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História Sinfonia De Uma Paixão Inacabada - Café com sabor de amargas lembranças


Escrita por: lokante

Notas do Autor


Hello!
Há quanto tempo eu não apareço por esse perfil com uma história fora de projetos, hm? Pois é, muito. Mas agora que criei um novo perfil para ser dedicado aos projetos, voltarei a ser mais ativa por aqui e escrever bastante!
Começando com o meu amadíssimo Lipsoul com um broken meio feliz no final. Foi muito gostosinho escrever esse enredo e eu espero que vocês apreciem tanto quanto eu!
Boa leitura ♡♡

Capítulo 1 - Café com sabor de amargas lembranças


Pequenos floquinhos esbranquiçados são expelidos pelas nuvens carregadas e acinzentadas em um dia de muita neve e frio; para Jung Jinsoul, o clima ideal para desfrutar de um bom chocolate quente ou de um café muito bem preparado. As avenidas e calçadas são decoradas pelo gelo, assim como os vidros, da mesma forma, são facilmente embaçados. Através dele e de uma pequena esfregada com a manga do casaco xadrez, Jinsoul tem o perfeito vislumbre do lado de fora da sua residência. Algumas crianças brincam de jogar bolinhas de neve umas nas outras, sempre usando muitos casacos por conta do frio extremo. Outras, por sua vez, montam um boneco feito de neve, e seus olhos e boca são compostos por pedras e seu nariz por uma cenoura laranja bem vívida. A jovem de fios castanhos esboça um sorriso sutil e abafado, enquanto pisca rapidamente e dá as costas para a janela. 

No cabideiro ao lado da porta, a moçoila apanha um cachecol listrado que combinava com suas meias longas. O enrola rapidamente em volta do pescoço pálido, seguidamente de umedecer os lábios rosados. Jinsoul era adepta a estações frias e neve, e seria estranho para os mais próximos vê-la trancafiada em casa justamente quando os flocos de neve caíam do céu, depois da morena ter passado meses sem sentir o frescor da sua estação predileta. Olhando à sua volta, a jovem procura pelas botas grossas de neve, encontrando-as jogadas no fim do corredor. Definitivamente, deveria mudar este hábito de simplesmente se livrar das coisas em qualquer lugar.

Uma vez com os pés cobertos pelas botas, Jinsoul agarra sua bolsa de cima da mesa e gira a chave na fechadura, destrancando a porta com facilidade. Poderia muito bem ter chamado alguma de suas amigas para a acompanhar, no entanto, todo o tempo que passou fora em Berlim não lhe pareceu o suficiente para esquecer dos motivos que a fizeram partir. Precisava daquele tempo sozinha, por mais que o lugar que estava indo fosse justamente onde ela frequentemente aparecia acompanhada.

Conforme as botas afundavam na neve e os cabelos castanhos vinham sendo enchidos pelos pequenos floquinhos, Jinsoul sustenta um sorriso divertido nos lábios rosados. Lhe corre um vago pensamento de pegar um táxi, no entanto, logo é dispensado. Não queria perder a oportunidade de sentir a neve na sua pouca pele exposta. Além do mais, a cafeteria não era tão longínqua; uma caminhada de duas quadras, no mínimo. Enquanto andava de uma forma meio dificultosa, aproveita para observar o movimento alheio das ruas. Há poucas pessoas a caminhar, visto que os habitantes da pequena Busan não eram adeptos ao frio e a neve como Jinsoul, que gostaria que todos vissem o inverno com os seus olhos, apenas para ter uma vaga noção da beleza que tal estação poderia proporcionar. Quando o frio chegava, parecia que tudo ficava ainda mais bonito.

Um singelo sorriso adorna os lábios finos da morena, quando avista a construção de tijolos amarelos e estampa amarronzada. Umedece os lábios secos, olhando para os dois lados antes de atravessar a rua na faixa de segurança e esperando o semáforo fechar. Estava ciente que beber café naquele local não seria a mesma coisa sem ela lhe fazendo companhia, mas agora teria que se virar para se acostumar a fazer as coisas e frequentar aqueles lugares todos sozinha. As memórias e a sensação de nostalgia lhe fazem ter um pequeno incômodo na cabeça, como se fosse uma vaga dor.

Ao adentrar o local e escutar aquele sino de presença mais uma vez, analisa o local da forma mais minuciosa possível para concluir que nada havia mudado. As mesas e cadeiras de madeira pura continuavam nos mesmos lugares, assim como o balcão de pagamento da mesma forma que a atendente continuava sendo a mesma, com aquele mesmo coque e aquela mesma carranca que carregava todas as manhãs de inverno. Jinsoul sorri ao reparar em cada detalhe, se desvencilhando lentamente do cachecol enquanto limpava a sola das botas no tapete de boas-vindas.

— Jung Jinsoul? — a atendente pronuncia seu nome em um timbre surpreso, lhe encarando de olhos arregalados — Há quanto tempo não aparece por aqui?

— Bom dia, senhorita Im — a morena sente-se feliz ao perceber que a atendente se lembrava bem dela, enquanto andava lentamente até a frente do balcão — Como as coisas estão indo por aqui?

— Ah, muitos altos e baixos desde que a minha mais fiel cliente resolveu sumir sem dar notícias — a senhorita Im fala divertida, apoiando os cotovelos no balcão — Como você está? E a Jungeun?

Jinsoul sente um gosto amargo se alastrar pelo seu paladar ao escutar tal nome.

Como diria aquilo à ela?

— Eu… Nós não estamos mais… — gagueja ridiculamente, gesticulando com as mãos sem saber explicar.

— Oh! — a senhora Im contrai uma expressão surpresa — Entendi, sinto muito. Vocês duas formavam um belo casal.

A Jung força um sorriso, e seus músculos faciais quase não a obedecem.

— Por onde você esteve, criança? Simplesmente sumiu do mapa! — a mulher usa um tom de voz repreensivo, tateando o balcão a procura do menu. Jinsoul acaba por rir timidamente de sua indignação.

— Eu passei alguns meses fora do país, senhorita Im. Precisava tirar esse tempo para mim e me livrar da exaustão mental e do peso em meus ombros — a jovem confessa, arrastando as unhas longas pelo tecido do cachecol.

— Entendo… — a mulher de meia idade estende o menu para a moça em sua frente — O que vai querer, querida?

Jinsoul pega o menu em mãos, vagueando os olhos por cada opção de café disponível.

— Um chocolate quente simples, por favor — pede educada, devolvendo o papel envolto por um plástico fortificado.

Enquanto seu pedido é preparado, a morena vira-se para trás e escolhe a dedo uma mesa qualquer para se sentar. Encaminha-se rapidamente até a mesa, pendurando sua bolsa na cadeira logo depois de retirar de dentro desta sua carteira para pagar pelo chocolate.

— Você pode guardar isso, Soulie. É por conta da casa — A senhora Im fala depressa, quando avista a cliente abrindo sua carteira e procurando alguns trocados.

— O que? Não, senhorita Im, não é justo. Desapareci sem lhe dar notícias, o mínimo que posso fazer é pagar — a Jung esbraveja, os olhos minimamente arregalados.

— Apenas aproveite o chocolate, criança — a mulher pisca o olho direito, enquanto coloca a sua mão sobre a mão de Soulie que ainda segura a carteira, abaixando lentamente até que o braço da mais nova ficasse normal.

Jinsoul opta por não pestanejar a mais velha, e apenas bufa por não ter pago sua bebida. Volta para a mesa que escolheu, sentando-se delicadamente sobre a cadeira enquanto encaminha o copo até a fenda de seus lábios. O sabor tão familiar da bebida faz a jovem suspirar de olhos fechados, sentindo aquele gosto que ficou tanto tempo sem saborear. Não era à toa que aquela era sua cafeteria favorita da cidade.

De cabeça baixa, a Jung apenas desfruta de seu delicioso café, tão distraída que não presta atenção quando o sino da porta toca algumas vezes e nem na voz da senhorita Im atendendo outros clientes. Estava imersa nos próprios devaneios, analisando o copo bonito do chocolate, até uma voz tristemente familiar chamar sua atenção.

— Posso me sentar aqui? 

Com as mãos trêmulas, Jinsoul solta o copo do chocolate e ergue os olhos na direção daquela garota que conhecia tão bem.

Era ela.

Era Kim Jungeun.

O brilho no olhar da outra ainda era o mesmo, assim como o cacoete de nervosismo ao reparar no lábio inferior preso entre os dentes. Os olhares se mantinham conectados em profundo silêncio, pois no momento Jinsoul perdeu a voz para falar. 

— Jungeun… — seu sussurro segreda o nome da outra, que sorriu minimamente ao escutá-lo sair pelos lábios rosados de Jinsoul; aquele maldito sorriso também ainda era o mesmo, mas não durou por muito tempo: — Tem outras mesas disponíveis aqui, você pode se sentar em qualquer uma delas.

Jinsoul quis que sua fala saísse seca ou rude para espantar Jungeun, mas saiu apenas melancólica e vulnerável. Não conseguia controlar seu timbre na presença daquela que foi motivo de todas as suas noites de insônia e choros desenfreados.

— Mas eu quero me sentar aqui, com você. Soube que viajou… — conforme fala, a voz de Jungeun vai abaixando o tom.

— Viajei, mas isso não é da sua conta — Jinsoul cruza os braços e desvia o olhar, parecendo uma criança birrenta.

Jungeun engole em seco, arrastando a cadeira para trás e sentando-se sobre ela.

— Que lhe deu o direito de sentar aí? — a Jung franze o cenho e enruga o nariz, coisa que só fazia quando estava incomodada com alguma coisa.

— Minhas pernas estão cansadas — Jungeun ajeita-se na cadeira, colocando sua bebida na mesa.

— Veio aqui para me fazer chorar mais uma vez? — seu questionamento é baixo, tão baixo que se Jungeun não estivesse tão próxima, não teria escutado.

— Não! É claro que não — se apressa em responder, gesticulando com as mãos — Eu não sabia que tinha voltado, tão pouco que havia ido viajar. Mas, Haseul veio me perguntar para qual lugar você havia ido viajar e eu não soube responder, e foi quando eu me dei conta de que você tinha partido. E, por mais que não pareça, eu te encontrar aqui, nesse lugar, é uma grande coincidência.

Jinsoul pisca vagarosamente, não colocando muita fé nas palavras de sua ex companheira.

— Faz muito tempo que eu não venho a este lugar, desde que nós nos separamos, especificamente. Acho que, foi apenas obra do destino — a Kim confessa, com um sorriso sem graça pintado nos lábios cheios.

Jung Jinsoul e Kim Jungeun viveram um lindo e harmonioso romance, daqueles que, se contassem, poderia facilmente virar um tema de novela ou talvez de um livro. No entanto, o destino decidiu pregar uma peça em Jinsoul ao que o relacionamento começou a desandar por conta da ocupação de Jungeun com o emprego que tanto desejou conquistar. Depois de formada, a Kim teve a grande sorte de conseguir ser contrata como médica no hospital que sempre quis, o problema, era que isso lhe subiu completamente à cabeça. Jungeun nunca estava em casa para fazer companhia à Jinsoul, estava sempre procurando alguma coisa para fazer como se quisesse ficar longe da companheira, mesmo que tivesse momentos de folga. O apartamento em que dividiam passa a ser ocupado por uma só pessoa, uma vez que a Kim decidiu se mudar para uma casa pequena mais perto de seu emprego sem se importar realmente com os sentimentos da namorada.

Jinsoul não tinha mais suas ligações atendidas ou respostas das mensagens com tanta frequência, e muito menos visitas de Jungeun no apartamento que um dia moraram juntas. Sentia-se vazia em meio ao lugar grande e seus estudos, sem aquela que ama para dizer que tudo ficaria bem, até porque esta demonstrava não se importar tanto e agia como se essa distância fosse algo normal, quando não estava sendo nem um pouco saudável para nenhuma das duas jovens. Jinsoul não queria depender de alguém que apenas mandava mensagens de eu te amo e buquês de flores em vez de visitá-la, ao menos. Não queria viver às custas de um amor que estava lhe destruindo, e para o bem da sua própria saúde decide findar aquilo que ela e Jungeun sustentaram por dois ou três longos anos. Ou talvez, quisesse apenas se resolver com aquela que amava.

No entanto, teve uma surpresa muito maior e dolorosa.

No exato dia em que estava se aprontando para ir a casa de Jungeun e conversar sobre sua decisão de terminar ou não relacionamento, Jinsoul recebeu em sua caixa de correios uma carta sem remetente. No entanto, ao abri-la, não demora mais de cinco segundos para reconhecer aquela letra. Leu cada frase enquanto as lágrimas que escorriam de seus olhos enfeitam o papel meio amassado, e as mãos trêmulas quase deixam a carta cair.

Jungeun havia sido convidada para prestar seus serviços de médica em um hospital da Dinamarca, há dois meses atrás. Ela havia escondido isso de si durante todo esse tempo e, para completar, decidiu ir viajar sem lhe contatar.

Se antes Jinsoul estava se sentindo péssima, agora se sentia pior por saber que estava sendo um peso nas decisões da ex companheira.

No fim, restaram apenas as boas lembranças do início daquele relacionamento, pois depois de ser lida e relida, a carta foi rasgada em pedaços e jogada no lixo. E, menos de um mês depois, a Jung decidiu tirar um tempo para si e viajar para Berlim.

— Não sei como pode falar de destino em uma situação dessas — Jinsoul resmunga, recebendo o olhar de Jungeun em si.

— Jinsoul… — ela inicia, com um suspiro.

— Jungeun, além de me deixar sozinha, você achou que eu fosse me opor em algo que faz parte do seu sonho e te faz feliz. Tem ideia do quanto isso me machucou? — Jinsoul interrompe, seca — Se você não confiava em mim, bastava ter falado que eu ia entender, você não era obrigada a me amar de volta. Mas, isso também não te dava o direito de me isolar e agir como se eu não existisse!

— Para! — Jungeun eleva sua voz, chamando a atenção de alguns clientes sem querer — Eu errei com você, Jinsoul. Errei muito e não há justificativas para os meus atos! — suspira, abaixando o olhar — O meu medo não era você discordar da minha ida, mas eu sabia que bastava apenas uma expressão triste ou um adeus da sua parte para que eu desistisse de tudo e voltasse para você. Por isso, eu…

— Por isso você foi sem me avisar e me enviou apenas uma carta... — Jinsoul estala a língua no céu da boca, sentindo seus olhos arderem como o inferno. 

— Eu sempre fui muito dependente de você, Jinsoul, por mais que não pareça — Jungeun admite, olhando para sua bebida que, àquela altura, já estava fria — Eu decidi ir embora ao perceber que estava te fazendo sofrer. Eu não estava sendo boa para você, para a sua saúde, para a gente. Eu não fui uma boa companhia, te deixei sozinha, te fiz chorar e me odeio por isso. Mas… — antes que Jinsoul tivesse o reflexo de desviar, Jungeun toca a mão gelada da outra com a ponta dos dedos — Não estou esperando que acredite em mim ou que me perdoe, mas, apenas precisava dizer que eu te amo. Nunca deixei de amar, Jung Jinsoul.

Algumas lágrimas escorrem pelo rosto bonito de Jinsoul, que não tem forças para afastar a mão de Jungeun de si. A questão é que a Jung sempre foi completamente apaixonada pela Kim e, mesmo com a viagem e todo o tempo para pensar, a única que corria em sua mente era ela. Não se via conseguindo amar outra garota sem ser seu primeiro amor. Aquela que arrancou seus sorrisos, aquela com quem teve suas primeiras brigas, primeiras vezes, tudo.

E-Eu… — não consegue terminar sua fala, visto que estava soluçando e só naquele momento percebeu que estava chorando.

Jungeun apressou-se para levantar da cadeira e secar as lágrimas de Jinsoul com o cachecol que estava usando. Seguidamente, engole em seco, abaixando-se ao lado da outra morena com o receio escorrendo de seu olhar.

Me deixa cuidar de você, Jung Jinsoul…

Pede, como se estivesse dizendo a ela um segredo. E Jinsoul, por sua vez, involuntariamente sorriu de forma sutil. Um sorriso tão pequeno que se Jungeun não estivesse tão perto, não teria avistado. Também tocou a mão da Kim coberta por uma luva, umedecendo seus lábios.

Então, faça minha decisão valer à pena, Kim Jungeun.


Notas Finais


Então, foi isso. Espero que tenham gostado e não se esqueçam de usar o álcool em gel, se cuidarem e respeitarem a quarentena não saindo de casa, sim? Cuidem uns do outros e cuidem de vocês mesmos, é muito importante que possamos combater esse vírus.
A capinha maravilhosa foi feita pela minha musa, @poetyeeun. Mimem muito ela porque ela merece, é um amorzinho com um coração enorme e muito talentosa ♡♡
Acho que, é isso. Não deixem de comentar o acharam pois sempre respondo tudo. Enfim, até a próxima história ♡


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