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História Sing me to sleep - Your Song


Escrita por: FuckingSwen

Notas do Autor


Ih ala, voltei!
Queria agradecer IMENSAMENTE a todos que comentam, elogiam e surtam comigo, e também aos mais de 200 faves numa fanfic que tem só 9 cap kasjdnakjsdn ceis são fodas!

Bom, teremos mais cinco cap depois desse e todos serão repletos de amor e carinho, mesmo vcs n acreditando que eu tenha um coração pra isso.

Boa leitura!!

Capítulo 10 - Your Song


Os dias se passaram num piscar de olhos, tanto para a CEO quanto para a Supergirl. Ambas faziam o possível para passarem um tempo produtivo juntas dentre suas obrigações com seus trabalhos, mas nem sempre era tão fácil. Lena acabou tendo que lidar com mais conferências via Skype, reuniões com um dos grupos responsáveis pelos laboratórios da L-Corp situado em Metrópolis e uma pilha de documentos. Jess a ajudava como podia, porém o trabalho mais pesado ficava com sua chefe. Do outro lado, Kara penava em manter seus dois trabalhos em dia, era realmente complicado achar um equilíbrio entre a vida como Kara Danvers e a Supergirl. No entanto, estava até se saindo bem.

Mesmo diante de todas essas eventualidades e compromissos, ambas mantinham o horário de almoço juntas fixo. Independente do que houvesse, elas sempre se encontrariam para almoçar, ou no restaurante chinês favorito da loira ou no restaurante italiano favorito da Luthor. São pequenos momentos que contam. Não ter uma a outra vinte e quatro horas do dia era desapontador, mas quando se viam era como se o mundo inteiro parasse apenas para contemplá-las. Lena dava demasiado valor a todas aquelas poucas horas que dividia ao lado da namorada. Kara lhe contava sobre seus novos artigos, sobre o quão chato Snapper era, sobre o quão sábia Cat conseguia ser e também sobre o tamanho da saudade que sentia de ficar com Lena. O que a morena concordava que sentia o mesmo, na mesma exata intensidade.

A pequena Danvers ouvia com paciência Lena reclamar de alguns empresários e queixar-se sobre os sapatos que não eram tão confortáveis para visitas e apresentações dos novos laboratórios. Claro, nem todos os almoços eram assim, sobre trabalho e trabalho e mais trabalho, elas também conversavam sobre coisas mais íntimas, como por exemplo seus pesadelos, seus medos e seus melhores sonhos. Na verdade, era incrível como ambas podiam falar sobre qualquer assunto, desde uma receita que queriam fazer — mesmo sabendo que ia dar errado — até sobre questões de meio ambiente, coisa que Kara não entendia muito bem, mas prestava muita atenção.

Como solução para o problema maior em questão — dormirem separadas — as duas decidiram deixar o FaceTime ligado durante a noite. Lena se achava um pouco ridícula por ter chegado a esse nível de saudade num relacionamento, no entanto ela se sentia melhor quando percebia que Kara amava ter sua companhia, mesmo que através da tela de um celular. Em algumas noites, a Supergirl tinha que fazer patrulhas noturnas, era uma das exigências da DEO e, mesmo quando essas situações aconteciam, a heroína dava um jeito de tirar dez minutos para falar com a Luthor. Mesmo que estivesse voando em cima dos prédios.

O que Lena não sabia, era que Kara sobrevoava seu apartamento em todas as rondas de trabalho e passava rapidamente em seu quarto para deixar um beijo em sua testa. E o que Kara não sabia, era que sua namorada deixava a porta da sacada aberta de propósito.

Ou talvez as duas tivessem consciência do que acontecia, mas preferiam deixar o assunto em silêncio.

***

Sexta feira finalmente havia chegado e a CEO se encontrava num estado desesperado de ansiedade. Ela tinha escutado todas as opções de encontro propostas por Maggie e Winn, tinha sentado para pensar no que iria dar de presente para sua namorada e também no que elas comeriam. Verdade seja dita, a Luthor não fazia ideia do que decidir, mas de uma coisa ela tinha certeza: não queria que seu primeiro encontro com a mulher mais extraordinária da cidade fosse simplório. Lena podia fazer o que quisesse, seu dinheiro lhe permitia adquirir qualquer coisa que tivesse em mente. Mas Kara não era qualquer pessoa e nenhum dinheiro do mundo conseguiria externar tudo o que a morena sentia pela kryptoniana.

No meio da tarde, Maggie e Winn apareceram na L-Corp sobre o falso pretexto de que queriam conversar, quando na verdade eles estavam apenas curiosos sobre o que Lena havia decidido. Winn se esforçou pra caramba, pesquisou todos os tipos de encontro, os tipos certos de comida, como se portar diante da pessoa amada e até enviou alguns quizz que mostrava a porcentagem do “quão pronta você está para o primeiro encontro”, o que Lena descartou logo de cara. Números e sentimentos não se relacionam em nada.

— Senhorita Luthor — Jess abriu uma fresta na porta — a senhorita Sawyer e o senhor Schott estão aqui, mas creio que não agendaram uma hora para hoje.

— Fique tranquila, pode deixá-los entrar — a secretária assentiu e permitiu que ambos adentrassem a enorme sala da CEO.

— Agendar uma hora? Ela sabe com quem está falando? — Winn bufou inconformado.

— Não, Winn. Por mais louco que pareça, as pessoas não te conhecem — Maggie debochou, fazendo o amigo rolar os olhos — a verdade dói.

— Que seja — sorriu ao encontrar Lena de braços cruzados atrás da mesa — Lena, minha melhor amiga, quanto tempo — sarcasmo não era bem o forte do garoto, pelo visto.

— Achei que a Kara fosse sua melhor amiga — a policial comentou ao se sentar.

— Ela me trocou depois que conheceu essa aí — fingiu estar chateado — vou fazer o mesmo.

— Então escolha alguém que já não tenha uma melhor amiga — pontuou e Winn bufou derrotado — enfim, Lena, estamos aqui para saber o que decidiu.

— Boa tarde, Sawyer — finalmente falou — vocês são realmente curiosos.

— Tudo em nome da ciência, Lena. Agora fala logo o que vai fazer no seu encontro — Schott a apressou e Lena bufou, rolando os olhos ao perceber que seus amigos lhe encaravam realmente interessados na sua decisão.  

— Certo — tossiu nervosa — eu escolhi sua quarta opção, apesar de não saber como funcionam as coisas nesse lugar… céus, eu nem sei o que vestir — enterrou o rosto na mão. Isso vai ser um fracasso, pensou consigo.

— É para isso que estamos aqui, pequena Luthor — a latina sorriu convencida — comprou os ingressos? — Lena assentiu que sim — certo. Trouxe isso aqui para você, considere como um presente de primeiro encontro meu e da Alex — estendeu uma sacola onde havia uma camiseta, jeans e um all star vermelho.

— Está falando sério? — a morena arqueou a sobrancelha ao ver a estampa da camiseta: “1# Supergirl Fan” juntamente com o símbolo da casa El.

— Não brinco em serviço e por favor, solte esse cabelo — Maggie apontou para a CEO — Kara adora quando você o deixa solto.

— Mesmo?

— Ah pode ter certeza — Winn comentou rindo e Maggie deu um tapa na cabeça dele  — Ai! Mas é verdade! Ela não para de falar na Lena nem quando o J’onn está presente — a Luthor sentiu as bochechas corarem com essa informação.

— Certo, cabelos soltos, roupa e… o que mais? — perguntou preocupada — eu queria levar um presente, na verdade… eu acho que encontrei o presente perfeito.

— De nada — Schott piscou presunçoso. Ele mesmo tinha ajudado Lena a procurar o que ela queria.

— O que eu perdi? — a latina franziu o cenho.

— Isso é apenas entre melhores amigos — Winn apontou para Lena e ele.

— Repete isso quando assistir filme de terror sozinho, Schott — a policial ameaçou, fazendo Winn gargalhar.

— Tudo pronto? — ele questionou carinhosamente. A Luthor acenou que sim, mesmo que não tivesse nem cinquenta por cento de certeza.

— Não se preocupe, pequena Luthor — Maggie sorriu — tudo vai sair muito bem.

Confiando em seus novos amigos, Lena se deixou ser invadida por aquelas palavras. Tudo ia dar certo, não ia? Sim. Ela tinha que acreditar nisso.

***

— Alex, o que eu faço? — Kara perguntou pela milésima vez, fazendo sua irmã bufar e se jogar no sofá — essa roupa está boa? Como sabe que eu não tenho que me arrumar para almoçar num restaurante onde a água custa mais que meu aluguel?

— Kara…

— Eu estou tão nervosa que se fosse humana diria que estou suando frio — se jogou em cima da ruiva no sofá e continuou a reclamar — e se eu não souber todas as regras de etiqueta? Já viu a quantidade de talheres que eles colocam na mesa?

— Começa de fora para dentro, Jack Dawson — Alex debochou da irmã.

— Rá, engraçadinha — rolou os olhos. Realmente, se elas fossem comparar ao Titanic, Lena seria a menina rica e Kara a que não tinha nem onde cair morta — se continuar a dizer isso, vou achar que esse encontro vai afundar pior do que o navio.

— Sem dramas — suspirou — e saia de cima de mim — empurrou a outra para o chão — Lena vai te levar num lugar onde ambas possam se sentir confortáveis, até parece que não conhece sua melhor-amiga-namorada-sei-lá-o-que.

— Melhor amiga e namorada — a corrigiu — e você não está me ajudando aqui — levantou-se do chão — essa roupa… está realmente apropriada? — encarou-se no espelho do quarto que havia levado até a sala. Ela vestia uma calça jeans simples, uma camiseta com alguns dizeres em francês e seu all star azul.

— Coloque essa camiseta aqui — Alex jogou a sacola para a irmã — comprei especialmente para você.

A loira arqueou a sobrancelha de forma desconfiada. Abriu rapidamente o pacote e quase engasgou quando viu o que havia ganhado. A estampa era a logo da L-Corp e embaixo havia uma simples frase “1# Lena Luthor fan.”

— Você é a melhor, Alex — Kara pulou empolgada e tratou de se trocar — e agora?

— Agora você está perfeita — fez um joinha com o polegar — não esqueça sua bolsa.

Enquanto ela corria para pegar o restante das coisas — que incluía seu presente de primeiro encontro — a campainha tocou e a kryptoniana nem precisava usar sua visão de raio-x para saber que sua namorada havia chegado. Olhou rapidamente para sua irmã e Alex quase riu da expressão desesperada da loira. Ia ser engraçado e óbvio que a Danvers mais velha iria zoar as duas o resto da vida.

— Hey — a pequena Danvers atendeu a porta com as bochechas coradas e o coração a mil por hora.

— Hey…

Alex observou aquelas duas inúteis parada na entrada do apartamento e quis rir. Não conseguia acreditar em como elas eram tão apaixonadas e mesmo assim tão lerdas. Sem perder a oportunidade, ela se levantou e foi cumprimentar a nova cunhada.

— Por mais bonito que seja toda essa situação, acho que não precisam ficar paradas aqui — brincou — anda logo, Kara — empurrou a irmã para fora — e Lena…

— Sim?

— Traga ela sã e salva antes da meia noite — fez sua melhor cara de séria.

— Alex! — a loira fechou os olhos envergonhada — eu não sou criança.

— Usem preservativos, meninas — continuou, gargalhando ao ver como Lena tinha mudado de pálida para vermelho tomate.

— Eu te odeio — Kara sussurrou para a irmã, que sussurrou um “eu sei” de volta.

Ambas desceram em silêncio e a kryptoniana sentia as mãos geladas de sua namorada encostar na sua. Estavam ansiosas demais para se lembrarem que podiam entrelaçar os dedos, elas sequer conseguiam raciocinar direito e tudo isso deixava cada segundo mais interessante. Kara, por outro lado, estava deslumbrada ao ver Lena numa calça jeans escura. Rao, ela está perfeita! pensou consigo. Se sua namorada já ficava maravilhosa em suas saias apertadas e chiques, com certeza de calça jeans ela se superava. A loira teve que se concentrar muito para não encarar demais a bunda da morena se mover a sua frente, liderando o caminho até o carro.

— Onde está seu motorista? — perguntou curiosa.

— De folga — comentou entrando no lado do motorista — é aniversário da esposa dele.

— Você é incrível, sabia? — sorriu orgulhosa da pessoa que Lena era — e eu amei sua camiseta — corou ao dizer aquilo — e o seu cabelo. Na verdade, eu amei tudo...

— E eu a sua. Você está linda, Kara, como sempre — apontou para o enorme L e ambas riram — pronta?

— Com você eu sempre estou.

***

O caminho todo foi seguido ao som de uma playlist aleatória que Kara tinha selecionado, enquanto Lena dirigia calmamente até uma das saídas da cidade. Em momento algum a morena comentou sobre onde seria o encontro ou sobre o que elas iriam fazer, mesmo a loira tendo feito o maior bico do mundo. Que aliás atrapalhou toda a concentração da CEO. Depois de quase vinte minutos dirigindo, a Luthor estacionou no enorme terreno baldio que estava funcionando como estacionamento e Kara sentiu o estômago dar cambalhotas ao reparar em todas as luzes coloridas brilhando ao lado.

Parecia um sonho, literalmente um sonho.

— Lena! — gritou ao sair do carro — Rao! Eu não acredito! — sorriu animada, já fazendo Lena pensar que todo o esforço tinha valido a pena só de ter visto essa reação.

— Surpresa — falou sem graça e quando menos percebeu, sua namorada a envolveu num abraço apertado. Apertado até demais — Kara…

— Oh, desculpe — a soltou — eu realmente não acredito que estamos no parque de diversões mais incrível de National City! Eu nem sabia que você gostava dessas coisas, mas não importa — tagarelou sem parar.

— Não sei se gosto — foi sincera. Pegou sua carteira e tratou de trancar o carro — o que foi? — perguntou ao ver Kara franzir o cenho.

— Como assim não sabe se gosta? Você não… oh! — tudo fez sentido na sua cabeça. Oh, Rao, claro! exclamou em sua mente. Lena nunca tinha ido num parque de diversões antes — esse vai ser o melhor encontro da sua vida! O da minha também! — entrelaçou sua mão a da namorada e a puxou, quase correndo em direção a entrada.

O barulho da música dos brinquedos soava alto, juntamente com os gritos das crianças que rodopiavam no ar. As barraquinhas de comida se dispunham ao lado das de jogo, uma multidão andava pelos lugares, formando filas e gargalhando ao ver os outros perderem no tiro ao alvo. A roda gigante se mostrava imponente e completamente deslumbrante, com suas luzes azuis, vermelhas e verdes brilhando fortemente. O cheiro de pipoca e cachorro quente logo tomaram a atenção da pequena Danvers, fazendo seu estômago responder rapidamente ao seu olfato.

— Fique com isso — a morena estendeu um pequeno cartão onde havia o nome do parque.

— E o que seria esse cartão?

— Acesso livre aos brinquedos — seu sorriso mudou do carinhoso para o sapeca — e a todas as barraquinhas de comida — os olhos azuis claros se arregalaram. Aquilo era melhor que um pedido de casamento.

— Oh Rao… — encarou novamente o cartão e voltou a olhar Lena. Sem pensar duas vezes, a loira correu e abraçou a outra mais uma vez — eu te amo tanto! Você é a minha favorita! — segurou o rosto da Luthor e a beijou apaixonadamente.

A CEO sentiu o estômago rodopiar dentro de si com aquelas três palavras. Eu te amo. Kara tinha mesmo dito aquilo? Ela realmente a amava? Não que Lena não a amasse de volta, mas sentir e dizer eram coisas bem diferentes. E se ela dissesse e acabasse perdendo a melhor pessoa da sua vida? E se desse errado? Inferno, exclamou em silêncio, porque tinha que ser uma completa covarde?

A kryptoniana, ao contrário da namorada, estava tranquila quanto a sua confissão. Em sua cabeça, não tinha porque esconder. Ela amava muito a melhor amiga. A amava como pessoa, como mulher, como CEO, como cientista, como amiga e agora como namorada. Não havia uma parte dela que Kara não amasse. Em Krypton não haviam tantas formalidades quanto a questão de relacionamentos, lá era tudo bem mais simples. Por mais que a loira quisesse que as coisas funcionasse como no seu planeta, ela não podia esperar que Lena entendesse e, por isso, respeitava o tempo dela.

— Certo, primeiro você tem que experimentar o melhor cachorro quente do mundo — mais uma vez a loira puxou Lena para o outro lado, empolgada demais para diminuir a velocidade — as melhores comidas são feitas em parques de diversão e circos — comentou ao chegarem na barraquinha — cincos cachorros quentes e duas cervejas artesanais, por favor. Ah, quatro são completos e o dela é simples e sem milho.

— Tem certeza que quer comer tudo isso antes de ir nesses brinquedos? — arqueou a sobrancelha.

— A graça está em fazer tudo ao mesmo tempo — piscou — ei, está tudo bem? — percebeu que a morena estava estranha e quieta.

— Sim… eu só… — sentiu as bochechas corarem — eu não sei bem o que fazer aqui e queria que esse encontro fosse especial — confessou, se sentindo absolutamente envergonhada pelo o que disse. Quem no mundo não havia ido a um parque de diversões?

— Não precisa ficar assim e você não tem que ser responsável por tudo — Kara entrelaçou seus dedos ao dela e sorriu ternamente. Os cabelos negros da outra caíam sobre seu rosto, seus olhos verdes sempre tão claros refletiam as luzes coloridas do lugar e sua roupa tão confortável fazia o coração da kryptoniana se aquecer de amor. Lena nunca esteve tão linda como naquela noite — fico feliz de ser sua primeira companhia no parque e prometo que vou te ensinar a como se divertir.

A CEO ficou na ponta do pé e puxou a namorada para um beijo calmo, aproveitando que naquele momento eram apenas as duas numa multidão de desconhecidos. Foram interrompidas pelo homem bigodudo que deixou os cinco cachorros quentes sobre o pequeno balcão.

— Primeiro, ketchup e maionese — a loira enfeitou a salsicha com todos os seus molhos favoritos e fez o mesmo com o sanduíche da outra — pronta? — a morena assentiu e logo deu uma bela mordida.

Todos aqueles gostos misturados ao tempero da salsicha e a maciez do pão fizeram seu paladar explodir em excitação. Nunca tinha provado algo tão gostoso como aquilo. O molho escorreu pelos seus lábios, pingando em sua calça e ela sequer ligou. Aquele não era um dia para se preocupar com etiqueta, com boas maneiras e com uma roupa impecável. Claro, Lena conseguia escutar a voz firme de Lilian na sua cabeça, repetindo várias vezes o quão comportada ela tinha que ser. Porém, não quis dar vazão aos seus medos. Ela estava num encontro e não era qualquer um.

— Céus! — gemeu deliciada — ifo aqui é muito bfom — falou com a boca ainda cheia, fazendo Kara gargalhar.

— Eu preciso de uma foto — tirou o celular do bolso, apontando a câmera para a morena que se sujava de tomate.

— Kara! Não! — puxou um dos guardanapos, limpando rapidamente a boca e tomando um longo gole de cerveja. Aquilo era novo, Lena Luthor tomando cerveja artesanal barata — já comeu o seu? — a loira terminava o quarto sanduíche enquanto a morena ainda estava na metade.

— Se demorar eu acabo comendo o seu também — brincou, também bebendo a cerveja que tinha um gosto doce forte.

— Pronto — falou enfiando o restante na boca, ficando com uma bochecha enorme de tão cheia — o que foi?

— Você é incrível — sorriu — algodão doce!!!!! — gritou empolgada.

— Kara, você acabou de comer quatro cachorros quentes — pontuou, mas não adiantou de nada. A loira fez o maior bico e acabou convencendo a namorada — ok…

— A gente compra dois e vamos para a fila da montanha russa — comentou. Ambas caminharam na direção oposta a que estavam.

A fila estava consideravelmente grande e a CEO sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha ao ouvir os gritos vindos daquele brinquedo. Certo, ela não tinha que ter medo, afinal sua namorada era a Supergirl, nada de mal lhe aconteceria. Mas seu cérebro teimoso se recusava a aceitar esse fato. Na verdade, ele gritava mais alto que as pessoas situadas em cada carrinho. Talvez Lena estivesse amarelando um pouquinho. Ou talvez ela estivesse completamente amarelando. 

Ao contrário dela, a pequena Danvers estava tranquila. Desde que tinha chegado a Terra, Eliza e Jeremiah haviam levado ela e Alex para diversos parques. Kara definitivamente amava todas as luzes coloridas piscando, como as de Natal — seu feriado favorito —, amava mais ainda a felicidade estampada no rosto de todos, como se nada no mundo fosse melhor do que estar ali. Sem contar que, estar com a pessoa que ela mais admirava na face da Terra, fazia qualquer momento se tornar especial. A loira queria que aquela noite fosse diferente, que Lena sentisse a magia de estar numa roda gigante e ver toda a cidade abaixo dos seus pés, que ela sentisse o famoso frio na barriga e que a morena esquecesse seus bons modos e fosse ela mesma. Livre e feliz.

Ambas pegaram seus respectivos algodões doces, cada um de uma cor, e ficaram a espera de um lugar na montanha russa. A Luthor sentia seu desespero aumentar cada vez que davam alguns passos a frente. Quando se sentaram no carrinho de ferro e o rapaz fechou a alavanca sobre suas pernas, Lena sentiu o corpo gelar.

— Kara, eu não tenho certeza se quero ir — suas mãos suavam e seu coração batia apressado.

— Ei, não precisa ter medo — segurou as mãos da outra — se quiser, a gente desce agora e vai em outro, é só dizer — seu olhar expressava carinho e cuidado, e o coração da Luthor amoleceu diante daquilo — seu coração está batendo alto… vamos descer.

— Não! — puxou a outra de volta para o assento — eu quero saber como é.

— Tem certeza?

— Não — riu —, mas você está aqui e eu confio totalmente em você.

O farol finalmente ficou verde, indicando que o brinquedo começaria a correr. Kara envolveu a cintura da morena com um dos braços enquanto a outra mão continuava firme na barra. O carrinho subia lentamente, cada vez mais alto. Lena olhou para baixo e se arrependeu no segundo seguinte ao ato. As luzes da cidade ficavam menores, mais distantes e o frio na sua barriga apenas aumentava. De repente, ele parou.  Por breves milésimos.

— Feche os olhos e segure firme! — ouviu Kara gritar e obedeceu prontamente, sentindo o vento forte e o impacto dos trilhos debaixo dos seus pés lhe atingirem na descida brusca.

Sobre uma coisa ela não podia mentir, a sensação de liberdade era contagiante. Parecia que estavam flutuando e a adrenalina que percorria suas veias lhe dava uma emoção diferente. Era bom, era divertido e totalmente louco. Sua namorada continuava a gritar e a jogar os braços para cima, sem nem sentir um pingo de medo. Claro, pensou a Luthor, ela voa e por isso está assim, toda se exibindo. Riu consigo mesma ao ver o quão infantil estava sendo.

Quando o brinquedo novamente subiu, a morena decidiu que seria corajosa. Ou pelo menos tentaria. Esperou chegar ao ápice e encarou sua namorada. Ao sentir novamente seu corpo ser jogado para baixo, ela levantou os braços e gritou o mais alto que pôde. Cada célula do seu corpo parecia correr na mesma velocidade do vento em seu rosto, seu coração era capaz de sair do peito e Lena teve certeza ali de que essa era a melhor noite da sua vida.

Ao descerem, Kara puxou a Luthor para o próximo brinquedo e assim se seguiu. Lena andou no carrossel — que segundo sua namorada era o brinquedo mais lindo que já tinha visto —, viu toda a cidade de cima da roda gigante e também aproveitou a vista para beijar a loira mais linda da cidade. Elas aproveitaram cada parte do parque, até que Lena vomitou tudo dentro de uma lata de lixo, depois de andar pela terceira vez na montanha russa. Mas claro, isso só aconteceu porque a pequena Danvers a fez comer todos os tipos de comida que havia em cada barraquinha e mesmo estando preocupada e tendo que segurar o cabelo da outra, riu ao reparar que Lena sequer se importava em estar ali acabada e suada.

Lena já não se parecia com uma CEO, não naquele instante. Seus cabelos estavam embaraçados, seu jeans tinha recebido mais alguns pingos de molho e seu all star já encontrava-se encardido de terra. Kara a carregou nas costas para o outro lado do parque enquanto sua namorada terminava de experimentar uma maçã do amor.

— Vai com calma no doce — a loira comentou, mesmo achando fofo o rosto sempre tão pálido machado de açúcar caramelizado da cor vermelha. E sim, ela registrava cada momento em seu celular, tirando mais de cinquenta fotos para cada parada que faziam.

— Ora essa, Kara Danvers me controlando no açúcar — arqueou a sobrancelha e desceu das costas da outra — eu sei que você está se aproveitando desse fato.

— Eu? — fingiu estar chocada — longe de mim me aproveitar de você, baby — Lena se arrepiou ao ouvir o novo apelido e puxou a kryptoniana para um beijo melado e extremamente doce — é… — lambeu os lábios ao se afastarem — talvez eu esteja me aproveitando. Venha, vamos para o tiro ao alvo.

— Aposto que ganho de você — provocou e pediu duas armas para a senhora que cuidava da barraca.

— E eu aposto que ganho um urso maior que o seu — ambas se posicionaram e, ao som da música do carrossel que continuava a girar, os tiros foram disparados contra os patinhos de madeira.

Ao terminarem, Lena tentava consolar uma loira bicuda que segurava um pinguim pequeno enquanto ela mesma segurava um enorme cachorro.

— Não é justo, como que eu perdi para você? — resmungou enquanto andavam em direção a um palco improvisado.

— Eu sou uma Luthor, baby — sussurrou o apelido e viu Kara ficar sem palavras, completamente vermelha. O que era adorável e sexy, na sua opinião — o que está acontecendo ali? — apontou para as pessoas que se sentavam no chão e esperavam por algo.

— É um show de talentos, você se apresenta e ganha um prêmio — pronto. Aquela foi a deixa que a Luthor encontrou para o final do seu encontro.

— Pode fazer qualquer coisa?

— Qualquer coisa, menos algo que seja perigoso, claro — ao terminar de explicar, a pequena Danvers encarou seriamente sua namorada. O que ela estava pretendendo? Kara conhecia o espírito competitivo da outra e tinha medo dele, de vez em quando — Lena, eu conheço essa sua cara.

— Como faz para participar? — perguntou, dessa vez ela puxando a loira pelo braço até o palco.

— O quê?

— Nós vamos participar, não precisamos ganhar — Kara arqueou a sobrancelha sem acreditar naquilo — ok, eu quero ganhar, mas realmente não precisa. E outra, não tem como vencerem da gente.

— E o que faríamos lá em cima? Eu sou péssima até para apresentar trabalho escolar — bufou, se lembrando de todos os desastres nas suas aulas do ensino médio.

— Deixa que eu resolvo isso.

***

Alguns adolescentes se apresentaram antes. Teve show de comédia, de mágica, malabarismos, declamação de poema e até um cara que cuspia fogo. A loira aguardou a namorada conversar com o responsável pelo show de talentos e respirou fundo ao ver que ela retornava triunfante, indicando que tinha conseguido o que queria. Aliás, quando que Lena Luthor não conseguia o que queria?

E lá estavam as duas dez minutos depois, em cima de uma palco pequeno de madeira que rangia cada vez que alguém respirava mais forte e enfrentando uma platéia curiosa.

— O que vamos fazer? — Kara sussurrou para a morena. A Luthor apenas se aproximou e cochichou o seu plano mirabolante.

Em instantes seguintes, um piano velho foi trazido para o palco e um microfone também. O pequeno grupo de pessoas assistia a tudo de maneira curiosa, esperando para ver qual espetáculo ou talento seria apresentado ali. Lena testou algumas teclas, assim com o pedal do instrumento, e Kara tossiu nervosa no microfone, fazendo um enorme barulho e levando todos a rirem.

As primeiras notas ressoaram no pequeno espaço e a música tinha sido escolhida especialmente para aquela ocasião. Kara conhecia a letra, sabia quem era o cantor, mas mesmo assim, seu coração não parava de bater apaixonado. Ela fechou os olhos e pensou na única coisa que conseguia: Lena. Pensou no quão linda a morena era quando sorria ou quando falava tão encantadoramente sobre ciência. Pensou em todos os momentos que passaram juntas até chegarem onde estavam. Não havia arrependimentos, não havia amargura ou rancor, apenas amor.

It's a little bit funny this feeling inside

É um tanto engraçado esse sentimento aqui dentro

I'm not one of those who can easily hide

Não sou daqueles que conseguem esconder facilmente

I don't have much money, but, girl, if I did

Não tenho muito dinheiro, mas, garota, se eu tivesse

I'd buy a big house where we both could live

Compraria uma casa grande onde nós dois pudéssemos morar

A platéia começou a reconhecer a música e cantaram junto cada verso. Era uma sensação diferente, porém totalmente renovadora. Lena podia sentir cada palavra no seu coração e isso a enchia de um sentimento cada vez maior. Estar com Kara era fácil, leve, agradável e apaixonante. Durante sua adolescência, a Luthor tinha sua base do romantismo construída em cima dos livros que pegava escondida na biblioteca do colégio interno que estudava. Dava graças aos céus por poder ter ao menos liberdade de escolher o que leria quando sua mãe não estava a visitando e perguntando sobre suas aquisições científicas e notas em matemática. Mas ler sobre amor e senti-lo eram fatos completamente diferentes. Lena só tinha amado uma pessoa em toda a sua vida, mesmo nunca tendo dito isso em voz alta.

And you can tell everybody this is your song — a pequena Danvers retirou o microfone do suporte e caminhou até onde a CEO estava, parando ao lado do piano e focando seu olhar na beleza única que ela tinha — It may be quite simple, but now that it's done. I hope you don't mind, I hope you don't mind that I put down in words — sorriu extasiada e acariciou lentamente as bochechas coradas da namorada — How wonderful life is while you're in the world…

Algumas meninas gritaram empolgadas com o gesto de carinho enquanto o restante continuava cantando. Lena ria de algumas caretas que a loira fazia para desconcentrá-la e pensava no quão sortuda ela era. Sim, uma Luthor dificilmente acreditava em sorte, karma ou destino. Desde criança ela fora ensinada a ser crítica, a não agir pela emoção, a ser fria e calculista. Todavia encontrar Kara foi puramente sorte, obra do universo ou até mesmo aquele lance que chamavam de almas gêmeas. É, Lena se permitia crer em qualquer uma dessas bobagens quando encarava as íris tão azuis da mulher ao seu lado.

So excuse me forgetting, but these things I do

Então, me desculpe por esquecer, mas eu faço essas coisas

You see, I've forgotten if they're green or they're blue

Veja só, eu esqueci se eles são verdes ou azuis

Anyway the thing is what I really mean

De qualquer forma o que eu realmente quero dizer é

Yours are the sweetest eyes I've ever seen

Que seus olhos são os mais lindos que eu já vi

De repente, antes da música realmente ser finalizada, Lena parou de tocar e pediu o outro microfone. Seu coração batia em ritmo de escola de samba dos países tropicais, suas mãos suavam e ela mordia os lábios em sinal de nervosismo. Pigarreou algumas vezes até levantar o rosto e encontrar os mesmo olhos azuis que lhe cativaram há dois anos atrás. Recordou rapidamente de como tinha sido vê-la pela primeira vez, de como se apaixonou instantaneamente pela timidez da repórter que não era repórter e de como desejou imensamente tê-la em sua vida. E ali estava ela, prestes a dar seu primeiro presente àquela que chamava, agora, de namorada.

— Bom… — tossiu nervosa e o responsável pelo show fez um joinha, a encorajando — Kara, eu sei que deve estar achando que eu bebi demais para fazer isso, mas na verdade eu estou tomando uma coragem inexistente dentro de mim — a loira franziu o cenho, totalmente perdida na situação — esse é o nosso primeiro encontro oficial, se formos seguir o padrão, porém nós duas sabemos que nossos encontros são diários, mesmo que com tão pouco tempo de duração, mesmo sendo em lugares não tão divertidos e sendo interrompidas milhares de vezes por pessoas aleatórias. Eu só queria te dizer e te mostrar, nessa noite, o quão importante você é para mim e o quão feliz eu estou de ter você ao meu lado — então, Lena tirou dois braceletes de dentro de uma sacola branca e os colocou sobre a palma da mão — li esses dias sobre a história de um povo que acreditava em almas gêmeas e em amor verdadeiro. Lá, amar e ser amado era tão simples quanto respirar, e quando você se apaixona, decora seu próprio bracelete e o entrega ao companheiro — Kara sentiu suas lágrimas escorrerem, sem acreditar que Lena falava sobre Krypton, mesmo sem citar nomes. Não era qualquer crença e nem qualquer povo, era a sua história e as suas crenças — quando a outra pessoa aceita, ela na verdade está aceitando pertencer àquela outra alma para sempre, sabendo que elas serão uma só até o fim da vida. Por isso, eu estou te entregando esses dois braceletes, decorados com as nossas cores favoritas, como diz a tradição, para te mostrar que o que eu sinto é verdadeiro e que eu também te amo muito.

A platéia gritou animada e todos se levantaram para bater palmas. Kara soluçou algumas vezes e reclamou mentalmente por não conseguir enxergar nada a sua frente. Ambas colocaram os braceletes dourados cobertos pelas cores azul e vermelha, sentindo todo o peso daquele compromisso que estavam selando. A kryptoniana sabia que que talvez sua namorada não soubesse exatamente o tamanho da responsabilidade que aquele presente significava, mas não era algo que elas entrariam em discussão agora. Mesmo Lena não sabendo que aquilo era equivalente a um pedido de casamento, Kara aceitou e pediu a Rao que um dia pudesse ver a morena vestida de noiva.

— Eu amo você, Lena Luthor — a loira murmurou, puxando-a pela cintura e aproximando seus rostos.

— Eu também te amo, Kara Zor-El — sussurrou antes de selar seus lábios ao da outra.

Aquele realmente tinha sido o dias mais importante da vida delas. 

 


Notas Finais


e aí? prontas para saber o que kara comprou de presente? aksjdnaksjdns não pensem besteira, suas depravadas... (é um presente normal, sem segundas intenções)

Até a próxima!


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