é essa pessoa, Sky. Sempre foi. Minha melhor amiga e maldita apertadora de buzinas! — Anna socou Sky no braço.

— Anna, você às vezes é tão doce que quase esqueço seu pseudônimo de mini furacão. — falou Sky tentando disfarçar o embaraço causado pelas palavras da amiga.

— Pseudônimo que apenas você fala! Desiste, Sky, isso nunca vai pegar! — rebateu Anna

— Uma mulher pode sonhar, não é?

E então elas se entreolharam e caíram na risada juntas. O percurso para a clínica não era tão longo, mas a falta de palavras e o silêncio incomum de Anna davam tal impressão. Desde a brincadeira que trocara com Sky não falara mais nada. Seus pensamentos estavam todos focados na lembrança da notícia que recebera no dia anterior.

 

---------*--------

 

— Eu não posso acreditar! — exclamou Anna andando nervosamente de um lado para o outro na sala da terapeuta.

— Anna? — chamou a mulher — Sente-se, por favor.

— Sentar?! — Anna parecia afrontada — Sente-se você! — falou irritada – Quer dizer, você já está sentada... E não faz sentido o que eu disse... O que faz sentido realmente? — ela divagou

— Anna. — começou Meltzer calmamente — Eu sei que você está atordoada com o que acabou de ouvir. Mas não poderemos conversar direito enquanto você não se acalmar. — Ela observou a jovem. — Sente-se, por favor. — pediu novamente

Anna exalou ruidosamente e sentou-se encarando-a de frente.

— Por que você não me chamou antes? — ela perguntou com a voz irregular — Jessie esteve aqui durante semanas e eu não sabia! — sua voz soou nervosa — Na mesma cidade que eu? Semanas... — disse para si mesma — Quantas semanas já? Por que demorou tudo isso para eu ficar sabendo? Por quê? — ela exigiu

Meltzer observou Anna fazer seus questionamentos, seus olhos estavam cheios de sentimentos misturados, raiva, tristeza, saudades e expectativas. E ela sabia que aquilo era apenas o início de um questionário ainda muito maior.

— Veja bem, Anna. Eu sei que você agora se sente incomodada pelo fato de não estar junto dela desde sua chegada...

— Ora, isso é apenas uma parte! — interrompeu Anna

— Entretanto — Meltzer retomou a palavra —, tudo que está atravessado em sua garganta será esclarecido e resolvido entre você e Jessie. Obviamente eu ajudarei vocês no que eu puder. Mas você precisa se concentrar nessa nova etapa que a aguarda, esta situação que envolve Jessie e uma possível reconstrução em seu relacionamento. — Ela fitou os olhos atentos de Anna. — É algo que você ainda quer em sua vida? Algo que você acredita ser possível?

 

---------*--------

— Você tá doente, Anna? — indagou Sky puxando Anna de volta para o agora

— Hm? O quê? — perguntou Anna distante

— Ué, tá muito calada. Tudo bem?

Anna respirou profundamente e considerava como dizer a Sky de que se tratava.

— Jessie está na cidade... — murmurou em voz baixa

Sky ergueu as sobrancelhas e baixou o volume do som do carro.

— Jessie? Sua suposta meia irmã Jessie de anos atrás?

Anna a encarou de sobrancelhas franzidas.

— Foi mal, Anna, é só... Você disse isso algumas vezes... — Sky tentou se justificar

Anna olhou para da janela do carro.

— É isso mesmo. Foi por isso que fomos separadas mesmo! — falou amargurada — Mas e daí? Mesmo sangue ou não, fomos irmãs! Mais importante que isso, ela era a única coisa boa que eu tinha, minha única amiga. Nosso tempo juntas e todas as merdas que enfrentamos... — foi difícil engolir o nó que se formava. — Nada e nem o tempo afastadas podem apagar o quanto ela foi importante em minha vida... O quanto fomos felizes juntas...

— Eu sei disso, Anna... — falou Sky amigavelmente — Me conta isso direito, cara. — pediu parando o carro

Anna respirou fundo e se inclinou até o botão do som do carro, enquanto Sky a encarava esperando por uma resposta.

— Essa música... Don't leave high, don't leave dry... — cantarolou aumentando o volume

— Embora eu não goste deles tanto quanto você, essa é meio viciante.

— Não se diminui o volume quando Radiohead está tocando, Sky. — Observou Anna em tom de reprovação encostando-se ao banco.

Sky revirou os olhos.

— Que temperamental! — rebateu ela em tom de brincadeira

Anna deu um meio sorriso e permaneceu em silêncio escutando a canção, manteve seus olhos fechados até que terminasse.

Anna reabriu os olhos e encarando a amiga, falou novamente.

— Ela está na cidade, Sky. Jessie tá aqui em Cassiana tem algumas semanas...

— Porra... — Sky deixou escapar — Semanas? E aí?! Vocês vão se ver, certo? Me conta essa merda direito!

Anna suspirou ruidosamente.

— Dra. Mel me ligou ontem pedindo que eu passasse em seu consultório, pois tinha um assunto sério pra falar comigo. É claro que eu nem podia imaginar que teria algo a ver com a Jessie estar aqui... — Ela passou as mãos nos cabelos. — Quer dizer, nem em um milhão de anos isso passou pela minha cabeça. Eu sei lá, cara, todas as vezes que falamos nela foi em sessões da terapia... Foi um baque, sabe? Quando ela disse sobre o que era, eu... — Seus olhos encararam algum ponto qualquer, como se Anna procurasse as palavras exatas para descrever o que sentira. — Eu nem acreditei quando ela disse que Jessie estava aqui, que... Que ela está aqui tão perto de mim! Há semanas e eu nem sabia! Fiquei puta com isso! Não está certo! Eu deveria ter sido avisada no momento em que ela chegou! Eu... — a voz dela falhou

Sky escutava tudo com atenção e se sentia aflita com toda essa novidade.

— Anna... — Ela pousou a mão suavemente no ombro da amiga.

— Eu esperei tanto tempo por isso, Sky...

— Eu sei, Anna. — Sky pressionou o local que segurava. — Esqueceu que tenho que te aturar todos os dias praticamente? Desde... O quê? Desde aquela vez que você me impediu de apanhar sozinha...

— Ora, Sky, não esqueça que eu quebrei o nariz daquele babaca com meu kit de pinceis! — replicou Anna fazendo careta — Eram meus primeiros pinceis...

— E eu não lembro?! Não é todo dia que uma tampinha quebra o nariz de um brutamontes! — Riu a outra. — Cara, nunca corri tanto na minha vida!

Anna deu um meio sorriso e passou as mãos nos olhos úmidos.

— Como as coisas vão ficar agora, Anna? Ela não te chamou apenas pra contar que Jessie estava aqui, não é?

O coração de Anna deu um aperto com tal pergunta.

— Eu não sei... Dra. Mel perguntou se poderia dar meu celular pra Jessie e que eu deveria ter paciência. Ela perguntou se eu estava disposta a aceitar um reencontro, sabe?

— E o que você respondeu?

Um novo nó se formava na garganta de Anna e ela pensou na última vez que vira Jessie. Ela não conseguia se lembrar ao certo quando havia sido, mas sabia que já fazia muito tempo. Aquele vazio que costumava sentir quando se lembrava da outra jovem dava sinais, e ela se sentia frustrada, pois achava que havia conseguido sepultá-lo em seu interior.

Anna encarou Sky e seus olhos estavam com aquele brilho de lágrimas suspensas. Lágrimas que querem cair, mas são impedidas.

— Que é óbvio! Eu quero muito, Sky! Não teve apenas um maldito dia em que eu não sentisse falta dela! — Anna mordeu os lábios trêmulos. — Eu sei que tem muitos anos perdidos e eu não faço ideia do que pode acontecer! — Mas eu preciso disso! Eu consegui muitas coisas boas durante esses anos, minha família, amigos, você, “Sindromya” que me toca cada vez que leio, minha paixão por pintar, e a terapia que me ajuda.

— Mas não é suficiente, não é?

Anna balançou a cabeça negativamente. Ela fechou os olhos e suas lágrimas escorreram livremente pela face.

— Tem esse vazio, Sky, esse buraco que ficou dentro de mim. — Ela pressionou a mão no próprio peito. — Eu sinto que é o lugar dela que precisa ser ocupado. Sei que para qualquer pessoa pode parecer loucura. Como pode ser tão importante ter de volta alguém que não tenho contato há tantos anos. Acho que dez?! Alguém que eu nem mesmo conheço mais... — Ela olhou para um ponto qualquer do carro e então para a amiga. — Mas não importa nada disso, pois aqui dentro eu sei que precisamos disso. Ainda que não seja como eu sempre planejei, e ela aceite apenas um encontro rápido ou algo do tipo. Eu quero dizer à Jessie o quanto ela foi e é importante pra mim. Quero confirmar se ela tá bem mesmo, pois se não fosse por nosso pai — Ela riu amargamente. — pai... — repetiu com desdém — Se não fosse por aquele desgraçado tenho certeza que estaríamos juntas até hoje!

— Não é loucura, Anna furacão. — declarou Sky suavemente

Anna deu uma risada baixa.

— Só não entendo por que demorou tanto pra eu saber que ela estava aqui. Será que ela tá incerta sobre me ver?

Sky coçou o queixo e pensava na melhor forma de responder a uma pergunta da qual ela não tinha a resposta.

— Ei, vai dar tudo certo. Tenho certeza que Jessie também tá ansiosa pra te encontrar. Ela só deve estar se preparando. — Pressionou carinhosamente a mão de Anna.

— Você acha? Tenho medo disso não passar de um sonho, parece tão surreal...

— Eu tenho certeza! — confirmou Sky — Não é sonho! Ela deve estar apenas amadurecendo a ideia de te ligar, afinal deve ser barra ser irmã de uma maluca feito você. — provocou

Anna riu e empurrou Sky de leve.

— Obrigada, Sky.

Sky balançou a cabeça e sorriu.

— Tudo vai acontecer quando você menos esperar. É sempre assim com as coisas boas.

Elas seguiram para a clínica de Meltzer. Teriam terapia em grupo como costumavam ter uma vez na semana.

O resto do caminho elas tiveram uma conversa casual, falando uma bobagem ou outra, porém Anna permanecia distante. Seus pensamentos iam e vinham nas palavras de Meltzer. Ela já havia olhado o celular algumas vezes para se certificar de que estava num volume alto ou para verificar se, quem sabe, não havia alguma mensagem ou chamada perdida. Se sentia ansiosa, era como voltar para casa no escuro. Ela sentia que poderia encontrar o caminho, só não tinha certeza de quando seria ou quanto tempo levaria.

Ao chegarem na região da clínica, Sky parou no estacionamento e elas saíram do carro. A clínica de Meltzer ficava na mesma quadra que o Hospital Geral de Santa Maria Cassiana. Foi, inclusive, nesse hospital que Meltzer conheceu Jessie e Anna, e a complicada situação na qual estavam inseridas. Foi nessa mesma época que Meltzer teve a revelação mais importante de sua vida, mas isso era algo que ela ainda teria que lidar em outro momento.

Quando Meltzer ainda era residente do hospital, chegou à sua mesa o caso de duas crianças vítimas de abuso familiar. Uma estava internada na UTI e a outra estava em estado de completo descontrole emocional. Não possuía um discurso claro, apenas insistia que queria a irmã. Quando Meltzer conheceu Jessie, ela estava em meio a uma forte crise de pânico, precisou ser sedada. Depois de ter acordado, repetia que precisava ver a irmã e não recordava como tinham conseguido sair da casa em chamas.

Relatos colhidos pela polícia a partir de vizinhos, diziam que Jessie estava com Anna nos braços chorando desesperadamente, enquanto o fogo aumentava no interior da casa. Um dos vizinhos as retirou do local e chamou por socorro. Augusto, o pai das meninas, e Rebeca, mãe de Anna e madrasta de Jessie, morreram no incêndio.   

Até os dias de hoje, nem Jessie e nem Anna recordam-se do que exatamente aconteceu. Anna não teria como, pois estava desmaiada. Já Jessie lembrava-se apenas do momento em que seu pai agredira a irmã e mais nada. Isso fora tudo que Meltzer conseguira extrair dela. Pouco mais de um ano depois do ocorrido, o avô de Jessie decidira levá-la de Cassiana. Impossibilitando que Meltzer prosseguisse com seus planos. Algum tempo depois elas passaram a se comunicar por e-mails.

Como era de rotina, na sala de espera sempre havia alguém aguardando um ou outro paciente que faria terapia.

As paredes cor creme contrastavam com algumas pinturas e plantas dispostas pela sala. Sempre quando chegava ali, Anna observava uma das pinturas em particular. Uma garota sentada num balanço, ela estava de costas e era possível ver alguns pássaros ao longe como se pudessem ser tocados caso a menina se balançasse com mais ímpeto. E as cores não obedeciam a realidade, no inferior em volta da menina ia do laranja quente e suave se transformando em um verde piscina, que seria o céu, já que estava próximo a um grande sol amarelo. Mas poderia muito bem ser o mar ensolarado, dependendo de como quem observava sentia a imagem.

Era linda. Para Anna aquela pintura era perfeita e linda. Sempre a fazia refletir e imaginar mil coisas. Ela lembrava das vezes que brincava com Jessie no balanço que ficava no quintal de sua casa da infância, e imaginava poder criar sua própria versão da pintura. Uma mulher, um balanço, as cores do dia. Ela imaginava o pôr do sol. Sua intenção não era repetir com fidelidade as cores, mas se deixar levar pelo momento, sua inspiração e a própria luz ambiente.

— Anna, Sky. — chamou a atendente Elis — Dra. Meltzer só está esperando vocês para começar a sessão.

— Okay. Todos os outros já estão na sala? — perguntou Sky

— Sim, sim. Podem ir.

O diálogo entre Sky e Elis despertaram Anna de suas imaginações. E elas seguiram pelo corredor que levava à sala onde faziam terapia em grupo com Meltzer e outros jovens.

A psicoterapia em grupo, promovida por Meltzer, era uma forma de unir pessoas que enfrentavam problemas semelhantes e possuíam objetivos em comum. Nesse formato de terapia, os participantes expõem suas angústias e dúvidas, compartilham experiências e desejos. Além disso, também é uma maneira de superarem problemas como timidez, pois interagem entre si aprendendo a criar vínculos através da socialização.

Meltzer realizava entrevistas individuais para poder compreender as necessidades particulares de cada paciente, e a partir de seu perfil, experiências, motivações e interesses, o indicava para o grupo mais adequado. O grupo que Anna e Sky faziam parte, era formado por mais outros cinco jovens com idades variadas entre dezessete e vinte e poucos anos. Todos com violência e traumas familiares em seu histórico pessoal, mas, obviamente, cada um com suas próprias dores e subjetividades.

Conversas paralelas dominavam o ambiente quando elas entraram na sala. Com exceção de Victoria, que havia entrado há pouco mais de um mês, e uma outra jovem desconhecida, esse grupo já estava junto há mais de dois anos.

— Anna, Sky. Sejam bem-vindas — cumprimentou Meltzer

— Ei, doc. — cumprimentou Sky

Anna cumprimentou a terapeuta com um aceno e um sorriso e se jogou sentada em uma das almofadas. Ela nem se preocupou em olhar com atenção pela sala, se tivesse, teria notado a presença de alguém diferente. Anna não notou, mas Sky sim. Entretanto, antes que ela pudesse cutucar a amiga, Meltzer se pronunciou.

— Bem, mantenham aquela formação em círculo que costumamos fazer. — começou Meltzer se sentando em uma almofada no mesmo nível dos pacientes. — Eu estava apenas aguardando a chegada de Sky e Anna para introduzir uma nova pessoa ao nosso grupo.

As conversas cessaram e olhos atentos focaram em Meltzer. Anna, ainda dispersa, mantinha seus pensamentos concentrados na conversa que tivera com a psicoterapeuta no dia anterior.

— Jessie, você gostaria de dizer algo para os outros membros do grupo?

Parecia que alguém tinha acabado de sacudir a caixa torácica de Anna. Seu interior havia sido agitado com a pronúncia daquele nome. Seu coração estava agitado. E então, pela primeira vez desde que entrara na sala da terapia, ela fitou com atenção a terapeuta. Anna olhou para Meltzer e acompanhou para onde o olhar da terapeuta estava dirigido. Uma jovem mulher que ela não tinha percebido estar ali. Uma desconhecida, mas estranha e extremamente familiar.

— Eu... — Jessie até tentou, mas não conseguiu ir adiante

— Tudo bem, Jessie. Tente relaxar e pense que você não é obrigada a falar enquanto não estiver à vontade para isso. — falou a terapeuta tranquilamente — Que tal vocês se apresentarem para a nova companheira de terapia? — Sugeriu Meltzer olhando para os outros.

Anna não sabia o que fazer. Não era possível que fosse outra pessoa. Mesmo após tantos anos ela conseguia enxergar os traços de algum jeito familiares. Aquela Jessie não era uma Jessie qualquer, mas sim aquela que um dia já fora sua irmã. Era a sua Jessie. E agora seu coração parecia que sairia de controle junto com sua mente que estava entrando em curto circuito. Ela encarava Jessie e milhares de coisas passavam por sua cabeça. Não pode ser... Jessie? pensou ela.

— Oi, Jessie! Meu nome é Victoria, como te falei ainda pouco. E assim como você, sou nova no grupo. Estou aqui há pouco mais de um mês, mas sei como você está se sentindo. Seja bem-vinda. — falou uma das integrantes do grupo com um sorriso gentil

Jessie correspondeu com um meio sorriso tímido.

— Obrigada, Victoria. — disse a terapeuta

— Certo. Como vai, Jessie? — falou um rapaz — Me chamo Lucas e aqui é um dos poucos lugares onde me sinto à vontade pra ser quem eu sou sem me envergonhar ou me sentir um nada. Todo mundo aqui tem um parafuso a menos, mas a Dra. Meltzer me faz querer voltar toda semana.

Os outros jovens riam das palavras de Lucas, exceto Anna que parecia concentrar sua atenção apenas em Jessie. Sky percebeu e decidiu falar também.

— Oi, oi, Jessie! Eu sou Sky. Bem, você pode se perguntar que raio de nome é Sky, e só posso te dizer que é o nome dos nomes, okay? — brincou Sky. — Aqui é um lugar legal, com pessoas legais. Você pode sorrir, chorar, enfim... — Ela deu de ombros e sorriu. — Bem-vinda ao clube!

— Muito bem! Lucas, Sky, vocês estão indo bem. — comentou Meltzer

Jessie esboçou um pequeno sorriso e respirou profundamente. Ela estava com as mãos entrelaçadas e o corpo tenso, parecia prestes a dizer algo, mas parecia incerta.

Meltzer dividia sua atenção entre ela e Anna. E estranhava o fato de Anna ainda não ter falado nada. Por essa razão a psicoterapeuta concluíra que ou Anna estava desconfiada ou já havia notado de quem se tratava aquela jovem mulher ali presente.

— Qual foi, Anna? Tá muito quieta! Não estou te reconhecendo! — brincou Estela fazendo todos rirem e se voltarem para Anna. — Então, Jessie, eu sou a Estela. Prazer! Como o Lucas já falou, todo mundo aqui é meio louco, mas não precisa ter medo de nós. É um clube divertido, certo, Sky?! — Ela acenou sorrindo.

Anna não deu atenção para a brincadeira de Estela, pois pela primeira vez desde que colocara os olhos em Jessie, ela a olhava de volta. Um olhar tímido, inseguro e cheio de tantas outras emoções misturadas. Elas permaneceram se fitando, alheias a todos a sua volta. Jessie desviou os olhos e então a encarou novamente. Algo estalou dentro de Anna. Seu peito e cabeça confusos pareciam estar entrando em convulsão. Um turbilhão de emoções atravessava sua alma e ela só queria confirmar o que seu coração já sabia.

— Jessie... — ela sussurrou em um tom quase inaudível

Jessie mordeu o lábio inferior e baixou os olhos por alguns segundos. Quando a olhou novamente o coração de Anna vibrou. Era ela! Era Jessie! A mesma Jessie de anos atrás. Anna tinha certeza.

 

 ...Ninguém disse que era fácil

É uma pena nos separarmos

Ninguém disse que seria fácil

Mas também não disseram que seria tão difícil

Eu estou voltando para o começo...

Coldplay –  The Scientist

 

 


Notas Finais


Eu sou o tipo de escritora que adora receber comentários e interagir com vocês. Então fiquem a vontade para me dizer o que acharam, tá?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...