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História Sir Nighteye - Bêbado apaixonado - 2


Escrita por: Inazuma_Sensei

Notas do Autor


Preciso explicar aqui, por mais que eu pense que a maioria do pessoal que assiste animes já sabe, que os nomes japoneses são escritos e falados de forma diferente, sendo que primeiro vem o sobrenome e depois o nome, e aqui eu sigo essa regra. O nome do Sir Nighteye na forma tradicional é Sasaki Mirai, mas ficaria Mirai Sasaki se fosse escrito da nossa forma. Enfim. Boa leitura.

Capítulo 5 - Bêbado apaixonado - 2


  Respirei fundo ainda encarando a caneca sobre a mesinha da sala. Nighteye já se encontrava no terceiro sono mesmo sendo apenas seis da manhã. O resto de minha madrugada tinha se arrastado de maneira estranha, talvez pelo fato de tentar compreender e aceitar que meu chefe estava apaixonado por mim.

Foi por esse motivo que ele ficou estranho nos últimos dias?

Não que fosse ruim, mas ainda não conseguia formar um opinião em relação a isso. Para mim nossa relação sempre foi profissional, mesmo mordendo os lábios algumas vezes ao observar o homem, ainda o respeitava como meu chefe, mantendo certa distância. Claro que já tive ciúmes de sua relação com Mirio, desejando também ter esse nível de proximidade. As vezes me pegava pensando nele, mas não podia ter completa certeza de que aquilo era mútuo.

Ah. Merda!

Ele se aprofundou no sono e seguiu até às onze sem ao menos dar sinal de que iria se levantar. Devo admitir que a cena era um tanto engraçada, já que estava agarrado ao meu edredom de maneira possessiva. Isso seguiu até um pouco antes do meio dia, e o homem quase teve um treco ao notar onde se encontrava. Seu pedido de desculpa foi curto e vago, e assim ele foi embora sem ao menos olhar em meu rosto.

Sir Nighteye... Por que tem de ser tão difícil?

O sábado e o domingo foram tão depressivos quanto podiam ser. Ainda tentava imaginar como seria a situação que se seguiria após a acidental confissão.

Manhãs de segundas me causavam calafrios. Mesmo que você tentasse manter uma atitude e postura positiva em relação a esse fato, ainda correria em seus pensamentos como um lembrete vermelho e negativo, que ainda era o começo da semana, e que você teria de passar por todo o caos de interagir socialmente e viver como uma pessoa normal, novamente.

Todo aquele inferno de patrões arrogantes e empregos chatos que você ganhava pouco por tanto estresse causado. Depois disso chegaria em casa e tentaria se afundar em uma fantasia positiva de que talvez ainda se tem muito a aproveitar, e que devemos agradecer. Seguido de gente chata e problemática reclamando na internet sobre qualquer tipo de merda que apareça, deixando nítido em cada frase que escreviam o tamanho de sua podridão e ignorância.

Depressivo demais. Mude sua abordagem!

Mas ainda sim tem pessoas legais e conscientes, empáticas em relação a certos assuntos. Lugares legais para serem vistos. Boas narrativas também.

Sir, sempre me disse para se ter humor, já que nossa sociedade necessitava ardentemente disso. Mesmo que sua postura firme e séria fosse algo para se temer, ele era alguém nobre e cordial. Sabia bem qual era o mal da humanidade e passava lições valiosas para aqueles a sua volta. O humor era uma delas, por mais que eu nunca o tivesse visto sorrir muito, desde que nos conhecemos. Era como se comportasse como um mentor ou alguém mais velho - ele realmente é mais velho - que sabe mais, muito mais que você. Sei lá. Parecia um pai ou um tio que te dá calafrios com o olhar.

Japoneses não demonstram tanto seus sentimentos, esse pode ser um fator? Tudo para eles é levado com uma postura mais profissional, reservada e nada acolhedora. Isso tinha se tornado algo normal. Involuntariamente não demonstravam sentimentos puros. Completamente diferente dos brasileiros loucos por abraços e bem, bem calorosos - tirando alguns filhos da mãe que são a excessão.

Um tio japonês quarentão que pode te gelar a espinha!

Falando nisso ele ainda não completou quarenta. Pelo que me lembro ainda está na casa dos trinta. Quando mesmo ele faz aniversário? Me esqueci completamente! Perguntarei a Mirio sobre isso. Tenho certeza de que ele sabe!

Mesmo chegando nessa idade aquele corpo ainda tem certo charme. Não só o corpo, mas seu jeito também. Foi isso que me causou curiosidade em relação a ele.

Quanto mais penso nisso, mais me pergunto o que realmente sinto por ele. Espero que eu não esteja involuntariamente enfiando esse sentimento em mim, tentando projetar algo que não existe.

Que inferno, Sir!

Sir! Agora sim me lembro do que terei que passar assim que chegar na agência. Encarar seu rosto e tentar seguir normalmente ao longo do dia, sem ao menos demonstrar mudança em meu comportamento, já que eu não tinha ideia de como seria a sua reação.

Azedo e seco igual um limão que ficou por dias no sol. Sua seriedade e desejo de se afastar era algo até mesmo palpável. Aquela aura negra ao seu redor era tão densa que as vezes até me deixava sem fôlego ao me aproximar para dizer algo.

Me perguntava se toda aquela coisa era por conta do ocorrido. Provavelmente. Provavelmente não, mas certamente.

Dois malditos dias se passaram, e Nighteye nem mesmo chegou a me olhar no rosto. Sua coluna deve estar chorando por conta da postura terrível que ele tinha. Quase entrava pela tela do computador, e nossos contatos eram resumidos a resmungos e respostas curtas e nada amigáveis. Chegava a estremecer ao ouvir aquela voz ainda mais grossa e profunda sair do fundo de sua garganta, me dizendo o que fazer em relação ao que eu havia perguntado ou dito.

Tão gostosa. Parecia o sussurro de um demônio irritado.

Na sexta, na tão abençoada sexta-feira, eu finalmente tomei coragem o suficiente para tentar uma aproximação. Queria conversar com ele em relação a isso, e mostrar para ele que nossa relação poderia ser resolvida com um simples diálogo. Nada demais!

Eu: Chefe - Chamei. Estava tão valente naquele momento, quanto um mortal tentando matar uma barata. Fobia é foda.

Ele resmungou alguma coisa, e nem levantou o rosto para me encarar. Cruzei os braços e relaxei os ombros, tentando não tornar aquela situação um bicho de sete cabeças. Nighteye nada disse, mas mesmo assim pude ouvir a respiração profunda, aquela que vem do fundo do peito e se torna rápida e pesada. Algo que denunciava a sua ansiedade. Queria uma resposta de verdade, nada de resmungos nervosos e grossos.

Sir Nighteye: O que você quer? - Ele esfregou a testa molhada por uma fina camada de suor. Outra prova de seu nervosismo.

Alguns chamariam de coragem, coragem essa que também pode ser inflada pelo pensamento de que, mesmo que eu tivesse que passar vergonha, ainda poderia me vangloriar de que eu havia tentado. Eu particularmente chamo isso de desespero movido pelo fato de não saber o que fazer, aceitando que isso teria que ser feito.

Espero que a tela do notebook não tenha quebrado com a força que ela encontrou o teclado. Aquilo fechou com tanta força que senti uma pontada de arrependimento no processo. Mas não me deixando abalar, soquei a mesa sem mesmo ter noção do porquê, então soltei a tão temida frase, essa que faz muitas pessoas recuarem com a possibilidade de ter que realmente dizer a alguém.

Eu: Quer sair comigo?! - Era quase uma afirmação. O sim eu posso dizer que já tinha. O não seria uma surpresa.

Parece que o jogo virou de um jeito estranho.

Ele não tinha uma resposta preparada. Estava tão surpreso que se esqueceu de respirar. Me senti internamente excitada por ter quebrado suas defesas e barreiras, alcançando a fragilidade e timidez que me foi exposta.

Seus lábios se apertaram e seus olhos fecharam. Procurava alguma uma resposta. Talvez sua escolha vacilasse entre "não" e "sim", talvez "eu não posso". Sei lá.

Como se não fosse suficiente aquela montanha russa maluca de sentimentos na qual nós estávamos, - depois de alcançar seu pico, aquele ponto no qual você tem noção do que está realmente acontecendo, aquele que te enche de ansiedade com a emoção da descida - eu me joguei de cabeça nas sensações que você nem ao menos imagina que algo ou alguém poderia despertar. Eu o beijei antes mesmo de ter uma resposta a minha pergunta.

Era para ser apenas um casto selinho em seus lábios, mas sei lá, pode ser que eu tenha me perdido no momento em que ele se rendeu, permitindo minha invasão. Ele derreteu na minha boca, chegando a elevar o corpo levemente para tentar me alcançar ainda mais.

Oh, Deus. Como se respira mesmo?

Sir Nighteye: Será que você pode... Por favor... - Fez menção de finalmente tentar me afastar. Suas palmas viradas para mim, enquanto ele ia para trás.

Não! Agora não, Sir!

Nunca fui tão rápida em relação a obstáculos, quanto no momento em que subi naquela mesa e me joguei contra seu corpo. Ele já não sabia muito bem como reagir, e apenas me envolveu de maneira atrapalhada.

Aquela boca estava novamente colada a minha, e soltei um gemido devasso ao sentir minha bunda ser espalmada. Completamente torta por cima dele, ainda tentava manter a compostura e respeito pelo ambiente de trabalho.

Sentia os dedos tocarem todos os pontos possíveis, espalhados sem rumo e sem saber onde focar. Descendo pela cintura chegavam em minha bunda e a apertavam de leve. Novamente subiam e esfregavam meus braços e depois minhas bochechas. Eles seguiam sem sentido, apenas movidos pelo desejo de tocar.

Sem ao menos ter me sentado em seu colo, apenas me apertando desajeitada contra seu peito, me deixei levar pela falta de ar que me alcançou. Minhas forças sumiram e eu deslizei para o chão, e o homem foi me seguindo com o pescoço, ainda tentando manter o contato.

Espero que ele não me demita!

Separados, pensando sabe se lá no que. Ele se recostou, e eu afundei meu rosto em suas coxas, tentando recobrar o mínimo de racionalidade possível. Se alguém entrasse naquele momento teria mal interpretado tudo aquilo.

Eu: Saia comigo... Saia comigo e você terá mais do que um simples e vago beijo.

Sir Nighteye: Não te quero apenas por isso. Me magoa que pense assim.

Eu: Te magoa? Mas você quer também... E eu... Bem... - Esfreguei meu rosto em sua mão. - Meio que quero fazer isso pra você...

Sir Nighteye: Como pode ter tanta certeza? Ao menos...

Eu: Não tenho! - Lancei um sorriso sapeca. - Mas posso descobrir. Isso se você permitir. Então saia comigo, Sir Nighteye!

Sir Nighteye: Desse jeito não. Você não exige que uma pessoa a acompanhe. Não é educado fazer isso. Me pergunte de maneira gentil, talvez a resposta possa ser diferente.

Eu: Sasaki Mirai, você quer sair com a garota que, mesmo sendo insensível e atirada, deseja do fundo do peito que você a acompanhe em um encontro?

Sir Nighteye: Sim, agora sim.

Eu tenho um sim, e um galo na testa. Tentei me levantar rápido demais e isso não fez bem. Aquilo estava tão grande que o resto do pessoal me perguntou se algo havia acontecido.

Já passava das oito da noite. O sábado tinha sido especialmente incrível. A conversa foi longa e arrastada, e agora eu estava encolhida no sofá da casa de meu chefe.

Sir Nighteye: Quer comer algo? - Apenas balancei a cabeça, e o mesmo pegou o celular. - Não gosto muito de cozinhar, então...

Eu: Cozinharia para você, mas no momento estou me concentrando em tentar manter o calor do meu corpo.

Sir Nighteye: Está com frio? Por que não me falou antes? - Ele se levantou e após alguns segundos, e duas batidas de porta, estava novamente comigo na sala, carregando um enorme edredom nas mãos. - Aqui.

Estava parecendo uma almofada gigante enfiada no meio dele. Quase não dava para reparar que havia alguém enrolado ali.

Eu: Isso cheira muito bem!

Sir Nighteye: Um elogio?

Eu: Sim, foi um elogio.

Perfeito. O suéter verde que vestia era lindo. As roupas informais mostravam que talvez eu tivesse finalmente alcançado a tão desejada intimidade com ele. Ele deslizava o polegar pela tela de seu celular e seus olhos o acompanhavam, então ele reparou que alguém o encarava.

Sir Nighteye: Algo errado?

Eu: Não, apenas te admirando e pensando no que você me disse naquela noite.

Sir Nighteye: O que eu disse?

Eu: Sim. Você realmente suspira por mim? Qual parte acha mais agradável? O que toma a sua atenção ao olhar para mim?

Sir Nighteye: Pensei que o interrogatório tinha se encerrado no café. - Se ajeitou no sofá e continuou a procurar o que estava buscando.

Eu: Aquele sim, mas agora eu tenho perguntas a fazer em relação ao que você realmente achou atraente em minha pessoa.

Sir Nighteye: Sua cintura.

Eu: Minha cintura?

Sir Nighteye: As calças de seu uniforme a marcam bem. A desenham delicadamente, deixando evidente o seu tipo.

Eu: Hum... Algo mais?

Sir Nighteye: Sim, mas não pretendo dizer agora. - Ele sorriu.

Não me estendi em meus questionamentos e deixei isso para lá. Ainda pensava no dia que tivemos juntos e acabei adormecendo em seu sofá sem nem mesmo comer o que ele havia pedido. 

 Talvez isso de certo de algum jeito.


Notas Finais


Até a próxima


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