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História Sirius Black e Roxanne Malfoy - Não se trata de orgulho


Escrita por: BiancaBlack1959 e CarlaNCunha

Capítulo 16 - Não se trata de orgulho


Roxanne estava quase no fim do plano. Só precisava arranjar as funções de seus colegas e garantir que entregaria a espada para a pessoa certa, e isto poderia se resolver com uma dose de Felix Felicis que ela tinha guardada em sua bolsa.

Apesar de ter conseguido organizar tudo em tão pouco tempo, o estresse dela continuava a aumentar, e enquanto fechava os livros sobre a mesa em que se estava sozinha na biblioteca ela tentava focar nos menores problemas que tinha. Estes ainda tinham impacto forte, mas eram menores.

Ela suspirou e apoiou antebraços sobre a mesa, forçando-se a diminuir a tensão em sua postura ao menos um pouco. Um par de mãos tocou seus ombros no próximo instante, e quando elas deslizaram carinhosamente para os braços, ela forcou-se a fazer o oposto de segundos antes.

Apenas uma… Na verdade, duas.

Apenas duas pessoas teriam a ousadia de tocá-la daquela forma, e tanto o perfume quanto a intenção do toque eram capazes de informar a Roxanne quem era daquela vez.

— Bom dia. – Sirius cumprimentou, com a voz intensa e entonada de sempre.

— Eu não gosto de você. – Ela disse logo, enquanto ele sentava ao seu lado e a encarava com as sobrancelhas arqueadas e um sorrisinho malicioso.

— Você já disse isso, lembra?

Lembrava e precisava ressaltar, para os dois. Seu futuro era sua obsessão, seus planos todos eram, e ela não tinha espaço para dar a Sirius; precisava que ele parasse de tentar.

Ele era invasivo e sabia somar dois mais dois, logo acabaria descobrindo algo e poderia estragar tudo. Ela não permitiria, de forma alguma.

— Parece que não fui clara o suficiente. – Ela respondeu, sibilando enquanto voltava a atenção para os livros.

Não importavam quais fossem as intenções de Sirius, se era apenas uma atração por quem o afastava, orgulho ou um sentimento mais forte e idiota, ela não tinha tempo para ele.

— Não se preocupe, você foi bastante clara – Ele garantiu, sorrindo enquanto fingia ler. – Mas não acredito que foi verdadeira, pelo menos não repetindo agora.

O rosto dela esquentou encolerizado, e ela sentiu o coração disparar com a suposição arrogante dele.

— Ah, pode acreditar, eu fui sim – Ela disparou fria e furiosamente.

— Qual carreira você vai seguir? – Ele mudou de assunto, como o grande idiota que era, fazendo o sangue de Roxanne ferver mais intensamente.

— Não é da sua conta, Sirius! – Respondeu, quase cravando as unhas na mesa. – Nada é, simplesmente caia fora daqui…

Ele deu um selinho nela e se afastou depressa.

— Tá, fui! – Ele levantou antes que ela tivesse reação. Riu quando ela corou. – Você é linda.

Ela apenas respirou fundo e decidiu-se a ignorá-lo, embora agora mais que nunca quisesse gritar com ele. Voltou o rosto para os livros e ficou descascando o esmalte sobre o colo inconscientemente.

Sirius franziu as sobrancelhas com preocupação.

— Roxanne – Chamou, e ela fez como se não ouvisse. Ele sentou ao seu lado novamente, com um ar mais cauteloso. – Rô, eu sinto…

— Não sente – Ela cortou, com o pavio encurtando outra vez.

— Eu juro – Ele respondeu. – Prometo que não vou te beijar desse jeito mais, só quando você quiser, e vou ter certeza antes.

— Ora, eu agradeço, você nunca mais vai me beijar.

Ele revirou os olhos sorrindo um pouco.

— Você pode – Disse e ela fez uma careta para o livro. – Não passe vontade, estou sempre disponível.

Ela revirou os olhos dessa vez.

— Cai fora, Black.

— Te vejo no jogo – Ele falou saindo.

— Eu não vou! – Ela respondeu.

— Continua não tendo nada a ver com a Casa?

— Continuo.

Sirius suspirou e continuou andando.

— Okay. – Fora uma conversa curta demais para ele, que sentia um nó na garganta sempre que reprimia as várias coisas que queria falar para ela. Por outra perspectiva, fora um diálogo longo demais, porque Roxanne não lidava bem com batimentos acelerados e necessidade intensa de tocar em alguém.

*

O corredor onde Roxanne deveria monitorar estava vazio e escuro e até o momento anterior à chegada de Sirius e James, silencioso. Sem nenhuma garota linda e fria sentada em um dos nichos, esperando para atacá-los e ralhar com eles.

— Estou dizendo que vou te apoiar, cara – Dizia James, encostando as costas na parede e olhando para o amigo. – Eu sempre vou, mas ver o que você vê nela é um pouco mais difícil.

— Eu explicaria se eu fizesse ideia do que é – Sirius respondeu em tom humorado. – Vai saber, talvez o jeito que ela me olha como se quisesse me matar seja diferente.

James riu.

— É capaz de você deixar se ela der um beijinho antes. – Sirius riu um pouco, mas suspirou e se encostou na parede oposta a do amigo, que reagiu àquilo com seriedade. – Eu sei que não é só por ela ser bonita, mas pesando tudo com racionalidade, tem certeza que não é algo pra se arrepender?

Sirius arqueou uma sobrancelha para ele.

— Você não hesitaria tanto se não me envolvesse, não é?

— Você é meu melhor amigo, Almofadinhas – Ele respondeu em tom grave. – Não quero que acabe mal pra você.

— Cada erro vem com um aprendizado, você está querendo limitar minha sabedoria com essa nova sensatez.

— Parece que você esqueceu o aprendizado com a McKinnon.

— “Se afaste de paranoicas ciumentas”? – James riu. Sirius suspirou e revirou os olhos. – Roxanne é indiferente e até demais.

James fez uma careta humorada, e Sirius arqueou uma sobrancelha para ele.

— Isso que era pra ser um cão feroz.

— Cala a boca, veado. Você tá assim pela Lily faz quase cinco anos.

— E você me zoou os cinco anos, eu vou é aproveitar a vingança.

Sirius respondeu com sua risada semelhante a um latido, e Roxanne se materializou nas sombras quase simultaneamente.

— O que estão fazendo aqui? – Sussurrou com um tom quase assustado, sobposto apenas pela raiva.

— Oi, Malfoy! – Eles esconderam o susto bem e se aproximaram.

— O que estão fazendo aqui? – Ela repetiu, praticamente ignorando James.

— Estávamos indo para a cozinha. – Respondeu Sirius sorrindo de imediato para ela.

James riu.

— É, e o idiota quis ver você antes – Sirius deu um tapa na nuca dele. – Ai! Sabe como são esses jovens apaixonados né?

— Vem com a gente. – Sirius chamou, mas James se antecipou a resposta dela com surpresa e humor:

— Uau, ela fica vermelha!

— Cale a boca! – Ela disparou. – Saiam daqui antes que eu anote os dois.

— Não tem problema, só vem com a gente.

— Ela é humana afinal.

— Muito observador – Ela ouviu a passagem para a sala comunal se abrir e se alertou. – Caiam fora!

Ouviram ainda um miado muito característico, e logo um par de olhos de lanterna iluminou a escuridão há uns metros. Madame Nor-r-ra deu as costas a eles e correu na direção de onde viera.

— Filch vai aparecer, vamos!

James riu animado, enquanto Roxanne se obrigava a correr porque Sirius agarrara sua mão e a puxava consigo. Era o dia de Greengrass patrulhar, e por mais que ele não aparecesse, não era problema dela; o ponto era que Roxanne tinha certeza que a pessoa que saíra da sala comunal era Bellatrix, e que se Filch pegasse os três lá, não haveria desculpa que a livrasse de ser encaminhada para um dos diretores ou o próprio Dumbledore.

Não podia arriscar tudo porque aquele idiota era orgulhoso demais para aceitar uma rejeição. Salva de ser pega, Roxanne parou de correr e puxou a mão, dando um grunhido irritado; ele ia enlouquecê-la, deixá-la completamente insana com aquele jeito de tentar entrar em sua vida.

— Pare de tentar fazer de mim uma traidora de sangue como você! Eu não suporto mais esse joguinho de tentar me conquistar para restaurar seu orgulho!

Sirius franziu as sobrancelhas.

— É isso? Agora acha que é por orgulho?

É o que ela se forçava a acreditar. Lá estava ela, construindo mais barreiras.

— Você não é idiota, Sirius. Não gostaria de alguém que já deu o fora em você, de alguém que já deixou claro que estava do outro lado. Eu já deixei claro que estou com os Comensais, que vou seguir o lorde das trevas, eu já deixei claro que não sinto o mesmo…

— Não ignoro nada disso, Roxanne. – Ele interrompeu revirando os olhos e sorrindo em seguida. – Meu bom senso e meus ideais não são suficientes para me afastar, mas não é orgulho. Eu estou apaixonado por você. Você já percebeu, eu já disse, não é segredo. Quantas vezes você vai precisar ouvir para aceitar?

Ela quis responder de forma ríspida, mas, como sempre acontecia quando ouvia ele dizer aquilo, sentia a pulsação intensa e um nó na garganta que a impedia de rejeitá-lo. Agora além de tudo estavam muito mais próximos do que devia, e desviar o rosto enquanto os olhos dele escureciam refletindo-a era impossível.

Ela estava irritada, sua expressão demonstrava bem isso, e seus olhos que sempre eram sérios faiscavam com a intensidade de sempre, mas agora também havia preocupação. O que precisava para que ele entendesse que atração não era nada comparada ao sentimento martirizante que a fazia seguir? Ele não podia ser ainda mais egoísta do que ela.

— Te odeio. – Ela disse por fim, seguindo antes que acabasse fazendo besteira.

Ia acompanhá-los até a cozinha, mas só porque passara a tarde e a noite toda ocupada demais para comer. Apenas almoçara, e isso fazia no mínimo treze horas.

Ela obviamente poderia recorrer a uma simples poção presa no pescoço dentro do prisma, mas estava excedendo-se com poções para dormir e poções para não sonhar. Os efeitos colaterais já a afetavam, então pouparia a si mesma daquela vez.

— Senhores! – Os elfos se aproximaram depressa para atendê-los, e depois que entregaram a Roxanne o que pedira, ela ficou quieta tentando não ouvir a conversa de Sirius e James.

Ela precisava de algum argumento que o convencesse, porque a simples obsessão dela não parecia suficiente. Não poderia dizer que ele era burro, nem insensível, nem enfadonho, não era grudento, nem dramático; talvez aquele senso de humor… Ela revirou os olhos. Não conseguiria convencer a si mesma que aquilo seria um problema. Sempre gostara de pessoas que diferentemente dela conseguiam ser felizes. Talvez a arrogância dele… Mas ela era pior, e tinha certeza que conseguiria ficar com ele pesando suas qualidades.

— Que foi? – Sirius perguntou, porque ela fizera uma careta.

Ela fez um aceno de dispensa com a mão e continuou a encarar a torta. Seus argumentos do “porquê não ficaria com ele” logo se tornaram argumentos de “por que não deveria ficar com ele?”.

Olhou-o retomar a conversa com o melhor amigo. Discutiam sobre times de quadribol, e infelizmente o assunto a interessava. Mas não daria atenção. Com um suspiro pesado, comeu a torta.

— Ah meu Deus… – Roxanne praguejou, enquanto sentia uma vertigem a atingindo e a cabeça queimando. Levantou-se depressa, tentando disfarçar que seus pulmões pareciam ter o dobro do tamanho e nem metade do bom funcionamento.

Sirius franziu as sobrancelhas e se levantou também, avançando para dar suporte a ela.

— Roxanne, espera… – Roxanne agarrou a beirada da mesa para se apoiar, mas sua visão apagou por um segundo e quando voltou Sirius a estava sustentando. – Enfermaria. – Disse em uníssono com James. – O que aconteceu?

— Me solta… – Ela ordenou com a voz embolada, mas a mão de Sirius não afrouxou sua cintura. – Eu vou…

— Sem chance – Ele interrompeu sem um pingo de flexibilidade. – Vai na frente…

— Claro, vou chamar a Madame…

Escuro mais uma vez, e agora ele a visão dela passava por vários quadros curiosos.

Roxanne não devia ter se distraído, aquele indicador de venenos estava consigo justamente para isso.

— Eu preciso… – Ela começou, mas sentiu alguma coisa subir pela garganta dolorosamente e precisou de tempo para tornar: – Eu v-vou sozinha, preciso…

Sua visão ficou turva e apagou.



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