Maio, 2013
Na manhã seguinte, eu acordei na minha cama e com um pouco de dor de cabeça, soltei um suspiro e me levantei. Tomei um banho para despertar de vez e depois fui até a sala, dando de cara com o MyungJoo ali -sentado no sofá enquanto mexia no celular-, ele sorriu ao me ver e se levantou.
-Se sente melhor? - Ele perguntou se aproximando e eu assenti - Fico mais aliviado, espero que não se importe com o fato de eu tê-la carregado até seu quarto.
-Não tem problemas, mas obrigada por ficar comigo - Eu disse sem jeito e ele sorriu compreensivo - E me desculpa por tantos problemas
-Não se preocupe com isso - Ele disse e eu assenti - Você vai faltar aula hoje?
-Sim, não estou com cabeça para ir para a aula hoje e só vou para o trabalho porque não posso ficar faltando - Eu disse de bico enquanto me sentava no sofá
-Entendo - Ele disse e se aproximou de mim, se abaixando para ficar na altura dos meus olhos - Eu preciso ir agora, mas o que você precisar, pode me chamar a qualquer momento, tudo bem?
-Sim, obrigada - Eu disse e ele sorriu, deixando um beijo na minha testa antes de sair do meu apartamento.
Eu liguei para o Chen, assim que MyungJoo saiu, e contei sobre os meus pais. O mais velho passou quase uma hora comigo no telefone, ele dizia querer ter a certeza de que eu estava bem e eu me sentia bem em saber que poderia contar com o mais velho para qualquer coisa, independente do que fosse. Nós dois éramos assim, mesmo afastados, um sempre poderia contar com o outro e isso me deixava feliz, em ter uma amizade tão preciosa assim.
Depois de almoçar -em casa mesmo-, eu fui para o trabalho, ao chegar lá, eu vi LuHan sentado ao lado da mãe. Sorri e me aproximei de ambos, vendo LuHan me olhar com um sorriso gigantesco e eu sorri igualmente para ele.
-Boa tarde - Eu disse, cumprimentando a senhora Lu e logo me abaixando para falar com LuHan - Boa tarde, LuHan, como passou a semana?
-Bem - Ele sussurrou sem me olhar nos olhos e eu olhei para a mãe dele
-Ele ainda evita falar muito na minha frente - Ela disse com um sorriso triste
-Nós vamos mudar isso, senhora Lu - Eu disse e ela sorriu - Vamos, LuHan?
O menino não me respondeu, mas concordou e desceu do colo da mãe, segurando minha mão e caminhando comigo até a sala que eu o atendi das outras vezes. Ele foi até as bonecas e eu me sentei em uma cadeira, o doutor Kim permitiu que eu atendesse o menino sozinho, contanto que eu fizesse anotações e relatórios sobre tudo o que fosse dito entre nós dois.
-Como foi a sua semana, LuHan?
-Foi legal, os meninos que sempre falam coisas ruins pra mim não foram malvados comigo - Ele disse e eu sorri feliz
-É mesmo? - Eu perguntei e ele assentiu enquanto brincava com as bonecas - E como você se sentiu?
-Feliz, eles não me bateram ou foram malvados - Ele disse e eu mordi o lábio - A mama disse que vai comprar uma camisa rosa pra mim, mas eu ainda acho que ela está tiste comigo. Eu a vi chorar ontem de noite, quando eu fui pedir comida.
-Não é com você que ela está triste, LuHan - Eu disse e ele me olhou confuso - Seu papa saiu de casa, não foi?
-Sim - Ele disse confuso
-Sua mama pode estar triste sim, mas é com o seu papa - Eu expliquei e ele ficou pensativo - Ele pode ter deixado a sua mama triste, mas isso não é motivo para você ficar com raiva dele
-Por que não?
-Ele é seu papa - Eu disse, mas aquilo soou hipócrita para mim, então eu decidi continuar falando - Ele não entende que meninos podem gostar de rosa, de se vestir como meninas e de brincar com bonecas. Você precisa ensinar para ele e não ter raiva.
-Mas e se ele não quiser aprender? - LuHan perguntou e eu vi que ele tinha vontade de ter a família toda junta
-Você espera, um dia ele vai querer aprender e só você pode ensinar para ele. Mas não pode mais ficar sem falar o que sente para a sua mama, como ela vai poder te ajudar? - Eu disse e ele concordou, me fazendo sorrir - Vamos?
-Mas já? - Ele perguntou com um pequeno biquinho e eu ri, fazendo um pequeno carinho em seus cabelos
-Sim, o tempo passa rápido e quando você menos esperar, vai estar cheio de amiguinhos. - Eu disse e ele pareceu animado, me fazendo sorrir
O restante da tarde foi tranquila e antes de ir embora, eu entreguei meu relatório sobre o LuHan ao doutor Kim. MyungJoo estava do outro lado da rua me esperando, ele parecia nervoso com alguma coisa e aquilo me preocupou.
-Oppa, está tudo bem? - Eu perguntei, me aproximando do mais velho que apenas me abraçou com força - Oppa?
-Desculpe, eu só estou pensando em coisas demais - Ele sussurrou, e mesmo eu não tendo acreditado muito, resolvi apenas oferecer um ombro para ele - O que acha de irmos jantar fora?
-Agora? - Eu perguntei e ele concordou, já me puxando para a moto dele - Oppa, você está me assustando, o que realmente está acontecendo?
-Você vai entender, mas pode me dar esse voto de confiança? - Ele pediu enquanto montava na moto e eu hesitei, mas resolvi dar o voto de confiança
Fomos para o restaurante que o mais velho tinha escolhido e ele me guiou até a varanda, para uma mesa com apenas duas cadeiras. MyungJoo puxou a cadeira para mim e depois de ter a certeza de que eu estava devidamente acomodada, ele se sentou e me olhou nos olhos.
-Por que não me disse que ainda estava sendo perseguida? - Ele perguntou sério e eu arregalei os olhos
-Como...? - Eu fiquei tão surpresa que nem ao menos tinha conseguido completar minha pergunta
-Eu recebi um bilhete, me mandando ficar longe de você - MyungJoo disse e eu mordi o lábio - Há quanto tempo isso acontece?
-Quando eu namorei o SeHun, eu recebia algumas mensagens, mas nunca prestei atenção. Mas ficou pior depois que eu me mudei para o prédio e comecei a falar com você - Eu disse abaixando a cabeça. Antes que MyngJoo dissesse alguma coisa, o garçom chegou e nos entregou o cardápio, fizemos o pedido e assim que ele foi embora eu voltei a falar - Eu fui na delegacia ontem de manhã, eu o denunciei e agora só posso esperar.
-Devia ter me dito, eu poderia ajudar - Ele disse e eu sorri
-Como? MyungJoo, você não é policial ou algo assim. - Eu disse e sorri agradecida pela intenção do mais velho - Mas agradeço mesmo assim pela intenção de me ajudar.
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