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História Sinergia - Ataraxia


Escrita por: anggieparra

Notas do Autor


Ataraxia “ausência de preocupações, sinónimo da única e verdadeira felicidade possível para uma pessoa”

Capítulo 13 - Ataraxia


“Destinados a confessar os danos prazerosos de um momento a dois, sob a luz do sol, ou da lua, sob os pensamentos de outros e desejos de muitos. E quando pensarem que nada mais virá, nunca se esqueçam que quanto mais fugimos das ondas agitadas do mar, mais elas encontram os nossos pés e juntam as nossas almas”  - Anggie Parra

§§§

 

Álvaro

Casa, Madrid

- Diga-me! Estás conversando com ela? Itziar não é? - a sua voz estava rouca, provavelmente tinha acordado naquele momento.

- Sim, estava ao telefone com ela sim. - conferi a tela do celular para saber se ela tinha desligado a chamada, não queria que ela escutasse discussões.

- Ainda tem coragem de dizer-me isso. Não cansas? Pedro, Úrsula agora Itziar. Não vês? - ela estava em transe do sono, mas com a voz firme.

- Blanca, estava ao telefone agradecendo pela cena que fizemos hoje. - joguei o celular no sofá e me aproximei dela.

- Não ouse, tampouco tente, não vou cair nesse seu jogo. - ela se afastou e foi até a cozinha.

- Enserio? - particularmente estava cansado de ter que me explicar todas as vezes que encontrava minha mulher, eu estava trabalhando praticamente o dia inteiro e quando chegava em casa sempre brigas e explicações.

- Que? - ela mirou-me da cozinha.

- Vais mesmo ficar assim? Buscar explicações do que nem sequer existe? - fui até o cômodo que ela estava - Blanca, estou trabalhando durante todo o dia, quando chego em casa e o mínimo que quero e desejo é estar com minha família, em paz. Quero desfrutar contigo, com os gêmeos, mas parece que cada dia fica impossível.

- Podes não crer, mas é o que eu mais almejo. Te ter aqui em casa, não digo somente o físico; mesmo estando aqui parece que seus pensamentos estão fora. Que passa? - sua voz estava suplicando-me explicações; das quais eu não tinha petulância para sequer dizer.

Eu como esposo, tinha a plena convicção de que eu estava sendo um enorme hijo de puta, mas eu amava minha mulher, não poderia simplesmente contar o que aconteceu e deixar com que nosso casamento fosse sepultado. Naquele momento, mirando-a e vendo que ela queria que desse certo, esqueci do mundo a fora, busquei estar ao lado dela e transmitir que eu estaria ao lado dela.

- Venga, necessito que esteja comigo. - a puxei para um abraço.

A sua respiração começou a descompassar e ouvi sua lamúria; Blanca começou a chorar e a soluçar.

- Já não chores. Estou aqui. - beijei o seu ombro - Perdão pelos dias ausentes e por estar disperso, sabes que este trabalho é um dos mais especiais da minha vida. Infelizmente não estou conseguindo conciliar.

Permanecemos abraçados na cozinha; nossa conexão não estava como antes, tivemos muitas peleas e aquilo estava nos consumindo de maneira vertiginosa. Parcela ou quase toda a culpabilidade era minha, infelizmente minha cabeça não permanecia somente ali com ela, eu tinha uma dependência de estar constantemente me acordando da Itziar.

As lembranças daquele dia me deixou totalmente angustiado, eu queria passar para minha mulher que estava ali, mas minha cabeça estava nela. A mulher dos cabelos loiros, dos olhos castanhos por vezes diamantes, a mulher na qual eu tinha me atrevido a sentir o gosto da boca e tomá-la por inteira.

§§§

28 de abril de 2017

Estúdio de gravações, Madrid

Nesses últimos dois dias tivemos poucas cenas enquanto a outra parte do elenco aproveitava os estúdios para gravações. Fiz uma cena externa e uma dentro do estúdio, mas não passaria meio período por lá. Tinha uma única cena para ser gravada naquele dia, encontrei alguns colegas e direcionei-me para o camarim.

Passar por aquele corredor me trouxe à tona, tudo que havia passado naquele dia. Prometi a mim mesmo que não mudaria com ela, que teríamos a mesma cumplicidade. O que me penalizava era a forma na qual eu vinha pensando nela. Mesmo sem estar presente aqui, mesmo sem ter a companhia dela, meus pensamentos se uniam à ela.

Coloquei o figurino que estava separado e dei uma revisada na cena daquele dia, eu estaria em uma conversa com a Inspetora através da chamada, teria o estúdio vazio e sem companheiros para contracenar. Sentei-me na poltrona que tinha no meu camarim e fiquei um pouco no celular. Ouvi risadas e passos se aproximando do meu camarim, pude identificar exatamente os dois: Pedro e Itziar.

Continuei no mesmo lugar que estava, sentado na poltrona com as pernas cruzadas enquanto continuava vendo alguns e-mails no celular. As vozes estavam cada vez mais cercanas; eu estava tranquilo, Pedro tampouco Itziar sabiam que eu estava nos estúdios - até onde eu sabia.

- Hermanito… - ele bateu duas vezes na porta e ali eu tive a certeza que estava totalmente equivocado.

Passei as mão pelos cabelos tentando alinhá-los e fui até a porta, respirei fundo para dar de cara com o olhar deliberador do Pedro e a penitência nos olhos da Itziar.

- Sabemos que estás aí, vimos o seu carro no estacionamento. - vimos?

- Posso saber a que devo a honra? - abri a porta antes dele golpear a porta novamente.

- Hermanito!! - abraçou-me e deixou um beijo em meu rosto. - Já sei, já sei… Nem precisas dizer-me que estava morrendo de saudade. - eu caí na gargalhada e retribuí o abraço dado. Como ele era modesto. - Algo diz-me que também estava com saudade da nossa amiga lindíssima!

- Pedro… - ela o repreendeu.

Como Itziar estava encantadora. Seus cabelos dourados caídos ao ombro, o terninho da inspetora Raquel que a deixava tão sensual e uma leve maquiagem no rosto. Poderia ficar admirando-a por abundantes horas, não me cansaria nunca da sua imponência. Nossas miradas estavam conectadas.

- Creio que estou sobrando, sim? - deu um tapa em minha costas, tirando-me do transe.

- Perdona. - eu e ela falamos ao mesmo tempo; como uma deslumbrante sintonia.

- Estava falando com Itziar, queria ir em um barzinho hoje após as gravações, o que opinas Álvaro? - Pedro sentou-se na poltrona que eu estava e cruzou as pernas, tal como eu estava há pouco.

- Podes ir, pelo menos consegues distrair-se. - disse ingênuo.

- És tonto? - a voz rouca dela ecoou na sala, logo Pedro começou a rir e levantou-se para tocar nas mãos dela, como comemoração.

- Boa Itziar. - comentou ele.

- Que? - certamente meu semblante delatava que estava totalmente confuso.

- Pedro está querendo saber se queres ir e podes ir ao bar conosco. - ela abriu um sorriso.

- Joder, esclareça então. - comentei.

- Mais? Só se eu ilustrar. - Pedro não aguentou a gargalhada e soltou sem nenhum pudor.

“Pedro, necessitamos que esteja em 2 minutos no estúdio 2”, uma voz de um dos produtores ecoou pelo corredor dos camarins.

- Não estás confuso, estás absorto. Até sei para onde essa cabeça viajou. - sussurrou enquanto me apertava em um abraço.

- Callate! - Pedro me conhecia melhor do que a si mesmo, ele sabia que estava correto e eu também.

- Minha linda Itzi, - ele pegou em uma das mãos dela e depositou um beijo - Nos vemos mais tarde.

- Vale! Mas quero um abraço também. - ela o puxou para os braços dela e deixou um beijo no rosto dele.

- Álvaro nos vemos também, vale? - não tive tempo de contestar e lá estava ele, cantarolando pelos corredores dos estúdios; Pedro era definitivamente meu melhor amigo ali dentro e eu amava a forma dele levar a vida.

Ela estava parada ali, continuava dentro do meu camarim. Mesmo não sabendo, fazendo com que meu corpo inteiro estremecesse. Ela estava aparentemente tranquila; talvez eu estivesse muito exorbitante.

“O que aconteceu naquele camarim foi um momento errôneo.” Era isso que ela estava passando e que eu precisava entender de uma vez por todas que aquele sentimento não era mútuo.

Eu não conseguia, eu não podia esquecer tudo que aconteceu naquele camarim, estava mais que jodido.

§§§

Itziar

- Como foi com sua mulher? - fechei a porta do camarim, Álvaro estava muito nervoso e a conversa que eu gostaria de ter com ele, queria que fosse leve. Já imaginava que as coisas na casa dele poderiam estar de mal a pior.

- Nem sabes o que passou. - Álvaro mudou sua expressão no mesmo instante que fiz a pergunta, ele estava triste.

- Algum problema? - aos poucos fui me aproximando dele.

- Sim… Vários na realidade. Blanca ouviu que estávamos ao telefone, intimou-me e acabei dizendo o que passou entre nós dois. Decidimos, quer dizer, ela decidiu se separar e agora estou procurando uma casa para ficar. - senti que meus olhos estavam marejados, Álvaro estava sério e eu sentia o sangue do meu rosto fugir de imediato. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Álvaro começou a rir.

- Qual és o chiste? - perguntei séria, o assunto não tinha o menor humor. 

- Tinhas que ver a cara que colocastes. - ele soltou mais um sorriso e disparou - Quase desmaias. Estou de broma, ocorreu tudo bem.

- Não acredito. Que hijo de puta!

Fui para cima dele e comecei a dar alguns tapas e socos - tentei não pesar a mão - mas ele estava reclamando.

- Perdona, também não é necessário ser tão forte. - passou a mão como se estivesse acariciando o local que dei alguns socos. 

- Também não exageres. Quase mata-me do coração, joder. - ele continuou rindo e me envolveu naqueles braços musculosos. - Saibas que essa broma no terminas aqui. - ameacei.

Os momentos com ele eram amenos. Mesmo com tudo que aconteceu, nós não perdemos o que tínhamos de mais bonito: a nossa amizade. Era algo tão veraz; era a nossa essência.

- Gracias. - ele sussurrou enquanto mantinha seus braços em meu corpo.

- Pelo que? - levantei as sobrancelhas e a cabeça também, para conseguir mirá-lo nos olhos. Esse era minha objeção: mirá-lo. Naquele momento eu me afastei sem fazer alarde e busquei disfarçar para que ele não notasse meu cambio.

- Por permitir que continuássemos nisso. - Por um segundo pensei em tantos nissos que ele poderia estar se referindo. Apesar de tudo, a única que poderia estar apaixonada era eu e eu não queria que meus conflitos internos o atingissem.

- Gracias a ti. - sorri amigavelmente - ou pelo menos tentei.

§§§

Terminei minhas cenas por último e recebi milhares de mensagens do Pedro avisando que já estava no estacionamento esperando-me. Coloquei minhas coisas na bolsa e saí dos estúdios o mais rápido que consegui. A porta do estacionamento abriu e dei pequenos passos buscando encontrar Pedro; ele estava lá, mexendo no celular enquanto me esperava do lado de fora do carro. Busquei por todo o estacionamento e nada dele. Meu coração estava gélido, parte da minha euforia para ir ao bar, era porque ele iria conosco.

- Lo siento desapontar-te, mas a carona vai ser comigo. - Pedro bloqueou o celular e eu abri um sorriso.

- Não estou desapontada. - parei frente a ele.

- Estava à procura dele, sim? - foi até o lado do passageiro e abriu a porta; antes de entrar parei à sua frente.

- Pelo acordo, ele estaria conosco. Por isso a busca. - sorri e dei um tapa leve no tórax do Pedro.

- Claro, isso é tudo. - esperou com que eu entrasse e fechou a porta do carro. Correu para o lado do motorista e entrou no carro, dando partida e nos levando para o local combinado.

Ele estacionou o carro e antes que eu pudesse sair, ele segurou levemente em meu braço e nos miramos.

- Que? - perguntei.

- Ele vai estar aqui, como Álvaro terminou as gravações muito cedo, passou em casa para ver os filhos. Mas ele vem, sim? - me esforcei para não deixar resplandecer minha alegria em saber que ele estaria ali, naquela noite, conosco.

- Me alegro. - foi o que consegui dizer, sem soltar um grito ou um pulo de alegria - que era o que não precisava naquele momento.

Ouvi batidas na janela do carro e me assustei, virei-me e lá estava ele parado, nos esperando.

- Aqui está ele. - Pedro sussurrou e abriu um sorriso, retribuí.

- Achei que não chegariam nunca. - brincou e abriu a porta do carro para que eu pudesse sair, o cumprimentei e ele fechou em seguida; esperamos o Pedro travar o carro e seguimos para dentro do bar.

Álvaro cordialmente encontrou uma mesa mais reservada do local e nos sentamos. Pensava em tomar uma cerveja, mas como Pedro e Álvaro pediram a garrafa de vinho, eu os acompanharia. Apesar de gostar de cerveja, o vinho estava sendo uma bebida frequente, principalmente se eu fazia a refeição ou a saída com ele.

- Que tal foi o dia, Itzi? - Pedro perguntou-me.

- Apenas uma cena, que demorou horas. Mas nada muito sobrecarregado. E o dos dois? - rebati a pergunta.

- Tive uma sequências, mas foi tão frenéticas, que quase não senti. - Álvaro bebeu um gole do vinho da taça e mirou-me no fundo dos olhos, tentei disfarçar e buscar saber sobre o dia do Pedro.

- Todas demoradas, fiz umas quatro sequências, regravei algumas cenas que precisavam. Cheguei cedo e saí no mesmo horário que tu, Itzi.

- E ainda tens ânimo para vir beber? - perguntei.

- Com essas companhias? O cansaço não é nada. - todos nós sorrimos e percebi que Álvaro estava um pouco aéreo.

- Estás bem? - sussurrei apenas para ele ouvir, aproveitei que Pedro estava com o foco na banda tocando no palco.

- Como poderia não estar? Contigo aqui, - ele mirou-me profundamente e respirei fundo, estávamos próximos, tão próximos que eu poderia sentir a respiração dele.

- Joder. - sussurrei e fiquei ereta, olhando para a mesma direção de Pedro.

§§§

Já estávamos na quarta garrafa de vinho; todos alterados. Álvaro e Pedro tinham habitude em tomar vinho, então estavam mais sóbrios do que eu. Pedro pediu licença e foi ao toalete. Éramos nós dois novamente, Álvaro e eu, sozinhos.

- Sabes o que gostaria para finalizar a noite? - falei perto do seu ouvido, podendo sentir o cheiro do seu perfume misturado com o perfume do seu corpo.

- Digas, o que é que queres? - ele estava tão sedutor, olhos negros, cabelos perfeitamente bagunçados, joder.

- Uma caneca com chopp. - ele arregalou os olhos.

- Misturar o vinho com a cerveja? Crês que é uma boa ideia? - perguntou.

- Sei que não, mas mira, hoje é sexta, amanhã estamos em casa. Temos um motivo melhor que esses? - sorri.

- Aguentas? - perguntou-me.

- Com toda certeza. - aguentei a noite toda sem tomá-lo a boca, o que seria uma caneca de chopp?

Álvaro solicitou meu último pedido e sentou-se na mesa, ao meu lado. Pedro saiu do banheiro e veio até a nossa mesa, estava com o rosto exausto.

- Queria terminar a noite com vocês, mas já estou fatigado. Ambos ficarão bem se eu for? - perguntou enquanto estava apoiado na mesa.

- Hermanito, tranquilo. Em breve nos vamos também, pedi apenas uma última bebida para Itzi, e a levo em casa. - Álvaro e Pedro estavam conversando com os olhares e eu pude perceber.

- Itzi, perdona. O cansaço me pegou, da próxima acompanho-te até o último gole de álcool. - acariciou minha cabeça e abraçou-me.

- Não tens que pedir-me perdão. Da próxima nós dois fecharemos o bar. - todos riram e Pedro se despediu do Álvaro.

Teve uma pequena discordância se Pedro deixaria o dinheiro ali ou não; enquanto Álvaro não queria aceitar, Pedro insistiu e acabou ganhando. Deixou o dinheiro em cima da mesa e saiu sem olhar para trás.

Em seguida meu chopp chegou e de pronto a banda começou a tocar “What’s Up? - 4 Non Blondes”, nas primeiras notas meu corpo todo estremeceu. Álvaro logo mirou-me e estendeu a mão puxando-me para dançar, ficamos naquele cantinho no qual não saímos a noite toda. Nos abraçamos; ele colocou as mãos em minha cintura e eu joguei meus braços por cima do seu ombro, minha cabeça estava apoiada entre a cabeça e o ombro dele, o encaixe perfeito dos nossos corpos. 

Twenty-five years and my life is still

I'm trying to get up that great big hill of hope

For a destination

Senti a mão dele segurar firme em minha cintura, nossos corpos se movimentam no ritmo da música. Álvaro não era o melhor pé de valsa, mas o que tínhamos feito naquele momento, deixou-me totalmente entregue a ele.

Jamais poderia explicar o que a presença daquele homem estava fazendo com todo meu corpo, com todos meus sentimentos. Em toda minha vida, em momento algum eu tinha conseguido ter acesso a todas essas sensações que vinham com o toque dele e com a presença dele.

And I say, hey, yeah, yeah-eah

Hey, yeah, yeah

I said, hey! What's goin' on?

And I sing, hey, yeah, yeah-eah

Hey, yeah, yeah

I said, hey! What's going on?

Estava com a cabeça perto do seu ouvido, cantarolei a parte mais forte da música. Minha voz estava rouca, eu podia sentir, mas mesmo assim cantarolei a música em seu ouvido; proposital? Quizás.

- Que voz tens, Itzi. Que potencial. - ele disse ao pé do meu ouvido, fazendo com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem.

Continuamos nos movimentando com o toque mais tranquilo da música, sentindo a respiração um do outro, o toque um do outro e cada um levando os pensamentos para uma imaginação, que a realidade não poderia ser alcançada.

Minha intimidade contraia a todo momento, se eu continuasse grudada no corpo dele, eu cometeria mais uma vez o erro que guardamos nos lugares intactos.

Meu telefone começou a tocar e logo saí dos seus braços, - a deixa perfeita - foi quase como que um rompimento do universo. Mirei pela tela, era ele, Roberto, disfarcei e peguei o resto do chopp e engoli todo de uma vez.

- Conteste, ele deve estar preocupado. - Álvaro colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha encostou-se na mesa.

- Hola. - respondi friamente.

- Posso saber onde andas? - ele estava falando um pouco alto, mas minha paciência estava em demasia.

- Estou em um bar com amigos. - respondi tranquilamente e ouvi a sua gargalhada debochada através do telefone.

- Enquanto estou aqui esperando em seu apartamento, para fazer-te uma surpresa. Sou mesmo um idiota.

- Roberto, escuta-me, VENS PARA MADRID E NÃO AVISAS, O QUE QUERES? QUE EU TENHA VISÕES? - minha própria paciência tinha me burlado, ela não estava em demasia.

- Não me movo daqui, podes aproveitar a noite com teus amigos. - foi a única coisa que ele disse antes de desligar.

- ROBERTO! JODER!! - desliguei o celular e vi Álvaro mirando-me. - Perdona, não queria estragar o resto da noite.

- No te preocupes, venga. - ele puxou-me para um abraço e deixou a minha cabeça encostada em seu ombro, enquanto nós dois mirava  a banda cantar restante da música que estava quase no final.

A música terminou e eu fui ao toalete. Dei passe livre - não que precisasse - para ele me esperar no carro. Já tínhamos pago a conta, mas eu estava precisando ir ao toalete. Como esperava, eu estava molhada, joder ele iria matar-me de tesão mesmo sem saber. Ter experimentado o corpo e o toque dele, tinha sido uma das piores escolhas que já fiz, eu desejava mais. Queria conhecer cada ponto que ele poderia chegar, estava jodida!

Saí do toalete e fui em direção ao estacionamento do bar, seguia em sua direção, por mais que eu tentasse… Mirá-lo encostado naquele Audi preto, com seu cabelo no lugar e aquele corpo que eu já tinha experimentado mexia diretamente com minha intimidade.

Mais uma vez ele abriu a porta do carro para mim - não estava acostumada com tanta cordialidade - e fomos em direção ao meu apartamento. O cheiro dele estava naquele carro, no mesmo momento lembrei-me da combinação dos nossos cheiros. Itziar concentrate.

- Gracias por vir. - ele virou em minha direção e abriu um sorriso.

A sua voz rouca e seu olhar penetrante fez minha intimidade contrair no mesmo momento. Tentava de alguma maneira aliviar aquela tensão que seguia, a contraí internamente. Precisava sair daquele carro, precisava sair de perto dele bêbada. Cada vez tinha mais evidência de que o vinho desci diretamente para a área mais sensível.

Ele estacionou o carro na frente do prédio, tirou o cinto e virou o corpo para ficar frente ao meu, fiz o mesmo.

- Itzi… - a sua voz rouca estava entrando em todo meu corpo.

- Por favor… não. - minha voz saía quase que como uma súplica.

- Não vou fazer nada. Só quero agradecer-te por estar conosco essa noite. - ele abriu um sorriso e ali eu percebi que estava mais jodida do que pensara.

- Gracias a ti, por me trazer em casa e por me aguentar um pouco tomada. - abri um sorriso e ele retribuiu; tinha que lembrar de não mirá-lo nos olhos tampouco mirar o sorriso.

Nos abraçamos, na verdade não… nós não nos abraçamos. Nós nos conectamos. Senti todo meu corpo envolver o corpo dele… Não, não era somente o corpo, era a alma dele. Suspiramos fundo juntos, em sintonia. Como se aquilo fosse algo corriqueiro, como se já nos conhecêssemos há muito tempo.

Estar em volta daqueles braços, me fez sentir tão segura, como eu não nunca me senti - e isso me preocupava. Mais um sentimento que ele tinha acrescentado em mim. Sabia que estava prestes a cair em um precipício, e ele tinha nome e sobrenome: Álvaro Morte.

Saí daquele encontro que estávamos e depositei um beijo em seu rosto, pude sentir um milímetro dos seus lábios tocarem os meus, se minha cabeça não tivesse no Roberto em meu apartamento me esperando, teria deixado que ele me fodesse a boca.

Me despedi e saí do seu carro, deixando todo nosso segredo dentro do seu Audi preto. Mirei para sacada de casa e lá estava ele, me observando: será que ele tinha visto tudo?


Notas Finais


Gracias por todos os comentários dos capítulos, estou amando lê-los. :)


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