História Sleeve (Taegi, Jikook) - Friendship

Você nunca precisou da ajuda de ninguém
Você me vendeu para se salvar
E eu não ouvirei a tua vergonha
Você fugiu - vocês são todos iguais
Anjos mentem para manter o controle
Se você ainda se importa, jamais deixe que eu saiba

Park Jimin poderia dizer que era um homem simples de gostos comuns como qualquer outro. Poucas coisas na vida lhe davam mais prazer que fazer sexo ou ter um bom embate físico, talvez por isso tenha decidido se tornar policial. Conforme socava, chutava, desviava dos golpes para acertar uma voadora nos hologramas simulados do centro de treinamento da polícia federal, se sentia vivo, e descontava toda a raiva que sentia naquele momento. Em cada inimigo computadorizado que ele derrubava, imaginava o rosto de Mingyu, aquele que ousou roubar seu Jungkook, via também o rosto de Jeon, que dizia lhe amar mas estava nos braços de outro, via aquele homem de seu passado, que o fez ser tão egoísta como era hoje, mas o rosto que ele mais imaginava socar era o seu próprio. Se odiava tanto por ter sido tão burro e inocente quando era jovem, se odiava por ter deixado tudo aquilo lhe tornar um lixo de ser humano, se odiava por fazer tanto mal a Jungkook, e sobretudo se odiava por amar aquele garoto, por permitir que ele derrubasse aquele muro tão sólido que ele tinha construído em torno de seus sentimentos.

– Idiota! Imbecil! – ele xingava a si mesmo em voz alta, enquanto continuava lutando com os hologramas, se sentindo um maluco por isso, mas não conseguia evitar.

Nem se lembrava de quando sentira tamanha dor como aquela, quando viu Jungkook com outro. O rapaz sempre foi tão disponível para si, que Jimin nunca cogitou que isso pudesse acontecer, nem mesmo sentiu ciúmes quando o mais novo começou a se envolver com aquele cara, mas agora sentia que o tinha perdido pra sempre.

Saiu do dormitório decidido a ir atrás de Hoseok, de descontar sua frustração através de uma boa foda, mas no meio do caminho sentiu que não era aquilo que queria, que a única pessoa que poderia acalentar seu sofrimento era Jungkook, que não adiantaria nada ficar com outra pessoa, pois, no dia seguinte, tudo continuaria uma merda. Então foi para o centro de treinamento da delegacia, imaginando que meter porrada em alguma coisa o ajudaria a se aliviar, e tinha razão.

Depois de muito tempo fazendo aquilo desligou o simulador e deitou no chão, cobrindo o próprio rosto com as mãos para esconder as lágrimas. Seu corpo se encontrava suado e exausto, e sem nem se dar conta, o Park acabou dormindo ali mesmo no tatame.

 – Jimin? – Namjoon o cutucou com o pé quando chegou lá pela manhã e encontrou o amigo largado no chão tipo um indigente. – O que faz aqui?

O menor despertou ainda meio confuso, coçando os olhos inchados antes de se dar conta de onde estava.

– Ah, oi Nam, acho que acabei apagando sem querer.

– Mas por que você estava aqui? Achei que tinha ido falar com o Jungkook. – segurou a mão do loiro, ajudando-o a levantar.

– Acontece que cheguei lá e ele estava dormindo com aquelezinho que ele tá de caso. – passou as mãos desajeitadamente pelas roupas, tentando disfarçar os amassados.

– Poxa, que merda. – Namjoon nem sabia o que dizer.

– Bem, eu vou voltar pra lá, afinal ainda estamos trabalhando no caso e não posso deixar isso interferir na investigação. Até mais Nam. – abraçou o amigo e cabisbaixo seguiu de volta ao campus.

Decidiu passar no quarto de Taehyung e Yoongi antes de ir para o seu, pois se visse novamente Jungkook com aquele cara era capaz dele fazer com os dois o mesmo que tinha feito com as simulações. Bateu na porta e logo foi atendido pelo Kim, que curiosamente estava com um sorriso no rosto que Jimin não via a muito tempo, mais precisamente desde que descobriram a traição de Yoonsung.

– Bom dia Tae. – sorriu também, contagiado pelo bom humor do colega. – Nossa, nem lembrava mais como seu sorriso é bonito.

– Não venha flertar com ele porque esse é meu! – Yoongi acabou brincando, já que mesmo em pouco tempo sabia bem como era aquele baixinho safado.

– Yoongi! – Tae arregalou os olhos, chamando a atenção do moreno, ao que Jimin apenas ergueu uma sobrancelha, surpreso, mas não iria falar nada, pois gostava de ver que Taehyung estava feliz.

– Nossa, e essa mudança radical aí? – o loiro notou os cabelos e a tatuagem.

– Eu estava cansado de parecer tanto com outro cara, não que seja grande coisa mas pelo menos me sinto um pouco mais eu mesmo.

– E você tá aqui por quê? – o mais novo estranhou. – Achei que estava com o Jungkook, ele acabou de chamar a gente porque parece que conseguiu alguma evolução com as mensagens do tal Hugo.

– Ah, eu não passei a noite lá, o Jungkook estava com aquele garoto que ele anda saindo. – tentou agir naturalmente, mas sua voz e sua expressão denunciavam o quanto aquilo lhe atingia, e Tae nunca antes sentiu tanta empatia por Jimin, queria que ele e seu amigo se acertassem logo de uma vez.

– Então bora lá porque eu quero muito saber o que ele achou. – Yoongi chamou e os três saíram juntos.

Jungkook estava com seu computador ligado, aparentemente ainda trabalhando quando seus colegas chegaram.

– Isso que eu chamo de eficiência, passou a noite com o boy e já pela manhã está mostrando serviço. – Jimin usou o máximo de sarcasmo em sua afirmação, mas não viu que Jeon revirou os olhos, pois o mesmo estava de costas para si.

– Eu acordei inspirado hoje. – decidiu cutucar também. – E parece que a sorte estava ao meu favor, mudei só um pequeno detalhe no código que estava usando para abrir as mensagens deles e consegui acessar algumas. Vem ver Yoongi. – chamou o soldado para sentar ao seu lado, ignorando Jimin propositalmente. – Eu separei aqui em destaque os trechos que mais me chamaram a atenção.

Com os dedos, puxou o primeiro texto, fazendo-o se projetar para fora tela, brilhando com letras azuis.

Jin: Seu amigo é muito legal, gostaria de ver ele de novo.

Hugo: Mensagem apagada

Hugo: Evite usar o nome dele nas mensagens.

Jin: Pq?

Hugo: Um dia você vai saber.

Jin: Ai não, ele é algum criminoso? Não acredito que vou me apaixonar por um bad boy kekekekeke.

Hugo: Para de ser idiota Jin.

...

– Então quer dizer que o cara que o Jin namora é amigo do sócio do pai dele? – a essa altura Yoongi já tinha certeza que esse Hugo era o mesmo que conhecera na festa de Kim Dongwan.

– Aparentemente sim. – Jungkook confirmou. – Olha esse outro trecho aqui.

Jin: Fala pro H. que eu tô com saudades.

Hugo: Jin, eu tenho mais o que fazer sabia?

Jin: Mas você é o único que pode dar meus recados pro meu amor, não seja tão mal.

Hugo: Se teu pai descobre que tô te apoiando nisso eu sou um homem morto.

...

– Ele foi a ponte pra esse relacionamento, isso pode nos ajudar a descobrir mais coisas. – Jimin já pensava nos próximos passos.

Yoongi por sua vez passou a mão pela testa, aparentando estar frustrado, trocou um breve olhar com Taehyung, que viu como ele parecia triste, o menor apenas engoliu seco e acenou negativamente para si, mas o Kim não sabia exatamente para o que ele dizia não. Jungkook removeu aquela imagem e trouxe para a frente deles outra parte das conversas.

Jin: Por favor me ajuda.

Hugo: Eu ainda não acredito que seu pai foi capaz de fazer isso contigo, é uma coisa horrível demais até pra ele.

Jin: Eu não aguento mais isso Hugo, queria ter continuado morto.

Hugo: Não fala isso, o H vai te ajudar, ele vai te tirar daí em breve.

 Jin: Não conta pra ele o que meu pai fez.

Hugo: Não vai conseguir esconder isso dele.

Jin: Não quero que ele se irrite.

Hugo: Você não tem culpa de nada disso.

...

– Então eles eram mesmo amigos próximos. Parece que Jin confiava nele para contar seus problemas. – Tae ponderou.

– Mas não podemos esquecer que Hugo é sócio de Dongwan, devemos cogitar a possibilidade dele manipular o Jin, jogar ele ainda mais contra o pai, pois poderia obter algum benefício derrubando o Kim, quem sabe ter o controle majoritário sobre a empresa. – Yoongi sabia muito bem que não dava pra confiar nas pessoas tão facilmente. – O que mais nós temos Jungkook? 

Jin: Já temos alguma data?

Hugo: Muito em breve, H. já providenciou um lugar para você ficar. Guarde bem todos os dados e senhas.

Jin: Já está tudo pronto de minha parte.

Hugo: Aguarde instruções.

...

– Pronto, está provado que não é sequestro. – Jimin melhorou um pouco seu ânimo depois disso.-  Eles planejaram isso e com certeza tem algo por trás dessa fuga.

– Sim, olha qual foi a última mensagem que o Seokjin recebeu. – Jungkook mostrou.

Hugo: Um carro vai te buscar às 13h.

...

– Bem, considerando que temos provas, vou dizer pro Namjoon chamar Hugo Kang para depor. – o ex soldado foi incisivo. – Vou querer interroga-lo também, acho que temos algo interessante aqui agora.

– Certo, posso levar isso pro Namjoon, Jungkook? – o Park tentou ser o mais frio possível ao falar com o garoto.

– Claro. – ele lhe entregou um pequeno shipp de memória. - Mas cê sabe que dá pra enviar online né?

– Eu só quero sair um pouco daqui, não suporto mais essa faculdade. 

Jimin só queria sair pra não ter que ficar muito tempo perto do mais novo, sabia que o pior modo de lidar com a situação era evitando Jeon, mas não tinha maturidade pra fazer outra coisa naquele momento.

– Mas que climão é esse? Credo! – Tae esperou o loiro sair para exigir uma explicação de seu amigo. O clima entre eles estava tão pesado que infestava o ar de energia negativa.

– Não sei, o Jimin que tá um cuzão nos últimos dias, mais que o normal. – o moreno deu de ombros.

– Ele disse que você passou a noite com o Mingyu. Que história é essa?

– Ele dormiu aqui sim, e daí? Não é como se o Jimin não dormisse com a Coreia toda também. – não queria parecer grosseiro com seu amigo, mas já estava farto de ser capacho do Park.

– Mas você mesmo disse que ainda estava se recuperando dos seus ferimentos, que não ia fazer nada com ele. – Tae sentou na cama vazia de Jimin, com Yoongi ao seu lado, entrelaçaram os dedos automaticamente, sem nem se dar conta disso.

– Eu não transei com o Mingyu se é isso que quer saber! Ele até tentou mas eu usei essa desculpa de estar fraco, mas a verdade é que eu sou um imbecil e não tive coragem, porque só fico pensando no Jimin. – seu rosto chegava a estar vermelho tamanha a raiva, já tinha vontade de chorar. – Eu não quero Tae, eu quero esquecer esse canalha e não consigo!

– O Jimin gosta de você tanto quanto você gosta dele. – Yoongi se intrometeu, falando com seu tom entediado de quem não estava nem aí.

Tanto Tae quanto Jungkook ficaram lhe encarando intrigados, esperando que discorresse sobre o assunto.

– Eu consigo ver isso no modo como ele te olha, te protege, e nesse clima horrível entre vocês porque ele está com ciúme e com medo. – falou como se tudo aquilo fosse óbvio.

– Com medo? – o cenho franzido demonstrava como Jeon ainda não entendia nada.

– Medo de te amar. Ele tem alguma coisa que o faz ser assim. E medo de te perder.

– Jungkook, porque vocês não param com essa putaria e conversam claramente? Colocam as cartas na mesa? – o acinzentado aconselhou.

– Se o Jimin vier até mim e fizer isso eu aceito conversar, mas não vou correr atrás dele, pra mim já deu. – encerrou o assunto. – E você dois hein? Tão namorando? – apontou para as mãos unidas, e só então eles perceberam que estavam assim.

– Ah... – Tae riu sem jeito. – Estamos nos conhecendo melhor. – deu uma zoada básica.

– Sim. – Yoongi confirmou. – Estamos nos conhecendo no sentido bíblico*. – riu alto, tomando de Taehyung um tapa no braço.

– Fico feliz por vocês. – Jeon confirmou. – Agora, falando do que interessa, acha que se o Jin realmente fugiu, e o Hugo sabe onde ele está, resolveremos o caso?

Aquela expressão preocupada voltou ao semblante do ex diplomata, que ainda estava com toda aquela conversa lida anteriormente impregnada em seu cérebro.

– O que foi? – Tae sentia que havia algo errado. – Desde que lemos as coisas você fez essa cara, qual o problema?

– Lembra do que eu te disse ontem? Das coisas que eu não queria acreditar?

– Sim...

– Pois elas parecem cada vez mais concretas pra mim. E eu não queria que isso fosse verdade Tae. – novamente parecia tão triste que cortava o coração do Kim. – Como eu poderia conviver tantos anos com alguém, ama-lo como a um irmão, e ser enganado assim? – o maior segurou sua mão com ainda mais força, queria conforta-lo mas não sabia como.

– O que quer dizer? – Jungkook estava boiando naquela conversa.

– Vocês sabem ou lembram os nomes dos meus antigos parceiros? – o menor perguntou.

– Os livros falam mais sobre você, por ser o líder, e ser conhecido como O TRAÍDOR, e por ter sido o único que sobreviveu. – Tae lembrava-se bem da história. – E eu lembro do Chae Hyungwon porque você falou dele ontem e como era seu braço direito ele também é muito lembrado.

– Eu também, não lembro dos nomes porque sempre se fala Min Yoongi e os diplomatas. – Jungkook ratificou.

– Pois bem, você lembra do Hyungwon, e como Jin e Hugo estavam chamando o cara das mensagens?

– H. – Tae de repente compreendeu, arregalando os olhos. – Mas isso não quer dizer nada. Não é informação suficiente pra concluir isso. Não faz o menor sentido, ele está morto.

– Pelo menos é isso que achamos né? – Yoongi prosseguiu. – Pois eu vou dizer que também tive um amigo chamado Lee Jooheon, e coincidentemente a pessoa que atacou você e o Jimin. – dirigiu-se ao moreno. – Que não falou com ninguém além de mim ao ser interrogado, que falava comigo como se me conhecesse, se auto denominou J.

– Não Yoongi, não pode ser. – Tae também não queria que aquilo fosse verdade, pois sabia o quanto magoaria o menor.

– E como vocês não lembram, vou recordar os nomes, assim se tiverem alguma pista poderão prestar mais atenção: Im Changkyun, Lee Minhyuk, Yoo Kihyun, e Shin Hoseok. – deu maior destaque ao último nome.      

– Não, não eles não iam ser tão burros de usar o mesmo nome! – Jungkook achava que seria mancada demais.

– Ou achariam que sendo tão óbvios, ninguém cogitaria essa hipótese. – Tae imaginou de forma diferente.

– Ele não é o mesmo Hoseok. A não ser que esteja fingindo muito bem. – Yoongi já tinha falado algumas vezes com o Jung, e era diferente de J., quando olhou nos olhos do prisioneiro ele sentiu alguma coisa estranha, por isso suas convicções que seus colegas pudessem estar vivos era tão forte.

– Bem, acho que no depoimento do Hugo você vai conseguir tirar alguma coisa. – Jeon confiava nas habilidades de Yoongi.

– Eu falei pro Tae e vou só avisar você também, eu vou interrogar Irene e Hoseok, em breve, e do meu modo. – seu ar era ameaçador o suficiente para Jungkook não ousar contrariar, apenas dizendo um “ok”.  

– Acho que não precisamos mais ficar aqui disfarçados. – Taehyung pensou nisso, e se deu conta que se a descoberta sobre Hugo confirmasse a fuga de Jin eles não precisariam mais ficar na Universidade.

– Mas ainda não sabemos os motivos. – Jungkook retrucou. – Acho que ainda precisamos de um pouco de tempo, para talvez Irene e Hoseok nos ajudarem mais.

– Eu não sei, alguém está vigiando a gente, e quanto mais demoramos, mais nos arriscamos, precisamos resolver isso logo. – Yoongi já estava cansado de andar em círculos.

– Bom, o Jimin foi falar com o Namjoon, ele vai voltar com alguma instrução pra nós. – o acinzentando finalizou, pois eles realmente teriam que esperar a decisão do delegado.

...

15 anos atrás

Com seus 16 anos de idade, Kim Seokjin já sentia que não era um jovem como se esperava que ele fosse. Seus pais eram muito ricos, importantes, com uma imagem à sustentar, e ele sabia que se descobrissem sua inclinação à gostar mais de garotos do que garotas não seria nada bom. Principalmente porque seu pai sempre foi um homem violento, dado a hábitos e hobbies dos mais terríveis, e Jin não se conformava como a sociedade podia ser assim.

Seu pai dava festas para seu clubinho de amigos regadas à bebidas e drogas, recheadas de lutas entre seres humanos até a morte, prostitutas que serviam como carne para aqueles velhos nojentos em corpo de jovens, que sentiam prazer em matar pessoas, pois desde que surgiram as sleeves um corpo não era nada, e a selvageria humana estava liberada. Em contrapartida, o fato de ele amar ou sentir desejo pelo mesmo sexo era errado, era sujo. Como isso poderia ter algum sentido?

Como aquela imagem de família perfeita podia ser sustentada se as pessoas sabiam que seu pai era um crápula desprezível? Acreditava que as pessoas eram tão puxa sacos que seu progenitor podia fazer o que quisesse que ninguém falaria nada. Já com ele as coisas eram diferentes. Mesmo sendo um menino discreto e estudioso, alguns colegas de escola, filhos de outras pessoas ricas e influentes, atormentavam sua vida apenas por não gostar daquela violência exacerbada que seu pai promovia. Evitava ao máximo as festas, e mesmo que seu pai o forçasse a ficar lá e comer prostitutas, fugia sempre que conseguia, quando o homem já estava bêbado e drogado demais para dar por sua falta.

Tudo isso sempre o fez odiar a tecnologia sleeve, o que era irônico considerando que ele era herdeiro de tudo aquilo.

“Pff, herdeiro, aquele desgraçado nunca vai morrer, e nem vai deixar que eu morra, vou ter que ficar eternamente nessa vida nojenta.Pelo menos não estou tão mal quanto o Seokmin”.

Era o que pensava. Ninguém ao seu redor parecia lhe entender. Como um jovem tão bonito, milionário, que tinha o mundo aos seus pés, podia reclamar tanto assim.

Isso só mudou no dia em que, numa daquelas festas, conheceu Hugo Kang. O sócio de seu pai raramente aparecia por lá, e logo Jin descobriu que era porque ele também não gostava daqueles rituais grotescos promovidos por Dongwan.

– Parece que você não queria muito estar aqui. – o homem sentou no sofá próximo a ele, que de fato estava de cara fechada. – Te ofereceria uma bebida mas acho que é muito jovem.

– Meu pai não liga pra isso. – Jin tomou o copo de uísque das mãos do mais velho, tomando um belo gole. – Kim Seokjin, estendeu a mão para lhe cumprimentar.

– Hugo Kang. Sou sócio do seu pai.

– Hum.- já não gostou dele. – E você tem quantos anos? 590? – sabia que sua aparência jovem, bela e musculosa provavelmente se devia a uma sleeve.

– Um pouco menos. – ele riu. – Não sou tão jovem quanto pareço, obviamente.

– Eu odeio sleeves, só servem pra enganar a gente.

– Devo dizer que também não sou o maior fã, apesar delas serem meu sustento atualmente, e o seu também.

Jin revirou os olhos, não gostava de ser contrariado, tampouco que um estranho jogasse em sua cara aquele tipo de coisa.

– Você não costuma aparecer nessas festas né? Não lembro da sua cara. – o jovem questionou.

– Não sou muito adepto dos gostos do seu pai, sem ofensa.

– Não me ofende, eu odeio ele.

– Então temos algo em comum. – disse despretensiosamente.

Aquele foi só o primeiro contato de algo que se tornaria uma grande amizade. Diferente de todos ao seu entorno, Hugo parecia lhe compreender e apoiar. Foi a primeira pessoa para quem contou que achava que era gay, e foi totalmente apoiado. Inevitavelmente o homem se tornou sua referência, como um irmão mais velho pelo qual tinha muito apreço e confiança.

– Jin, eu vou fazer uma viagem para o litoral agora que vou tirar umas férias, você não quer ir? – depois de um ano de amizade eles já tinham intimidade para tal, e o Sr. Kim não se importava que Jin saísse com ele, pois achava que assim o mais novo se interessaria pelos negócios da família.

– Claro que eu quero, tô cansado de ficar nessa casa. – sempre reclamava da frieza daquele local.

– Então arrume as malas, partiremos amanhã. – Hugo também estava ansioso por passar aquelas férias com seu antigo amigo Hyungwon, que estava ansioso para conhecer o membro mais jovem da família Kim.