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História Sing me to sleep - Because you loved me


Escrita por: FuckingSwen

Notas do Autor


Minha nossa, que cap IMENSO! kajsdnkasjdnkasjdn
Era para ele ter saído mais cedo, porém imprevistos acontecem e amanhã eu vou escrever mais um, soltar e voltar a escrever o último :(
Espero que se apaixonem cada vez mais por essa história. Esse cap contem passagem no tempo e os próximos também terão..

Boa leitura!!

Capítulo 13 - Because you loved me


Naquela manhã fria de Novembro, Lena e Alex estavam perdidas dentre vários fios, plugues e disjuntores, enquanto a Supergirl lia em voz alta as anotações de sua tia Astra. As três estavam tão entretidas e concentradas que sequer perceberam a hora passar, era sempre assim quando trabalhavam juntas na DEO. Um ano e um mês havia se passado desde então, tempo suficiente para J’onn perceber que a Luthor era extremamente necessária nos laboratórios do seu departamento e foi assim que ele a chamou para fazer parte da DEO. Algo que Kara tinha amado e claro que não tinha nada a ver com o fato da morena ser sua namorada e pessoa preferida no mundo.

Apesar de sua irmã e namorada estarem compenetradas e decidindo sobre onde uma fiação se encaixava ou sobre o quê ligava o quê, a kryptoniana estava no mundo da lua. Seu estômago revirava dentro si todas as vezes que pensava nos seus planos para comemorar mais um mês de namoro ao lado de Lena Luthor. Mal acreditava que já havia se passado mais de um ano e sequer conseguia imaginar passar a vida ao lado de outra pessoa. A mídia tinha pleno conhecimento de que uma tal de Kara Danvers, repórter da CatCo, estava namorando a poderosa CEO da L-Corp e a pergunta que todos se faziam era: como ela tinha conseguido essa proeza?

Durante o tempo que se passou, ambas cresceram como pessoa, aprenderam mais sobre si mesmas e sobre a outra. Kara sabia todos os limites de Lena, sabia quando ela estava realmente nervosa ou quando precisava de um tempo sozinha para pensar. Ela respeitava o espaço da morena, mesmo quando sabia que iria insistir por atenção, o que a CEO não se importava. A pequena Danvers era sua prioridade. Por outro lado, a Luthor aprendeu mais sobre Krypton, sobre suas tradições e histórias, principalmente a parte que envolvia ciência e tecnologia. Mas ela também escutou Kara chorar várias e várias vezes, ainda sofrendo com alguns pesadelos e medos. Nada que ambas não soubessem lidar juntas. Lena também sabia respeitar o espaço da loira, respeitar seu trabalho e também suas escolhas. Mesmo que sempre ficasse com o coração apertado ao saber que a Supergirl estava numa luta.

Quanto ao problema dos pesadelos, ambas ainda tinham alguns, porém elas não mais dormiam separadas. Depois de quase quatro meses de namoro, elas decidiram que era hora de morar juntas e parar de fingir que gostavam da ideia de cada uma ter uma casa. Por isso, Lena passou a morar no apartamento da loira, usando a desculpa de que era mais aconchegante, sendo que na verdade ela amava mesmo era ter tudo com o cheiro característico do perfume da pequena Danvers. O apartamento luxuoso da Luthor ficou para uso aos finais de semana, quando ambas queriam aproveitar algo diferente ou apenas curtir a enorme área da piscina. Sem contar que as noites de jogos passaram a ser todas lá também, o que Winn achava o máximo.

— De acordo com essa anotação, os fios amarelos vão com os vermelhos e eles possuem pólos inversos — Lena conversa com Alex que estava atrás da enorme incubadora esquisita e barulhenta.

— Me passa os disjuntores da outra placa, por favor — a ruiva pediu. Kara continuava a observar ambas trabalharem juntas. Era sempre assim, desde que a Luthor tinha entrado para o time da DEO — oh, merda!

— Olha a boca, Alex — Kara comentou.

— Estou estressada — Alex resmungou — ainda nem arrumei as malas e vamos sair amanhã cedo.

— Achei que tivesse dito que tinha começado a arrumar há um mês atrás — a morena provocou, sabendo que a agente era tão enrolada quando sua namorada.

— Dá um tempo, Luthor — bufou — eu sequer sei o que levar, você podia ter escolhido um lugar mais fácil.

— A culpa não é minha se você ficou falando durante duas horas sobre o quão lindo deve ser o pôr do sol em Mykonos — Lena retrucou, sabendo que aquela discussão não levaria a nada — e de nada pelo presente.

— Quer outro abraço por isso? — Alex provocou, sorrindo de lado. Quando recebeu de presente de casamento uma viagem completa para a Grécia, tanto ela quanto Maggie abraçaram a Luthor por mais de quinze minutos e gritaram para o apartamento todo a novidade. A policial ainda resmungou dizendo que devia ter pedido uma moto.

— Dispenso — sorriu irônica de volta — Kara, querida, você está silenciosa hoje — perguntou preocupada. Não era comum isso acontecer, a não ser que a loira estivesse com algum problema, o que a CEO supôs que era o X da questão — alguma coisa te incomoda?

— Er… não — mentiu, sabendo que sua namorada ia descobrir a mentira — nada não — observou a outra arquear a sobrancelha e cruzar os braços.

— Kara Zor-El — seu tom foi firme e preciso, o que causou uma descarga de arrepios no corpo da Supergirl. Algo que elas podiam muito bem aproveitar mais tarde — eu prefiro não pensar que está mentindo para mim.

— Kara! Finalmente te achei! — Winn apareceu afoito e respirando mal depois de ter subido dois lances de escada correndo — preciso falar com você sobre… er, você sabe.

— Claro! Está vendo? Estou ocupadíssima agora — usou o amigo de desculpa para fugir de sua namorada que continuava com o semblante sério — infelizmente não vamos poder conversar, alguém tem que salvar o dia hoje, entende? — tagarelou nervosa — eu amo você — deu um rápido selinho.

— Nós moramos no mesmo lugar, Kara — a morena sorriu convencida — não se esqueça que eu sou a última pessoa que você vê antes de dormir.

Aquilo foi suficiente para a loira se tremer inteira. Tirando os pensamentos pervertidos se sua mente, a Supergirl puxou Winn para o lado de fora do depósito e desceu com ele para uma das salas de interrogatório. Enquanto isso, Lena e Alex voltaram a prestar atenção na bagunça de peças de metais espalhadas pelo chão.

— Está animada para viajar? — perguntou curiosa.

— Mal posso esperar, não me lembro a última vez que tirei férias — bufou pensativa — acho que a única folga que tive foi depois do casamento e bom... — riu travessa — você sabe bem que a gente não descansou.

— Eu suponho que não — rolou os olhos e riu.

— Imagine quando for você e a Kara, céus! — a ruiva fez uma cara de nojo — ok que eu não quero saber sobre, mas como você dá conta? Quero dizer… Kara nunca se cansa ou fica sem fôlego — isso era meio verdade, pensou Lena em silêncio.

— No início foi um pouco… complicado, porém nós demos um jeito — sorriu maliciosa. Alex sabia muito bem do que ela estava falando.

— Você deu um jeito — pontuou — e devo dizer que realmente foi inteligente, você é uma Luthor.

— Eu nunca disse que não era — provocou — as lâmpadas vermelhas foram a saída perfeita, Kara não precisa se preocupar com seus espasmos e em me machucar — foi sincera.

— É por isso que eu já sei o que dar de presente de casamento para vocês duas — a ruiva se levantou do chão e abraçou Lena de lado — e creio que ele é por longa data.

— Kara e eu não estamos nos casando, Alex — comentou, mesmo sabendo que tanto ela quanto a loira conversavam muito sobre isso, principalmente depois da cerimônia de casamento de suas cunhadas há três meses atrás.

Havia sido uma completa loucura e todo mundo ficou a beira de um ataque de nervos, a começar pelo J’onn, que foi convidado para levar Alex até o altar e que ficou no modo super protetor com a agente que considerava como filha. Ele redobrou a segurança do local da festa, colocou mais agentes ao redor do estacionamento e mandou a DEO rastrear toda a área antes da cerimônia começar. Ninguém nunca tinha visto o marciano tão nervoso e tão emocionado quanto no dia do casamento, ele não parou de chorar o caminho todo até o juiz de paz.

Antes fosse só isso. Lena ficou extremamente preocupada com Maggie durante todo esse processo. Ao passo que os detalhes do casamento eram decididos e escolhidos, a latina ia ficando cada vez mais nervosa e ansiosa. Ninguém, além da Danvers mais velha, sabia o motivo, mas num final de tarde, a policial ligou para a Luthor e a chamou para beber, como sempre faziam. A verdade era que, durante todo esse ano que tinha se passado, a amizade entre elas tinha crescido e a confiança amadurecido. Era muito comum agora ambas se encontrarem depois do expediente de Sawyer para beber alguma coisa alcoólica, falar sobre como as irmãs Danvers podiam ser irritantemente fofas e também falar de coisas que antes não conversavam. E foi assim que Maggie contou a amiga sobre o dia que foi expulsa de casa e de como estava sofrendo por não poder contar aos seus pais sobre o casamento.

A CEO não sabia bem o que aconselhar, pois se um dia ela fosse se casar, também não teria ninguém da sua família presente. Não que eles fizessem falta, certamente que sua mãe surtaria, por dois motivos óbvios. Primeiro: sua única herdeira estava se casando com uma mulher. Segundo: ela estava se casando com ninguém menos que a Supergirl. Luthors não se casam com Supers, nem com qualquer outro alien. Mas aquilo não era sobre ela, era sobre a sua amiga. E ela queria ajudar. Por isso, durante todas aquelas semanas que se seguiram, as duas conversaram, desabafaram e Lena acompanhou Maggie até a antiga casa dos seus pais. Claro, a policial tinha ligado antes e avisado ao pai que iria visitá-lo.

A conclusão disso foi que o pai da latina compareceu sim a cerimônia, mesmo que a esposa não tenha concordado e se recusado a ir. Mais do que isso, ele pode levar a filha até o altar e isso era tudo o que Sawyer desejou na vida. A festa ocorreu num enorme salão dentro de um hotel e todos ficaram emocionados por ver Alex e Maggie realizando um sonho.

— Vocês não se casaram ainda — pontuou — agora vamos terminar isso aqui antes que alguém resolva assaltar um banco.

— Antes fosse só assalto a bancos, eu ficaria bem mais tranquila — resmungou, fazendo Alex gargalhar. Uma coisa elas tinham em comum, além de serem nerds viciadas em ciência: ambas era super protetoras com uma certa kryptoniana.

***

— Pesquisou tudo o que eu te pedi? — Winn perguntava mais uma vez para a amiga. Kara parecia prestes a explodir de tanta ansiedade — Kara, você está flutuando de novo.

— Porcaria — bufou e se concentrou em sentar na cadeira de maneira normal. Desde que tinha tomado aquela decisão, sua ansiedade estava tomando conta dos seus poderes, até mesmo quando dormia. Por isso, Lena tinha passado a acordar mais cedo e puxar a namorada de volta para a cama, pois geralmente ela estava a alguns metros do colchão — e se não der certo?

— Ah, você não começa não! — apontou o dedo para ela — é o nosso sonho!

— O nosso? — franziu o cenho — você é tão esquisito.

— Ok, é o sonho de vocês — bufou — que seja, Kara, você só precisa convencê-la a voar alguns quilômetros.

— Só? — riu sarcástica — Lena odeia voar.

— Sim, mas ela ama você e isso é tipo mil pontos ao seu favor — ele tinha razão — comprou o anel? — a loira suspirou e assentiu que sim.

— Será que ela vai gostar? Será que vai ser… suficiente? — nunca esteve tão preocupada na vida.

— Porque acha que não seria?

— Ela me deu uma casa de praia de presente de namoro, Winn — rolou os olhos — um casa! Rao! Ela inclusive comprou a CatCo!

— Ok, entendi seu ponto, mas… — sorriu — o que importa não são as coisas e sim o sentimento e a intenção. Convenhamos, Kara, você vai pedi-la em casamento, que presente maior pode haver?

— Tem razão — suspirou — então… é hoje.

— É hoje! Fique animada! — Winn se empolgou novamente — o nosso… er… o seu sonho vai se realizar — falou a contragosto. Poxa, aquele também era o sonho dele.

Kara gargalhou e se levantou para abraçar o amigo.

— Você é muito esquisito.

— Obrigado.

***

Depois de sair da DEO, Lena rumou direto para a L-Corp, onde tinha que assinar alguns documentos e buscar outros relatórios. Desde que tinha comprado a CatCo, a morena teve que se dividir em duas e a solução encontrada para esse problema foi contratar alguém para comandar a sua empresa. Com isso, ela chamou Samantha Arias, uma antiga amiga e uma profissional excelente. Ambas sempre se deram bem, sempre tiveram confiança uma na outra e Lena tinha pleno conhecimento da competência da morena. Ao deixá-la dirigir os negócio da sua família, a CEO pode dar mais atenção a sua nova empresa.

James Olsen ainda era o responsável pela CatCo e a Luthor não o tinha tirado do cargo, seria estupidez a sua, pois ele conhecia melhor sobre cada setor, cada funcionário e sobre conceitos de mídia. No início, Lena pensou que seria complicado trabalhar ao lado dele, simplesmente porque ela sentia no seu âmago que James ainda não gostava dela. E isso era meio verdade. Olsen não falava mais o que costumava, sobre ela ser apenas mais uma Luthor e também tinha aprendido a respeitar as escolhas de Kara. Não pode-se dizer que agora ambos eram amigos, porque estariam mentindo, porém os dois conviviam pacificamente e dentro das normas comuns de educação. No trabalho, os dois passavam a maior parte do tempo juntos, assinando papéis e direcionando as matérias, e o que acalmava a morena era poder ver a sua repórter favorita mais vezes no dia.

Na hora do almoço, Lena encontrou Kara no restaurante chinês de sempre. A tradição de almoçarem juntas perdurou durante todos aqueles meses.

— Como anda o seu artigo sobre a nova política da nossa presidente? — a morena perguntou curiosa. Amava ouvir a loira falar tão apaixonadamente sobre seu trabalho.

— Eu empaquei numa parte, mas consegui reajustar depois — confessou distraída com os vários guiozas sobre a mesa — e como a Sam tem se saído? Ela vai na nossa noite de jogos, né?

— Eu espero que sim, falei que Ruby também podia ir — comentou. Desde que Arias havia conhecido o grupo dos “super amigos”, todos eles a convidaram para todas as noites de jogos e karaokê — e ela tem se saído melhor que eu, se quer saber minha opinião sincera.

— Isso é humanamente impossível, Lena — falou sem pensar — oh Rao, eu sempre me esqueço que ela também é kryptoniana — bufou, fazendo a outra gargalhar.

— Exatamente, querida — sorriu divertida — sua irmã e Maggie ficarão contentes em ter Ruby nos nossos encontros.

— Elas realmente estão no modo tias babonas, não estão? — ambas riram.

— Eu acho que é mais o modo ansiosas para ter filhos — pontuou e Kara ficou pensativa — o que foi?

— Acha que elas querem filhos agora? — essa era uma pergunta com uma resposta óbvia.

— Alex sempre sonhou em ser mãe e Maggie, mesmo dizendo que não serve para esse cargo, é a pessoa mais paciente com a Ruby que eu já conheci — falou a verdade. A latina podia negar o quanto quisesse, mas Lena sabia que ela queria ser mãe.

— Mal posso esperar por isso… — suspirou.

— Sobrinhos? — a morena arqueou a sobrancelha, um pouco confusa.

— Filhos — sentiu suas bochechas corarem e a Luthor então entrelaçou seus dedos ao dela.

— Um passo de cada vez — seu sorriso foi radiante e foi a completa certeza, para Kara, que seu pedido valeria muito a pena.

A conversa seguiu descontraída, com ambas rindo do modo como Alex e Maggie ficavam ao lado da filha de Sam. Quando a morena tinha que trabalhar aos sábados, sua filha ficava com as novas “tias” e no fim, a pequena sequer queria voltar para casa, o que resultava numa noite de folga para Sam e numa noite do pijama agitada na casa Danvers-Sawyer. A dinâmica entre elas era hilária de se ver e também muito fofa. Ruby simplesmente adorava passar a tarde com elas, pois assim aprendia sobre todos os jogos policiais com a latina e também estudava ciência com a ruiva, ganhando sempre sorvete ao finalizar seu dever da escola.

***

Já havia quinze minutos que Kara tentava convencer Lena a voar com ela para um “local secreto”, de acordo com a loira. A morena só aceitaria se ela dissesse para onde iriam. Nenhuma delas chegava num acordo. Sendo sincera, Lena pensou que a namorada havia se esquecido sobre o aniversário de namoro, não que acontecesse sempre, na verdade houve apenas uma vez que a loira esqueceu, mas seu dia tinha sido cheio, complicado e a Luthor não se importou. Porém, de umas semanas para cá, a morena jurou que Kara tinha realmente se esquecido.

Agora parece que ela preferia que tivesse. De jeito nenhum que ela voaria para um lugar longe, nesse frio e a uma altura completamente fora do seu limite. Uma coisa era voar dentro de um avião, numa cabine fechada e com um cinto de segurança. Outra bem diferente era voar sendo segurada apenas por dois braços. E que braços! pensou consigo.

— Por favor, Lena — insistiu — eu prometo que não vai se arrepender. Eu estou planejando isso a um mês — fez um enorme bico, mas não foi isso que convenceu a morena.

— Um mês?

— Sim — suspirou. Não queria que nada, absolutamente nada desse errado. No entanto ela não contava com a teimosia da namorada — só dessa vez, eu prometo.

Lena bufou vencida. Quando que ela foi emocionalmente capaz de dizer não para aquela kryptoniana exageradamente fofa e irritante?

— Tem que me prometer que nunca mais vai fazer algo desse tipo — pontuou e Kara assentiu rapidamente concordando — e mais uma coisa.

— Qualquer coisa — entrelaçou seus dedos ao dela.

— Vai experimentar minha torta de legumes vegana — a loira quase vomitou ali mesmo — sem fazer essa cara e vai repetir.

— Oh, Rao! — resmungou — sério mesmo? Porque logo essa torta?

— Eu fiz um curso inteiro de culinária caseira por você, acho que isso é o suficiente — retrucou, pegando mais um casaco e segurando a bolsa embaixo do braço.

— É e não serviu de nada, você só faz coisas saudáveis enquanto eu morro de fome — resmungou mais uma vez.

— É pegar ou largar.

— Vai mudar de ideia depois de hoje, vai nem lembrar que eu quebrei aquela xícara da sua viagem para a Irlanda — sorriu presunçosa, fazendo Lena arquear a sobrancelha — eu aceito.

— Você o que? — antes que qualquer coisa pudesse ser dita, a Supergirl gargalhou e pegou a morena no colo, rezando internamente para que ela realmente esquecesse sobre seu pequeno desastre.

A viagem durou mais tempo do que ela previu, principalmente porque uma parte do caminho foi feita no frio e a Luthor tremia com o vento batendo em seu corpo. Após chegarem a Ásia, tudo ficou mais quente e a brisa úmida soprou no cabelo de ambas. Kara só conseguia pensar em todo o texto que vinha ensaiando com Winn durante aquelas duas semanas. Ela havia assistido vídeos no Youtube, tinha lido sobre diversas histórias na internet e tinha pegado alguns conselhos com Maggie, que não adiantou muito, pois a loira descobriu que a cunhada estava mais nervosa que ela.

E também descobriu que Lena soube primeiro que Sawyer iria propor para sua irmã. Como que pude ser traída assim duplamente? resmungou mentalmente. Não podia confiar em mais ninguém, dramatizou.

Norte da Tailândia, esse era o destino final. O cheiro da grama molhada penetrou suas narinas assim que pisou os pés no chão e Lena podia vir a sua frente um enorme rio. O local era uma pequena tribo, situada numa cidade escondida dentre os vales do país e regada por uma belíssima cachoeira, que estendia seus braços através do rio. Ao redor da água haviam muitas pessoas, dezenas delas e alguns monges estavam vestidos de vermelho e laranja, com suas cabeças raspadas e várias velas nas mãos.

Na realidade, todos ao redor do rio seguravam velas e foi isso que Kara ofereceu a Lena assim que chegaram. A morena parou para prestar atenção a cada detalhe e suspirou ao ver o brilho intenso vindo do topo das árvores. Muitas lanternas em forma de pequenos Budas estava penduradas, cada uma de uma cor e todas com uma pequena chama queimando no centro. O lugar, que deveria ser sempre escuro e deserto, agora estava repleto de cores e cheio de vida. Aos poucos, cada família, cada criança, cada membro daquela comunidade começou a colocar as velas para flutuar na água e você podia encontrar ali todos os tipo imagináveis.

— Onde estamos? — a Luthor perguntou enquanto sua namorada acendia ambas as velas.

— Tailândia, em Chiang Mai, para ser mais exata — ela ainda continuava sem entender o motivo de estarem ali. Observou um grande estátua dourada de um Buda embaixo de uma árvore e ele estava sentado sobre um morro feito de terra. Ao redor, espalhado pelo chão, havia outras velas acesas — existem dois festivais que acontecem no mesmo dia. O Loi Krathong ou Festival das Luzes e o Yi Peng ou também chamado Festival das Lanternas — explicou — o primeiro é um ritual realizado pelos seguidores de Buda e eles acreditam que, quando você oferece presentes, flores ou moedas como forma de agradecimento e homenagem, ele é capaz de levar embora as energias negativas da sua vida. Você pode pedir o que quiser, deixar ir o que quiser, é só acender uma vela e soltar sob a água.

Lena acompanhou aquela explicação e se surpreendeu com o nível de conhecimento da loira. Pensou no tanto de esforço e dedicação que ela deveria ter tido para pesquisar tudo, preparar cada detalhe e aprender sobre uma cultura tão diferente e espetacular. A Luthor nunca foi religiosa, de acreditar num deus ou numa imagem. Preferia acreditar na ciência, no que seus olhos podiam ver e no que os números podiam provar. No entanto, naquele um ano e pouco que tinha se passado, ela começou a ter uma visão inteiramente nova sobre o que era religião e o que era crença. Afinal, são conceitos diferentes.

— O que pretende deixar ir embora hoje? — perguntou se agachando ao lado da Supergirl e colocando sua vela sobre um pedaço retangular de madeira, enfeitado com algumas flores vermelhas e laranjas.

— Toda a dor do meu passado e todo o medo que tenho de um dia te perder — confessou — não quero ficar presa no que já aconteceu, mas também não quero ficar supondo um futuro trágico para nós duas — sorriu, encaixando a vela azul numa das rachaduras — e você?

— Não sei ao certo o que quero, sinceramente — suspirou e também encaixou a outra vela — mas acho que se eu pudesse pedir, pediria para que minha alma continue sendo protegida daqueles que querem me fazer mal por conta de algo que não tenho culpa. Não desejo mal para eles ou vingança, quero apenas poder viver usufruindo do que conquistei com amor.

— É um bom começo — a encorajou. Ambas se levantaram e assistiram o pequeno pedaço de madeira flutuar para longe, se juntando ao restante das velas. Alguns monges cantavam e as pessoas os seguiam na letra desconhecida por elas.

Kara então carregou Lena para o outro lado da cidade, numa parte mais aberta, onde havia um campo coberto por uma grama verde escura. Pessoas de todos os lugares do mundo estavam reunidas ali. Podia-se encontrar brasileiros, europeus, asiáticos e africanos. Cada um ali tinha uma característica única, mas se misturavam como se fossem iguais. Era o poder da mágica da Tailândia e seu Festival das Lanternas.

Sobrevoando o local, a Supergirl pousou na parte alta do campo, de onde era possível ver todo aglomerado de gente segurando lanternas enormes e brilhantes. Quando o relógio marcou a meia noite, todas as luzes foram soltas no céu, colorindo o manto azul escuro de um amarelo flamejante. Aquilo encheu o coração de Lena de uma esperança imensurável e de um sentimento tão forte que ela sequer sabia descrevê-lo. Ao olhar para a namorada, que fixamente encarava as lanternas flutuando no ar, percebeu que nenhum brilho daquele poderia ser comparado ao que Kara tinha em seus olhos azuis.

As pessoas comemoravam, se abraçavam e agradeciam por cada simples fato que tinha acontecido na vida delas. Não importa pelo o que você agradece e sim o que você sente ao agradecer por pequenos acontecimentos que geram grandes alegrias. Haviam famílias ali, crianças e avós, todos contentes por apenas estarem juntos. Foi então que a Luthor percebeu que havia significado demais as duas estarem juntas num lugar tão espiritual, assistindo um evento tão grandioso e intenso.

Porém, antes que pudesse falar alguma coisa, a loira virou-se para ela e segurou suas mãos firmemente, a deixando nervosa por antecedência.

— Eu… eu não… — riu sem graça e tirou duas alianças que escondia penduradas numa corrente em seu pescoço. Lena arregalou os olhos e seu coração acelerou-se instantaneamente — não sei como fazer isso e eu assisti tantos vídeos, treinei tantas vezes e agora sequer me lembro do texto que decorei.

— Tudo bem — sorriu e acariciou o rosto dela. Kara nunca lhe pareceu tão perdida e tão decidida ao mesmo tempo — respire fundo.

— Lena, eu não sei se vou dizer as coisas certas, mas acho que já adivinhou o que estou tentando fazer — suspirou — sempre achei que eu conheceria o a pessoa certa, me apaixonaria perdidamente e ela me pediria em casamento num restaurante chique com todo mundo olhando… e ah! Ela estaria de joelhos — pontuou rindo —, mas depois que eu te conheci, nada mais fez sentido. Eu já não sabia o que esperar de alguém que gostasse de mim, já não sabia se queria ainda me casar ou me apaixonar. Era bem mais fácil lidar com a vida de heroína, ser inacessível e impenetrável. Mas quando eu te conheci e… e senti o seu abraço pela primeira vez, eu soube ali mesmo que todas as minhas concepções sobre amor estavam… erradas, pelo menos em partes — ela desencaixou as alianças e olhou para Lena. A morena permanecia estática, calada e seus olhos brilhavam com as lágrimas que começavam a escorrer — com você eu aprendi que a gente não se apaixona realmente a primeira vista, mesmo eu tendo certeza que me apaixonei na primeira vez que te vi na L-Corp. Aprendi que primeiro você conquista confiança, uma amizade e vai fazendo disso uma pequena construção do seu próprio caráter. Eu soube contigo o que é carinho, acreditar no meu potencial, não aceitar críticas de quem não sabe quem sou, aprendi que eu posso sim chorar, ser fraca, ser vulnerável e principalmente, que eu posso ser humana. Você aceitou por inteiro, Lena, mesmo quando eu não tinha sido completamente sincera. Você esperou meu tempo, respeitou meu espaço e minhas escolhas. Nunca pensei que encontraria alguém que visse o meu pior lado e ainda sim o amasse, porque afinal amor é isso: conhecer o pior e melhor de alguém e ainda sim escolher ficar. Ninguém é perfeito, eu não sou e você também não é — ela revogou a mão esquerda da Luthor e com sua mão direita segurou a aliança simples que tinha comprado em sua joalheria favorita — mas nessa noite eu quero colocar os meus erros com os seus e os meus medos com os seus também. Porque sei que mesmo a gente não conseguindo atingir a expectativa de ninguém e nem as nossas, ainda sim somos perfeitas uma para outra, dentro de todas as nossas imperfeições.

— Kara… — a morena soluçou, sentindo as mãos suarem e tremerem.

— Talvez uma Luthor e uma Super não tenham sido feitas para se apaixonar — riu sarcasticamente — estou aqui para provar o contrário. Aceita se casar comigo?

Lena riu emocionada, com seu coração espancando seu peito e todos seus sentidos embaralhados. Não podia ser real, não parecia ser real. Ela soluçou mais algumas vezes e limpou o rosto banhado de lágrimas.

— Sim — sorriu extasiada, com as várias lanternas fazendo os cachos loiros brilharem naquela noite — mil vezes sim.

***

Save the date: 28 de Abril - Lena Luthor & Kara Danvers.

E então a contagem regressiva começou. O que levou todos a um novo round de correria e loucura. A data foi prevista para a primavera do próximo ano, pois Lena se recusava a se casar num frio intenso ou num calor exagerado. Sem contar que Kara era apaixonada por flores e essa com certeza seria uma marca da cerimônia que celebrará a união de uma Super com uma Luthor. Porém, por mais que pensem que tudo iria ocorrer de maneira simples, na verdade, foi uma completa loucura.

Após o inverno rigoroso que se estendeu até fevereiro, Lena e Kara começaram a procurar seus vestidos de noiva, contando com a ajuda de Alex, Maggie, Sam e Eliza. Sim, Eliza Danvers foi a última a saber do pedido de casamento, isso porque Schott era fofoqueiro demais e também porque a família Danvers-Sawyer já estava a par do assunto. Por isso, a matriarca resolveu se mudar provisoriamente para National City e acabou ficando no antigo apartamento de sua, agora, futura nora. Isso ajudaria ambas as mulheres a se arrumarem para a data oficial que se aproximava.

Kara era um poço de nervos, mesmo com sua mãe e sua irmã a acompanhando em todas as provas do vestido. Sem contar que a cada vez que ia na loja, ela se apaixonava por um diferente. Assim era complicado, bem complicado. Lena, por outro lado, tentava enfiar a cabeça dentro do trabalho, o que não funcionou, pois por mais que dissesse a si mesma que não havia motivo para enlouquecer por uma festa, isso sequer fazia sentido. Ela ia se casar! Por deus, ela finalmente iria se casar. Como não se deixar levar por todos aqueles sentimentos confusos e desordenados em seu coração?

Verdade seja dita e exposta, a Luthor chorava sempre que encarava a aliança de noivado na mão esquerda. Chorava toda vez que ia provar e fazer os ajustes no vestido e também se emocionava ao pensar em cada detalhe que ainda tinha que decidir sobre a cerimônia. Por isso, Maggie e Sam eram as responsáveis por acompanhá-la em cada decisão sobre o vestido de noiva, maquiagem e escolha de penteado. Com relação a local da festa, decoração, cerimonial, lista de convidados e etc, Lena e Kara resolveram contratar alguém que fosse profissional na área e, além disso, concordaram que a morena iria escolher o cardápio das entradas e da janta principal, deixando a pequena Danvers responsável pela seleção dos doces e das lembrancinhas ao final da festa.

Claro, essa foi a parte mais lucrativa para a loira, afinal ela era a incumbida da tarefa de provar várias e várias vezes os sabores de bombons, bem casados, trufas e todos os doces que lhe eram oferecidos. Já estava achando aquele casamento bom demais para ser verdade. Os outros detalhes elas selecionaram juntas, se encontrando de duas a três vezes com a mulher responsável pela festa. E ao invés da CEO enfiar a cabeça dentro dos vários relatórios e nas pilhas de documentos, ela acabou entrando no modo hard de noiva perfeccionista e ansiosa. Nada podia sair errado, tudo tinha que estar em perfeita ordem.

Os arranjos de flores seriam nos tons de vermelho e laranja, os buquês iriam ter flores inteiramente brancas, a cerimônia seria ao ar livre e a festa num salão fechado. As comidas foram escolhidas, os convidados receberam em casa — com três meses de antecedência — os convites, que consistiam em pequenas velas enfeitadas com crisântemos amarelos e brancos. Os padrinhos foram chamados pessoalmente, assim como os amigos mais próximos, mesmo Winn insistindo em dizer que queria ganhar mais de uma lanterna, pois ele era melhor amigo das duas.

A festa aconteceria no final da tarde, numa estância situada na saída sul da cidade. Nela havia um corredor imenso de palmeiras e uma estufa de vidro, onde seriam montadas as mesas para o jantar, a mesa do bolo e a pista de dança. Cada simples pormenor era decidido depois de muita discussão e conversa, nenhuma das duas queria impor suas vontades, afinal o casamento tinha que ter um pouco de cada uma.

Os presentes começaram a chegar no início de Abril e isso fez ambas pararem para pensar no detalhe mais importante que não tinham decidido. Onde iriam morar dali para frente? Nada daquilo caberia no apartamento simplório da loira e Lena não queria pedir para que Eliza saísse do seu apartamento. Estava começando a ficar em cima da hora e no desespero elas acabariam fazendo algo errado. Com isso, a Luthor decidiu que guardariam o que pudessem na sala de estar e iria pedir para que Jess começasse a procurar bairros residenciais que ficasse próximos tanto da L-Corp como da CatCo. Lena foi bem específica quanto ao que queria: uma casa.

Jamais que iria querer que seus filhos crescessem num apartamento apertado, onde não houvesse um quintal para correr e organizar suas festas de aniversário. Oh céus, pensou em silêncio, ela estava pensando em filhos de novo. O que não era novidade, claro. Mas agora era permitido pensar em filhos, não era? Elas estariam casadas, felizes e com certeza iriam querer aumentar a família.

Droga, Lena, resmungou consigo, vai com calma.

Tudo daria certo. Tudo tinha que dar certo. E era nisso que tanto Lena quanto Kara se apegavam todos os dias.

***

Dia vinte e oito de Abril chegou rápido demais e só ao acordar Lena já tinha chorado mais de duas vezes por saber que poderia chover naquela tarde. Isso fez com que Kara, no dia anterior, tivesse passado mais de duas horas quebrando pedaços de concreto na DEO e depois comendo todo o estoque de biscoitos e sorvete que havia na sua geladeira. O nervosismo e a ansiedade começavam a comê-las vivas. Alex fazia o possível para manter sua irmã dentro do eixo, assim como Sam e Maggie se esforçavam ao máximo para fazer a Luthor parar de chorar.

Logo cedo, as noivas foram separadas e guiadas até os dois salões de beleza indicados para casamentos. Eliza e Alex se arrumaram junto com a pequena Danvers, Arias e Sawyer ficaram com a CEO durante todo o processo, aproveitando também para ficarem prontas. James e Winn eram responsáveis por organizar os convidados e recebê-los nos lugares corretos, afinal cada um vinha de uma Terra diferente e estavam se aglomerando conforme iam chegando. Nunca tinham visto tantos heróis juntos num só lugar.

J’onn organizou a DEO inteira para patrulhar a área onde seria realizada a festa, tomando cuidado para não destruir nada. Se tinha uma coisa que ele tinha medo era de uma Lena Luthor extremamente furiosa e perfeccionista. Preferia lidar com ela quando apenas envolvia kryptonita ou crimes da Cadmus, era bem mais fácil e menos assustador. Cat Grant ficou incumbida por… enfim, ser ela mesma e também contratar os melhores fotógrafos para registrar aquele momento único da sua repórter e super heroína favorita. Não que dissesse isso em voz alta, óbvio.

A Luthor estava finalmente pronta. Os cabelos caíam em ondas sobre o seu ombro, a maquiagem simples destacava bem o verde cristalino dos seus olhos e a cor creme do vestido combinava perfeitamente com a sua pele. No entanto, ela sentiu a urgência de chorar novamente, mesmo sabendo que agora o motivo era totalmente diferente. Lena respirou fundo, tomou mais um pouco de água e releu seus votos pela enésima vez, tentando se acalmar de todas as formas possíveis.

— Posso entrar? — Eliza bateu a porta e a abriu, sorrindo radiante por ver a nora sentada sobre o sofá vinho e parecer-se tanto com um membro da realeza.

— Claro, por favor — suspirou nervosa e ainda tentando controlar suas emoções.

— Lena, você está… deslumbrante — arfou encantada — estou imensamente feliz por vocês duas — a puxou para um abraço apertado e sentiu a tensão no corpo da outra — o que houve, querida? Algum problema?

— Não… — piscou algumas vezes e contou até dez mentalmente — eu só… só estava pensando no meu irmão e na minha mãe, no fato de que eles não estão aqui. É besteira minha, eu não teria os convidado, mas mesmo assim… parece…

— Que está faltando alguma coisa — Lena assentiu que sim, mesmo que não fosse exatamente o que sentia — olhe, meu bem, não posso dizer que entendo o que sente, porque estaria mentindo. No entanto, quero que saiba que não está sozinha. Se precisa de uma mãe, bom… eu estou aqui e quero poder ser essa mãe para você — falou sincera e a Luthor não teve outra escolha a não ser chorar — não quero que fique melancólica no dia mais especial da sua vida. Nós somos sua família agora, todos nós. Você é uma Danvers e também uma Zor-El, mesmo que não registrada — riram juntas — eu te amo como amo minhas filhas e também como amo Maggie.

— Obrigada — tratou de limpar o rosto com cuidado e respirar devidamente — o que é isso? — apontou para o grampo antigo, coberto com pequenas flores de tecido e uma pedrinha azul no centro.

— Algo antigo, azul e emprestado — explicou Eliza, ajeitando o enfeite nos cabelos negros e macios da CEO — hoje é o seu dia e tudo vai estar perfeito.

— Eu espero que sim.

***

— E se ela se atrasar? E se desistir? E se eu tropeçar ou esquecer a letra da música? — Kara não parava de tagarelar e andar de um lado para o outro na entrada do altar — oh, Rao! Eu vou estragar tudo!

— Kara, respire fundo — Clark puxou a prima para um abraço apertado e a deixou deitar a cabeça sobre seus ombros. Quando soube que a loira ia se casar, Clark não pensou em outra coisa a não ser aceitar o convite. Kara era sua família, a única família de sangue que tinha restado do seu antigo planeta — Lena não vai desistir e você vai se lembrar de tudo, apenas relaxe.

— Certo, relaxar — bufou — eu não consigo! — resmungou, fazendo o primo rir.

— Sente-se aqui — indicou uma das banquetas marrom dispostas em fila — eu sei que não sou muito presente na sua vida e que também não posso te confortar quando se lembra de Krypton ou dos seus pais — suspirou —, mas quero que se lembre que eu te amo e que nunca estive tão orgulhoso de você como hoje. Nós dois usamos uma capa vermelha, um símbolo no peito e também nos envolvemos com um Luthor, porém eu falhei com Lex e você conquistou o coração de Lena. Isso é bem mais que ser uma super heroína, Kara, isso é ser humana. Hoje você não vai usar uma roupa azul e vermelha para salvar o mundo, hoje você vai usar branco e vai segurar seu próprio mundo na palma da mão — a loira sentiu os olhos marejarem e se controlou para não chorar — trouxe isso para você.

— O que é?

— Algo antigo, azul e emprestado — explicou — ao que parece, isso é uma tradição aqui e Lois me ajudou com esse detalhe — em suas mãos estava um pequeno alfinete, onde três pingentes estavam pendurados. Um era o símbolo da casa El, o outro era uma letra L e o último era uma pedra azul em formato de uma rosa.

— Obrigada, Kar-El — ambos sorriram — obrigada por estar aqui.

— Eu não iria querer estar em outro lugar.

***

O convidados estavam todos sentados e esperavam ansiosamente pela entrada das noivas. Alex entraria com Kara e Maggie levaria Lena até o altar. No meio de toda aquela gente, podia-se encontrar Sara Lance e Ava sentadas na terceira fileira, Barry Allen e Cisco na primeira, Diana Prince, Bruce Wayne e tantos outros amigos especiais, que a essa altura Lena já sabia que todos eram super heróis. E quando soube, agiu como uma completa fã empolgada, principalmente por saber que a Diana que conheceu em Berlin, na verdade, era a Mulher Maravilha. Era informação demais para uma nerd, como a Luthor, receber de uma vez só.

A melodia do piano começou a tocar e, ao som Turning Page da banda Sleeping at last, Kara apareceu com toda sua glória na ponta oposta do altar, pisando pela primeira vez sobre o tapete disposto a sua frente. A multidão se levantou e prestaram atenção no quão linda a kryptoniana estava naquele final de tarde — felizmente sem sinal de chuva. Alex segurava firme no braço direito de sua irmã e já estava chorando desde quinze minutos atrás, sabendo bem que era um coração mole para casamentos. Ao lado do juiz de paz, Winslow estava a esquerda e Sam e J’onn a direita, todos padrinho e madrinha das noivas. Alex logo se juntaria ao lado de Winn.

A pequena Danvers encarava cada amigo com gratidão e sussurrava para si mesma o quão irreal aquele momento era. Estava, finalmente, prestes a se casar com sua melhor amiga e nenhum sonho era melhor que aquele. Durante todos aqueles quase seis meses de correria, dor de cabeça e decisões, ela não tinha conseguido parar para pensar no que realmente sentia. Mas agora ela sabia. Sabia que dali por diante se apaixonaria todos os dias pela mulher da sua vida, sempre por motivos diferentes a cada manhã. Sabia que nem todos os momentos seriam de alegria e que nem todos a fariam sorrir.

No entanto, aquela era a graça de escolher passar o restante de seus anos ao lado de alguém tão extraordinária como Lena Luthor. Os desafios seriam grandes, às vezes até impossíveis e intransponíveis, porém sua esposa estaria lá para ajudá-la, estaria ao seu lado para tentar resolver qualquer problema ou situação que surgisse. E assim seria para sempre naquele pequeno pedaço da eternidade que estavam construindo.

Kara chegou ao altar e Alex beijou-lhe a testa, sussurrando um eu te amo rouco e emocionado. A loira sorriu para os padrinhos, deixou seu buquê sobre a pequena mesa e foi até o microfone disposto no suporte. Ao seu sinal, a banda escolhida a dedo pela loira começou a tocar e ela pode ver do outro lado, não muito distante, Lena parada ao lado de Maggie, apenas esperando sua deixa. O que a Luthor não sabia, era que sua esposa cantaria na sua entrada uma música escolhida especialmente para ela.

For all those times you stood by me

Por todas aquelas vezes que você me apoiou

For all the truth that you made me see

Por toda a verdade que você me fez enxergar

For all the joy you brought to my life

Por toda a alegria que você trouxe para minha vida

For all the wrong that you made right

Por tudo de errado que você transformou em certo

For every dream you made come true

Por todo sonho que você tornou realidade

A CEO apertou a mão nos braços da latina ao seu lado, com seu coração prestes a sair pela boca e todo seu rosto coberto por lágrimas. A visão da loira cantando a frente, dos convidados a encarando a sua direita e esquerda, a faziam sentir como se fosse a mulher mais importante do mundo, que ninguém teria a sorte que ela teve. Durante toda a sua infância e adolescência, Lena tinha se acostumado a ser deixada de lado, a ficar calada e não chamar atenção. Depois, quando foi obrigada a aceitar o cargo de presidente da empresa do seu irmão, ela teve que reaprender a lidar com toda a atenção que a mídia dava para cada passo seu. E na maioria das vezes, para não dizer sempre, o que diziam sobre suas ações não era algo bom.

You were my strength when I was weak

Você foi minha força quando eu estive fraca

You were my voice when I couldn't speak

Você foi minha voz quando eu não podia falar

You were my eyes when I couldn't see

Você foi meus olhos quando eu não podia ver

You saw the best there was in me

Você enxergou o melhor que havia em mim

Mas agora ela estava ali e era o centro do maior evento da sua vida, assim como Kara era o centro do seu universo. Lena não sabia o que tinha feito para merecer tal coisa, não sabia porque tinha sido a escolhida e porque a kryptoniana tinha se apaixonado justo por alguém como ela. A Luthor era uma mulher repleta de dores, rancores e angústias, tinha medo do que o futuro lhe reservava. No entanto, naquele exato instante, ela não se importaria se o mundo desabasse, pois tudo o que lhe importava era a mulher que lhe aguardava do outro lado do tapete sobreposto no palete.

Lifted me up when I couldn't reach

Me ergueu quando eu não conseguia alcançar

You gave me faith, 'coz you believed

Você me deu fé, porque você acreditou

I'm everything I'm, because you loved me

Eu sou tudo o que sou, porque você me amou

Maggie deixou Lena no altar, beijando sua testa e dizendo palavras de carinho em seu ouvido. Kara cantou as últimas palavras da música com tanta intensidade e ternura que ninguém na platéia não havia conseguido para de chorar. Cada verso de cada uma das estrofes martelavam sobre o peito da morena que esperava sua futura esposa terminar de cantar. Assim que ela entregou o microfone, suas mãos procuraram pelas de Lena e a seguraram firmemente. A pequena Danvers beijou a testa de sua esposa e sorriu, sussurrando rapidamente um eu te amo.

O juiz de paz falou algumas palavras antes de passar a voz para as duas noivas. Falou sobre o amor, sobre paciência, sobre perseverança e sobre todas as coisas que ele era treinado para dizer num casamento. As duas esperaram até que ele dissesse que os votos estava permitidos.

— Kara, eu ainda consigo me lembrar da primeira vez que entrou em minha sala, seguindo o repórter que eu vim a descobrir mais tarde que era seu primo — a Luthor começou a dizer, segurando um pequeno papel — me lembro do quão azul estavam seus olhos, chamando mais atenção que o céu naquele dia. Me lembro do quão compreensiva você foi comigo, mesmo sem me conhecer, me lembro de quando me procurou e me abraçou pela primeira vez. Me lembro de sentir minhas pernas tremerem e todo meu corpo arrepiar ao sentir o calor do seu corpo ao redor do meu — sorriu — clichê, eu sei — os convidados riram e Kara corou lindamente — me lembro de quando me disse que eu sempre teria alguém para me proteger, alguém que seria minha família, que seria para sempre minha amiga. E hoje você está aqui, cumprindo mais uma vez essa promessa, está aqui me provando que, independente do que os outros digam sobre o meu caráter, você sempre vai ser a primeira a acreditar mim — finalizou seus votos, com as mãos trêmulas, e esperou a loira desamassar o papel que estava em suas mãos.

— Lena, se eu conseguir dizer tudo o que escrevi sem errar já vai ser uma vitória — todos riram novamente — muitas coisas eu já te disse e várias eu repito todos os dias quando acordamos. Mas eu quero que saiba que o seu rosto amassado pela manhã e seus cabelos embaraçados nunca vão deixar de ser a minha visão favorita pela manhã. Você pode me chutar a noite, pode ficar com vergonha quando digo que é a mulher mais linda do mundo, pode dizer que eu não arrumo a cama, piso com a bota suja no seu tapete e que não sirvo para cozinhar nem um ovo. Nada disso vai me fazer te amar menos, pelo contrário — sorriu — eu quero aprender a te amar em cada detalhe seu, quero saber quais são seus sonhos, quero planejar nossos filhos, quero saber se você vai chorar no primeiro dia de aula deles ou se vai deixá-los comer doce antes do almoço. Quero voltar para casa, depois de um dia cansativo, e te encontrar concentrada num livro ou na pilha de documentos que sempre tem para ler. Quero sempre repetir a você, antes de nos deitar, que o mundo poderia ter me oferecido todas as estrelas do céu, mas nenhuma tem o brilho comparado ao dos teus olhos.

Com isso, a banda voltou a tocar e cantar, enquanto as alianças foram entregues para as duas.

You were always there for me

Você sempre esteve lá para mim

The tender wind that carried me

O vento carinhoso que me levava

A light in the dark shining your love into my life

Uma luz no escuro brilhando seu amor na minha vida

Elas se encararam por breves segundos, que pareciam ter durado horas. As alianças foram devidamente colocadas e agora elas faziam parte do pequeno arranjo que os braceletes, nunca retirados, formava em seus pulsos. As cores azul e vermelha ainda estavam ali sobre o dourado, demonstrando duas culturas e duas crenças que agora formavam uma só. A música finalizou assim que ambas selaram o final daquela cerimônia com um beijo apaixonado.

You've been my inspiration

Você tem sido minha inspiração

Through the lies, you were the truth

Em meio a mentiras, você foi a verdade

My world is a better place because of you

Meu mundo é um lugar melhor por sua causa

 


Notas Finais


Ai, eu quase coloquei a letra da musica inteira ajdnaskdnaksjdn me perdoem por isso, sei q fica imenso hehe
as passagens de tempo serão mais frequentes, ate pq a fanfic n é longa então os fatos serão abordados mais especificamente. Obrigada pela compreensão sempre, de vdd!

Até amanhã (ou hoje aksjdnaksjdn)


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