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História Sirius (Fillie) - Espaços (Especial)


Escrita por: finnlosers

Notas do Autor


Oi gente, eu ia postar esse especial no aeroporto mas não deu tempo, ia postar ontem também mas tava MUITO cansada da viagem, daí hoje estou aqui.

Boa leitura sz

*NOTAS FINAIS*
*NOTAS FINAIS*

Capítulo 17 - Espaços (Especial)


Instituição de ensino fundamental de Nova Iorque, no auditório de teatro. Sexta série, alguns anos atrás.

Millie com o cabelo nos pés da orelha, usava um vestido rosa digno de uma grande anágua que a fazia parecer mais criança do que realmente era.

— Tens mesmo que ir? — indagou ela, no corpo de Julieta em seu tom melódico teatral.

— Sim. Tenho. Embora não queira. Prefiro teus braços.

A garota queria tanto que Jacob Sartorious falasse aquilo na realidade, mas era apenas ele dando vida a um Romeu lamentoso ao deixar sua amada para trás. Millie balançou a cabeça, olhando nos olhos vívidos e calorosos do garoto.

— Se ficas, morre.

— Mas longe de ti sou apenas um andarilho sem vida.

— Vá...

— Não vê o que me pedes, Julieta?

— Por favor Romeu... Peço-te, amanhece.

Romeu segurou na mão de Julieta e foi naquele momento que Millie sentiu todas as suas terminações nervosas farfalharem, esperava que nada aquilo estivesse muito perceptível para os outros alunos, pais e professores presentes. Ela só saberia depois que perguntasse a Sadie e Noah que estavam acompanhando tudo no fundo da platéia com contidos risinhos maliciosos, mas quando os próprios se entreolhavam sem querer, reviravam os olhos e bufavam em descontentamento. Não tinham pra quê ficar sorrindo um para o outro.

— Adeus, adeus doce Julieta. — ele disse em tom baixo.

— Adeus, meu Romeu. Aguardarei notícias suas. Estaremos juntos novamente.

— Não tenhas dúvidas, amor. Acredite-me.

E foi assim que Jacob se aproximou para um selinho, de talvez menos de um segundo, mas Millie contou cada milésimo de segundo. Com doze anos de idade, aquela foi a primeira vez em que tinha encostado seus lábios aos lábios de outro garoto e não era simplesmente isso. Jacob Sartorious tinha o feito, causando nervosismo naquela Julieta, que apenas despertou quando Romeu foi embora indo para trás da cortina.

Millie andou até um pequeno sofá do palco e fingiu estar chorando, como pedia na cena. Foi assim que as cortinas fecharam-se de cada lado, fazendo-a levantar-se um pouco tonta pelo seu primeiro beijo. Ela tinha sido beijada e na boca, pelo garoto que tinha ganhado seu coração com o simples fato de estar na mesma série que a sua, aquilo era tão novo e especial. Diferente dele, que apenas chegou perto da sua colega como se não quisesse nada.

— Imagine quantas garotas queriam estar no seu lugar. — ele disse e logo procurou se consertar, acrescentando com um riso de canto. — Como Millie e não como Julieta, não sei quem se mataria por amor além dela.

— E-eu acho tragicamente lindo.

— Muitas garotas acham.

Ele se afastou e ela ficou um pouco pensativa, por um lado tinha que confessar que as garotas eram apaixonadas por Jacob e queriam estar completando par romântico com ele, em seu lugar. E por outro lado, não entendia porquê para ele morrer de amor parecia tão fora de questão, algo tão ridiculamente sem nexo, já que ela acreditava piamente no amor verdadeiro. Ela ficou calada por uns segundos e pegou seus papéis esperando sua proxima cena. Seu coração tinha murchado um pouco ao notar que ele não fez nenhum comentário positivo sequer sobre o beijo, não que esperasse por isso, mas aquilo foi ignorado por anos. E por mais anos, que foram seguidos de mais anos.

Até que Millie tivesse idade e beleza suficiente para chamar a atenção dele, em uma festa na sua mansão.

Seus sentimentos por Jacob não haviam mudado quando chegou aos dezesseis anos, mas ele traçou um longo caminho até perder a coroa no mundo de Millie quando ela conheceu no inverno, seu companheiro de Astronomia.

West Village situado em Nova Iorque, a residência dos Grazer preparava-se para receber uma família.

— O que exatamente estamos fazendo? — perguntou Jack em um tom de desinteresse, observando sua mãe arrumando-se no espelho. — Estou todo enfeitado pra quê?

O rapaz estava com o cabelo encaracolado brilhante em um pós banho, usando seu melhor tênis e usando sua camisa preta de botões.

— Seu pai convidou o amigo dele do trabalho e sua família para virem jantar conosco. — respondeu simples virando-se para o menor. — Na verdade, eles tem apenas um filho da sua idade. Ele se chama Christopher e vai adorar saber que tem um companheiro.

— Companheiro de tédio, é claro. Tenho certeza que não vou gostar dele, Christopher é nome de mauricinho.

— Jack.

Ele foi repreendido por Angela. O garoto fez careta de tédio.

— Nome de maurício, então.

— Se comporte e seja legal.

— Pensei que eu fosse legal nas horas vagas. — ele disse provocando e soltou um risinho sarcástico, vendo sua mãe colocar as mãos na cintura.

— Chega por hoje, vamos descer para encontrá-los.

O menor revirou os olhos sem que a mãe visse e desceu as escadas, sabendo que deveria estar no seu quarto desafiando alguns de seus amigos para uma partida de Counter-Strike online. Jack estava naquele jantar contra sua vontade mas amava seus pais acima de tudo, fez o que eles pediram como o filho obediente que era e encontrou-se com Christopher e sua família, os três louros de nascença.

Jantaram na paz cordial dos tempos e os adultos conversaram sobre trabalho durante a refeição, até mandarem as crianças irem brincar no pátio da frente, aonde tinha uma quadra de basquete que Sr. Grazer tinha feito para o filho dois verões antes, como presente de aniversário de dez anos.

Para Jack, era uma idade especial porque tinham dois números ao invés de um só.

— Tenho treze anos, pareço querer brincar? Já sou um homem.

Chris falou tranquilo mas um pouco emburrado.

— Muito engraçado. — respondeu Jack, em meio a um sorriso irônico. — Pra mim só se é um homem quando você para de afirmar que é um homem.

O outro franziu a testa com aquele comentário e ficou quieto, observando a quadra.

— Você gosta de basquete? — perguntou aproximando-se com cautela, analisando cada detalhe.

— É o melhor esporte do mundo, sem dúvida.

— Sem dúvida. — concordou firme e entortou um pouco os lábios. — Ainda estou na sexta série, o que me impede de grandes coisas, mas quando eu chegar no ensino médio pretendo fazer o teste para entrar no time do colégio. Meu pai disse que é essencial para que eu entre na universidade.

Jack pensou de repente que talvez tivesse criado uma personalidade moldada do garoto antes de conhecê-lo um pouco mais.

— Sim, eu também pretendo a mesma coisa e é por isso que meu pai apoia.— respondeu assentindo e pegando uma das três bolas que estavam pelo chão. — Quer jogar uma partida?

Os olhos azuis de Christopher se iluminaram com o brilho natural de uma criança.

— Claro.

— Mas antes precisamos fazer as apresentações. — interrompeu Jack seriamente, como se aquilo fosse algo realmente grave. — Não posso competir sem saber quem é meu adversário.

— Me chame de Chris. — disse o louro estendendo sua mão. — Não gosto de Christopher, soa mesquinho.

Jack gargalhou.

— Tenho a leve impressão que vamos ser amigos.

Grazer olhou para sua mão erguida e apertou com firmeza ainda sacudindo freneticamente, sabendo como se fosse simples e estivesse apenas escrito. Eles foram amigos, até hoje.

Instituição de ensino fundamental de Nova Iorque, anos antes dos atuais. Em alguma manhã solene da sexta série.

Sadie observava a professora colocando alguns números no quadro com concentração, até que ouviu murmúrios ao seu lado de meninas falando e virou-se para olhar. Sua atenção intercalou-se entre sua mochila manchada e o garoto pequeno de cabelos castanhos parado ao lado, com um pequeno frasco de tinta na mão.

— O que você fez, Noah? — ela arregalou os olhos.

— Eu estava passando e sem querer derrubei.

A ruiva cerrou os olhos azuis claramente chateada e ficou em silêncio por alguns segundos, sabendo que ele tinha derrubado tinta roxa em sua mochila de propósito porque eles tinham entrado em uma séria discussão um dia anterior sobre quem era o melhor amigo de Millie. Eu amo vocês dois, por favor não briguem, dizia a garota entre os amigos.

— Vai ter volta. — Sadie revidou mal-humorada. — Vou pegar as suas bolinhas de gude, sei que esconde no depósito de vassouras da escola.

Noah dessa vez tinha se ofendido e não teve ideia de como a garota sabia sobre seu esconderijo.

— Bem que você merecia por ser tão chata. — respondeu ele baixinho para que a professora não ouvisse e o colocasse de castigo. — Um dia jogo sua boneca no riacho.

Após aqui, Sadie não teve ideia de como Noah sabia sobre ela ainda brincar de bonecas aos doze anos. Ela abriu a boca para responder mas ouviu a professora explicando na frente da classe, assim sendo obrigada a ignorar as provocações do garoto. Em breve ela teria que ser cuidadosa para que pudesse colocar seu plano em prática, até porque ele tinha acabado de dar a garota uma ideia.

Mais tarde quando saíram, a ruiva sabia que ele estaria na biblioteca com Millie e andou tranquilamente até o esconderijo de Noah, pegou alguns livros que estavam amontoados entre as vassouras, deixando as bolinhas de gude de lado. Colocou os exemplares em sua mochila, agora, manchada e seguiu o caminho para casa cantarolando, tocando uma flor branca que estava presa em uma árvore no meio do caminho. Em seguida ela ouviu passos, as pedrinhas do caminho faziam barulhinhos irritantes, mas não tão irritantes quanto a pessoa que as fazia.

Noah a seguia com pressa, com a mochila nas costas e folhas nas mãos.

— Sadie, meus livros sumiram. Fui falar com a Millie na saída e quando voltei não estavam mais no lugar.

— E daí?

— Eu sei que foi você querendo se vingar de mim.

A ruiva revirou os olhos e adiantou os passos, chegando até a ponte que parecia ter sido construída com pedras brancas enormes. Sadie retirou os livros de Noah de algum lugar, observando-o desacelerar o passo.

— Talvez seja. — ela disse simples.

Sadie estava com um sorrisinho vitorioso no rosto, mas no fundo queria chorar porque mesmo que parecesse bobo e infantil, aquela era sua mochila favorita, que ele tinha manchado com tinta. Noah correu até a beira do riacho para acompanhar seus livros afundando-se em meio as águas correntes. Estava um pouco desacreditado com tamanha crueldade vinda de uma menina tão bela, mas ele estava bravo, irritado e magoado.

Schnapp apenas balançou a cabeça e passou por ela, seguiu para casa sem dizer nem mais uma palavra.

Sadie suspirou vendo-o se afastar. Talvez ela tenha ido longe demais, até porque naquele mesmo dia a garota deitou no ombro de Millie e chorou compulsivamente, de sacudir os ombros.

— Eu cometi um erro enorme. — fungou com o nariz mais vermelho do que o próprio cabelo. — Eu só estava com raiva e fiz aquilo sem pensar.

Millie afagava seus cabelos sem entender porque motivos ela brigava com Noah e depois chorava por isso, a situação sempre se repetia, mas em outros casos ela chorava primeiro e brigava depois.

— Por quê você não pede desculpas? É simples. — aconselhou a amiga.

— Eu acho... a-acho que deveria ir na casa dele pedir minhas mais sinceras desculpas, não é?

— Eu acho que sim. Noah também é sensível e deve ser por isso que ficou chateado. Sabe como ele ama aqueles livros... — murmurou em um tom compreensível e entortando um pouco os lábios. — Quer dizer, amava, agora que está no fundo do riacho.

Sadie debulhou-se a chorar mais ainda e Millie teve certeza que seu último comentário não tinha sido necessário agora, talvez em uma outra ocasião.

— Sadie, tem um garoto na porta. — disse Sra. Sink contra a porta do quarto da filha que estava fechada, impedindo que sua mãe visse seu rosto molhado de choro. Ela acrescentou assim que a garota arregalou os olhos azuis. — Vá ver o que é. Ele quer falar com você e não aceitou nem entrar em casa.

— É o Noah, só pode ser.

Millie disse colocando seus cabelinhos curtos para trás da orelha com rapidez, orgulhosa de seu amigo ter tomado iniciativa para falar com Sadie. Detestava ver os dois brigados e cansava de fazer brincadeirinhas com eles sobre amor em meio ao ódio, mas aquilo só resultava nos dois se encarando com expressão de nojo, deixando claro que aquela possibilidade era um absurdo, quase uma heresia a alguma religião ou ofensa aos próprios.

Sadie desceu rapidamente sem se importar com os olhos, agora, inchados de sofrimento. Ela abriu a porta encontrando o garoto sentado na escadinha da frente e assim que o viu sua feição endureceu, não queria mostrar-se frágil. O barulho da porta de entrada chamou a atenção do menino, que virou-se e levantou, preocupado e nervoso. De fato, quando Noah crescesse seria um belo adolescente de cabelos castanhos assim como seria um belo homem, mas Sink morreria ao revelar isso para alguém, a menos que para si mesma.

— Bem, estou aqui. — disse ela sem emoção na voz. — O que quer?

— Vim me desculpar pela sua mochila manchada. Admito que fiz de propósito, então eu devo pedir perdão primeiro. — murmurou um pouco contrariado com as mãos atrás do corpo. — O motivo foi porque soube pelas suas amigas que você planejava colocar um sapo no meu armário na semana que vem.

— Tenho que rever minhas amizades, elas entregam meus planos.

— Também acho. — ele deixou escapar um pequeno sorriso e revelou o que havia escondendo atrás de si. Estendeu a ela uma rosa vermelha, que Sadie não pôde evitar seu olhar terno no mesmo segundo, deixando que o garoto visse que Sink não era sempre tão durona assim. — Colhi no canteiro da minha vizinha, espero que ela não se importe. Sei que você ama rosas.

Ela tocou nas pétalas com suavidade e Millie que espiava pela janela, suspirava desejando um dia sentir-se amada.

— Como soube que gosto de rosas?

— Também fiz outras perguntas às suas amigas.

Sadie conteve um sorriso.

— Me desculpe, Noah. Eu também não deveria ter feito o que fiz. — lamentou com toda sinceridade e lembrando dos poucos segundos atrás. — Estive chorando por todo esse tempo com a consciência pesada achando que nunca me perdoaria, na verdade eu nem devo ser perdoada.

— Não se preocupe, eu também fui um mal menino.

Ela quis rir e convidou o garoto para entrar como sua mãe tinha feito antes e finalmente ele cedeu, dessa vez de bom grado e sem angústias. Assim, juntaram-se a Millie em um jogo de tabuleiro e uma conversa divertida sobre a peça de Romeu e Julieta que a garota tinha feito na semana passada. Hoje em dia pouca coisa havia mudado entre os três, apesar de Noah e Sadie descobrirem o amor juntos como um só, após aquelas brigas intermináveis. Quando Schnapp fez quatorze anos, a ruiva o presenteou com novas edições dos livros que tinha jogado ao riacho, deixando claro que ela não era tão má assim e talvez até nunca tivesse sido.

Uma mansão no Canadá, especificamente na garagem. Enquanto alguns faziam peças de teatro, outros tocavam guitarra.

Finn não tinha os cachos tão enrolados naquela época por conta de sua puberdade, que ainda não havia chegado totalmente. Sua voz começava a engrossar e ele achava isso realmente um problema. Antes que pensasse muito nisso, foi surpreendido por Malcolm.

— O melhor baterista de todo o Canadá chegou. Abram alas.

— Tudo bem, sabichão, onde está Ayla? — perguntou o garoto virando-se enquanto ele se colocava atrás da bateria. — Não me diga que ela resolveu vir junto com o Jack. Os dois juntos não dão certo, você sabe.

Malcolm sorriu.

— Falando mal de mim? — entrou a garota com suas calças pantalonas de sempre, segurando sua guitarra na capa, também como sempre. — Só pra deixar claro que é o Jack que inventa maluquices pelo caminho. Eu só acompanho.

— Eu não disse nada. O Finn que é extremamente pontual com os ensaios.

Finn soltou um risinho colocando uma palheta entre os dentes e disse com um pouco de dificuldade:

— Cala a boca, Malcolm. Você sempre reclama dos atrasos.

— Reclama do quê? — intrometeu-se alguém.

— Quem é vivo sempre aparece. — falou Ayla quando notou Jack parado na porta da garagem tirando os óculos escuros do rosto com um sorriso exagerado, os cabelos esvoaçando. — Que foi agora?

— Eu consegui um show pra gente.

— O quê? — Malcolm ainda estava parado com as baquetas nas mãos.

— Se for brincadeira sua eu atropelo você. — Finn disse sério e recebendo de volta uma cerrada de olhos do louro.

— Você não tem habilitação, moleque. Então guarda seu surto pro dia que a Calpurnia subir oficialmente em um palco. — falou Jack animadamente fazendo toque com os meninos e com a única garota do grupo, que tinha um sorriso alegre nos lábios. — Semana que vem, em Montreal. No festival de Osheaga.

Finn sorriu em meio deles, sendo o mais baixo de todos. Nos dias atuais o cacheado seria o segundo mais alto, perdendo apenas para Malcolm. Mas ele não poderia saber disso sendo que morava agora em Nova Iorque. Lembrar do destino de cada amigo seu no Canadá o deixava triste, porque Finn foi motivo para que a Calpurnia acabasse apesar de muitos momentos de união e amizade.

Hoje em dia Ayla apesar de viver em sua adolescência, estava noiva de um rapaz que estudava Medicina na Universidade de Alberta. Jack comprou um carro que era de seu pai, que antes foi o carro de um amigo dele e saiu estrada à fora, levando Malcolm consigo. Ambos conseguiram lugar na mesma banda e não ligavam muito para comentários ou críticas das pessoas do bairro.

E por esse motivo que os pais de Finn resolveram dar um ponto final naquilo, o garoto mal tinha completado treze anos quando resolveu montar uma banda com seus amigos de escola. Eric o achava talentoso mas também achava uma loucura corromper seu caminho com algo incerto, ele teria de ser como o irmão mais velho e seu avô, assim como seu bisavô antes dele. Foi então que desfizeram a amizade do filho com o resto da banda e o submeteram a ir à vários eventos de empresas para se disciplinar melhor.

Finn obedeceu, até completar quinze anos de idade e chegar no ápice de seu sufoco. O garoto cansava de chegar em seu quarto e encontrar rolos de dinheiro em cima da cama que seus pais deixavam, achando que aquilo supriria as ausências. No final do ano, Finn juntou todo o dinheiro acumulado que não ousava tocar e deixou mais de sessenta e cinco maços sobre a cama dos Wolfhard, que tomaram um belo susto com sua atitude.

Brigas começaram a acontecer quando o rapaz passou a crescer e fugir de casa, sumir por dias, faltar à escola, arranjar namoradas aleatórias, chegar com olho roxo em casa.

A única solução era ir embora. Nick estava terminando seu doutorado de Direito em Nova Iorque, quando seus pais compraram uma casa na cidade. A novidade o pegou de surpresa e ele foi diretamente falar com seu irmão mais novo, que estava em seu novo quarto com uma paleta de tintas na mão e o pincel na outra.

— Eu torcia muito pela Calpurnia, sinto muito. Se eu soubesse que estava acontecendo isso eu tinha tentado falar com eles ou trazia você pra morar comigo, não sei... Dava um jeito.

— Acontece. — ele disse ainda virado para a parede e soltou um suspiro. — A viagem do Canadá pra cá foi péssima. O ano novo é amanhã e não estou nem um pouco animado pra isso.

— Você está falando com a pessoa errada, eu não tenho nem um pouco de ânimo. — respondeu Nick de um jeito monótono arrancando um sorriso do garoto. — Olha Finn, essa cidade não é um bicho de sete cabeças, você pode gostar quando se acostumar com o colégio.

— No primeiro dia de ensino médio eu conheci um garoto chamado Jack, quero ficar longe dele. Eu não posso mais criar amizades aqui ou me apegar a alguma garota. Nossos pais sempre arrumam um jeito de atrapalhar.

Nick soltou um longo suspiro sabendo que aquilo era verdade.

— Você vai ver que é melhor manter pessoas legais por perto. Não se isole igual a mim, deixe que garotos como o tal Jack sejam seus amigos. — aconselhou descruzando os braços e olhando para a parede pintada da cor azul escura, que estava com a metade pronta, repleta de estrelas. Ele franziu a testa. — O que é isso exatamente?

— Uma órbita elíptica e a estrela Sirius.

— Você é o cara. — garantiu apontando para o menor.

Finn acabou rindo o observando sair do seu quarto novo.

Rua Eishen, um caminhão chegava com a mudança da família Caster despertando a curiosidade de muitos vizinhos.

Nessa mesma manhã quando chegava da casa de Jack depois de uma partida compartilhada de Battlefield no videogame, Chris parou na calçada ao notar que uma garota de cabelos loiros estava sentada na escadaria segurando um livro.

Em seguida entrou em casa em silêncio, passando por seu irmão mais velho que trocava calorosos beijos com a sua namorada no sofá da sala. O menor olhou com repulsa e contornou o móvel para pegar o telefone sem fio. Subiu as escadas, discando para Jack.

— Você acabou de sair da minha casa, o que foi agora Chris?

— Uma notícia importante.

— Tomou vergonha na cara?

— Não, melhor. Uma garota está morando na frente da minha casa.

Jack arregalou os olhos.

— Então seja útil, fale com ela e quem sabe um dia eu possa conhecê-la. — ele disse rapidamente, animado com a possibilidade. — Mas sinceramente acho difícil que eu vá pisar na sua casa depois do que fizemos.

— Seu castigo não será eterno, Jack.

— Minha mãe disse que foi muito grave. Eu acho que ela quis dizer que eu poderia ter estourado os calcanhares dele. — o garoto respondeu soltando um suspiro lamentável.

— Eu também acho. — concordou o louro jogando-se em sua cama, acariciando os pêlos  macios de Vegas, seu gato que ainda era filhote. — Valeu a pena ter colocado bombinhas nos tênis de Josh mas custou sua chance de ser amigo de uma garota de verdade, sem ser online.

— Divirta-se conhecendo sua nova vizinha, enquanto estarei trancafiado. — disse Jack  na linha arrancando um riso do amigo.— Eu ligo pra você depois, tenho que ir no dentista hoje fazer aplicação de flúor se eu quiser evitar cáries.

Eles desligaram e naquela mesma tarde, Chris atravessou a rua para conhecer a nova moradora. Quem abriu a porta foi a própria, de perto ela parecia muito mais bonita. Esse pequeno detalhe encorajou mais o menino.

— Eu me chamo Chris, moro na casa da frente. — abordou-a com um sorriso de canto. — Vim dar as boas vindas.

Ela se surpreendeu com sua hospitalidade estranha.

— Minha nossa. — disse a menina totalmente meiga, fechando a porta atrás de si. Estava com um vestido rosa, um pouco rodado. — Obrigado por me receber, foi muito gentil da sua parte.

— Eu vi você sentada aqui na frente sozinha e pensei talvez que quisesse conhecer alguém da sua idade.

— Você adiantou muito as coisas pra mim. Não cheguei a conhecer outras crianças na rua e até pensei que não tivesse.

— Bom, tem a mim. — garantiu divertido sem intenções maldosas e ela sorriu sabendo disso. — Minha mãe ficaria maluca se soubesse que vim aqui sem trazer uma cesta antes, mas eu sou muito ansioso.

— As cestas, tinha esquecido desse costume.

— Antes de vir, morava aonde?

— Eu era da Califórnia e para todos os casos me chamo Reylynn. — disse sendo observada pelos olhos azuis de Chris.— Eu tinha tantos amigos na minha antiga rua, espero que você me apresente novos pra que eu possa esquecer um pouco da mudança.

— Claro, só que antes tem alguém. — falou convicto e arqueando uma sobrancelha. —Você adoraria conhecer meu amigo Jack, mas ele está de castigo pela eternidade então vamos ter que esperar um pouco.

Ela soltou uma risada amável, que não havia mudado muito com o decorrer do tempo. Ao passar dos anos Grazer continuou um longo tempo sem pisar na casa do amigo, apenas sendo visitado por ele e conformaram-se assim quando tornou-se rotineiro.

Enquanto Jack crescia, a amizade entre aqueles dois vizinhos também cresceram. Chris e Reylynn passaram a sentar na escadinha da casa dela todos os finais de semana para contar as novidades da semana, durante o pôr do sol. As coisas não haviam mudado, mas tinha diminuído a freqüência com os problemas adolescentes e familiares. Porém eles sabiam que se sentassem na escadinha novamente, longas histórias seriam contadas.

A primeira vez que Jack conheceu Reylynn foi no primeiro ano do ensino médio, quando ele e Chris fizeram o teste para o time de basquete e foram aprovados. A garota batia palmas de orgulho na arquibancada após assistir as avaliações e quando Grazer cruzou seus olhos com ela, percebeu que a famosa vizinha era mais bonita do que seu amigo descrevera.

Naquela altura, o coração dele era dela, mesmo que não soubessem.

 

 

 

 


Notas Finais


E esse foi o capítulo especial em agradecimento às 10 mil leituras em Sirius no Wattpad. Quero agradecer a cada pessoinha que comenta e surta, é a melhor coisa do mundo. E pra quem está perguntando meu twitter é @finnlosers.

Aqui vocês puderam ver um pouco do passado que estava espaçado na história de quando eles eram pequenos, como era antes da Sadie e Noah estarem juntos, Finn aprontando no Canadá, o tal único selinho da Millie com o Jacob na peça, Chris e Jack se conhecendo, quando a Reylynn conheceu Chris por serem vizinhos. Foi mais pra explicar algumas coisas. Fiz com muito carinho.

O que acharam? Amei os comentários passado de vocês.

A playlist de Sirius está disponível no Spotify com músicas mencionadas/relacionadas, procurem pelo nome da fanfic ou pelo link:

https://open.spotify.com/user/22mwi5anyzwn3aanxewtnib5a/playlist/6AW5iaTptzFmI25CpL7Gpz?si=yeQl3XfIS9yVM1QnKea8uQ

Até a próxima com continuação oficial, em breve 💕


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