Heloísa tinha concordado em ir jantar onde eu sugeri. Talvez não fosse a sua primeira escolha para um jantar de dia dos namorados, mas eu acho que cabe bem ao momento. Quem precisa de um jantar chique depois do presente que ela fez pra mim?
Eu olhei para Heloísa, que estava dirigindo, enquanto eu estava quietamente escutando a música que tocava no carro. Seus olhos estavam focados nas ruas e eu suspirei inconscientemente, admirando seu impecável perfil. Quando nos reencontramos aqui, eu não esperava que ela fosse tão... doce. Claro, eu a conheço desde a U17, mas ela mudou tanto que eu não tive nenhuma expectativa depois do nosso primeiro mês em Boston juntas. Quem imaginaria que a pegadora Heloísa poderia ser uma namorada tão incrível e sincera?
- O que você tá olhando? — Heloísa olhou para mim e sorriu gentilmente, aparentemente notando que eu estava a encarando descaradamente.
- Admirando a vista. — eu sorri e a vi arqueando a sobrancelha.
- Parece algo que eu diria. — ela respondeu e virou sua cabeça novamente para prestar atenção na pista.
- Bem, eu estou aprendendo algumas coisas. — mordi meu lábio inferior enquanto assistia ela dirigir. Ela era tão... gostosa.
- Talvez eu devesse dar aulas de como seduzir garotas. — ela provocou.
- Desculpe, mas isso nunca vai acontecer. — eu instantaneamente respondi e balancei a cabeça. - Você só é permitida a dar aulas privadas a mim.
- Eu deveria saber que você é do tipo ciumenta. — Heloísa sorriu maliciosamente.
- Por que você diz isso? — Eu franzi a testa curiosamente.
- Porque você é muito mandona. — ela falou sem hesitação e eu quase engasguei.
- Eu não sou mandona! — eu não espera ouvir isso, eu estava surpresa.
- Você é, sim! — a outra morena riu e me olhou de novo. - Não é uma coisa ruim. Eu gosto de como você é tão decidida e sabe o que quer.
- Eu estava me lembrando de você no aniversário de Katarine. Você vestindo aquele vestido, salto alto e aquele seu batom vermelho. Eu... bem, vamos dizer que eu levei um tempo para conseguir me concentrar em outra coisa. — eu admiti mansamente.
- Sério? — Heloísa sorriu e parou o carro no sinal vermelho, olhando para mim novamente. - Você gostou?
- Sim. — eu mordi meu lábio inferior e as imagens daquela noite invadiram minha mente, fazendo minhas bochechas corarem subitamente. - Você deveria se vestir daquele jeito mais vezes...
- Talvez eu devesse, sim. — concordou e eu engoli em seco levemente quando ela me encarou. - Se possível, na nossa aula privada.
- Parece ótimo. — eu tentei não corar novamente e agarrei o colarinho de sua jaqueta e a puxei para mais perto de mim.
- Viu? Mandona. — ela zombou, mas eu não quis discutir dessa vez e simplesmente choquei meus lábios nos dela. Infelizmente demorou apenas alguns segundos porque o carro atrás de nós estava buzinando desde que o sinal abriu.
- Droga. — Heloísa gemeu e moveu o carro para desbloquear a passagem dos outros carros. Eu voltei a escutar a música que estava tocando e fiquei surpresa em escutar tantas músicas de hip hop no seu iPod. Seu gosto musical era bem eclético, tanto quanto o meu e eu balancei a cabeça quando "Connect" de Drake começou a tocar.
- Eu amo essa música. — eu murmurrei e olhei pela janela.
- Você tá toda malandra agora. — Heloísa zombou de mim mais uma vez, senti o tom brincalhão em sua voz e continuei com isso.
- Você não tem ideia o quanto obscura era minha primeira vizinhança quando eu morei em Boston. — eu respondi, o que não era mentira.
- Você ganhou algum crédito lá na ruas? — continuou brincando.
- Eu tive que anular algumas pessoas. — eu estava tentando fazê-la rir. - Mas eu ganhei algum respeito por isso com a gangue.
- Você é tão idiota às vezes. — minha namorada riu alto. Meu coração pulou no meu peito com o som.
- Cuidado com o que diz, garota. Ou você vai ser a próxima na minha lista negra. — eu continuei e ela riu mais.
- Eu não tinha ideia que você era tão cativante... ou pateta. — ela disse sem fôlego.
- Puf, isso é o suficiente. — eu estava me divertindo, peguei o boné do Boston Breakers no seu porta luvas e coloquei na cabeça.
Para 'provar' a mim mesma, eu comecei a cantar a música de novo e aumentei o volume. Balançando minha cabeça e fazendo um monte de movimentos ridículos que eu via os rappers fazer, eu comecei a fazer o rap com a voz masculina, passando por cima da letra. Eu gostava de cantar e as pessoas que já me escutaram cantar gostaram, mas fazer rap era diferente. Ainda assim, eu pensei que eu estava indo bem e estava fazendo minha namorada rir de qualquer maneira.
Eu cantei até não conseguir manter uma cara séria por mais tempo. O fato de nós estarmos nos divertindo tanto era tudo com o que eu me importava. Heloísa disse que suas bochechas estavam doendo de tanto rir e isso fazia toda a ridicularidade valer a pena.
Nós chegamos na lanchonete pouco tempo depois e ocupamos uma mesa. Não estava cheia, mas tinha um rosto conhecido: nossa garçonete era a mesma que nos atendeu na primeira vez que eu vim aqui com ela e Luísa. Seu nome era Ellen, ela se aproximou de nós carrancuda e olhou para Heloísa atentamente.
- Você não é uma pró atleta ou algo do tipo? — perguntou a Heloísa e eu assistia a interação quieta.
- Uhum, sim. — respondeu hesitante.
- E esse é o lugar que você traz sua acompanhante para jantar no dias dos namorados? — Ellen disse e Heloísa me olhou instantaneamente.
- Tá vendo! Eu te disse que nós deveríamos ter ido em outro lugar. — minha namorada se amuou e suspirou fundo.
- Não, aqui é perfeito. — eu a acalmei e olhei para a nossa garçonete. - Na verdade, foi minha ideia vir aqui.
- Sem ofensas, mas você poderia pensar um pouco mais alto quando está namorando com uma pró atleta. — a garçonete encontrou meu olhar.
- Eu não sou disso. — eu respondi educadamente e sorri sem revelar que eu também era uma.
- Certo, muito justo. — Ellen deu de ombros. - Espera aí... você já esteve aqui antes, né?
- Já, mas faz um tempinho. Com Heloísa e minha filha pequena, se isso te ajuda a lembrar. E eu derramei café, claro. — eu adicionei e ela olhou para Heloísa surpresa.
- Você nunca trouxe uma garota duas vezes. — ela deixou escapar e Heloísa arregalou os olhos.
- Eita, uma maneira de estragar meu jogo. — a morena retornou. - É uma boa coisa quando ela não é uma garota qualquer, ela é minha namorada. — um sorriso singelo apareceu em seus lábios.
- Olhe quem finalmente está namorando. — Ellen zombou e eu sabia que essas brincadeira eram normal entre elas duas, Heloísa tinha me contado sobre isso. - Mas você deveria ter feito algo melhor que isso, vamos lá.
- Você está trabalhando nos dias dos namorados, então não devia estar me julgando. — Heloísa devolveu, continuando com a brincadeira.
- Eu estou saindo em alguns minutos e meu namorado vai me levar em um restaurante de verdade, com comida de verdade e algum champanhe para acompanhar. — a garçonete revelou para a tristeza de Heloísa.
- Eu me sinto mal agora. — minha namorada murmurou com outro suspiro.
- Vamos, façam seus pedidos, pois eu estarei fora daqui a alguns minutos.
- Eu acho que nós deveríamos dividir algumas panquecas. — eu falei e Heloísa me olhou.
- Sério, Samantha? — ela pelo menos estava rindo novamente.
- Isso é fofo. — eu protestei.
- Se você está dizendo, mandona... — ela falou de novo e eu revirei meus olhos de brincadeira. - Então nós vamos ter panquecas com mel extra e duas cocas.
Ellen saiu e eu procurei pela mão de Heloísa na mesa, entrelaçando nossos dedos.
- Não se atreva a se sentir culpada novamente por estarmos aqui. — eu não queria que ela se sentisse mal pela brincadeira de Ellen.
- Eu sei, eu não deveria, mas ainda sinto que eu poderia ter feito algo melhor.
- Eu nem vou tocar mais nesse assunto, porque está tudo perfeito pra mim. — eu apertei sua mão e senti ela fazer o mesmo. - Obrigada pelo presente. Eu fiquei um pouco chocada antes.
- Tudo bem. Agora nós temos a mesma chuteira e somos uma ameaça tripla. — Heloísa passou seu polegar nas costas da minha mão. - Como Luísa está?
- Ela está ótima. Mas ficou triste quando eu disse que vinha te ver. — eu confessei e respirei fundo. - Mas eu vou trazer ela para o próximo jogo qualificatório e vocês duas poderão se ver de novo.
- É bom ouvir isso. Eu sinto falta daquela pirralha. — falou com a voz cheia de carinho. - Como foi o resto do aniversário? Felipe te deu algum trabalho?
- Não, foi tudo bem. Na verdade, ele se comportou bem depois. Foi importante para Luísa e eu acho que ele percebeu isso. — eu expliquei calmamente. - Ele não estava tão envolvido quando eu me mudei para Boston e isso foi difícil pra ela. Eu acho que ele está tentando compensar.
- Eu estou feliz por ela. — a mais velha falou.
- Você sabe que não é nada mais que isso, não é? — eu estava um pouco alarmada porque Heloísa pareceu... triste.
- Claro. — ela respondeu imediatamente e eu forcei um pequeno sorriso.
- Ele estava lá somente por causa dela e isso não tem nada a ver comigo-
- Amor. — ela interrompeu e deu outro aperto na minha mão. - Está tudo bem, eu juro. Eu entendo e você não tem que se preocupar.
Mesmo que ela parecesse sincera, aquela aparência triste em seus olhos quando eu mencionei Felipe e Luísa me incomodava. Eu não queria que ela tivesse a impressão errada, mas ela disse que estava tudo bem e eu não queria fazer disso uma grande coisa.
Ellen chegou com nosso pedido e colocou uma garrafa de champanhe na mesa. Heloísa e eu demos um olhar surpreso.
- Desse jeito você pode ter uma taça depois e pelo menos ter algo chique. — a garçonete explicou.
- Você pode ser meiga depois de tudo. — Heloísa riu.
- Eu não sei do que você está falando, eu sempre sou adorável. — ela devolveu.
- Eu não vou discordar, porque eu quero ficar com o champanhe. — minha namorada respondeu despreocupadamente.
- Esperta. — Ellen falou com um sorriso no rosto. - Uma cliente me deu isso, mas eu achei que vocês poderiam fazer melhor proveito do que eu.
Nós duas agradecemos e desejamos uma boa noite, contando que ela estava saindo para seu encontro. Heloísa queria sentar perto de mim e passou para a cadeira que estava do meu lado. Talvez eu fosse a mandona e ela a doce depois de tudo. Nós compartilhamos as panquecas e falamos sobre tudo e nada. Eu contei a ela como Tina tinha torcido seu tornozelo no nosso último treino. Ela estava um pouco pra baixo desde então, mas estar ao redor da família e amigos ajudou bastante.
Nós terminamos nosso jantar e eu estava bebendo o último gole de coca quando senti algo agarrar minha orelha. Meus olhos se arregalaram e eu quase engasguei com minha bebida quando percebi que Heloísa tinha afundado seu dedo no mel e espalhado uma pequena porção no lóbulo de minha orelha. Sabendo o que ela iria fazer, eu senti sua língua recolhendo a substância habilmente. Eu engoli em seco quando seus lábios englobaram meu lóbulo e chupou levemente. Sua mão estava correndo em minha coxa e eu fechei meus olhos inadvertidamente.
Quanto mais sua mão chegava na parte mais interna da minha coxa, mais eu lembrava do nosso momento de volta em New York antes de nós dormimos juntas pela primeira vez. Não era preciso dizer que eu estava pegando fogo com a memória. Seus dentes arranharam a área sensível e eu agarrei sua mão antes que ela chegasse num território perigoso. Segurando seu pulso em um aperto instável, eu recolhi meus pensamentos por um momento e respirei fundo.
- Você é safada. — eu ri e engasguei quando ela chupou o lóbulo da minha orelha novamente.
- Você pode me culpar por estar excitada? — ela falou com a voz rouca e eu estremeci. Não, eu definitivamente não poderia culpá-la.
- Era você quem não estava com humor para isso semana passada. — eu argumentei com um sorrisinho.
- Oh, mas eu estou com humor essa semana. — sua resposta em outro lascivo tom de voz rouco foi o suficiente para mim
- Então vamos embora. — eu sussurrei e senti seus lábios formarem um sorriso contra minha orelha.
- Seu desejo é uma ordem, mandona. — Heloísa disse enquanto levantava e eu não estava em bom juízo para protestar agora.
Ela pagou com uma generosa gorjeta e nós fizemos nosso caminho de volta para seu apartamento. Meu coração estava batendo sem controle em antecipação do que estava por vir. Chegando ao estiloso apartamento, nós tiramos nossos sapatos e nos livramos dos nossos casacos antes de eu hesitar em ir direto para o quarto. Eu sabia o que vinha em seguida e dei uma olhada no grande espelho na sala para refrescar um pouco.
Heloísa estava andando para o lado contrário da sala. Eu ouvi uma música preenchendo a sala lentamente depois e sorri de orelha a orelha ao ouvir outra música de Drake tocando. Eu fiquei imaginando se essa era sua sex-playlist, mas não tive muito tempo para pensar nisso. Senti um par de braços familiares me abraçando por trás e me dando um bom tipo de arrepios no meu corpo. Sentindo ela tão perto, meu corpo saltou quando seus lábios encontraram minha orelha de novo.
- Eu escutava essa música o tempo todo quando nós estávamos na Liga 17 e o caos começava. — Heloísa confessou e se olhou no espelho, beijando minha orelha.
- Talvez você seja mais malandra que eu, afinal de contas. — eu sacudi a cabeça e vi ela sorrir. Ela estava dançando com a batida e eu me juntei, com o seu quadril gentilmente encostando no meu. Seus braços estavam me segurando apertado e eu passei meus dedos na parte alta deles. Seus movimentos começaram a se intensificar e ela estava me movendo em seus braços com a música. Deus, ela era tão carinhosa e sexy ao mesmo tempo!
Minha respiração ficou presa na minha garganta quando eu escutei sua voz rouca cantando de repente, ou fazendo rap com seus lábios perto da minha orelha, mas ainda sussurrando.
Com as últimas sílabas, a mais velha deu um beijo apaixonado no meu pescoço e eu não pude segurar o gemido que escapou dos meus lábios. Eu instantaneamente me virei e coloquei meus braços em volta do seu pescoço. Nossos lábios se encontraram finalmente em um lento e sensual beijo. Suas mãos se moviam de cima para baixo na lateral do meu corpo enquanto eu estava desejando ela desesperadamente. Partindo meus lábios eu tentei explorar a parte interna de sua boca, mas ela estava provocando e não me deixou fazer isso. Continuei passando minha língua contra seu lábio inferior e implorando por permissão, mas ela não estava dando.
Ao invés disso, ela se afastou e agarrou minhas mãos. Ela nos encaminhou para a cama e era a primeira vez que eu estava lá de verdade. Deitando no grande colchão, senti minha cabeça batendo nos macios travesseiros até Heloísa se juntar a mim e sentar para conectar nossos lábios mais uma vez. Ela me empurrou de volta para baixo, e ficou em cima de mim. Eu suspirei em prazer quando ela deitou seu corpo sob o meu. Abrindo meus olhos por um momento, eu afastei as mechas escuras de seu rosto e admirei cada parte dele. Seus olhos encarando os meus me davam palpitações no coração.
- Você é tão linda. — saiu sem querer, mas eu não me envergonhei desde que ela me elogiava o tempo todo. Seu pequeno sorriso aumentou, me dando borboletas no estômago.
- Você é mais. — ela respondeu. Eu coloquei minha mão na parte de trás de seu pescoço e puxei-a para baixo. Nossas bocas se conectaram em outro beijo apaixonado, eu deixei minha mão viajar entre nossos corpos e tentei abrir o botão de sua calça. A mais velha parou nosso beijo, de repente.
- Vamos tomar nosso tempo, amor. — ela sussurrou carinhosamente e eu afundei minha mão devagar. - Não precisa ter pressa. Eu quero que isso seja especial. — ela continuou, fazendo meu coração bater tão forte que eu fiquei com medo de ter algum problema cardíaco no futuro. Sua mão encontrou minha bochecha carinhosamente enquanto ela falava. - Essa é a primeira vez que estamos fazendo isso estando oficialmente juntas. Está tudo bem se nós apenas aproveitarmos o momento? — ela perguntou claramente insegura, aparentemente com medo de me magoar.
- Sim, é perfeito. Demorou bastante tempo de qualquer modo. — eu respondi com um sorriso gentil, que foi correspondido.
- O importante é que estamos aqui agora. — Heloísa respirou. - Feliz dia dos namorados, meu amor. — meu sorriso aumentou.
- Feliz dia dos namorados, mi amor. — eu mordi meu lábio e vi sua sobrancelha levantar.
- Mi amor? Esse é meu apelido agora? — ela perguntou e suas bochechas coraram um pouco.
- Você gostou? — eu estava com vergonha por ter falo isso.
- Eu amei. — ela riu subitamente. - Às vezes eu esqueço o quão sexy espanhol soa; especialmente vindo de você.
- Pues, cállate y bésame finalmente. — eu falei.
- Mandón. — ela usou a versão espanhol para "mandona" antes de fazer o que eu disse. Eu não podia acreditar o quão incrivelmente gentil ela estava sendo. Aqui estava eu; pronta para tirar sua roupa e ela queria ir devagar, para nós lembrarmos como algo especial. Eu me pergunto o que eu fiz para merecer estar com ela. Talvez eu não tenha feito nada, mas eu não deixaria ela ir embora de novo, isso era certeza.
Dessa vez, Heloísa aprofundou nosso beijo. Sua língua lutava contra a minha calmamente antes de nossos lábios se seguirem com uma chupada sua em meu lábio inferior. Eu não tinha noção do tempo nesse momento. Isso pode ter durado minutos ou horas na minha cabeça, enquanto nós trocávamos beijos atrás de beijos até nenhuma de nós ter ar suficiente para respirar. Minhas mãos viajaram para baixo de sua blusa, pegando cada pequeno detalhe da sua pele imaculada. A superfície de sua pele estava tão quente e macia, eu senti seus músculos tonificados .
Respirando fundo, ela sentou por um momento e tirou sua blusa, revelando o sutiã preto. Ela tirou minha blusa e eu não estava vestindo sutiã o que fez a mais velha sorrir por um momento. Voltando para baixo, nós continuamos de onde tínhamos parado, sendo cuidadosas e sensíveis uma com a outra. Eu senti uma mão circulando meu peito, apenas as pontas dos dedos tocando minha pele, para criar mais antecipação. Seus olhos assistiam enquanto ela apertava meu peito delicadamente. Eu tinha consciência de que eles não eram grandes.
- Eles são pequenos, eu sei. — eu tentei sorrir mas terminei mastigando meu lábio inferior, porque ela. estava me olhando intensamente.
- Pare com isso. Eles são perfeitos. — ela pressionou cheia de convicção ainda afetuasamente. - Eu os amo desse jeito, eu amo tudo em você. sua mão continuou massageando carinhosamente antes de seu indicador tocar num ponto ao lado do meu peito. - Eu amo essa pequena pinta bem aqui, por exemplo. — a mais velha continuou e eu sorri. - Você quer saber o que eu mais amo?
- Não estrague o romance dizendo que é minha bunda, ok? — Eu brinquei para não mostrar o quanto eu estava trêmula com ela me dizendo essas coisas.
- Seu sorriso. — ela disse desconhecendo minha tentativa de distraí-la. - Eu li na internet que a pessoa mais triste tem um sorriso mais brilhante. E me lembrou de você.
Meu coração estava prestes a explodir. Ela parecia tão fria e arrogante quando era mais nova. Eu não entendia direito o porquê dela gostar de alguém como eu. O fato de que ela sabia que eu estava triste e não só com raiva reforçava que ela me conhecia melhor do que eu pensava. Eu estava chocada, mas tentei falar a única coisa que ficava se repetindo na minha cabeça.
- Eu te amo. — eu sussurrei cheia de sinceridade.
- Eu também te amo. — Heloísa respondeu sem hesitar e se baixou para me beijar. Seus lábios estavam mais urgentes que antes. Ela inclinou sua cabeça e partiu nossos lábios simultaneamente, nossas línguas se tocaram gentilmente devagar, mas num ritmo sensual. Eu achei o fecho de seu sutiã e abri habilmente, pegando o tecido preto sem pressa. Joguei na pilha de roupas em algum lugar no chão.
Heloísa pressionou sua parte superior do corpo nua em mim e eu engasguei no beijo. Não foi de propósito, mas eu arranhei suas costas bruscamente, deixando algumas marcas. Seus lábios correram pelo meu pescoço e eu joguei minha cabeça para trás porque ela sabia que aquele ponto me deixava louca. Ela usou aquilo sem misericórdia e aplicou uma sucção nas áreas sensíveis entre minha orelha e meu ponto de pulso. Apesar de ela nem estava perto ainda, eu senti um latejar no meio das minhas pernas.
Eu respirei fundo porque ela deslizou mais para baixo e eu sabia o que estava por vir. Mesmo sabendo, eu me sentia tão autoconsciente sobre isso. Heloísa parecia gostar dos meus peitos e sempre acabava acariciando, massageando e beijado eles extensivamente. E parecia celestial esquecer minhas inseguranças e simplesmente aproveitar a garota habilidosa me dando tanto prazer. Sua língua circulou o mamilo incansavelmente antes de ceder e lamber o bico endurecido.
- Deus. — eu murmurei porque eu já estava no meu limite. Enfiando minhas mãos em seus cabelos, eu olhei para baixo e vi seus lábios inchados chupando a área muito sensível. Eu apertei meu punho em seus cabelos quando ela tremulou sua língua contra meu mamilo no interior de sua boca. Minha própria boca ficou seca porque ela foi para o outro lado para fazer o mesmo e tudo o que eu podia fazer era assistir. Eu não conseguiria aguentar muito tempo.
De novo, foi difícil dizer quando tempo passou até minha namorada graciosamente parar de me deixar louca. Ela abriu meu jeans e esforçadamente escorregou eles por minhas pernas e minha calcinha junto com ele. Quase voltando para baixo, eu sentei antes que ela pudesse desabotoar seu jeans. Ela sorriu e eu me inclinei para beijar sua clavícula enquanto puxava o zíper. Ao invés de tirar sua calça, eu me distraí explorando seu peito apenas usando minha boca. Minhas mãos acariciaram seus lados enquando ela corria a mão subindo e descendo minhas costas.
Eu estava feliz em tornar isso recíproco e tentei imitar o que ela tinha feito alguns minutos atrás. E aparentemente eu não estava tão ruim, porque Heloísa começou a respirar pesadamente. Ela gemeu surpresa quando eu mordi seu mamilo gentilmente. Não muito forte, pois eu não tinha intenção de machucá-la, mas sua reação me motivou a continuar. Sua respiração engatou várias vezes enquanto eu tomava conta de seus seios. Eles eram perfeitos em tamanho e forma.
Eu estava chupando seu mamilo quando ela me puxou e chocou seus lábios contra os meus. Correspondendo ao beijo, eu tirei sua calça e a calcinha também antes de ela me puxar para baixo. Mas eu queria fazer diferente e rolei ela até que fiquei por cima. O largo sorriso em seu rosto fez meu coração flutuar incontrolavelmente e eu firmei meu corpo ao dela sem deixar nenhum espaço entre eles.
Nós continuamos a beijar e acariciar uma a outra. De primeira, eu não tinha certeza absoluta se eu estava cavalgando em sua perna, mas eu tinha inconscientemente começado a me mover para cima e para baixo. A sensação de sua pele sedosa esfregando na parte mais íntima do meu corpo foi acima e além. Eu devo ter atingido um bom ponto, porque eu me contorci de repente. Isso também me fez perceber o que eu fazendo e desconectei nossas bocas. Eu estava um pouco envergonhada, eu tinha ficado tão empolgada, mas nunca tinha feito isso antes.
- Tá tudo bem. — Heloísa sussurrou e instantaneamente eu entendi o que estava acontecendo. Ela colocou sua mão nas minhas costas e a outra na minha coxa, me encorajando a continuar. Eu senti meu joelho flexionar um pouco, então minha coxa também estava pressionando sua intimidade. Por um segundo, eu hesitei mas encontrei seus olhos me encarando com amor e afeto, eu queria compartilhar um pouco de intimidade com ela.
Mudando um pouco, a mais experiente escorou sua perna muito sutilmente, mas eu senti a mudança quando eu me movi. Lentamente subindo e descendo na sua coxa tonificada, eu pude ver sua satisfação agora. Toda vez que eu pressionava contra ela, havia uma reação no final. Eu me senti queimando e tomei meu tempo estabelecendo um ritmo lento me acostumar a isso.
Escondendo meu rosto no seu pescoço, eu não podia focar em beijá-la, porque meus sentidos estavam sobrecarregados. Eu gemi quietamente contra seu pescoço. Uma de suas mãos continuava acariciando minhas costas enquanto a outra desceu para a minha bunda e ela apertou asperamente. Eu gemi mais alto que antes. Seu gosto por minha bunda não era segredo, mas isso era outro jeito de provar isso.
Ao fazer isso, ela acelerou o ritmo e eu percebi que ela estava tão perto quanto eu. Meu quadril começou a se mover mais freneticamente e eu subia e descia, me esfregando em sua perna sem qualquer restrição. A fricção dos nossos corpos suados estava aumentando minha luxúria, mas o sentimento mais proeminente era a tensão em meus músculos. Eu senti a umidade na perna de Heloísa e se eu não tivesse tão excitada, eu teria vergonha, mas eu não podia parar agora. Mais alguns segundos e meu corpo estremeceu em êxtase completo.
- Puta que pariu, Samantha. — Heloísa estava sem fôlego, eu senti ela me segurando perto e chegando ao clímax junto comigo. Nós duas estávamos tremendo incontrolavelmente e eu nunca tinha experimentado tanta intimidade como eu compartilhei com ela. Era impossível descrever como era satisfatório ter a pessoa que você ama igual a você em todos sentidos. O fato de que eu era capaz de ser ousada e tentar coisas novas significava muito. E eu pagaria para ver, obviamente.
Eu estava soprando laboriosamente na curva de seu pescoço enquanto nós tentávamos nos recuperar. As pontas de seus dedos estavam se movendo gentilmente nas minhas costas, já que eu havia desmoronado totalmente em cima dela. Ela não parecia ligar com isso e eu finalmente reuni alguma força para levantar a cabeça e encontrar seu olhar. O esforço do meu corpo era uma coisa, mas a emoção que eu senti quando prendi meus olhos com os dela novamente, era indescritível.
Ela me olhou carinhosamente e com sua mão livre tirou os cabelos da minha testa suada. Ela parecia tão contente e eu me sentia do mesmo jeito. Não havia palavras para dizer e eu simplesmente me inclinei para beijar os seus lábios macios. Ela colocou os dois braços ao redor de mim e me abraçou forte, criando mais proximidade; fazendo isso mais íntimo, se fosse possível. Eu saboreei cada segundo disso e quase senti vontade de chorar, por que eu estava tão feliz.
- Eu te amo. — ela sussurrou contra meus lábios e eu queria dizer o mesmo mas sua boca estava pressionada contra a minha novamente.
- Eu... também... te amo. — eu balbuciei e fiz nós duas rir. Ela me soltou de seu aperto e me colocou do seu lado. Estávamos abraçadas ainda e eu não queria deixar o calor que irradiava dela. Ela sentou por um momento, puxou o lençol para nos cobrir e voltou a nossa posição anterior. Com um braço ao meu redor, nossas cabeças estavam descansando confortavelmente. A sua no travesseiro e a minha em seu ombro.
Era visível que nós duas estávamos exaustas e possivelmente sobrecarregadas emocionalmente. Nós precisaríamos de alguns minutos para deixar tudo afundar e nenhuma de nós parecia ter pressa para dormir ou iniciar uma conversa. Estávamos simplesmente aproveitando as consequências do nosso jogo de amor.
Sem mencionar que eu não queria dormir, porque iria acabar com isso. Eu iria embora amanhã de manhã e não nos veríamos de novo por algumas semanas. Esse pensamento estava apertando meu coração e eu desenhei pequenos círculos no ombro que eu não estava deitada. Eu notei a respiração de Heloísa ficar estável. E não demorou tanto para seu peito abaixo de mim subir e descer lentamente.
Sabendo que ela tinha dormido, eu levantei minha cabeça cuidadosamente e assisti a expressão pacífica em seu rosto. Deus, ela ainda era inacreditavelmente linda com o cabeço bagunçado e os olhos manchados com maquiagem. Eu me confortei dividindo a cama com ela pela primeira vez, onde ela costumava dormir sozinha. Meu dedo indicador mal tocando ela, mas traçando suas características faciais. Os olhos castanhos não eram mais visíveis, mas eu lembrava o quão feliz eles pareciam o dia todo.
Às vezes eu achava Heloísa muito solitária. Eu sabia que ela era muito sociável na faculdade e todo mundo no time a amava. Mas ela vivia sozinha nesse apartamento enorme e eu só ouvia sobre Katarine ou MB visitando ela. Talvez fosse o seu lugar sagrado e eu entendia isso. Ainda assim, eu não me imaginava vivendo sem Luísa mais e sendo só eu. Com certeza eu era a maior exceção, porque a maioria das pessoas da minha idade, como Heloísa, viviam sozinhas e descobriam o que queriam.
Eu sentia que ela ainda estava mascarando seus próprios sentimentos às vezes. Mesmo ela sendo muito aberta em relação aos sentimentos dela comigo, ela não falava muito mais coisas sem ser da faculdade. Talvez isso fosse a maior parte da vida dela, ao lado do futebol, mas aquele colapso sobre a mãe dela me fez pensar nessas coisas em primeiro lugar. Suspirando profundamente, eu não queria me preocupar, mas eu gostaria de ajudar, da mesma forma que ela me ajudou. Mas não podia forçá-la a me contar tudo que acontecia naquela linda cabecinha.
Então eu decidi deixar assim e me deitar, abraçada ao seu corpo novamente, caí no sono minutos depois.
[...]
Eu pisquei rapidamente quando ouvi um som irritante me acordando. De primeiro, eu presumi que fosse o alarme, mas depois eu percebi que era um toque de celular no meio da noite. Levou um segundo para eu perceber o que estava acontecendo. Então, eu senti algo se movendo e voltei para a realidade, porque Heloísa estava saindo de baixo de mim. Ela se inclinou e pegou seu celular.
- Merda. — ela murmurou com uma voz áspera e eu esfreguei meus olhos de sono.
Eu não tinha certeza do que estava acontecendo, mas Heloísa saiu da cama e atendeu a chamada.
- Oi, Gabriel. O que aconteceu? — foi tudo que eu ouvi até a mais velha desaparecer dentro do banheiro. Ela provavelmente não queria me acordar, mas eu já estava acordada agora. Alguns minutos depois, Heloísa saiu do banheiro vestindo uma blusa folgada.
- Perdão, eu tentei não te acordar. — a outra morena explicou, mas eu instantaneamente notei seu semblante mudar.
- Não, tá tudo bem. Eu tenho que fica pronta de qualquer jeito. Está tudo bem?
- Eu tenho que ir para Miami na próxima semana para cuidar de algumas coisas. — sua voz estava evasiva e eu sentei para olhá-la mais intensamente.
- É sobre sua mãe? — eu perguntei cuidadosamente.
- É. — suspirou e esfregou seu rosto. - Aparentemente ela está se recusando a tomar os medicamentos e a única pessoa que ela quer falar sou eu.
- Não me entenda mal, mas você não pode deixar sua vida de lado toda vez que sua mãe precisar de você. — eu disse o mais gentilmente possível, mas vi o rosto da mais velha endurecer.
- Não é nada demais. Nós temos algus dias de folga do Breakers semana que vem, então eu vou poder ir. — explicou.
- Certo, é só que... eu quero que você saiba que eu estou aqui para ajudar. — eu disse calmamente.
- Eu sei. — minha namorada respondeu com um pequeno sorriso, mas estava com o pensamento longe e eu sabia disso.
Heloísa disse que ela tinha aula cedo e precisava ir logo. Não foi um problema, porque eu tinha que me arrumar para meu voo também. Nós nos alternamos no banho e eu fiz o melhor para não pressionar tanto. Heloísa estava voando. Completamente voando e eu queria ser compreensível. Até ela estar pronta para se abrir comigo, eu seria paciente.
Ela me levou para o aeroporto e enquanto nos despedíamos, eu vi a mais velha querendo chorar, mas se mantendo forte. Ela partiu meu coração em um milhão de pedaços, pois reforçou meu medo de estar sozinha - ou, pelo menos, a sós - com seus problemas. Talvez ela queira compartilhar essa parte de sua vida, mas ainda não esteja pronta. A única coisa que eu podia fazer era beijá-la, abraçá-la e repetir o quanto eu a amava. Ela fez o mesmo e nós prometemos estourar o champanhe no próximo Dia dos Namorados.
[...]
Uma semana havia se passado desde o Dia dos Namorados. Heloísa e eu estávamos de volta com nossas mensagens de texto todos os dias e chamando uma a outra sempre que podíamos. As coisas ainda estavam indo bem, apesar de sua viagem a Miami que tinha me preocupado. Ela tinha ido ontem e eu não tinha notícias dela desde então. Eu estava dando a ela espaço para lidar com as questões de sua família, mas fiquei aliviada por ter um vídeo chat com ela hoje.
Eu estava animada e um pouco nervosa quando a tela do meu notebook mostrou algum movimento. Meu coração ficou apertado quando vi Heloísa, no entanto. Ela parecia uma bagunça; como uma bagunça logo depois de uma longa noite de festa para ser mais específica.
Samantha: Meu Deus. O que aconteceu?
Heloísa: Foi uma noite interessante, vamos colocar dessa forma.
S: Vou considerar que o encontro com sua mãe não deu muito certo.
H: Foi maravilhoso. Nós gritamos uma com a outra e eu basicamente mandei ela se foder no final.
S: Heloísa, eu sinto muito.
H: Eu me sinto uma merda.
S: Você tentou ajudá-la, eu tenho certeza. Mas você não pode ajudar alguém que não quer ajuda.
H: É, bem... Eu não tinha escolha.
S: Sim, você tinha. Você pode aceitar que sua mãe é uma pessoa adulta que precisa lidar com seus problemas sozinha.
H: Parece bom em teoria, mas eu não posso fazer isso. Eu tenho que consertar isso.
S: O que aconteceu depois do encontro de vocês?
H: Eu corri para uma velha amiga. Eles estavam saindo e eu espontaneamente decidi ir junto para afastar a angústia, eu acho. Eu sempre esqueço quão pesado é uma festa em Miami.
S: O que você quer dizer?
H: Não enlouqueça, mas eu acordei essa manhã e... encontrei algo.
S: Okay.
Eu observei Heloísa levantar de seu assento e de repente levantar sua blusa. Que porra ela estava fazendo? Estava tentando ser sexy pelo chat? Mas então eu vi: uma tatuagem no osso de seu quadril. Meu queixo caiu quando eu li a fonte pequena.
S: Panquecas?!
Eu não tinha certeza se ria ou chorava quando Heloísa sentou de volta.
H: Eu não tenho ideia de como eu arranjei isso.
S: Isso é uma brincadeira, né? Você está me zoando.
H: Não, eu juro por Deus que é real.
S: E você não tem nenhuma lembrança de como conseguiu isso?
H: A última coisa que eu lembro é de estar em um clube noturno, mas depois disso tudo se foi.
S: Você já apagou assim antes?
H: Algumas vezes, mas eu nunca acordei com uma porcaria de tatuagem.
Eu estava sem saber o que dizer. Embora eu soubesse que Heloísa festejava, essa era a primeira vez que eu realmente me preocupava com o seu consumo excessivo de álcool de todas as vezes que ela saiu. Seria uma história diferente se fosse só eu, mas eu sempre considerava Luísa. Ela está em primeiro lugar, sempre. E eu não tinha certeza se eu queria esse tipo de comportamento em torno da minha filha.
H: Você parece triste.
S: Eu só estou chocada.
H: Não é tão ruim. Eu sempre quis fazer uma e essa não foi planejada, mas é muito pequena e escondida.
S: Você fez porque achou que Luísa iria gostar?
H: Eu não estava pensando em nada, provavelmente.
S: Então você deveria considerer não beber tanto.
Eu não tive a intenção de ser dura, porque ela estava passando por um monte de coisa, mas saiu um pouco frustrada.
H: Amor, não é nada demais.
S: Você deveria descansar.
H: Eu estou bem.
S: Você ainda está bêbada e deveria ir dormir. Nós nos falamos mais tarde, quando estiver sóbria.
H: Eu ainda acho que você está chateada comigo.
S: Não, mas eu estou preocupada com você e acho que o melhor é você ir dormir.
H: Honestamente, eu não queria te deixar triste.
S: Eu sei e entendo que têm um monte de coisa acontecendo com você agora. Por favor, me liga mais tarde, certo?
H: Eu irei. Te amo.
S: Também te amo.
Eu desliguei a câmera e enterrei meu rosto em minhas mãos. Balançando a cabeça um pouco, eu não podia acreditar como imprudente a mais velha era, às vezes. Como ela podia ser tão atenciosa e dedicada, mas tão incrivelmente inrresponsável ao mesmo tempo? Olhando para o relógio, eu tinha um outro vídeo chat chegando. Ou Luísa tinha. Felipe ia falar com ela em uma hora e eu precisava desse tempo para me recuperar.
Felipe: Certo, bebê linda. Eu vou falar com você logo logo.
Luísa: Eu te amo, papai.
F: Eu também te amo. Eu posso falar com sua mãe sozinho por um momento?
Eu estava sentada um pouco distante, mas ouvi a voz masculina perguntando por mim. Luísa assentiu e saiu do seu assento, me dizendo para falar com ele. Ela deixou o quarto e eu imaginei que ele queria discutir. Eu sentei em frente à tela e olhei para ele com expectativa.
F: Oi, como você está?
S: Bem. E você?
F: Ótimo. Eu... uhm... queria me desculpar.
S: Por?
F: Sobre como eu agi semana passada... sobre Heloísa.
S: Isso é uma surpresa.
F: Eu estou tentando, Sam.
S: Certo, desculpe, continue.
F: Eu estava surpreso, porque você não me contou e estava com ciúme. Mas eu sei que não foi certo - especialmente na frente de Luísa. - Então, eu sinto muito.
S: Eu estou surpresa em ouvir isso, mas obrigada. Desculpas aceita.
F: Isso pode ser estranho, mas eu quero que nós sejamos amigos. Não por causa de Luísa, mas sim porque seria muito legal se nós nos dermos melhor, e também porque eu me importo com você. Depois de tudo, nós namoramos por tanto tempo e você é uma grande parte da minha vida. Eu estraguei muita coisa, mas eu estou tentando ser um pai melhor e eu amaria se nós fossemos ao menos amigos.
Olhando com ceticismo o jovem na tela, fiquei realmente surpresa com as palavras dele. Ele não era geralmente disso, de fala mansa, mas eu tinha que admitir que ele estava sendo um ótimo pai recentemente. O mínimo que eu podia fazer era aceitar a sua oferta de paz.
S: Eu não sei o que você quer, Felipe. Eu sempre tentei ser civilizada, mas eu não tenho certeza de como nós poderíamos ser amigos depois de tudo que aconteceu?
F: Porque você não me conta o motivo dessa sua cara de preocupação aí?
S: Minha o que?
F: Sua cara de preocupação. Você acha que eu não posso ler você depois de todo esse tempo? Vamos lá. Me dê algum crédito.
S: Você não quer saber sobre isso, acredite em mim.
F: Tente.
S: Eu não acho que seja uma boa ideia.
F: É sobre Heloísa?
S: Logo você não quer ouvir sobre isso.
F: Talvez não seja meu assunto preferido, mas eu vou tentar, se isso significa provar que eu estou falando sério.
Eu suspirei quietamente e mastiguei meu lábio inferior. Ele seria a última pessoa que eu falaria sobre isso, mas eu tive um senso de familiaridade de quando ele agia assim. Me lembrava o porquê eu costumava gostar dele depois de tudo. Nós compartilhamos um passado e ele não estava em posição de me julgar depois de tudo que ele me fez passar.
S: Ela está lidando com alguns problemas de família, mas não quer se abrir comigo.
F: Soa familiar.
S: O que você quer dizer?
F: Você acha que eu não ficava frustrado com você quando nós estávamos namorando? A razão de nós termos terminado todas as vezes era porque você continuava a me afastar. Eu nunca sabia de nada sobre você.
S: Talvez. Mas eu não estava saindo como ela.
F: Saindo de que modo?
S: Ela tende a sair e beber quando as coisas pesam.
F: Irônico, desde que você terminou comigo por que eu estava festejando demais na faculdade.
S: Eu terminei com você, porque você me traiu, Felipe.
F: Certo, bastante justo. Mas como você sabe que ela não fez o mesmo?
S: Eu sei que ela não fez. Ela não é esse tipo de pessoa.
F: Mesmo quando ela está tão bêbada e fora de si?
S: Ela não faria isso. Não era isso que estava me preocupando.
F: O que era então?
S: Eu entendo que ela é universitária e tem liberdade para fazer o que quer. Mas eu não tenho. Eu gosto de ficar em casa e assistir desenhos com Luísa ao invés de estar em alguma festa de noite. Eu só estava imaginando se... nós vivêssemos na mesma cidade, se Heloísa iria querer viver essa vida. Ela não precisa, mas eu não quero esse comportamento ao redor de Luísa. Talvez a distancia esteja fazendo um favor para nós. Isso faz sentido?
F: Totalmente.
S: Então por que eu me sinto uma merda dizendo isso?
F: Por que você se importa com ela.
S: Eu a amo.
F: E eu acredito em você; por isso você deveria converser com ela sobre isso. Ou você já falou?
S: Não, isso aconteceu recentemente. Nós estamos juntas e eu não quero arriscar entrar numa briga feia.
F: Eu odeio ter que te dizer isso, mas se você não falar, vai ser um problema muito maior depois.
S: Quando você ficou tão esperto?
F: Acredite em mim, isso é difícil. Eu preferia estar falando sobre outra coisa, mas eu entendo o lado dela, eu acho. Às vezes você age assim porque você não sabe como lidar com as coisas. Você deve dar a ela a chance de saber como você se sente sobre isso, para ela mudar as coisas... ou não.
Suas palavras definitivamente me marcou. Não era justo que eu estivesse tendo todas essas dúvidas e não conversasse com Heloísa. Ela merecia saber, embora eu não queira sobrecarregá-la mais. Eu levaria algum tempo para descobrir como eu iria lidar com a situação, mas eu admito que me senti melhor depois de falar com Felipe.
F: Então, como eu me saí?
S: Muito bem, na verdade. Eu posso estar considerando a oferta de amizade.
F: Certo, então meu trabalho está feito... quase feito... a não ser que você queira falar sobre mais alguma coisa.
S: Não, eu tenho que fazer umas coisa. Mas obrigada.
F: Sem problema. Nos falamos outro dia.
S: Certo. Tchau.
F: Tchau.
Desligando a câmera pela segunda vez hoje, eu ainda sentia um mix de emoções. Mas eu não me sentia tão mal quanto antes. Eu nunca esperaria palavras de sabedoria do meu ex-marido, mas eu queria fazer um esforço para verbalizar mais meus sentimentos. Por mais difícil que seja, valeu a pena para emendar a primeira pequena rachadura no meu relacionamento com Heloísa.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.