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História Sing For You - Itaewon night


Escrita por: jongstar

Notas do Autor


Muito obrigada pelos 200 favoritos!!!! Não ligo muito para os números, mas ver minha bebê crescendo assim me deixa muito feliz! Sou grata a todos os leitores antigos que permanecem comigo e aos novos que chegaram agora. Vocês são incríveis!


Novos personagens aparecem hoje e eu tô taaaao animada!!!!!

Capítulo 15 - Itaewon night


Fanfic / Fanfiction Sing For You - Itaewon night

Algum tempo depois


 

Aquele era o primeiro encontro de Kyungsoo em muito tempo, e ele se sentia tão nervoso ao ponto de querer vomitar. Era terrível sofrer com aquele tipo de ansiedade, pois uma hora e meia atrás, quando ele ainda estava em casa, tudo estava bem. Mas agora, prestes a chegar no local e encontrar o cara com quem tinha marcado, seu nervosismo era tanto que ele tinha vontade de simplesmente sair correndo.  

Ele teve que respirar fundo diversas vezes, disposto a não desistir e fugir como um covarde. Precisava se controlar e não deixar a autossabotagem vencer de novo. Não seria fácil, mas a partir do momento que já tinha marcado e desmarcado outros encontros antes, ele se esforçaria ao máximo para conseguir ao menos uma vez. 

Itaewon era muito cheia e barulhenta, por isso ele teve dificuldades em encontrar o barzinho onde tinha marcado com Jongdae. E a enorme quantidade de turistas estrangeiros não ajudava. Kyungsoo notou que havia gente de toda parte do mundo transitando pelas ruas e também um considerável número de pubs gays ao lado das casas noturnas. Ele, sendo um rapaz tímido e até meio caseiro, sentia-se atordoado com tanta novidade. 

Também estava fascinado. Era até uma vergonha que ele não conhecesse bem o lugar, pois de fato não saía muito de casa e era escravizado por sua rotina. Entretanto, agora que tinha mais tempo livre, ele queria explorar os lugares aos quais nunca fora e fazer coisas que não estava acostumado a fazer. Queria ousar, se divertir. 

Queria, acima de tudo, deixar seus problemas anteriores de lado de uma vez  por todas e mostrar para a irmã que ele não precisava sair do país para se aventurar. Ele só precisava dar um passo de cada vez e ter um pouco de ousadia.

E a sua ousadia daquela noite tinha nome e sobrenome: Kim Jongdae.

Quando Kyungsoo o encontrou no meio da multidão sorrindo para si, sentiu-se mais confiante e foi até ele, com a sensação de ser o cara mais sortudo do mundo só por estar fora de casa em uma sexta à noite tendo um encontro com um cara gostoso. 

— Você demorou, achei que me daria um bolo. — Jongdae o cumprimentou com um beijo rápido no cantinho da boca. Eles estavam flertando através de mensagens há dias, mas aquela atitude ao vivo não deixou de surpreendê-lo. Jongdae era realmente ousado e Kyungsoo adorou aquilo.

— Desculpe, não foi minha intenção me atrasar tanto. — Kyungsoo sorriu, disposto a afastar todo o seu nervosismo. — Estou feliz em ver você.

Jongdae também sorriu, guiando-o pelo bar até a mesa que tinha escolhido, um tanto mais afastada das outras para que pudessem ter mais privacidade.

Eles se conheciam há muito tempo. Jongdae era músico e costumava ser seu parceiro no restaurante de Jongin antes de precisar se ausentar e ser substituído por Chanyeol. Depois disso, Kyungsoo soube que ele viajou para o exterior e ficou fazendo intercâmbio por alguns meses, o que talvez explicasse seu comportamento mais desinibido.  Ou nem tanto.

Jongdae já tinha uma terrível fama de cafajeste antes mesmo de viajar. Ele era do tipo que colecionava homens e mulheres por onde passava e diziam que ele não costumava perder tempo entre um caso e outro. Não que Kyungsoo se importasse com aquilo, ele simplesmente não ligava para o que falavam de Jongdae pelas costas. Também não estava usando-o com o propósito de esquecer suas desilusões amorosas. Longe disso. 

Na verdade, estava implícito que ambos não queriam nada além de uma noitada. Por incrível que pareça, Kyungsoo estava verdadeiramente animado com a perspectiva de ficar com alguém sem compromisso e, se tudo desse certo, a noite terminaria em sexo.

Contudo, ele não queria ser tão apressado. Queria conversar, ouvir as histórias de Jongdae e beber até relaxar e se sentir mais à vontade antes de irem para a cama. O Kim era uma boa companhia, mas tinha o péssimo hábito de falar mais sobre si mesmo e não ouvir muito os outros. Kyungsoo, tímido e sem ter muitas coisas legais sobre si para contar, deu graças a Deus por aquilo. 

Porém, após um tempo, ele começou a ficar entediado. Jongdae falava tanto que era até difícil de acompanhar seus assuntos. Kyungsoo chegou a se perguntar se ele estava agindo daquela forma para impressioná-lo com as histórias de suas viagens, mas provavelmente não. Era só o jeito dele mesmo. 

Horas depois, quando eles já tinham pedido a conta,  Kyungsoo ainda sentia-se nervoso e começou a se questionar se queria mesmo seguir com aquilo.  Sua garganta  estava seca e ele foi dominado pelo pânico. Qual seria a reação de Jongdae se ele desse para trás agora? 

Jongdae, alheio aos seus sentimentos, pegou sua mão com a maior naturalidade do mundo e sorriu enquanto caminhavam juntos, animado com as suas expectativas para o fim da noite. Kyungsoo o invejou, pois desejou também poder ficar tranquilo e agir com aquele tipo de naturalidade, sem ficar nervoso e travando o tempo inteiro como fazia. 

Por fim, ele não desistiu. Era estranho andar de mãos dadas com um cara que nem sequer gostava dele e só queria transar, mas Kyungsoo queria aquilo também, não queria? Ele tentou não se importar muito com as circunstâncias e ignorar o fato de que Jongdae era um milhão de vezes mais experiente na cama do que ele. 

Eles eram apenas dois jovens solteiros em busca de prazer e querendo se divertir, concluiu, tentando ficar calmo.

Todavia, seu esforço foi por água abaixo ao ver Chanyeol inesperadamente caminhando em sua direção. Ele se assustou com aquela coincidência, perguntando por que diabos ele também estava em Itaewon justo naquela noite. 

E o pior de tudo é que ele não estava sozinho.



***



Yixing e Yoona precisaram insistir muito para que Chanyeol os acompanhasse até Itaewon naquela sexta à noite. O Park estava meio deprimido e não sentia ânimo nenhum para sair de casa, mas a insistência dos amigos foi tanta que ele acabou cedendo. 

— Você vai adorar vir com a gente, Yeol. Tudo que você precisa agora que está solteiro é sair para paquerar, beber, se divertir… Não dá para ficar em casa o tempo todo pensando na Baek e sofrendo por aquela maluca — disse Yoona inocentemente, pois ela nada sabia sobre seus problemas atuais. Quem dera se fosse Baekhee o motivo do seu sofrimento. 

Eles foram a uma casa noturna onde Amber, uma de suas amigas, trabalhava como DJ e Chanyeol até que tentou se divertir, mas parecia que o destino já tinha outros planos para ele naquela noite.

A primeira confusão aconteceu com Yoona, que foi assediada por um grupo de universitários, o que fez Chanyeol partir para cima deles sozinho para defendê-la. Depois com Yixing, que se envolveu em uma briga com um grupo de turistas chineses da sua cidade natal, resultando na expulsão de vários deles e por sorte eles também não foram expulsos. E, para completar o combo de desgraças, Baekhee também estava na balada, completamente bêbada e espalhando o caos por onde passava. 

O fato dela estar terrivelmente alcoolizada preocupou Chanyeol. A Byun sempre teve um comportamento irresponsável, mas parecia estar exagerando cada vez mais. Há dias que ele não a via nem ela entrava em contato, era como se ela estivesse determinada a se afastar dele e esquecê-lo, uma vez que já sabia que Chanyeol já estava em outra.

Quando ela o viu ao lado dos amigos até acenou e deu um sorrisinho forçado, mas não se aproximou do grupo nem nada. Continuou dançando e bebendo descontroladamente como se não houvesse amanhã.

Yoona, que assim como Tao a detestava, fez um comentário nada agradável sobre a situação em que ela se encontrava, mas Chanyeol a ignorou. 

Eles a perderam de vista e Chanyeol só soube dela horas mais tarde, quando Yixing o chamou, preocupado. 

— Olhe naquela direção — ele apontou, gesticulando para receber a devida atenção por causa da música alta.  — Aquele cara e a Baekhee… Ele não parece estar se aproveitando dela?

Chanyeol demorou a localizá-la com os olhos. Entre tantas pessoas, era difícil enxergar o que acontecia claramente. Para ele, Baekhee só estava dançando perto demais de um desconhecido, mas Yixing acompanhava seus movimentos, aflito.

Baekhee mal se aguentava em pé e era abraçada por um homem que não era asiático e tinha o dobro do seu tamanho. Ela tentava dançar e permanecer onde estava, mas ele insistia em sair da boate com ela.

Yixing não esperou mais nada, deixou Chanyeol onde estava e correu na direção deles, interrompendo seja lá o que pudesse acontecer.

— Baekhee! — chamou, usando um tom exageradamente alto e atraindo a atenção dela. — Você está bem?

Ela piscou algumas vezes, como se não estivesse reconhecendo-o nem entendendo o que ele estava falando. Yixing, assim como Tao e Yoona, dividia o aluguel com Chanyeol, mas ela quase não o via em casa e portanto demorou a se lembrar dele. Sua mente estava confusa e tudo parecia fora do lugar. 

— Você está bem? — ele repetiu a pergunta e segurou o rosto dela delicadamente com as mãos, fazendo ela focar os olhos nele e ficando bem próximo para ser ouvido. — Baek, sou eu, Yixing, por favor...

— Yixing...? — repetiu ela, como se não fosse capaz de outra coisa além disso.

She's my girlfriend. Get out of here! — gritou o homem em inglês, empurrando Yixing para trás e puxando-a pelo braço. O fato dele nem ao menos falar o idioma dela só serviu para deixá-lo ainda mais revoltado, e ele estava prestes a avançar com tudo contra ele quando Chanyeol apareceu.

Todos ao redor estavam alheios ao que estava acontecendo — e o que teria acontecido com Baek se Yixing não tivesse interrompido — mas o estrangeiro, ao ver o tamanho de Chanyeol e concluir que agora seriam dois contra um, se deu por vencido e a largou, saindo da boate em passos rápidos pela saída dos fundos, a mesma por onde ele pretendia ir embora com ela. 

— Chanyeollie! — Baekhee se jogou em seus braços, sendo amparada no mesmo instante. 

Yoona, que até o momento observava a cena à distância, foi ao encontro dos amigos, preocupada. 

— Ela está bem? 

— Eu preciso ir ao banheiro — Baekhee mal foi capaz de dizer a frase inteira, colocando as mãos inesperadamente na boca, indicando que estava prestes a vomitar. 

— Você pode ir com ela? — pediu Chanyeol à amiga, com um olhar que já antecipava um pedido de desculpas. 

— É claro. — Não importava o quanto Yoona não gostasse de Baekhee, ela nunca deixaria uma garota sozinha naquele estado.

Imediatamente após chegarem no banheiro feminino, Baekhee começou a vomitar e também chorar alto. 

Yoona até segurou seus cabelos enquanto ela vomitava e a amparou como se fosse uma velha amiga, apesar de estar totalmente enojada pela situação. 

— Você não precisa ficar assim pelo Chanyeol — disse ela depois de um tempo. — Eu sei que ele pode até ser maravilhoso e tudo mais, mas ele continua sendo só um cara. Não precisa se acabar assim por causa dele. Há centenas de homens por aí que fariam de tudo para ficar com você…

— Foda-se o perdedor do Chanyeol. Tenho problemas maiores do que isso. — Ela quase engasgou com o próprio vômito, em um estado degradante, e deixou escapar com a voz falha: — Eu… E-eu não sei se quero casar agora.

— Casar? Como assim casar? É de casamento que você está falando? — perguntou Yoona após ouvi-la, confusa sem entender sobre o que ela estava falando e Baekhee começou a chorar mais ainda.

Ela chorou torrencialmente por longos minutos e vomitou mais algumas vezes. Yoona estava prestes a morrer de preocupação, achando que aquela noite não teria fim, mas de repente Baekhee pareceu melhorar. Como uma fênix renascendo das cinzas, ela levantou do chão do banheiro e foi até a pia lavar o rosto e refazer a maquiagem, recuperando-se completamente.

Yoona até a olhou com certa descrença e deslumbramento. Baekhee era uma femme fatale de dar inveja a qualquer uma. Com o batom vermelho e intenso da mesma cor que os cabelos, e o slip dress preto curtíssimo somado aos saltos altos, Baekhee talvez fosse a mulher mais linda que Yoona já vira na vida. 

— Se eu não fosse hétero eu poderia facilmente me apaixonar por você — ela imitou um suspiro teatral e a Byun riu.

— Obrigada. Por toda a ajuda aqui, eu quero dizer. Sei que você só fez isso pelo Chanyeol…

— Não fiz nada por ele, fiz por você. E teria feito o mesmo por qualquer outra garota — ela  declarou. 

— Certo. Obrigada mesmo assim.

Elas saíram juntas do banheiro e Yixing se surpreendeu ao ver Baekhee com aquele novo estado. 

— Como você pode estar assim?! Vocês demoraram tanto que eu achei que você tivesse morrido lá dentro!

— Morrer por tão pouco? — Ela fez pouco caso, sentindo-se ótima pelo olhar de admiração que recebeu dele.

— Você quer que eu chame um táxi para você? — Chanyeol perguntou.

— Por que você espera que eu vá embora agora? Eu já estou pronta pra outra! — Ela se afastou deles, prestes a retornar à pista de dança, mas decidiu dar a volta no meio do caminho. — Eu tenho um camarote só para mim, então se vocês quiserem me acompanhar…

— Acho melhor não, Baek — respondeu Chanyeol por todos.

— Yoona? Yixing?

— Acho que eu mereço, vai… — Yoona disse baixinho para Chanyeol. — Além do mais, é a primeira vez que ela é legal com a gente…

— Tudo bem — ele decidiu concordar e os três  a seguiram. 

Baekhee sentiu-se estranhamente feliz por ter companhia. Ela não costumava sair acompanhada por amigos (sequer os tinha) e agora que estava solteira, sentia-se mais solitária do que nunca.

Ela reconhecia que não era a garota mais simpática do mundo, principalmente com os colegas de dormitório do ex-namorado, mas iria se esforçar para ser agradável. Ela não tinha mais o que perder e além disso, era um alívio que Tao, seu maior desafeto entre eles, não estivesse presente. 

— Peçam o que quiserem, é tudo por minha conta — informou quando chegaram à área VIP.  Yoona chamou Chanyeol para conversar a sós e Yixing foi sentar perto dela.

A Byun cruzou e descruzou as pernas, desconfortável pelos acontecimentos recentes e também por não saber o que conversar com ele. 

Yixing, ao contrário de qualquer outro cara que poderia se aproveitar da situação e olhar para o corpo dela naquele vestido sem pudor, retirou a jaqueta que estava usando e a colocou no colo dela gentilmente, cobrindo-lhe as pernas. Baekhee ficou surpresa com o gesto de cuidado e teve dificuldades em controlar uma súbita risadinha.

— Oh, obrigada… 

Yixing não esperava agradecimentos, ele era genuinamente cavalheiro. Contudo, tão perto como estavam, ele não soube reagir ao sorriso que recebeu. Ele sentia até dificuldade em olhar diretamente para ela, porque era do tipo que ficava nervoso ao lado de uma mulher bonita. 

Baekhee, com seu jeito perspicaz, notou aquilo e teve que se controlar para não rir de novo. Ele era uma graça.

— E obrigada também por mais cedo, se não fosse por você…

— Você não deveria beber tanto — ele disse simplesmente. — Principalmente quando estiver sozinha, porque nem sempre vai ter alguém para salvar você de situações como aquela.

— Eu costumo estar sozinha sempre, mas geralmente não preciso ser salva, então não se preocupe. 

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, até decidir continuar a conversa com algo que o incomodava. 

— Você parecia ter dificuldades para lembrar de mim.

— Por que eu deveria…? 

— Eu sou seu veterano na faculdade, Baek. Nós até fazemos algumas aulas juntos.

Aquela parecia ser uma informação completamente nova para ela, mas ela nem ao menos se envergonhou.

— Ah, eu odeio aquele curso, então tento absorver o menos possível de tudo. Eu nunca sequer notei você lá, para mim você era apenas o amigo chinês do ex-namorado — deu de ombros.

A franqueza com a qual ela respondeu o fez rir, fazendo com que ele exibisse adoráveis covinhas.

— Por que você odeia Administração?

— Porque acho um porre. Se eu pudesse ter escolhido por mim mesma o que cursar, teria feito… — Apesar dela estar respondendo meio sem vontade, Yixing ouvia-a com muito interesse. Mas ele não conseguiu descobrir qual curso ela teria escolhido, pois Chanyeol retornou com Yoona, interrompendo a conversa deles repentinamente, fazendo uma pergunta com um tom de urgência na voz.

— Baek, que história é essa de casamento?

Ela lançou um olhar nem um pouco amigável à garota, mas decidiu responder cinicamente, com falsa animação.

— Estou noiva, você não sabia? Vou me casar em breve. 

— Noiva?! Como assim noiva? Como isso aconteceu? — Chanyeol perguntou, incrédulo.

Baekhee olhou para Yoona e Yixing, desconfortável por ter aquela conversa com Chanyeol na frente deles, mas resolveu responder.

— Quando meu pai viu que nós tínhamos terminado de vez, não tardou em me arranjar um compromisso que nos beneficiasse da melhor forma possível...

— Um casamento arranjado?! — Yoona conteve o desejo de rir, chocada. — Achei que essas coisas só acontecessem em novelas. 

— É mais comum do que você imagina — Baekhee respondeu, desta vez com a voz inexpressiva. — Se você fosse tão rica como eu sou, iria saber que dificilmente poderia se casar com qualquer um. 

— Casamentos não passam de negócios — concluiu Yixing. 

— Exatamente. 

— Por que você não me contou antes? — Chanyeol estava perplexo com a situação. 

Ela apenas arqueou uma sobrancelha, como se dissesse "e você acha que eu não tentei?" e em razão disso, ele sentiu-se inesperadamente culpado pelo dia que ela fora a sua casa tentar conversar e ele a encheu com seus problemas envolvendo Kyungsoo. 

— Tudo isso me parece horrível, Byun — disse Yoona, compadecida. Baekhee não gostou nada dos olhares de pena que foram dirigidos a si.

— Bem, não é como se eu tivesse sido pega de surpresa. Eu sempre soube que algo assim iria acontecer um dia. Para que eu possa assumir a companhia da família, é claro que teria que casar com um herdeiro à altura.

— Por que você precisa estar ao lado de um homem para herdar o que já é seu por direito? Eu simplesmente não consigo entender a lógica de tudo isso — Yoona se exaltou. — Mas e você? E o que você quer não importa?

— Eu preciso de uma bebida — ela se esquivou, prestes a levantar, mas Yixing foi mais rápido. 

— Deixa que eu pego para você.

— Então é por isso que você está agindo dessa forma? — Yoona continuou, referindo-se ao comportamento autodestrutivo dela. — Eu sei que você não quer esse casamento. Oh, eu nem consigo imaginar o quão desesperador é estar em uma situação como essa…

— Eu quero me casar! — retrucou Baekhee grosseiramente, como se precisasse afirmar aquilo em voz alta até convencer a si mesma de que falava a verdade. — Você não sabe de nada. O que eu disse no banheiro foi porque… Porque eu estava bêbada, oras!

— É um absurdo que o seu pai controle a sua vida dessa forma — Chanyeol se pronunciou com indignação. — Você sabe que não precisa seguir à risca todas as ordens dele. É a sua vida, Baek, você que tem que assumir o controle. 

— E o mais importante: você deveria se casar com alguém que ama — Yoona acrescentou. 

Baekhee teve vontade de rir. Era engraçado aquelas pessoas fingirem que estavam tão preocupadas, pois ninguém ali gostava ou se importava com ela de verdade. Nem mesmo Chanyeol, pois se gostasse, não teria ignorado-a durante todo aquele tempo como tinha feito. Ou melhor, não teria se apaixonado por outra pessoa na primeira oportunidade.

— O amor não é importante.

Yixing retornou com uma garrafinha de água e entregou para ela.

— Eu não preciso de água, quero qualquer coisa que tenha álcool.

— Acho que você já bebeu demais por hoje. Você não pode passar dos limites de novo — aconselhou Yixing com uma voz suave, mesmo que ela tenha olhado-o com raiva. 

— Como você pode dizer que o amor não é importante, Baek? — Yoona fez a pergunta que Chanyeol queria fazer. 

Baekhee, como uma garota que nunca se sentiu verdadeiramente amada na vida, nada respondeu. Ela segurou o ar com força, temendo explodir. Ainda não estava sóbria o bastante para dialogar muito e também não queria expor para aqueles desconhecidos toda a sua fragilidade emocional.

— Para mim, o dinheiro é o mais importante e está acima de tudo. Até mesmo do amor. É por isso que vou me casar. Não estou fazendo isso por causa do meu pai, essa é uma decisão minha e eu escolho o que for melhor para mim.

— Não é o que parece — Yixing disse baixinho. — Mas talvez seja nisso que você queira acreditar.

Ela até tentou retrucar, mas não conseguiu. De repente, a música que já estava alta demais tornou-se ensurdecedora e ela sentiu-se fraca e sufocada. Baekhee tentava a todo custo preencher o seu vazio, seja com festas, roupas caras ou bebida, mas naquele momento o vazio era tão grande que ela sentiu que poderia ser esmagada por ele. O pior de tudo é que ela sentia-se incompreendida e sozinha.

E não há solidão pior do que aquela que você sente quando está no meio de uma multidão, acompanhada por pessoas que nada sabem sobre você e ainda te olham como se você fosse digna de pena.

Ela sentiu mais vontade ainda de chorar e desejou desaparecer, por isso mal murmurou palavras desconexas de despedida e saiu correndo, quase tropeçando nos próprios saltos.

— Você precisa ir atrás dela — disseram Yoona e Yixing.

Chanyeol, embora cansado de sempre correr atrás da ex-namorada, obedeceu. 

— Você não deveria ter vindo atrás de mim — ela disse quando ele a alcançou, já fora da boate. — Não quero ouvir nada que você tenha a dizer. Volte para os seus amigos e me deixe em paz!

— Nós não precisamos conversar agora, Baek. Mas depois, quando você quiser conversar…

— Lembro-me claramente de você dizendo que eu não posso mais voltar na sua casa — debochou, fazendo a culpa de Chanyeol aumentar. 

— Desculpe, mas eu não sabia o que estava acontecendo… Eu nem tinha como saber, se eu soubesse…

— Se soubesse, faria o quê? Você iria fugir comigo, por acaso? — Baekhee o encarou como se sua presença fosse chata  e inconveniente. — Não há mais nada entre nós, Chanyeol, então não precisa mais agir como se fosse o meu porto seguro. Eu não preciso de você.

Baekhee seguiu andando apressada e incomodada com os saltos, amaldiçoado a si mesma por ainda não ter ligado para o próprio motorista. Iria demorar uma eternidade até ele aparecer para buscá-la.

Chanyeol, despedaçado e sem saber exatamente o que dizer, continuou seguindo-a. Sentia muito por ela, ao ponto de se responsabilizar por parte da dor que ela estava sentindo. 

—  Pare de me seguir!

Baekhee, dominada pela raiva e descontentamento, teria iniciado mais uma de suas cruéis discussões se não tivesse visto o que viu. Um pouco mais adiante, na mesma calçada, estava Kyungsoo caminhando de mãos dadas com um rapaz.

Itaewon era conhecida por sua diversidade em todos os aspectos, então não era grande coisa dois homens passeando juntos de mãos dadas àquela hora da noite, mas o fato daquele homem em questão ser Kyungsoo a incomodou. Isso porque ela pouco sabia como ele e Chanyeol estavam atualmente, mas de uma coisa tinha certeza: era nítido que Chanyeol tinha desenvolvido sentimentos por ele, apenas não se dera conta daquilo ainda. 

Ela, sendo sua ex-namorada, sabia melhor do que ninguém  o quanto ele era terrivelmente lerdo se tratando de questões sentimentais. No entanto, ela não repetiria o mesmo erro que cometeu ao apontar que Chanyeol estava começando a gostar de Kyungsoo, queria que o ex concluísse (e aceitasse) aquilo sozinho. 

E no fundo, bem que doía a possibilidade de vê-lo se relacionar com outra pessoa tão rápido assim, mas a Byun tentava não pensar muito nesse assunto. Invés disso, limitava-se a pensar que, como eles não poderiam mais ficar juntos, Chanyeol deveria ao menos ficar ao lado de alguém que gostasse dele e o fizesse feliz.

Ela até podia ser meio desequilibrada em vários aspectos, mas não era egoísta.

Sendo assim, em uma atitude impensada, ela puxou Chanyeol pelo braço, fazendo-o dar meia volta. Ele estava tão focado nela que sequer tinha visto Kyungsoo com seu acompanhante. E ela não quis deixar que ele fosse magoado pela cena.

— Baek, o que você está fazendo? — Ele estava tão confuso que mal se moveu, mesmo que agora ela estivesse puxando-o com força na direção contrária. 

— Vamos voltar — ela disse apressada. — Precisamos… Nós temos que… — Ela ainda não estava inteiramente sóbria, portanto não conseguia formular respostas rápidas nem ter melhores ideias, só queria que Chanyeol não presenciasse aquilo.

— Não vamos voltar, você não pode mais beber por hoje — ele permaneceu imóvel, deixando-a em súbito desespero. — Vem, vou te levar até em casa.

E então Chanyeol se virou e  encontrou Kyungsoo com o olhar. Ele mal manteve os olhos nele e voltou-se para ela, atônito.

— Por que você…?

— Agora ele vai pensar que estamos juntos de novo, idiota! E isso só vai servir para complicar ainda mais as coisas entre vocês.

Chanyeol demorou uma eternidade para entender o que aquilo realmente significava. E quando se conta, continuou sem entender o porquê de Baekhee se importar com aquilo.

— Não seja boba — ele resmungou, oferecendo-lhe o braço como apoio, o que só serviu para aumentar a confusão na mente alcoolizada da garota.

Foi nesse momento que Kyungsoo os viu.

Jongdae não percebeu que ele ficou estranho, mas Kyungsoo apertou sua mão com mais força, sentindo um incentivo repentino para permanecer com aquele encontro e ir adiante para o próximo passo. 

Chanyeol e Baekhee continuaram caminhando, assim como Jongdae e Kyungsoo. Para Kyungsoo, aquele foi um momento torturante e nenhuma outra calçada jamais  parecera tão longa em toda sua vida. 

E quanto a Chanyeol… Aos poucos a ficha foi caindo e ele foi raciocinando com mais clareza, ainda sem entender direito a preocupação de Baekhee consigo, mas ao menos conseguiu desvendar minimamente o que sentia. 

Ver Kyungsoo ao lado de outro cara não foi somente incômodo, também foi doloroso. Aquela sensação não se parecia em nada com a que ele sentia quando o via interagindo com Luhan na escola, por exemplo. Era pior. Infinitamente pior.

Chanyeol se corroeu por dentro, ainda tentando se acostumar com a cena à sua frente e também processar aquele sentimento que aflorava dentro de si. Ele tentou reprimi-lo, pois não se sentia no direito de sentir ciúmes de Kyungsoo. Aquilo era ridículo. 

Kyungsoo e ele não tinham nada. Nem sequer eram mais próximos, pois o menor preferira assim. Portanto, era um disparate que Chanyeol ficasse tão afetado. Kyungsoo era solteiro e tinha total direito de estar em um encontro. Chanyeol não tinha nada a ver com a vida dele.

Kyungsoo pensou o mesmo ao vê-lo com a Byun, por isso não se permitiu ficar chateado. Chanyeol não tinha mais o poder de afetá-lo como outrora. 

Quando eles chegaram no mesmo ponto da calçada, seus olhares se cruzaram com intensidade, mas nenhum deles parou de andar ou disse algo. Kyungsoo apenas o ignorou e Chanyeol fez o mesmo, pois sabia que não tinha clima para simplesmente parar e cumprimentá-lo. Seria melhor agir como se fossem dois estranhos.

— Desculpe por isso, Yeol — Baekhee se obrigou a dizer, tristemente, quando eles já estavam longe o bastante para não serem ouvidos. — Como se não bastasse ter estragado a sua noite e a dos seus amigos...

— Relaxa, Baek. Isso não foi nada. Tá tudo bem. 

Baekhee não era capaz de adivinhar o que Chanyeol estava pensando, mas para sua surpresa notou que ele não estava muito afetado, e sim tranquilo. 

Chanyeol sentia que agora as coisas finalmente estavam caminhando para o seu devido lugar. Era bom ficar perto de Baek com a plena certeza de que não sentia mais nada amoroso por ela, apenas um carinho fraterno. 

Havia fechado aquele ciclo e, com esse mesmo entendimento, ele pensava que Kyungsoo precisava fazer o mesmo em relação a ele. O Do precisava de tempo para lidar ou esquecer seus antigos sentimentos idealizados e tentar novos recomeços.

Talvez Chanyeol até estivesse se apaixonando por Kyungsoo naquela altura, mas saberia esperar até ter certeza absoluta do que sentia, pois não queria ser afobado e correr o risco de magoá-lo. Ele sabia que ainda precisava amadurecer muito emocionalmente e estava tudo bem.

Kyungsoo e ele até poderiam se perder naquele processo, mas quem sabe não acabariam se encontrando de novo? A vida não se tratava apenas de uma linha reta, haviam curvas e obstáculos a serem enfrentados no meio do caminho; e o mais importante: ciclos precisavam ser encerrados para que outros pudessem se iniciar.

Sendo o mais positivo possível, Chanyeol desejou que Kyungsoo não se machucasse de novo na sua própria jornada e que no futuro fosse capaz de dar-lhe mais uma chance. 

Só uma chance era tudo que ele precisava. 




Notas Finais


O que acharam do capítulo de hoje, meus amorzinhos?


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