1. Spirit Fanfics >
  2. Sinners >
  3. .sem memória.

História Sinners - .sem memória.


Escrita por: LovePizzaS2

Capítulo 58 - .sem memória.


Fanfic / Fanfiction Sinners - .sem memória.

Narrado por Max Thunderman

Vazio.

Tudo era tão vazio. Tão frio e tão distante. Eu podia ouvir vozes, via rostos que mais pareciam borrões, mas nada era concreto. Tudo era um imenso vazio.

Uma tela preta de televisão que apenas mostrava alguns flashs de vez em quando, apenas para escurecer novamente.

Quem eram aquelas pessoas?

Nada se tornava plenamente inaudível ou visível, não passavam de meras ilusões. Podia ouvir uma voz, uma voz que era a única que parecia gravada na minha mente. Repetindo a mesma coisa diversas e diversas vezes.

Então eu pude discernir uma imagem. Um mobile de cristais, com diversas estrelinhas, luas e corujinhas girando sem parar sob uma luz escassa. Era hipnotizante.

Até que eu consegui criar forças para abrir meus olhos, e aquela voz doce e feminina desapareceu de repente.

Meus olhos pesavam. Minha cabeça doía e aquele "bip" irritante estava me enlouquecendo.

Eu sentia raiva.

Não sabia descrever a origem daquele sintomento, mas estava irritado e sentia muita raiva.

Quando finalmente foquei algo, pude perceber que era o rosto de um homem. Alto, cabelos castanhos, parecendo ter quase quarenta anos, isso se já não os tivesse. 

Ao perceber que eu estava consciente, ele olhou para trás e trocou um olhar que eu naofui capaz de entender com o rapaz loiro e magrelo.

– Max? – ele chamou.

Max...Max...Então aquele era meu nome?

Mas porque diabos eu não conseguia me lembrar de nada.

Franzi a testa e olhei em volta. Um hospital. Talvez aquilo explicasse minha falta de memória.

– Ahn...eu? – falei com a voz rouca. Pigarreei.

– Lembra de mim? – perguntou o homem.

– Ou de mim? – o rapaz se aproximou mais. Pisquei algumas vezes.

Eles podiam me parecer familiares, mas eu não fazia ideia de quem eram, não imagina quais eram seus nomes ou tinha mínima noção se eram ou não importantes pra mim.

– Ahn...Não? – soou mais como pergunta que como afirmação, e fiz uma careta ao perceber – Onde eu estou? E porque a única coisa de que me lembro é de um mobile de cristais?

Eles franziram a testa confusos, mas depois decidiram que era melhor ignorar minha última manifestação.

O homem então suspirou e se aproximou mais, parecia prestes a dizer um texto ensaiado da forma que me olhava e movia os lábios em silêncio. Por fim, ele assentiu.

– Bem, Max... Você está em um hospital em Swellview porque sofreu um grave acidente a algumas semanas – disse ele antes de pigarrear como se tudo fosse a tarefa mais difícil – E meu nome é Ray Manchester... e eu sou...sou seu irmão.

Franzi a testa. Porque não me lembrava dele? Eu deveria me lembrar do meu irmão. Deveria saber quem ele era, ou ao menos sentir algum tipo de ligação sentimental. Mas não havia nada.

Olhei para os dois novamente.

– E você? – perguntei ao loiro.

– Ahn...Henry – disse ele – Henry Hart e eu sou...sou um dos seus melhores amigos, cara.

– Eu sei que deveria me lembrar de vocês – falei – Mas não faço ideia de quem sejam.

Ray assentiu com tristeza.

– Sabemos disso – falou ele tocando meu ombro – Mas estamos aqui pra te ajudar a seguir com sua vida.

Ele sorriu e eu retribui, mas por dentro só consegui pensar em como aquilo não me soou normal. Seguir com sua vida. Ele deveria dizer que me ajudaria a lembrar da minha vida pra que eu seguisse com ela. Mas ao invés disso, pareceu que eu deveria esquecer todo o passado.

Mas quem sabe fosse apenas paranóia de um louco desmemoriado.

●------■------●

Após uma longa avaliação médica e prescrição de alguns medicamentos, eu fui liberado para voltar para "casa". Não sabia ao certo se podia me sentir em casa em um lugar desconhecido.

No carro, Ray e Henry estavam estranhamente silenciosos. Eles se olhavam de vez em quando de uma forma muito suspeita, que me dizia que estavam escondendo algo. Mas apenas observei.

– Como foi? – perguntei. Os dois se assustaram e em seguida Ray olhou pelo espelho para mim.

– Como foi o que? – perguntou ele.

– Como foi meu acidente – falei – Eu quero saber o que me levou a esquecer absolutamente toda a minha vida.

– Você se meteu onde não devia, perdeu o controle e bum! – disse Henry gesticulando – Perdeu a memória.

– Isso não foi muito específico – eu disse.

– Olha, Max – Ray disse me olhando pelo espelho – Você era um garoto imprudente e com instinto de rebeldia e vilania. Muito difícil de controlar. E você só...passou dos limites.

– Eu bebi? Foi isso? – perguntei tentando ir mais afundo.

– Ah, pode ter certeza que álcool influenciou muito na sua situação – disse Henry dando muita ênfase as palavras.

– E eu machuquei alguém? – perguntei preocupado. Não sabia se o antigo eu se preocuparia com o bem estar geral, mas aquele idiota sem memória só podia pensar na possibilidade de ter ferido alguém.

– Uma garota – disse Ray entredentes num murmúrio baixo – Machucou pra caramba...

Henry o estapeou no braço com força e Ray bufou. Eu senti o sangue se esvair do meu rosto por completo e engoli seco.

– Machuquei muito? Ela está bem? – perguntei afoito.

– Claro! Ela está ótima, Max – disse Henry – Não tem que se preocupar com o que esse babaca diz, ele só quer te assustar.

Suspirei. Não 100% aliviado, mas o suficiente.

– Chegamos – disse Ray ao estacionar diante de uma grande e bela casa. Eu a olhei e assenti. Eu tinha uma bela vida. 

– Essa é a nossa casa? Nada mal – falei.

– Na verdade é a minha casa – disse Henry tirando o cinto. Franzi a testa.

– Nossa casa tá em reformas e eu estou indo em uma viagem de negócios – disse Ray – Estão vai ficar com Henry por alguns dias, tudo bem?

Assenti. Não fazia a menor diferença, os dois eram completos desconhecidos pra mim.

– Suas coisas já estão lá dentro – disse Henry descendo do carro. Eu o segui, recebendo um aceno como despedida de Ray, antes que ele arrancasse e saísse a toda a velocidade. Pisquei algumas vezes encarando o rastro dele.

– Nossa relação não deve ser das melhores – comentei.

– Digamos que algumas pessoas tem formas bem estranhas de se relacionar com os irmãos – disse Henry – Enfim, vamos entrar?

Eu assenti e o segui. Henry bateu os pés no capacho e eu repeti o gesto assim que ele entrou. 

Quando entrei, a primeira coisa que avistei foi uma garota loira que devia ter a idade da Nora, com um alicate enfiado na boca de um garoto de cabelos enrolados, que gritava de forma desesperada.

Arregalei os olhos no mesmo instante.

– Aaaaa – gritava o rapaz sendo torturado.

– Eu já disse pra não se mexer!! – gritou a menina autoritária. 

Fiquei acoado ao lado da porta, tendo medo do que me aconteceria se eu me aproximasse. Henry se virou com um suspiro pesado e cansado.

– Essa é minha irmã Piper – disse ele apontando a loira – E essa é a cobra de laboratório dela, Jasper.

Em seguida se virou para os dois.

– Que diabos está fazendo, Piper? – perguntou Henry calmamente.

– A Allison comprou o novo celular que tem a definição de imagem mil vezes melhor que a porcaria de celular que eu tenho, as fotos dela ficaram parecendo as do álbum da Taylor Swift – gritou Piper – EU PRECISO DESSE CELULAR!

– E porque está arrancando os dentes do Jasper? – perguntou Henry.

Nesse instante, uma garota veio da cozinha bebericando algo de uma caneca esfumaçante. Negra, cabelos cacheados e aparentando ter a idade de Henry.

– Ela acha que a Fada do Dente vai pagar mais se ela entregar todos os dentes do Jasper – disse ela se sentando no sofá.

– E essa é a Charlotte – disse Henry – Que deveria estar em outro lugar.

– Já terminei o que tinha pra fazer em outro lugar, então não enche, Henry – disse ela sem nem nos olhar e pegando o controle da televisão.

– Vocês parecem um bando de lunáticos, cara – comentei em voz alta demais. Todos pararam no mesmo instante e me olharam. Jasper parou de gritar por Piper aliviar a força que fazia para arrancar seus dentes. Ela me olhou de alto abaixo.

– E quem é você? – perguntou Piper. Franzi a testa e olhei para Henry.

– Lembra que eu falei que irmão do meu chefe ia passar uns dias aqui? – perguntou Henry.

– Ah – ela deu de ombros com desdém e voltou a tarefa de arrancar os dentes de Jasper.

– Nós vamos subir, você vem Char? – perguntou Henry.

Charlotte suspirou me olhando tristemente e por fim negou.

– Vou deixar vocês conversarem – disse ela – Mas não esquece que temos que sair mais tarde.

– Eu sei – disse Henry. Se virou para mim e acenou na direção das escadas com a cabeça. Eu o segui, e quando chegamos ao que deveria ser o quarto dele Henry fechou a porta.

– É sua namorada? – perguntei passando a mão na cômoda empoeirada. Henry fez uma careta – Charlotte.

A careta se tornou pior.

– Que? Não, cara! – disse ele gueguejando e com uma risada nervosa – Charlotte é minha melhor amiga...eu n-nunca olharia pra ela desse jeito...tá com fome?

– Pra caramba – falei com sinceridade. A mera menção de comida fez meu estômago roncar. Henry riu.

Ele saiu e eu fiquei ali, olhando em volta. Era um quarto bagunçado, mas aconchegante. 

Bufei entediado e ergui a mão para pegar um boneco sobre a estante. Foi quando notei algo peculiar.

Abaixei a mão novamente olhando diretamente para ela. Senti algo estranho e meu coração acelerou de repente. Engoli em seco com medo do que aquilo significava.

Levei a mão direita devagar e tirei a aliança dourada. O que aquilo significava?

Virei a aliança e notei algo gravado em seu interior. Girei para ler com mais facilidade e notei que era um nome. Phoebe.

Mas quem era Phoebe?

A porta se abriu e me virei, Henry entrou tagarelando.

– Eu pedi uma pizza, vai levar cerca de... – quando seus olhos pousaram nas minhas mãos ele paralisou e me olhou nos olhos cheio de pavor.

Eu ergui a aliança.

– Quem é Phoebe? – perguntei. Henry engoliu seco algumas vezes, parecendo não conseguir abrir a boca e dizer algo.

– Ela...ela...

– Por favor, me diz a verdade – pedi já estremecendo com medo da verdade. Henry abaixou a cabeça e fechou os olhos.

– Ela era sua esposa – ele ergueu a cabeça e me olhou.

Respirei fundo, mesmo que o ar parecesse não chegar aos meus pulmões.

– E-era? – eu perguntei – O que aconteceu com ela?

Ele ficou quieto.

– Henry, o que aconteceu com...

– Ela morreu! – Henry gritou irritado. Ele parou, respirou fundo e colocou as mãos na cintura.

Senti algo em mim se partindo, mesmo que não entendesse direito a razão. Afinal eu não lembrava dela. Como podia estar tão destroçado? 

– O acidente – sussurrei com um nó na garganta – Fui que a matei...eu a matei não foi?!

– Não foi sua culpa – disse ele.

– Como não, Henry! – gritei – Eu bebi e matei a mulher que eu devia amar...e ao invés de estar...aguentando a culpa e todos os sentimentos ruins que eu mereço eu nem lembro dela!

– É, aconteceu, Max! Ela se foi...

Henry me olhou parecendo estressado e cansado.

– E ela não vai voltar pra você – disse Henry passando a mão nos cabelos – Então acho bom apenas esquecer.

– Precisa me falar dela – sussurrei – Quero ver as fotos, as roupas dela... preciso que me mostre quem era ela!

– Max – ele me sacudiu – Acabou, esqueça ela!

– Não posso – falei. Ele suspirou pensativo.

– Precisa – disse ele 

– Quer que eu esqueça que tinha uma esposa? Quantos anos eu tenho? Dezoito? Porque já era casado aos dezoito? – perguntei sentindo que choraria a qualquer momento. Parei e fechei os olhos respirando fundo antes que desabasse – Se é mesmo meu melhor amigo, porque não me conta tudo? Me diz quem sou eu, Henry! Me diz quem ela era!

Henry deu alguns passos na minha direção.

– Eu vou dizer quem você é agora – disse ele – Você é Max Manchester, tem dezoito anos e está terminando o ensino médio, você tem um emprego ótimo de meio período em uma oficina mecânica no centro da cidade e isso...

Ele tomou a aliança da minha mão.

– Não te pertence mais, Max – disse Henry com os olhos lacrimejando – Phoebe é parte do seu passado que deve esquecer pro seu próprio bem. Eu sei que é difícil e acredite pra mim também é, porque cara eu te amo como se fosse meu próprio irmão, mas eu sei que pra você ter chance de ser feliz, precisa esquecer o passado por completo.

Fiquei em silêncio. Uma parte de mim não queria esquecer tudo por completo. Eu queria me lembrar de Phoebe. Se me casei com ela tão cedo só poderia ser por amor.  Mas outra parte estava vendo a sinceridade nos olhos de Henry. Ele sabia mais de mim do que eu mesmo naquele instante, e por isso era a pessoa mais confiável. Ele sabia que eu sofreria se soubesse do meu passado.

– Eu não sei quem eu fui antes de perder a memória – eu disse pegando a aliança de volta e olhando para ela com atenção – Mas quero que me ajude a descobrir quem eu posso ser agora. Vou confiar no meu melhor amigo, e deixar que me ajude. 

Henry sorriu e tocou meu ombro.

– Eu estou aqui cara – disse ele – Não sabe quanto Ray e eu lutamos pra te ter aqui.

– Mas não pense que Phoebe é assunto encerrado pra mim – falei. Henry assentiu.

– Sempre soube que ela jamais seria assunto encerrado pra você – disse ele.

Eu sorri. Olhei a aliança. Não jogaria fora. Não seria capaz disso. Mas eu a guardaria, em um lugar muito escondido. Talvez um dia estivesse pronto para procurar registros de Phoebe, e saber como ela era. Sua aparencia, seus gostos. Talvez pudesse pedir pra ver fotos nossas. Mas agora...eu a esqueceria, por mim mesmo.


Notas Finais


Max agora é MAX MANCHESTER!
Agora temos mais perguntas que nunca:

●Quanto tempo será que ele leva pra descobrir que o Ray é o Capitain Man e Henry é o Kid Danger?
●Será que Max vai investigar sobre a Phoebe?
●Onde está Colosso?
●Alguém shippa Henry e Charlotte?
●Piper vai conseguir dinheiro com os dentes do Jasper?

Veremos no próximo capítulo...

Gostandooo?😂❤


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...