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História Síntese Azul. ( Connor X Reader ) - Revelações.


Escrita por: DeterminedOne

Notas do Autor


Esse chegou rápido né? Pois é, eu tive um surto e percebi que essa história,a té o momento está em 40%
E ano passado eu atualizei ela 4 vezes, 4 vezes durante um ano inteiro...yeah, então, eu decidi me forçar a escrever pelo menos 500 palavras por dia e diminuir um pouco o tamanho dos capítulos! No mais, espero que gostem desse, ele é bem interessante, principalmente o final XD Novamente, obrigada pelo apoio e todos os comentários, fico feliz que ainda acompanhem essa história apesar da minha demora! <3 Sem mais delongas, aproveitem! E

Capítulo 13 - Revelações.


Connor estava morrendo. 

O androide sentia isso em cada um dos seus processadores, seus biocomponentes, e a fraca circulação de tírio em seu sistema. A sensação; estranha. Connor nunca pensou muito no conceito da morte, além da vez que o Hank o interrogou-o no parque, durante o caso dos divergentes, após os acontecimentos no Clube Éden. Quando o androide, na época, sem entender a razão não conseguiu atirar nas androides, permitindo-as fugir. A frustação nas ações de Hank em suas falas, confrontando-o sobre o que o é ser uma máquina, nunca deixar-lhe-iam, assim como sua própria resposta à pergunta do homem sobre se ele sentia medo da morte. “Você não pode me matar, tente, eu não estou vivo...” Ou mesmo que aconteceria se ele apertasse o gatilho da arma que estava apontada para a sua cabeça.  Logicamente, Connor sabia que seria substituído por um outro modelo com as memorias anteriores implementadas do antigo. Mas, apesar disso, o androide respondeu: “Nada...não haveria nada...”  

No entanto, aqui estava ele, morrendo, e nenhum dos seus processadores podiam dar-lhe uma resposta logica ao que ele estava sentindo.  Aos humanos, a morte, é o que dá sentido à vida, ela é preciosa, porque ela não é eterna. Aos androides? Ele não saberia dizer, o que é morrer, para algo que não pode morrer? Algo que não está exatamente vivo? Ele estava vivo para começar? Connor sentia sensações, emoções, desejos. Mas ele nunca se considerou um ser vivo. O androide sabia o seu destino após a morte, provavelmente acordaria em um novo corpo junto de suas memorias. Ou seja, ele realmente chegou a morrer? E além disso, ele ainda seria o mesmo Connor? O androide teria as memorias e as experiências de seu antigo corpo, porém, ele chegaria as mesmas conclusões que o antigo ele chegou? Ele amaria você, Hank? Ou ele consideraria esses sentimentos fúteis? Descartáveis? 

Connor estava com medo de morrer, estava com medo de acordar e não se sentir-se mais, seu próprio indivíduo.  Estava com medo da escuridão que o envolvia e a dor excruciante ressoando em seu sistema. Das Imagens que apareciam e esvaiam-se nas bordas de sua consciência, como fogos de artificio multicoloridos, explodindo em seu estado de semiconsciência.  Da voz, chamando-o, desesperada e quase inaudível aos seus sensores desgastados, mas que estranhamente trazia-lhe conforto. “Quem?” Questionou-se enquanto tentava fazer sentido das palavras, discernir os tons e frases, não conseguindo nada além de decibéis, estáticos e estrangulados. “Uma mulher?” Chegou-lhe à conclusão, ao sentir o toque morno do que ele suponha ser lagrimas, pingar e escorrer pelo seu...rosto? A noção trouxe-lhe uma dor pungente ao corpo.  

A voz continuava a chama-lo, em desespero, mas Connor sentia-se flutuar em um espaço que obstruía seus mais primitivos sentidos, não havia nada além de dor e incompreensão. Os processadores vinham-se deteriorando-se lentamente em um ritmo agonizante, cada pressão, um impulso de energia tentando reavive-lo. Mas nada adiantava, a cada segundo, mais e mais programas deixavam-se de funcionar, como um completo reset do sistema.  

O que você estava dizendo? Você...? Mas, quem exatamente era você? A voz que o confortava-a... Ele a conhecia, porém, a informação encontrava-se trancada em algum lugar obscuro em um dos seus processadores que passavam por um meltdown, negando-lhe o esclarecimento.  

Connor estava morrendo. Mas novamente, ele estava ao menos vivo para começar? Nesse estado deplorável de inconsistência, ele apenas conseguia pensar em você, e em seus sons desesperados, seus toques, quentes, como se estivesse puxando-o para luz. Infelizmente ele não alcançava as forças necessárias para sair da escuridão, que continuamente o puxavam-para o abismo, cada vez mais escuro, envolvendo-o em tentáculos invisíveis. No entanto, Connor esperava que quem quer que você fosse, não ficasse triste, ou mesmo chorasse. Visto que a dor que sentia não se comparava a agonia que sentia ao ouvi-la desalenta, inconsolável. Por alguma razão, ele achava que você ficava muito mais bonita com um sorriso no rosto, talvez, esse seria seu único arrependimento, a última coisa que ele sentiu e ouviu antes desligar, foi o seu desespero não o seu sorriso...  

Ah, você é... 

... 

... 

.. 

.. 

 

_________________________________ 

 

 

 

Você não deixou o lado do androide em nenhum momento, suas mãos estavam cravadas em suas roupas, segurando-o, protegendo-o com toda a força que conseguia, enquanto lagrimas brotavam de seus olhos avermelhados, escorrendo, caindo no rosto sem vida de Connor. Nos primeiros minutos após Connor desligar, você entrou em um estado de puro pânico, não sabendo o que fazer, além de gritar o nome do androide com a esperança ridícula de que ele abriria os olhos. Uma ação que aparentava infrutífera para qualquer observador, mas os seres humanos em uma situação em que o pânico substitui o pensamento logico, tendem a fazer coisas muito estúpidas e infrutíferas. Porém, assim que os cientistas CyberLife chegaram e tentaram afasta-la do androide, você recebeu um choque de realidade e agiu. Você limpou as lagrimas, respirou fundo, fitou-os com o olhar mais sério e autoritário que podia, expressando-se que acompanharia o androide na ambulância, não importasse o que dissessem, ninguém a impediria.  

Desde a independência dos androides, a CyberLife criou um programa para socorrer androides que sofressem de defeitos, em caso de emergência, uma ambulância especializada seria mandada para realizar os primeiros socorros até chegaram ao prédio e receberem o tratamento adequado. Às vezes, você achava incrível o quão parecido e ao mesmo tempo, diferentes os androides eram comparados aos humanos. Você nunca poderia esquecer, mesmo que quisesse da força e astucia que eles demonstravam, estava enraizado em você desde o incidente, e conviver com Connor, apenas amplificou a sua noção de o quanto eles eram incríveis. No entanto, os eventos daquele dia, lembraram-lhe que apesar de suas inúmeras qualidades, androides, não eram imortais. Assim como toda a máquina, eles podiam quebrar, podiam ser danificados, completamente, destruídos.   

Quando vocês chegaram ao edifício enorme da CyberLife, você deixou os cientistas levarem Connor para a sala de manutenção, apenas, porque você sabia que não aguentaria vê-lo ser aberto, desmontado peça por peça, como se não passasse de um computador. Imagens vieram ao seu subconsciente sem o seu consentimento, a apreensão não diminuiu, e a assim que as portas se fecharam e você ficou sozinha na sala de espera, branca, vazia. Você caiu de joelhos em prantos, suas pernas trêmulas não mais aguentando toda a pressão, física e psicológica que você passou nas últimas horas. Desde os eventos com o impostor, seus olhos frios, sádicos, e como ele riu enquanto cravava dentro de Connor, arrancando o biocoponente... 

Você balançou a cabeça, tentando não pensar nas cenas horríveis, no medo, indescritível que sentiu ao presenciar o acidente. Seria essa a mesma sensação que o Connor sentiu quando a viu sangrando no chão, após o acidente de carro? A sensação de impotência, frustação, raiva.  Assim como na época do acidente com o androide, você se viu ultrapassada pela tecnologia, não conseguindo fazer nada contra o impostor.  

Olhando para suas mãos tremulas, manchadas de tírio, quase seco, você xingou-se em seu subconsciente, cerrando os punhos ao ponto de as unhas perfurarem a carne, fazendo-a sangrar. Naquele momento, você chorou, chorou até não sobrar mais nenhuma lagrima e decidiu que nunca mais seria fraca, nunca mais. 

   

 

___________________________ 

 

 

 

Você não percebeu a passagem do tempo, também não moveu um só musculo desde que Connor entrou na sala de manutenção. Estando perfeitamente, imóvel no sofá na sala de espera, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça abaixada encostada nas mãos, olhando para o chão, enquanto seu cérebro parecia pensar em tudo e ao mesmo tempo, em nada. 

Gavin encontrou-a dessa maneira, chamou-a algumas vezes, mas você não respondeu até que ele tocou o seu ombro, gentilmente. Você levantou a cabeça sobressaltada, encarando-o com olhos vazios e inchados de choro. Gavin franziu o cenho ao ver o seu estado e imediatamente tirou o casaco, colocando-o sobre a sua figura tremula de frio. Embora você mesmo não tivesse percebido que estava tremendo antes de sentir o casaco pesado e quente cair sobre seus ombros. Você pensou em rejeitar a oferta, dizer que estava tudo bem, mas desistiu. Puxando o tecido para mais perto do corpo, sussurrou um agradecimento, seguido de um suspiro. Gavin abriu um pequeno sorriso, sentou ao seu lado, respirou fundo e ele olhou para o teto, depois para as mãos, alisando-as umas nas outras.  

“Hank, está a caminho...” Gavin comentou após alguns segundos de silencio, querendo distrai-la. Você assentiu levemente, não confiando na própria voz.  A garganta doía de tanto gritar e chorar.  

O homem pensou em toca-la para trazer-lhe conforto, mas desistiu no último instante, esfregou o rosto com uma das mãos e mudou de assunto. “Huh...você...você está bem?” 

Quando você não respondeu, ele encostou no sofá e fechou os olhos. “Olha...eu sei que você não gosta de dividir seus pensamentos e agir como se estivesse tudo bem, mas...lembra da conversa que tivemos? Eu disse que seria o seu ombro para chorar se precisasse...então...merda...eu sou horrível nisso...” 

“Água.” Você cortou-o, suavemente 

Gavin piscou e olhou para você como se quisesse ter certeza de que realmente a ouviu. “o qu-” 

“Água, por favor...”  

Gavin suspira e levanta-se aliviado ao ouvi-la responde-lo. Verdade seja dita, ele estava com medo de que você estivesse sofrendo de PTSD. “Um café não seria melhor?” Sugeriu, ao observar o seu estado defasado.  

Você fez um baralho com a garganta, que era suposto pra ser um pequeno riso e balançou a cabeça, olhando para o homem em seguida. “Não se eu quiser dormir hoje à noite.”  

Gavin abriu um pequeno sorriso “Compreensível.” Ele colocou as mãos nos bolsos da calça, chutando o nada. “Eu vou buscar a sua água.”  

“Gavin...” Você o chamou quando ele estava na metade do caminho.  

O homem parou e virou a cabeça para olha-la, questionando-a com um olhar.  

Você respirou fundo, apertando ainda mais o tecido do casco quente envolvendo o seu corpo. “Obrigada...” 

O homem olhou-a por alguns segundos surpreso e sorriu, coçando o pescoço um pouco sem jeito. Você jurava que ele estava um pouco mais vermelho que o normal. “Não é nada...”  

Você sorriu fracamente, encostou-se no sofá, fechou os olhos e respirou. As ações de Gavin poderiam parecer insignificantes para ele ou para outras pessoas, mas para você, são pequenos atos de generosidade que fazem a diferença no mundo. Gavin talvez não compreendesse, porém, antes que ele chegasse e a distraísse, pelo menos um pouco, você encontrava-se completamente perdida em pensamentos, desligada da realidade. Você não estava apenas agradecendo-o pela água...  

Após alguns minutos, Gavin retornou com uma garrafa de água gelada, a qual, você bebeu até esvaziar-se em apenas um gole. O pânico das últimas horas nublou as suas necessidades básicas e caramba, você estava com muita sede. Gavin riu da sua expressão e você sentiu as bochechas esquentarem, jogando a garrafa, imediatamente, no rosto do homem.  Gavin pegou-a, alargando o sorriso, logo, você sorriu fracamente.   

Um silencio confortável instaurou-se e você voltou a pensar no androide, preocupada. Gavin suspirou, sentando novamente ao seu lado no sofá, apoiando-se no joelho.  “Você...você está muito preocupada com o androide, não é?”  

Você cerrou os punhos acima dos joelhos e abaixou a cabeça, decidindo se desabafava ou não. Suspirando, você desistiu. “Eu...sim, eu me importo muito com ele.”  

Gavin zumbiu em compreensão e coçou a barba. “... Você realmente é muito forte, sabia?”  

Você cerrou as sobrancelhas e olhou-o duvidosa. “Ahm...!?” 

“Eu estou falando sério!” Gavin resmungou, dando um tapinha no joelho. “Você passou por um incidente traumático e apesar do que todos diziam, você não desistiu do trabalho. Mesmo após ser transferida para outra cidade, para outro departamento. Você não desistiu e passou a trabalhar ao lado de um androide, ao ponto de se tornarem uma dupla inseparável. Não importa o quão difícil...Você segue firme com a cabeça erguida e enfrenta os seus medos...” 

“Você está errado...” Você interrompe suavemente. “Eu não sou forte Gavin, ou mesmo corajosa...eu sou uma covarde, sempre com medo, sempre...mas eu não tenho outra alternativa... além de seguir em frente...”  

“Eu não sei exatamente o que você considera coragem. Mas não acho que alguém verdadeiramente covarde enfrenta os seus medos ou escolhe sofrer em silêncio para proteger os outros...” Gavin sorriu gentilmente, colocando uma mão em seu ombro, apertando-o de leve.  

Você abriu a boca para responder, mas não conseguiu pensar nada, além de agradecer e aceitar o consolo do homem.  

Você ouve passos se aproximando e ao levantar o olhar, uma mulher pálida de olhos azuis e cabelos loiros enrolados em um coque, apresenta-se. “Boa tarde detetives, o meu nome é Chloe, eu sou a secretaria e a administradora da CyberLife. O Sr. Elijah Kamski, deseja vê-los.” 

“O Sr. Kamski? Por que?” Você questiona, trocando um olhar Gavin, que se encontrava confuso assim como você, que não tinha a mínima ideia do que o atual CEO e criador da CyberLife queria   

“O Sr.Kamski quer informa-la pessoalmente do estado do Connor.” 

“Connor?!” Você levanta sobressaltada. “E-ele está bem?!”  

“Eu sinto muito, senhorita, o Sr.Kamski não em informou nada.” A androide confessa, expressando empatia.  

Você suspira e passa a mão no rosto. O tírio seco, estava invisível aos seus olhos. Nenhum pensamento em especifico em sua mente, como se o seu próprio corpo estivesse cansado de sentir e pensar em tantas situações e emoções.  

“Por favor, Chloe nós leve até ele...”   

“Claro, me acompanhem...” 

Você e Gavin assentem, seguindo atrás da androide pelos corredores gigantes da CyberLife. Quando você chegou ao prédio, estava preocupada demais com Connor para reparar ao redor, mas agora, você admirava o lugar, uma obra prima da arquitetura. O elevador de vidro no centro que ligava todos os andares, não poderia ser descrito como anda menos do que majestoso, uma construção que você esperaria ver em um filme de ficção cientifica. As passarelas entrelaçadas e as vidraças de forma retangular, esbanjavam o poder e a riqueza da empresa fundada pelo homem do século, Elijah Kamski.   

No entanto, apesar da grandiosidade do edifico e os diversos funcionários andando de um lado para outro, havia uma atmosfera de solidão e melancolia ao redor.   

Você puxa o casaco para mais perto, apertando-o, antes de adentrar o elevador. Gavin acompanha-a um pouco atrás de você, em um silencio preocupado.  

 

 

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O escritório do CEO ficava no último andar proporcionando-o uma visão privilegiada de toda a Detroit, desde os prédios multicoloridos, em efeitos dominós, até as pequenas áreas rurais que por mais irônico que fosse, continham pequenos centros tecnológicos, com o uso de maquinas e equipamentos para a plantio. Você não sabia o que esperar do escritório ou da pessoa chamada Elijah Kamski. Você, como qualquer outra pessoa, conhecia o famoso criador dos androides, você lembrava de vê-lo em diversas entrevistas para TV durante a sua juventude. O rosto do jovem estava em todo o canal de notícia, explicando sobre os androides, sobre o tirio e vários outros detalhes, como seus futuros planos e o seu projeto de empresa, CyberLife.  

Contudo, com o passar dos anos, ao contrário dos androides que estavam cada vez mais presentes em nossa sociedade, Elijah, parecia se afastar cada vez mais, ao ponto de se exilar completamente do mundo. Apenas após a revolta dos androides, que o homem retornou como CEO da CyberLIfe.  

Você não conseguia compreender suas ações nos últimos anos, analisando suas entrevistas, suas visões do mundo, o homem parecia um completo enigma...Você sabia através do Connor que ele mantinha uma relação próxima com Markus, assim como o próprio Connor, deixando-a curiosa. Além de que, você percebeu nas entrevistas recentes que ele parecia muito mais vivo e feliz, parte de você acreditava que no fundo, Elijah desejava que os androides ganhassem consciência, livre-arbítrio.  

Vocês chegaram ao escritório em menos de cinco minutos, nada parecia anormal, ou muito diferente, até que a androide, Chloe, abriu a porta da pequena sala de recepção e em vez de um escritório, você deparou-se com um quarto, enorme.  

Uma cama Box Queen Size encontrava-se acima de uma pequena escadaria do lado oposto do quarto, desarrumada, com os lençóis cinzas e brancos, pendurados, caídos no chão. Um tapete enorme ligava a porta de entrada até o centro, onde uma pequena mesa redonda de vidro, estava coberta com diversos utensílios tecnológicos, assim como um computador aparentemente potente, com três monitores, ligados e diversos programas com códigos abertos. Um sofá branco luxuoso estava encostado na parede oposta a cama e uma mesinha de centro acompanhava-a, cheia de revistas e embalagens de fast food. As persianas cobriam as vidraças enormes, obstruindo a entrada de luz no quarto que estaria completamente escuro se não fosse pelas lâmpadas fracas espalhadas.  

Chloe fechou a porta atrás de vocês dois e Gavin foi o primeiro a estreitar os olhos, resmungando.  

Você deu de ombros e deu alguns passos, quando ouviu a porta próxima a cama, abrir-se e um homem seminu com uma toalha envolta da cintura sair. “Ah, vocês estão aqui, finalmente.” Elijah Kamski se apresenta, andando até uma despensa ao lado da cama, retirando uma garrafa de vinho e três copo de shot. O homem os observa, então, faz sinal para você e Gavin se aproximarem, ao mesmo tempo que ele senta no sofá.   

Você cerra as sobrancelhas, incomodada com a atitude despreocupada do homem, mas se aproxima, ao lado de Gavin.  

“Sente-se detetive, você deve estar cansada...” Kamski diz, enchendo os copos com a bebida e oferecendo-a, mas você recusa, fitando-o nos olhos. 

“Sr.Kamski, como está o Connor?” Você o interrompe, não estando com paciência para bate-papo. 

Elijah, olha pra você por uns instantes, bebe o vinho em um gole e coloca na mesa, suspirando em seguida. “Connor está bem detetive, nada grave. Os biocomponentes foram substituídos, assim como os fios e a placa do peito. No momento, ele está passando por uma transfusão de tírio.”  

Você deixa escapar um suspiro, sentindo um peso enorme sendo retirado das suas costas, enquanto senta no sofá. As mãos voltam a tremer e você eleva-as ao rosto, tentando controlar suas emoções. Connor estava bem, Connor estava vivo... 

As lagrimas estavam sendo difíceis de segurar, mas você elevou a cabeça, alto, respirou bem fundo e piscou rapidamente. “Obrigada...” Você pronunciou após um longo silêncio. 

Elijah, cruzou os dedos acima do rosto, olhou-a fixamente, analisando-a e desviou o olhar em seguida. “Não é nada demais, apenas fazendo o meu trabalho.” O homem enche mais uma vez os três copos e dessa vez, você aceita, ao lado de Gavin. “Porém, não foi apenas para isso que eu chamei ambos aqui.” Conclui, girando a bebida em suas mãos.  

Você se mantém silenciosa, esperando que ele continue. O pouco que você observara sobre o Sr. Kamski, você conseguia concluir que ele gostava de tomar seu próprio tempo com suas palavras e ações.  

“Eu quero falar sobre ele.” Elijah pega a revista digital em cima da mesinha e liga-a, estendendo-a para você.  

Cuidadosamente, você pega a revista, ao desliza-la, você ofega. “O impostor!” 

“Connor?” Gavin questiona, confuso.  

“o nome dele é RK900.” Elijah, explica, encostando no sofá, colocando as mãos atrás do pescoço.  

“RK900....” Você repete, pensativa.   

“Hey, hey, espera... você está me dizendo que um clone do Connor, atacou você?!” 

“É... não, quer dizer, sim?” Você cruza os braços e fecha aos olhos. “Eu estava em choque, preocupada com o Connor... eu não conseguia pensar em mais nada além de traze-lo pra CyberLife... droga, desculpa, eu sei que foi meu erro...”  

“Mas que porra?!” Gavin resmunga, batendo ambas a palmas no joelho.  

“C-como você sabe que foi ele que nos atacou?”  

“Enquanto eu ajudava na recuperação do Connor, eu o ouvi dizer o nome do androide. Devo admitir, eu fiquei, muito surpreso...estou atrás dele, faz muito tempo.” 

“O que você quer dizer com isso?” Gavin questiona, batendo os pés no chão, ritmicamente.  

“hm...por onde começar...” O homem murmura, pensativo. “Ah, bem, eu não sei se vocês sabem, mas Connor era um protótipo.” 

“Um protótipo?” 

“Durante os primeiros incidentes com os androides divergentes, a polícia não conseguia encontrar pistas para identificar o problema, desta forma, a CyberLife achou que seria uma ótima oportunidade para criar um androide com habilidades investigativas. Dependendo do sucesso do Connor na missão sobre os divergentes, a CyberLife substituiria pelo modelo mais avançado, esse sendo o RK900 e venderia aos departamentos de polícia ao redor de Detroit e quem sabe, outras cidades também. No entanto, como vocês sabem, os androides provaram que não são apenas maquinas, mas seres pensantes, capazes de sentir emoções verdadeiras. Nas semanas inicias após a passeatas de Markus, diversos contrabandistas, passaram a roubar modelos que não haviam sido acionados, para revender no mercado negro. Afinal, esses modelos ainda não eram divergentes e seguiriam as ordens.” 

Você cerra os punhos, horrorizada. “Um trafico, de androides...”  

“Você poderia colocar dessa maneira.” 

“E?” Gavin pergunta sem paciência, dando um gole no vinho.  

“E...” Kamski diz...arrastando a palavra, olhando para ambos. “RK900 foi um dos modelos roubados durante esse período. Eu montei uma equipe para rastreá-lo, mas...depois que eu encontrei os contrabandistas mortos...não consegui mais nenhuma pista... 

“Mortos?” 

“Sim, e pelo o que o meu time me disse na época, eles foram mortos por um androide...” 

“RK900.” Você conclui e Elijah assente.  

“O modelo RK900 é muito perigoso...ele é uma versão melhorada do Connor, mas não é apenas esse o problema, ele tem um sistema de dedução, assustador. Em menos de uma semana, ele consegue analisar todas as possíveis estatistas da bolsa de valores, as quedas, as altas, os possíveis investimentos...Em pouco tempo, ele pode se tornar muito poderoso, tanto em questão de riqueza quanto socialmente. Ele sumiu faz menos de um ano e eu não encontrei sequer um sinal de vida dele, até o dia de hoje...e eu não acho que isso seja apenas coincidência...” 

“Você acha que o ataque de hoje faz parte de um plano maior?” 

“Tratando-se do RK900, sim, eu acredito.”  

Você sente a respiração estagnar. O estômago embrulhando com a sensação que vem sendo sua companheira a muito tempo, medo. RK900, você não conseguiria esquecer a presença ardilosa que o androide emanava.  

“Ele...ele sabia sobre as ações da polícia, e também sobre mim e o Connor, nossas conversas...” você comenta se lembrando do quanto ele disse que você parecia interessante, ao aceitaria corresponder os sentimentos do Connor, apesar dos seus próprios medos.  

“Ah...os modelos RK vem com um compartilhamento de dados de mão dupla...” Elijah explica, simplesmente, levantando-se e andando até a cômoda.  

“Você está dizendo que esse tal de RK900 estava espionando o departamento de polícia ne as investigações através do robocop?” 

Elijah vasculha a cômoda, retirando uma camiseta com gola V branca e uma calca jeans. Você fecha os olhos e desvia o olhar quando percebe ele retirando a toalha. O homem não tinha noção... 

“Exatamente, mas agora que sabemos ele provavelmente desligou o sistema...afinal, nós poderíamos usar o mesmo programa para espiona-lo também... O que quer dizer que para ele, não faz falta...” Kamski volta para o sofá, agora vestido, mas não antes de pegar um whisky na despensa.  “As relações entre os humanos e androide ainda é frágil...Markus e eu estamos preocupados. A aparição de RK900 pode piorar a situação, ainda mais porque não temos ideia dos planos dele.” 

Você engole em seco e cerra as sobrancelhas. “Na verdade...eu tenho uma ideia...” 

“Hm?” 

“RK900 decidiu que vai querer brincar comigo e com o Connor...é como se tudo para ele fosse algum tipo de jogo.”    

“Um jogo? Hhm...interessante...” Elijah, toma um gole da bebida, direto do gargalo e estreita os olhos. “As personalidades das pessoas são frutos de suas experiências e ações... Eu estou curioso...o que levou o RK900 a pensar dessa maneira...?” O homem completa, sua voz uma mistura de resignação e fascínio.  

“Tsk, isso é o de menos, estamos falando de um androide com as mesmas habilidades do robocop, a solta na rua, isso...é perigoso...” 

“Sim, muito. É por isso que eu os chamei aqui, quero ajudar na investigação sobre o RK900.” Kamski desvia o olhar de Gavin e concentra-se em você.  “Eu sei que você, detetive, foi escolhida para ser a capitã da FTCM. ” 

“Sim...” Você responde um pouco receosa. Elijah seria mais uma pessoa que dependeria de suas habilidades?  

“Eu queria conhece-la antes de decidir realmente ajudar a organização. O governo, assim como Markus me pediram para desenvolver armas especiais para o combate contra os androides, mas eu estava... preocupado...O poder nas mãos erradas pode ser... caótico.” Elijah arrasta a última palavra e olha seriamente. “Não me leve a mal, detetive, eu ouvi sobre você do Connor, mas...eu ainda precisava ter certeza.”  

Você expressa um sorriso irônico e massageias a têmpora. “Eu entendo.” 

“De qualquer forma, agora que estamos todos a par das informações. Você tem meu apoio, vou enviar as gravações do roubo do RK900 junto dos arquivos da investigação, assim que você o Connor retornarem para o DP. As armas especiais serão empregues quando a minha equipe finalizar os últimos testes, daqui um mês no máximo.” O homem finaliza, espreguiçando-se.  

Você assente e Gavin cruza os braços incomodado, com o que, você não tinha ideia. No mesmo instante, Chloe abre a porta, entrando, elegantemente. “Com licença. Sr. Elijah, o Tenente Hank Anderson, está na sala de espera, solicitando a presença da detetive.” A androide pronuncia o seu nome e o homem acena para ela. “Nós estamos acabando aqui, avise-o que ela já vai.” Chloe assente e parte rapidamente, fechando a porta.  

“Hank...ele não precisava...” 

“Eu disse que ele estava vindo.”  

“Eu sei...eu sei...” Você comenta, alisando as pálpebras. “Eu só não queria que ele me visse...” acabada, você queria dizer, mas se censurou. “...A cabeça dele deve estar explodindo de preocupação com o Connor, ele não precisa de mais uma...” 

“Você pode usar minha ducha se quiser.” Elijah comenta casualmente.  

Você pisca e Gavin solta um som alto de indignação e confusão. “A-ah..eu agradeço a oferta Sr.Kamski, mas vou recusa-la.” 

“Como quiser, eu vou acompanhá-los até a sala de espera...Connor provavelmente vai acordar daqui poucos minutos.” 

Você sorri aliviada, seus olhos brilham com a notícia e você se levanta, puxando Gavin junto. “Obrigada.”  

 

 

___________________________  

 

 

 

A caminha até a sala de espera, mostrou-se, interessante. Elijah continua sendo aos seus olhos, um homem misterioso e estranhamente, cativante. Observar seus maneirismos, provou-se ser sua distração dos problemas. Você não conseguia lê-lo. O que machucava o seu orgulho como detetive. Uma das razões de você seguir essa carreia era a sua aptidão em observar e compreender as pessoas em poucos minutos. Connor mostrou-se um desafio porque ele ainda está desenvolvendo sua personalidade, sendo assim, suas ações variavam e você não conseguiu montar um perfil. Você mesmo presenciou suas mudanças de humor, desde suas perguntas quase que idiotas, a seus questionamentos e deduções incrivelmente inteligentes.  

Connor...você o quase o perdeu. Você não queria admitir, mas a experiencia trouxe uma nova visão sobre a sua atual relação do androide... 

Você não queria se arrepender de não... 

Você se repreendeu e suspirou, você diria a ele quando o momento chegasse.  

Ao chegar no primeiro andar, você avistou o velho de longe, chamando seu nome. Hank virou-se com uma rapidez enorme e sorriu, andando apressadamente, você correu de encontro com o velho que a puxou para um abraço apertado, qual, você retribuiu. Os dois permaneceram assim por alguns minutos, até Hank afastar-se e colocar ambas as mãos no seu rosto.  “Você está bem?” 

Você deixa escapar uma risada sem graça. “Fisicamente? Sim, mentalmente? Definidamente não.”  

Hank ri fracamente, porém, a expressão se enruga em preocupação. “Como está o Connor?” 

Você suspira e leva-a até o sofá para sentar. “Sr. Kamski disse que ele está estável, passando por uma transfusão de tírio. Ele deve acordar em poucos minutos.” Você sinaliza para trás, onde, Gavin e Elijah, observam em silencio.  

Hank, fecha os olhos, alivio percorrendo seu corpo inteiro. “Aquele garoto, sempre sendo imprudente.”  

Você cerra os punhos, abaixando a cabeça. “Sinto muito por não o proteger...” 

“Hey, hey, hey, não quero ouvi-la dizer isso nunca mais. Não é sua culpa, o perigo vem com o trabalho, lembra? Nem sempre conseguimos ajudar nossos parceiros, você sabe bem disso.” Hank a repreende gentilmente, colocando uma mão no seu ombro.  

Você abre a boca incerta do que dizer e resolve apenas agradecer ao homem. Gavin se aproxima de você após perceber que sua conversa privada com o velho havia terminado e informa que Elijah foi verificar o estado do Connor.  

Após meia hora, Elijah, retorna na companhia de um homem de meia idade, usando um jaleco branco da CyberLife. “Detetives, tenente. Eu quero apresentar-lhes o Sr. Leopold Cooper, ele é principal responsável da CyberLife na criação e manutenção dos androides. Também o responsável pelo tratamento do Connor.” 

Você se levanta e estende a mão para o homem, agradecida. “É um prazer conhecê-lo Sr.Cooper e eu agradeço muito o seu serviço.”  

O homem sorri e aperta a sua mão, você paralisasse, suas pupilas dilatam e seu aperto, engrossa. “O prazer é meu, detetive.”  

Você engole em seco, seu coração começa a trovejar em seu peito. A voz, o aperto...Você queria gritar, queria chorar no mesmo instante, não, você tinha que estar enganada, mas...mas...você nunca poderia esquecer essa força, essa voz... 

O casamenteiro.  

 

 


Notas Finais


Coincidência né? Ou talvez...não, quem sabe hehe :)
Espero que tenham gostado e se preparem para muitas emoções no proximo capitulo ^^


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