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História Síntese Azul. ( Connor X Reader ) - Êxodo.


Escrita por: DeterminedOne

Notas do Autor


Demorou, mas chegou e eu acho que vocês vão gostar muito desse capitulo!
Vocês podem perceber uma mudança na minha forma de narrativa, consequência de eu estar presa em fanfics sobre Dragon Age e um maldito Deus elfico antigo; Sem mais delongas, aproveitem! Ah, eu também gosto de imaginar que a forma que o Connor fala "detective" é a mesma forma que o Lucifer da seria lucifer chama a Chloe de "detective." mesma entonação e etc

Capítulo 8 - Êxodo.


O bipe constante e repetitivo do monitor de sinais vitais trazia ao mesmo tempo, conforto e desespero a Connor, lembrando-o dos eventos da noite anterior; os quais, não deixariam de atormenta-lo. As mãos tremiam em sincronia com as pernas, enquanto observava você deitada na cama; uma faixa encharcada de sangue enrolada na cabeça, acompanhada de contusões, manchando o corpo, pálido e fraco. Essa visão, enchia-o de ansiedade e culpa. Ele simplesmente não conseguia aceitar ou entender como deixou isso acontecer. Enfurecia-o o fato de que nenhum dos seus Inúmeros programas, altamente avançados, ajudaram-no. Ele estava tão absorto, distraído com os próprios sentimentos em relação a você, que não percebeu o carro dirigindo-se em alta velocidade até que fosse tarde demais.  

O impacto veio rápido, forte, doloroso. O tempo pareceu parar por um instante, movendo-se lentamente, enquanto ele analisava as possíveis variáveis e consequências que poderiam suceder-se. E quando o carro descarrilhado, colidiu contra o chão, estagnando, a visão retornou; Mas Connor encontrou-se em saber o que fazer ou como reagir ao encontrar você debaixo dos destroços do carro, ferida, momentaneamente consciente, enquanto a fumaça queimava os pulmões, fazendo-os arder em chamas a cada inspiração. As cinzas dançavam junto ao fogo, estonteantes e furiosas, rodeando-os, completando o cenário aterrorizante.   

O androide nunca presenciaria o medo antes, nunca, porém, essa perspectiva mudou ao ver você naquele estado. O sentimento acertou-o em cheio, deixou-o vulnerável, aterrorizado e principalmente impedia-o de pensar, agir. Ele não sabia o que fazer, os processadores queimavam, procurando soluções, forçando-o para mover-se, repetindo para ele que agisse. Ele tinha que agir. “Mova-se Connor, mova-se; Droga... mova-se! Ela pode morrer! MOVA-SE.  impulsionado devido ao medo, a possibilidade de perde-la, ele conseguiu levantar-se e correr até você.  

Quando aproximou, percebeu que você estava inconsciente ocasionando uma pulsação de ansiedade nos processadores do androide, que imediatamente partiu para retira-la dos destroços. Embrulhando você em um abraço, desesperado, ele realizou uma análise rápida. Constatando, duas constelas quebradas, uma concussão, não grave — devido ao airbag que amorteceu a queda. — Um corte profundo no lado inferior do estomago, lábios rachados e uma hemorragia no nariz. Balançando a cabeça, o androide tentava ignorar as possíveis sequelas, psicológicas e físicas que os ferimentos poderiam acarretar.  Ao mesmo tempo que uma realização assustara infiltrou-se em seu cérebro sintético.   

Ele poderia ser concertado, substituído, mas você... 

Você não poderia ser substituída.  

Você tinha apenas uma vida.  

Você poderia morrer naquele instante. 

Negando-se a deixa-la morrer, Connor puxou-te para o colo e correu para o hospital mais próximo, ignorando qualquer pessoa ao redor que tentava ajuda-los. Havia apenas um objetivo a cumprir. Salva-la. A corrida até o hospital pareceu-lhe anos de sofrimento, ele podia sentir o Tírio nos lábios, pingando, fundindo-se com o sangue vermelho de você, seco, enferrujado que encharcou as roupas de ambos. O liquido que estava escorrendo através da pele sintética, nublava os sensores de visão, assim como os resfriadores, desestabilizando e mesmo assim, nenhum de seus próprios ferimentos impedia-o de apenas concentrar-se em você.  

Você respirava arduamente, cada suspiro, um esforço doloroso. Os impulsos do pulso, cada vez mais fracos, debilitados e cansados, pediam silenciosamente para descansar, para deixá-la morrer. Entretanto, Connor não poderia permitir que isso acontecesse, ele não poderia deixa-la morrer. Sentia-se egoísta, mas ele simplesmente não poderia deixa-la ir. “Aguente mais um pouco, Detetive, por favor. ” Ele lembrava-se de dizer, tremulo, suplicante. Quando ouviu-a sussurrar o nome dele, fraco, impotente, uma oração silenciosa para que a dor acabasse. “V-v-você vai... você vai ficar bem...Detetive” Ele deu uma pequena pausa, abraçando-a, firmemente “Vai dar tudo certo...Por favor; fique viva.” 

... 

 

O arrastar da cadeira do outro lado da cama, trouxe Connor de volta ao presente. Hank, claramente inquieto, suspirou, cruzando os dedos a frente dos joelhos. Obviamente cansado, devido aos círculos roxos ao redor dos olhos. Nenhum do dois haviam dormido nas ultimas sete horas, enquanto esperavam você recuperar-se da cirurgia e recobrar os sentidos. Sete horas, sem dormir, sem comer, apenas acordados e ansiosos enquanto os médicos operavam-na.  

“O tempo é relativo.” Albert Einstein uma vez expressou-se. E palavras nunca foram tão verdadeiras. Connor, nunca entendera como os humanos conseguiam distorcer conceitos simples como o tempo, no entanto, agora ele entendia, assim como ele entendia a extensão dos sentimentos em relação a você. 

Ele esteve confuso a algum tempo, não entendendo muito bem porque sempre queria estar perto de você, vê-la sorrir e brincar. No início ele apenas queria ajudar.  Você estava propensa a ficar o mais longe possível dele, devido ao trauma e sabendo disso, ele prontificou-se ajuda-la, para entende-la, desta forma, sentia que poderia passar a compreender ele mesmo. Porém, o desejo inocente começou a transformar-se em algo a mais ao decorrer do tempo. Connor viu-se cada vez mais ansioso para estar junto de você, ouvi-la chama-lo. Observa-lo com aqueles olhos curiosos... Claro, ele percebeu a extensão do que essas sensações e desejos significavam; ele estava apaixonado. Você representava o epítome da humanidade, um humano gentil e real.  

Uma sensação de vulnerabilidade dominou-o ao observa-la mais uma vez, inconsciente na cama, os hematomas de roxo, amarelo e azul colorizando o corpo delicado, os lábios uma vez rosados, estavam rachados e inchados. Você era linda, linda e especial. Porém, você poderia morrer e a simples ideia, possibilidade, de que ele nunca mais poderia vê-la ou presenciar ela chama-lo, de toca-lo e sorrir...  Era o bastante para enche-lo de desespero e dor. 

“Connor, hey, Connor.” Hank chamou, estralando os dedos a frente do androide. O qual, elevou a cabeça, piscando confuso por um instante, ainda enevoado devido as memorias relembradas.   

“Você precisa se acalmar.” O homem murmurou, descontentemente, remexendo-se na cadeira mais uma vez. E mesmo que Hank tentasse esconder seus sentimentos através de uma fachada carrancuda e cuidadosa. O androide conseguia perceber a preocupação do homem nas pequenas contrações no rosto. Ainda assim, Connor ignorou-o o conselho, estreitando os olhos com auto aversão, redobrando os joelhos e encostando a cabeça em uma das mãos enquanto voltava a olha-la na cama, pacificamente, dormindo como a própria bela adormecida. Como ele poderia se acalmar quando a culpa de você estar entre a vida e a morte pertencia a ele? Quando ele não conseguiu protege-la ou agir; paralisado devido ao medo de perde-la.  

“É minha culpa Hank, eu não pude salva-la. Mesmo que eu tenha todas essas habilidades e programas e-eu... eu...” O androide cortou-se, exasperado, não conseguindo encarar o homem. 

A reação de Connor foi o bastante para quebrar a máscara de calma e despreocupação de Hank. Ele franziu a testa e lambeu os lábios secos enquanto pensava cuidadosamente de que palavras dizer. Ele nunca fora muito bom em consolar as pessoas, muito menos androides como Connor, difíceis de prever e entender. Mas a angustia expressa nas feições do androide trazia a Hank a necessidade de pele menos tentar acalmar o homem a frente dele. “Connor, você não tem culpa. Não foi você que cometeu o acidente.” 

Connor enfezou-se e encarou Hank em um piscar de olhos, cerrando os punhos sobre os joelhos. “Mas, eu também não o impedi! Hank, se eu não estivesse distraído, eu poderia facilmente ter desviado o carro! EU sei porque eu repassei as cenas milhares de vezes e encontrei cento e oitenta formas de impedir o acidente! E EU NÃO FIZ NADA!” Connor levantou em algum momento, durante sua explosão de raiva, punhos e mandíbula cerradas, hiperventilando devido a emoção. Mas assim que percebeu o estado, ele respirou fundo e desviou o olhar, sentando-se na cadeira, emburrado, ajeitando a gravata inconscientemente. Connor estava um pouco surpreso com a própria reação, ele observou de canto, as reações de Hank passarem de espanto para raiva e finalmente, aceitação. Não adiantava discutir, ele compreendia o furação que estava acontecendo nos processadores do androide e não o culpava-o. E Connor estava agradecido a esse fato, ele ainda estava aprendendo a reagir a humanidade juntamente das terríveis e boas sensações que ela traz.  

O silencio instaurou-se mais uma vez na sala, trazendo uma atmosfera seca e perturbada. “Você sabe...” Hank  homem remexeu-se na cadeira ruidosamente, deixando claro o desconforto com a situação. “Eu também estou preocupado. Mas não adianta nada remoer o passado. Eu sei disso porque...” A voz de Hank morreu aos poucos, ao navegar memorias de a muito tempo, culpa e dor infiltrava-se em seus olhos, os lábios franzindo e enrolando, repassando as sensações. O androide balançou a cabeça, pondo-se a olha-lo. Ele sabia sobre quem ele estava falando; Cole Anderson, um dos maiores arrependimentos dele, arrependimentos esses que o assombraram o resto de sua vida e que aos poucos, com ajuda do próprio Connor, ele estava começando a aceitar e superar.  

“Hank, eu não quis...” O androide tentou concertar, sentindo a culpa acerta-lo, mas não sabendo exatamente o que dizer para concertar a situação, desistiu, balançando a cabeça. Ele não queria relembrar o homem sobre a tragédia, porém, ele estava confuso, não sabendo como administrar todas essas emoções conflituosas, raiva, ódio, aversão, culpa, medo e paixão. “Desculpa, eu sou...estou com tanto, medo.” O androide admitiu, cerrando os punhos juntos, olhando para o canto da sala, cabisbaixo.   

Hank exalou um suspiro, alto e longo, levantando-se da cadeira poucos segundos depois, notando a aproximação do homem, Connor virou-se no exato momento que Hank apoiou uma mão no ombro dele, consolando-o ao mesmo tempo que inclinava a cabeça e expressava um pequeno, mas franco sorriso. “Eu também estou Connor, eu também estou.” Finalmente, o androide encontrou coragem para encara-lo nos olhos e ao ver a extrema emoção expressada, Connor sentiu uma pulsação percorrer seus sensores, uma sensação que poderia ser descrita como uma azia nos humanos.  

“Eu...” O androide começou, resignado, mas balançou a cabeça negativamente e levantou-se apressadamente, retirando a mão de Hank, surpreendendo-o por um instante. Olhou uma última vez para cama onde você estava e andou até a porta. 

“Hey, onde você está indo?” Hank questionou quando percebeu que o androide não terminaria seu pensamento e partiria sem uma explicação. Connor parou a frente da porta, meio aberta, tamborilou os dedos no batente por alguns segundos, ponderando dizer ou não a eles seus objetivos. Quando Hank revirou os olhos e acomodou uma mão sobre o joelho, Connor finalmente virou-se, portando uma máscara de indiferença e frieza.  

“Eu retornarei ao local do incidente para investigar. Eu sinto que há algo a mais nessa história.” A resposta veio rápida, precisa e sem qualquer, fato que incomodou Hank, mas não querendo elaborar mais, apenas inclinou a cabeça suspirando. 

“Ah, quer saber, faça o que você achar melhor...”  

Connor expressou um sorriso pequeno e inclinou a cabeça para frente em afirmativo e saiu do quarto do hospital, não antes de olhar uma última vez para você. A visão trouxera-lhe toda a determinação e raiva que ele precisava. Ele nunca perdoaria a pessoa que quase tirara o direito à vida. Não importava quem fosse, muito menos o que acontecesse, ou que ele tivesse que fazer, ele acharia o culpado e o faria pagar.   

___________________________ 

 

Connor chegou a cena do crime com um único objetivo encriptado em seu Software. Achar pistas do culpado. O cenário horripilante que ele presenciara mais cedo, deixara de existir. A chuva misturava-se com o cheiro de metal e fumaça e os apagava os últimos focos de um incêndio. Um rastro de pneu de mais de 2 metros indicava o destino final dos automóveis, lembrando-o do impacto, da dor e do medo. Não. Cerrando os punhos, ele balançou a cabeça, repetindo a palavra foco em seus processadores.  

A fita da polícia cercava duas quadras a partir do local do acidente, porém não impedia os curiosos de bisbilhotarem. Os boatos e as notícias espalharam-se mais rápido que um incêndio. Estava em quase todos os canais de Tv e milhares de revistas digitais estavam a circular. “Acidente terrível e monstruoso coloca a vida do mais amado casal hibrido em jogo!” Em menos de uma hora, eles foram informados que não paravam de chegar flores e cartões direcionados a você, cartões desejando forças e apoio. E após o hospital não conseguir arranjar mais lugares para colocar as diversas correspondências e arranjos florais. Foi preciso realizar um anuncio de agradecimento. Obviamente, eles pediram informações sobre o seu estado de suade, Connor tentou ser o mais vago possível, mas acalmou o coração de milhares de pessoas que estavam orando e mandando energias positivas.  

Connor imaginava que quando você acordasse você ficaria um tanto entristecida pelo ocorrido. Afinal, essa relação não passava de uma mentira e enganar tantas pessoas, que estavam sendo gentis e apoiadoras, parecia-lhe muito errado. Você havia informado a ele que se sentia como uma fraude, não um símbolo de esperança. Ainda mais quando chegavam cartas de fãs dizendo “Obrigada por ser tão corajosa! Graças a você, não tenho mais medo de esconder minha relação com o meu androide.” “Você é uma inspiração! Obrigada!” “Sua fé e amor me dá forças!” Obviamente, ele não podia dizer-lhe que não sentia que esse relacionamento era uma fraude. Demorara tempo o bastante para conseguir sua confiança e ele não queria deixar o relacionamento estranho e confuso entre vocês. Connor não saberia dizer como funcionaria se você voltasse a agir da mesma forma que agiu nos primeiros dias que se conheceram. Ele não suportaria a ideia de se afastar de você... 

Foco.  

O Androide abriu e fechou os olhos, ajustando a gravata, pondo-se a observar a área de forma analítica e desprovida de qualquer emoção. Alguns policias ainda estavam ao redor, procurando e questionando algumas testemunhas. Ao longe, Connor avistou Gavin Reed, concentrado, observando ao redor com ambas mãos no quadril, olhos estreitos e testa franzida. Havia um comprometimento no olhar do homem que o androide não via fazia-se muito tempo. Ainda assim, Connor não estava com a menor paciência para encarar as provocações, idiotas e infantis do detetive. Entretanto, ele sabia que não podia deixar esses sentimentos conflitantes a respeito do homem atrapalharem a investigação. O androide precisava do máximo de ajuda possível, independentemente de onde ela viesse.  

FOCO. 

Ao aproximar-se, Gavin notou a presença do androide e olhou-o por um momento, inspecionando com cuidado, mas não demonstrando nenhum sinal de malícia ou gozação. Estranhamente, parecia-lhe solidário. “Então...” Ele começou, aspirando e desviando a atenção para a cena do crime. “Como...huh, droga...”Ele cortou-se, xingando baixinho, apertando o nariz. “C-como..como ela está?” Ele concluiu após algum momento de reflexão, desviando o olhar. Connor, um pouco surpreso arqueou sobrancelha; notando a reação, Gavin cruzou os braços e resmungou. “Quero dizer...você foi visitar ela, não é? É por isso que você demorou tanto? Não é?” O detetive concluiu rapidamente.  

Connor inspecionou-o por um momento, ponderando sobre a situação inusitada. O detetive demonstrava sinais de constrangimento. O androide imaginava que Gavin não costumava expressar preocupação para com o próximo e o ao realizar a ação, ele sentia-se desconfortável, vulnerável. “Ela está...estável.”   

“Bom, bom...muito...bom...” Gavin apressou-se em dizer, abaixando a cabeça e balançando. 

“Você...” Connor pronunciou-se após um curto silencio, ainda incerto sobre a estranha atitude do homem. “Realmente está preocupado com ela?”  

Gavin virou o rosto para ao androide, enfezado, sentindo-se irritado com o tom surpreso e cético do androide. “Mas, é claro!” Ele retrucou, mas quando ele percebeu que Connor não parecia muito convencido, revirou os olhos e desviou a atenção para longe. “Olha...eu sei que eu estive agindo como um idiota ao redor dela e...” Desta vez, Connor revirou os olhos, Gavin não havia sido apenas um idiota, mas sim um completo cuzão. Ao ponto de que você acabou criando uma lista dos horários e os lugares em que ele frequentava, só para não ter que encontra-lo por acaso na delegacia. Connor admitia que gostou muito da ideia, mais do que ele deixava transparecer. Em outros termos, ele achou-a fascinante.   

Reparando que o androide não estava prestando atenção, Gavin passou a mão no rosto molhado e suspirou profundamente. “Olha, ok, eu fui um merda, principalmente ontem. Mas ela é uma boa detetive, uma garota muito legal e simpática. Eu só...” Ele parou por um instante, coçando atrás do pescoço em sinal de desconforto e vergonha, ponderando sobre o que exatamente ele queria expressar. “Eu só estava pensado em uma maneira de poder pedir desculpas.” 

“Oh.” Foram as únicas palavras que saíram na boca do androide, ainda estagnado com a situação. Os protocolos sociais, diziam-lhe para apoiar Gavin e o desculpar, mas realizar ação estava sendo um desafio muito mais difícil para Connor, principalmente porque ele não queria exatamente perdoar o homem, ou mesmo perdoa-lo. E nesse momento, ele compreendeu, sentiu; como para alguns humanos perdoar e seguir em frente poderia ser complicado. Por que por mais que fosse simples dizer ‘eu perdoo-o.’ Connor simplesmente não conseguia encontrar forças para pronuncia-las. “Bem, você pode começar a se desculpar, ao me ajudar a encontrar o culpado pelo acidente.” Ele resolveu dizer, arrumando a gravata e aproximando-se das marcas de pneu na rua; A chuva praticamente estava corrompendo todas a evidencias e a cada minuto, segundo que passava, elas desapareciam cada vez mais.  

Agachando-se, Connor ativou seus sentidos, marcando a trilha que levava até o local do impacto. Levantando-se e andando até o carro do suspeito, ele analisou os pertences, nada de anormal e a placa identificadora indicara que o carro havia sido roubado a 3 meses. Verificando o tamanho do amaçado e a profundidade do carro em que ele estivera com você, Connor identificou-o como um impacto direto. O carro viera com uma velocidade monstruosa em linha reta, ele queria acertar o carro, ele queria causar o acidente, queria que ambos morressem. Infelizmente, o indivíduo havia sido meticuloso, não deixando nenhuma impressão digital, devido ao fogo e a confusão, nenhuma testemunha avistou o homem fugindo nas sombras de Detroit. Não tinha nada para Connor aqui. “Merda.” Ele amaldiçoou, socando uma poça de água ao lado. Gavin, que estivera verificando ao redor em silencio até agora, virou-se para ele, em expectativa.  

“Nada? A equipe forense esteve aqui mais cedo e não acharam nada. Mas eu pensei que você...porra, o cara é bom.”  

Sim, o que significava que havia uma mente brilhante por trás do acidente e existia apenas um indivíduo que estaria disposto a arriscar um movimento ousado para encerrar a vida de um casal hibrido. “O casamenteiro.”  

“O que?! Você acha que ele está por trás disso também?” Gavin questionou ceticamente, entretanto a atenção de Connor estava concentrada nas milhares de teorias que surgiam a cada milésimo de segundo em seus processadores.  

O androide escolheu ignorar o homem, levantando-se e partindo. Não havia nada aqui, nem uma única pisca. Não importava o quanto ele olhasse e analisasse, o indivíduo quem quer que fosse, mostrava-se cuidadoso, as pistas, os bilhetes e frases que deixava, eram todas programadas, planejadas. Não era um trabalho de um iniciante, muito menos ações impulsivas. “Gavin, verifique as câmeras de segurança maia uma vez, veja as dos outros quarteirões também. Inspecione as testemunhas mais uma vez. Eu vou voltar para o hospital.” Connor não esperou ouvir o que o detetive tinha de dizer, ele não se importava. 

 

___________________________ 

 

A consciência chegou-lhe vagorosamente.  

Vibrações e bípedes ecoavam dolorosamente espalhando sensações de náusea, enjoo e uma enxaqueca monstruosa. Havia uma dor no peito toda vez que você respirava, sufocante e flamejante, ardia assim como diversas partes de seu corpo. Você sentia os músculos do corpo atrofiados, doloridos e seus sentidos bagunçados, tudo parecia alto demais, tudo parecia forte demais, todas as dores amplificadas 100%.  

Você perguntava-se o que havia acontecido na noite passada. Apenas lembrando-se de estar com Connor, após ele ajudar-lhe a se livrar de um idiota bêbado, vocês discutiram um pouco e... 

Oh não. 

Não, não, não. Não. Você repetiu diversas vezes enquanto sentia as dores piorarem enquanto você entrava em um estado de pânico. Inspirando, você abriu os olhos, piscando confusa e assustada enquanto os olhos acostumavam-se a pálida luz do sol. Branco saudou-lhe, assim como o fraco ventilador de teto, virando a cabeça cuidadosamente, você absorveu os aspectos do que lhe parecia um quarto de hospital. As cortinas beges balançavam ao ritmo do vento e refrescava as diversas cestas de flores que transmitiam um cheiro calmante e ameno de natureza.  

Pondo-se a olhar para baixo, você observou o próprio corpo enfaixados com cabos e preenchido com contusões, roxas, verdes e amarelas. Fechando e abrindo os olhos mais uma vez, você respirou fundo e tentou mover os músculos, os quais, felizmente responderam-lhe. Preenchendo-a com um alivio. E assim que você ouviu um assobio baixo, você revirou a cabeça para o lado direito, percebendo a presença de um homem, não; Hank. Hank estava sentado em uma cadeira atrofiado, escondendo o rosto nas mãos, apoiadas no joelho. A visão trouxe uma nova dor, desta vez, uma no coração. Ele parecia tão quebrado, preocupado, mas acima de tudo, assustado. Os cabelos desgrenhados e sujos davam-lhe a ideia de que ele não estava preocupado com o próprio estado, o que deixava-lhe questionando quanto tempo você estivera em coma. você queria chamar-lhe, mas a garganta também estava inflamada e o mínimo esforço causava-lhe novas dores, rachava, despertava tudo e ardia.   

Você tentou levantar os braços, movimentar qualquer coisa, mas nada adiantava. Reunindo o máximo de força, você forçou a garganta mais uma vez. “H-h.” Assim que você pronunciou, sentiu a garganta atrofiar a ranhar como vidro, entretanto, os dons rasgados e fracos foram o bastante para fazer com que Hank levantasse a cabeça em uma velocidade quase sobre-humana.  

“Você...” Perplexo, ele encarou-lhe como se não acreditasse que você estava acordada, piscando, ele esfregou os olhos e quando percebeu que não estava sonhando, abriu um sorriso fraco, porém sincero, cheio de alivio. “Você está acordada!” Imediatamente, ele aproximou-se e segurou a sua mão. “Caralho, pirralha, nunca mais faça isso!” 

Você queria dizer-lhe muitas coisas, mas não conseguia, nada parecia funcionar direito, então, você esboçou um sorriso apológico e apontou para o jarro de água na bancada. Hank entreolhou entre você o jarro e assentiu, pegando jarro de água, despejando em um copo ele aproximou-se novamente e ajudou-lhe a beber. — Afinal, você não confiava na própria forças ou mesmo seus braços — Assim que você terminou, você agradeceu e sentiu a garganta doer menos.  

“Não consegue falar?” Ele perguntou preocupado, voltando a sentar na cadeira. 

Você balançou a cabeça negativamente e apontou para a garganta. “D-doí.” 

“Então não se esforce muito, descanse um pouco mais.”  

Não, não, você não podia dormir. Você tinha que entender o que havia acontecido e o que diabos havia acontecido com Connor! Você realmente estava preocupada por não ver nenhum sinal do androide. A dor aumentava a cada respiração a cada pensamento desesperado e a cada pergunta não respondida e a capacidade de não conseguir transmitir nenhuma dessas perguntas enchia-lhe de raiva, dor e desespero.  

“C-connor!” Você exclama, cravando as mãos nos lençóis brancos e flácidos. Hank, notando a preocupação estampada em seus olhos, acalmou-a, balançando as mãos.  

“Ele está bem, apesar de alguns ferimentos, os equipamentos dele já foram trocados. Ele saiu ontem à noite para investigar o local do acidente, ele não acha que foi coincidência.”  

Aliviada, você deitou no travesseiro, inspirando, sentindo um peso enorme sair de seu coração. Ainda assim, você gostaria de vê-lo visto, mas a ideia de que ele estava investigando a situação, trazia uma sensação calorosa, uma chama de felicidade. Aos poucos, um cansaço enorme retumbou contra você e após Hank chamar o médico e você tomar a medicação, você repousou novamente. Mesmo que você ainda estivesse cheia de dúvidas, não havia nada que pudesse fazer nesse estado, além de concentrar-se em melhorar. Porém, você sentia-se em paz, segura com a ideia de onde quer que Connor estivesse, ele estava pensando em você.  

___________________________ 

 

Você acordou a tarde daquele mesmo dia, sentindo muita fome.  

Hank ajudou-lhe a comer e desta vez, você conseguia se comunicar melhor, mesmo que a garganta ainda doesse um pouco.  

“Huh, por que as comidas de hospitais nunca ficam melhores? Nossa tecnologia continua a evoluir, mas ninguém ainda descobriu uma maneira de fazer remédios e essa coisa serem gostosas!” Você brincou, remexendo a massa esquisita que se chamava comida.  

Hank riu, abertamente, batendo uma mão no joelho. “Gosh, eu fico feliz que você não perdeu o seu senso de humor.” 

“Hank, Hank, você não vai se livrar de mim e meu senso de humor tão cedo!”  

Os dois ririam mais um pouco e após você terminar, Hank saiu para comprar um café expresso. Você dissera que ele podia descansar e que você ficaria bem, mas o homem insistiu em ficar no hospital até que você tivesse alta, infelizmente, você estava muito fraca para discutir e desistiu de convence-lo. 

 No momento em que ele saiu, você observou a paisagem através da janela, as cores azuis, roxas e rosas pincelavam o céu enquanto o crepúsculo caía sobre a cidade e seus inúmeros prédios neons. Você acharia esse momento de quietude, perfeito, se não fosse as inúmeras contusões e dores em seu corpo. Você ouvir a porta abrir novamente e você sorriu, virando-se para encarar Hank. 

“Ah, você voltou, muito rap-” Entretanto, quem entrara no quarto não havia sido Hank, mas Connor. Connor que estava com os cabelos marrons, normalmente arrumados, desgrenhados, Connor que estava com a gravata frouxa e observava você hiperventilando, não acreditando que você estava à frente dele, viva, bem, sorrindo. Connor, que parecia analisar cada feição de você, gravando cada detalhe, imperfeição e perfeição. Connor que andou sem hesitar até você e antes que você pudesse compreender qualquer informação, ele abraçou-lhe.  

“Você está bem, você está viva, eu estava com tanto medo, mas tanto medo.” Você encontrava-se sem reação. A voz cheia de preocupação, dor e esperança enviada diversas sensações em seu coração, ele abraçava-lhe como se você pudesse quebrar ou desaparecer a qualquer minuto. “Eu pensei que nunca mais veria você sorrir.” Ele admitiu vergonhosamente, sentindo a própria voz vacilar e mesmo que diversos de seus protocolos diziam-lhe para se afastar, para dar-lhe espaço, ele não conseguia, ele precisa disso. SIm, Connor poderia ser descrito como um androide egoísta, mas ele não se importava, não conseguia entender ou mesmo obedecer a lógica.  

Assim que seu cérebro compreendeu todas as ações, você abraçou-o com dificuldade, sentindo os olhos encherem-se de lagrimas, queimarem com dor e alivio, o abraço de Connor aprofundou-se quando ele sentiu você devolver o afeto, e você encostou a cabeça no peito dele, sentindo o calor estranho, assim como o cheiro de chuva, mel e chocolate. O cheiro de Connor, o cheiro do androide que você aprendera a amar.  

“Obrigada.” Você sussurrou, baixinho, apenas para ele. “Obrigada por salvar a minha vida.” Lagrimas e mais lagrimas comeram a escorrer, fusões de felicidade e tristeza, mas principalmente esperança. Os dedos do androide percorreram seu rosto, bochecha e orelha, descansando em sua cabeça, enquanto ele continuava a acariciar os cachos, delicadamente, sentindo textura e a pressão e tudo o que passou a amar em você.   

Você não saberia dizer quanto tempo continuaram assim, abraçados como se a vida de um dependesse um do outro, desesperada para senti-lo. Talvez, a experiencia de quase morta despertara essa necessidade de intimidade, mas ainda assim, não havia malicia em suas ações, apenas preocupação, carinho e amor. O sentimento mais puro e delicado.  

Aos poucos, ele se afastou, as mãos segurando o seu rosto, os olhos movendo-se de suas sobrancelhas, olhos, nariz e...lábios. Você desmanchou-se, inclinando-se sobre os dedos dele, quente e ternuroso. Você eleva as mãos, envolvendo-as sobre as dele, fechando os olhos por um momento, saboreando a sensação. “Olhe para mim.” Ele diz, deslizando os dedos até os lábios e você hesita, porém, obedece e quando você observou os olhos âmbar reverberarem com concentração e felicidade; sussurrando as palavras que mudariam a sua vida para sempre, nada mais importava. 

“Eu acho que amo você; detective.”  


Notas Finais


Eu espero que o final não tenha ficado muito apressado? Também eu imagino que ambos estiveram muito tempo se contendo, mas após cada um ver o outro vivo, eles simplesmente não conseguiram mais segurar, principalmente o Connor; Anyway, espero que tenham gostado!


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