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História (SN) Sol Negro - Gaara


Escrita por: anacoliveira8

Notas do Autor


Demorei pra caramba dessa vez, eu sei, eu sei... Mas o capítulo tava meio empacado, não minto.
Espero que gostem e que tenha ficado satisfatório.

Divirtam-se.

Capítulo 9 - Gaara


Quem vê o semblante calmo de Sai não imagina o que se passa dentro da mente do garoto. Naquele lugar quase intocado, mora uma besta. Besta essa que andava bem calma nos últimos dias. Sai não sabia exatamente o motivo, mas podia imaginar. Nesse momento, enquanto pintava uma flor numa tela, seus olhos estavam voltados para o ruivo sentado no canto do quarto com os braços cruzados.

- Quer me falar algo? - Sai perguntou sem a menor vontade de conversar, mas se via obrigado.

- Não. Só estou lembrando da minha família. Da minha casa. - Sai colocou o pincel de lado.

- Quer falar sobre isso? - Gaara suspirou e soltou os braços.

- Não tem muito o que falar. - ele fecha os olhos se perdendo em lembranças.

“Há muito, muito tempo eu vivia feliz com minha família na minha cidade natal. Meu pai, minha mãe e meus dois irmãos mais velhos. Minha família morava num lugar árido de deserto, vivíamos da fabricação de vidro. O nosso era relativamente famoso, a família dos guaxinins da areia.

Éramos felizes ao nosso modo. Havia bastante discussão afinal éramos todos cabeças quentes, mas nos amávamos. Minha irmã colecionava leques e toda sua mesada ia para a compra desses objetos. Meu irmão era artesão. Confeccionava bonecos. Estava sempre em busca de novos materiais, novos tecidos. Eu era apenas bom em fazer vidro. Sabe como é? Negócio da família.”

Sai ouvia atentamente tudo que o, agora, sonhador Gaara falava. O semblante que normalmente estava sempre carregado de dor ou sarcasmo agora era tranquilo e saudoso. Ver aquele sorriso discreto do ruivo, o fez lembrar da sua própria família tragada na tragédia e destruída. Isso fez Sai ter um pouco de raiva do sorriso idiota de Gaara. Mas como não tinha o que se fazer, simplesmente deixou ele falar.

“Nossa rotina era sempre a mesma. Acordávamos cedo, todos nós. Mamãe ia fazer nosso café, eu, papai e meu irmão íamos pegar material para o vidro, enquanto minha irmã ia ao mercado comprar o que quer que faltasse pro dia. Normalmente era ela quem comprava os corantes e a alumina.

Nosso povoado era bem tranquilo. As pessoas eram receptivas e acolhedoras. Lembro que uma vez, eu era criança, eu me perdi. Uma senhora me acolheu e cuidou de mim por dois dias enquanto meus pais vinham me buscar. Havia calhado deu me perder justo na semana que papai e mamãe iam a outro povoado comprar material. Meus irmãos ficaram apavorados.

Quando eu cresci o suficiente para ajudar na fábrica, comecei a fazer testes. Eu testava métodos diferentes para fabricar o vidro. Novas cores, novos formatos. Papai gostava muito de fazer o vidro soprado. Já eu, tinha uma obsessão com o vidro moldado. Então perdia boa parte do tempo moldando o barro para fazer os vasos de vidro que eu colocaria lá dentro.

Com o tempo, minhas peças ficaram conhecidas e vinha gente de toda parte compra las. Lembro da primeira vez que vi o kyuubi. Eu tinha um pouco mais de 14 anos e ele veio com a família visitar meu povoado. A fama da minha família chegou ao povoado dele e a mãe queria comprar algumas peças.

Ele era um garoto traquina que a mãe vivia chamando atenção. Ficou encantado quando me viu tirando o vidro do molde. Encheu minha paciência para que eu lhe ensinasse como fazer. Ele era bom entalhador e sua escultura, depois de pronta, ficou linda. Naquela noite, ele me contou que sua família era descendente das raposas espirituais que moram no topo das montanhas perto do vilarejo deles, e por isso eles eram conhecidos como raposas de fogo. A escultura dele era exatamente isso: uma raposa feita em vidro vermelho como fogo.”

Gaara parou de falar e soltou um suspiro pesado. Sai ficou receoso, não era bom quando Gaara ficava saudoso. O observava com curiosidade e cuidado. Não queria acordar a ira do ruivo. Porém para a surpresa de Sai, Gaara simplesmente continuou falando, o olhar perdido no passado, a postura relaxada.

“O dia que fomos transportados para cá era o dia da comemoração da Deusa da Lua. Meu povoado, assim como muitos nas redondezas, estava se preparando para a festividade. Algumas pessoas gostavam de usar quimonos, outros colocavam fantasias, tudo que as pessoas achassem que fosse agradar a deusa.

A grande parte do povo se reúne no templo da deusa no norte e minha família resolveu ir até lá dessa vez. Minha mãe costurou roupas novas para todos nós, minha irmã separou o leque mais bonito que tinha. Até o cabelo eu cortei. Meu pai fez a barba, meu irmão tomou banho. Pode parecer idiota agora, mas ele não costumava tomar banho todos os dias.

Saímos cedo do nosso povoado. Nós morávamos longe do templo então tínhamos que sair em tempo hábil para chegar lá. Minha irmã vinha conversando com minha mãe sobre seus planos para casamento, não que ela estivesse noiva. Ela dizia ser apenas questão de tempo para alguém aparecer e ela aceitar seu pedido, pois ela era linda e amável. Bonita ela até podia ser… Mas amável… Ai, era outra história.  

As conversas paralelas entre meus parentes era suave e descontraída. Eu particularmente não prestava muita atenção. Estava preso na nova técnica que estava testando para moldagem do vidro quente, quando senti uma mão no meu ombro. Olhando pro lado percebi que era kyuubi e seu sorriso gigante que me segurava pelo ombro.

Ele e a família também estavam indo para o templo. Eles haviam optado por vir pela estrada que passava pelo meu vilarejo. Desse modo, você deve perceber que ele morava mais ao sul. O local onde ele morava era totalmente diferente. Eu nunca havia ido lá, mas sabia que existiam enormes florestas com árvores que tinham copas tão altas que pareciam o céu. Irônico, mas posso dizer que ele e eu éramos opostos em tudo.

Ele morava numa floresta. Eu num deserto. Ele era simpático e sempre estava com um sorriso no rosto. Eu era sério e introvertido. Aqui vocês diriam que somos água e óleo que não se misturam, porém, o fato é que ele acabou se tornando meu melhor amigo, e vê-lo ali conosco, todo arrumado (ele vestia um quimono laranja) fez o caminho ficar um pouco mais interessante para mim.

Como sempre, ele vinha animado, falando com energia sobre o negócio da família e em como sua mãe administrava tudo com punho de ferro. A mãe de kyuubi era uma ruiva muito bonita e com um temperamento forte e doce. Ela me lembrava um pouco o doce de canela que minha mãe costumava fazer.

Já o pai do kyuubi era um homem loiro, gentil e tranquilo. Era interessante ver como o filho saiu como uma mistura perfeita entre os pais. Aparência do pai, temperamento da mãe. Eles eram bons no que faziam e kyuubi tinha algo especial apenas dele: ele nunca volta com a sua palavra. Se ele se propõe a fazer algo, pode até demorar, mas ele faz.

Ao chegarmos no templo, muita gente se concentrava ali. Hoje sei que todos nós estávamos lá. Lembro que da onde eu estava com kyuubi, eu conseguia ver nibi e nanabi por causa da cor dos cabelos, e yonbi que é bem alto. O que me faz pensar se teria sido igual se estivéssemos separados ou se os humanos que nos trouxeram pra cá sabiam da festividade e usaram isso a seu favor. Seja como for, estávamos todos lá.

Nós chegamos ao templo no final da tarde. Assim quando a noite se aproximou, as pessoas se reuniram ao redor da estátua da deusa e os sacerdotes começaram a entoar seus cânticos, aqueles que todos os fiéis conhecem e acompanham em honra da deusa. Olhei pros lados e vi meu melhor amigo de um lado, minha mãe do outro, ambos inebriados pela música e magia que se espalhava pela noite.

Ao contrário de todo mundo, aquela magia toda me incomodava. Segurei com força a mão da minha mãe que sorriu pra mim para me tranquilizar. Quando a lua estava alta no céu, a “coisa” começou. A lua foi coberta por uma lâmina vermelha e o ar ficou carregado. Olhei para minha mãe que continuava plácida, como se não notasse a diferença no ar. Lentamente o ar começou a se mover, formando o que eu reconheci como um tornado que não tocava no chão.

Um grito rasgou a paz do templo quando nanabi foi erguida do chão. Um senhor que acho que era seu pai tentava com todas as forças segura la próxima a si, mas o tornado puxava a garota com força para o seu centro. Minha mãe me olhou com pavor quando meus pés começaram a sair do chão. Pouco a pouco, nove pessoas foram erguidas do chão. Para meu pavor, meu melhor amigo também estava sendo sugado pelo tornado.

Nunca, absolutamente nunca vou esquecer a expressão no rosto da minha mãe. Ela chorava e pedia a deusa que não me levasse, pedia com desespero. Meu pai se aproximou e tentou me segurar também. Minha irmã chorava sem saber o que fazer, meu irmão estava em choque. Mamãe começou a falar para mim que me amava muito, que eu era um presente do deserto. Ela não esperava ter mais filhos quando engravidou de mim.

Não demorou muito tempo, kyuubi foi levado pelo tornado. O grito da mãe dele gelou as veias de todos nós. Mamãe olhou pra mim e sussurrou um eu te amo que fez meu coração quebrar. Um a um, depois do kyuubi nós fomos sugados. Eu fui o último… No caminho de lá até aqui, todos nós acabamos por perder a consciência.

A única coisa que eu pensava enquanto recuperava a consciência era de que estava morto. Meu corpo formigava, minha cabeça doía. Eu tinha um gosto podre na boca… Ao abrir os olhos, percebi que não estava morto e não estava no templo. Ao meu redor, mais 8 pessoas, entre elas kyuubi. Respirei aliviado ao notar todos levantando as cabeças lentamente. Parecia que amanhecia pois a luz estava difusa, o que me impossibilitava de ver com clareza o que eu estava estranhando.

Nos ajudamos a levantar e começamos a caminhar pelo local. A floresta era grande e o clima ameno, eu estava estranhando bastante. Alcançamos uma área mais iluminada. Estava quase na metade da manhã e me assustei ao comprovar o que já suspeitava. Todos nós tínhamos caudas… Kyuubi tinha nove…

Era estranho observar os outros… Além as caudas, tínhamos orelhas de animais, nanabi tinha asas nas costas… Algo estranho. Parecia que a nossa herança ancestral havia aflorado no sangue. Continuamos juntos até acharmos um abrigo. O complicado era domar as caudas. Eu só tinha uma e era complicado lidar com ela. Ela meio que parecia ter vida própria… Ficava agitada se eu ficava eufórico ou feliz, e me atrapalhava a andar quando estava para baixo por eu estar triste.

Passamos algum tempo assim, só nós. Conversávamos e tentávamos entender o que houve. Não sei quantos dias tinham passado quando notamos que tínhamos poderes. Manipulávamos a energia que permeia esse mundo. Pouco a pouco, fomos aprendendo a lidar com as caudas, a energia e a vida como um todo nesse lugar estranho.

Um dia, um grupo de humanos chegou a nós. Nós chamaram de deuses e nos deram uma moradia. Morávamos todos lá. Até kyuubi entender o que tinha acontecido e se enfurecer. Nós não envelhecemos como vocês, por isso não sei dizer se isso demorou ou não a acontecer. A coisa é que: ele é uma pessoa muito amável, até se irritar ou enfurecer. Kyuubi com raiva se torna, aqui no seu mundo, literalmente uma raposa de nove caudas cheia de raiva e ódio.

O que não demorou a acontecer com todos nós o que aconteceu com o kyuubi quando descobrimos o motivo pelo qual havíamos sido literalmente sugados para cá. A arrogância dos homens havia nos tirado das nossas famílias, arrancado lágrimas de nossos pais e cônjuges, apenas para demonstrar que podiam, que tinham esse poder.

Lentamente, fomos nos transformando nas bestas que eram nossos ancestrais e juntos a espalhar o terror e a destruição. A ideia era que através da nossa ameaça, eles nos levassem de volta para casa. Demorou muito tempo com eles enviando pequenos  grupos de soldados para tentar nos parar quando tudo ficou em calmaria. Uma calmaria estranha… Nanabi pressentiu o perigo e nós nos separamos, indo cada um para um ponto extremo do planeta. Eu me escondi no deserto.

Eu acho que porque fomos trazidos todos juntos do mesmo lugar, nós temos essa ligação mental entre nós. Naquela época, não precisávamos de um plano entre os planos para nos reunir, nos comunicávamos apenas pelo pensamento, não importava o quão longe estivéssemos.

Um dia, recebemos uma mensagem de nibi. Eles haviam organizado um exército especial. Contavam com uma espécie de mago e nove soldados especiais. Ela os havia visto numa das suas caminhadas. Nibi tinha duas caudas e orelhas de gato. Sua forma bestial era um gato azulado de proporções colossais. Como todos nós, ela conseguia ficar em tamanho de um gato normal e esconder uma das caudas. Assim, junto com nanabi, ela era a espiã perfeita.

Não demorou muito até esse exército chegar a mim. Era um exército pequeno… Liderado por 9 generais. Um deles, o que parecia ser o mago, era o líder de todos. Cada falange deveria ter uns mil soldados… Ou seja, sem contar os líderes, havia um exército de 9 mil soldados à minha frente. Você pode pensar que é muito, mas eu estava na minha forma colossal… 9 mil humanos seriam esmagados por duas das minhas patas.

Não demorei muito a perceber que a intenção deles não era me matar… Transmiti essa informação aos outros enquanto lutava contra eles que tentavam arduamente me prender ao chão. Mais da metade dos soldados já haviam morrido quando finalmente eles me prenderam no  chão. Um dos homens desenhou algo embaixo no chão e me arrastaram até o círculo. O mago se aproximou com um homem magro de cabelos escuros e começou a recitar algo que estava escrito num livro, põe a mão na barriga nua do homem e um desenho igual ao que estava embaixo de mim apareceu ao redor do umbigo dele e me sentir ser puxado.

Era um puxão diferente do tornado que nos trouxe. O tornado era grosseiro, esse puxão era suave, mas igualmente forte. Não conseguia lutar contra. Lentamente, fui sugado para o símbolo marcado no corpo do homem. Demorei algum tempo para entender onde tinha ido parar. Tentei falar com meus companheiros numa tentativa frustrada.

Durante dias tentei sair da onde estava, tentei me conectar com os outros, mas nada acontecia. O ambiente era amplo e no limite havia uma grade com grossas barras. Era uma jaula gigante. Cansado, dormi por um tempo indeterminado. Na minha prisão, eu não tinha ideia alguma de tempo.

Um dia, um outro homem apareceu do lado de lá das barras. Se apresentou como Hinuko. Disse que era meu jinchuuriki. Chamou me de bijuu. Eram termos estranhos para mim. Educadamente, Hinuko me explicou que o mago havia me prendido dentro do corpo do pai dele há 30 anos atrás. O pai dele havia morrido a pouco tempo e eu havia sido transferido pra ele. É claro que tudo isso estava muito estranho para mim.

No final das contas, eu estava realmente preso dentro do corpo de um humano. Havia me tornado uma fera enjaulada dentro de uma jaula de carne. Irônico. Soube também que eu não havia sido o único. Os meus irmãos também tinha sofrido o mesmo destino. Se kyuubi estava revoltado antes, imagine agora, preso?

Sempre que eu podia, tentava me comunicar com os outros e um dia consegui com sucesso. Quem me respondeu foi a nibi. Parecia triste e cansada. Ouvir minha voz pareceu dar a ela alguma esperança ou alegria. Aos poucos, os outros voltaram a entrar em contato conosco, mas a conexão parecia fraca, como se algo interferisse. Quando kyuubi finalmente voltou a se comunicar conosco muito dele havia mudado, podíamos sentir através da conexão.”

Gaara olhou para Sai e seus olhos não tinha mais saudade. Os olhos verdes do ruivo não tinha mais nada além de vazio e revolta. Sai permitiu que um arrepio subisse por sua coluna da base à nuca.

- Ele passou anos planejando nossos movimentos atuais. Aquele cara caloroso e animado, se tornou um homem calculista que planeja nos tirar a todo custo dessa maldição que nos prende a vocês, jinchuurikis.

- Nós também não temos culpa. - Sai rebateu.

- Vocês, atualmente, podem ser inocentes, mas seus ancestrais determinaram o destino de vocês e de todos os seus descendentes. Também não é culpa nossa. Vocês nos trouxeram… Ação. Nós queremos a liberdade. Reação. - Gaara falou sério e suas palavras resfriaram o coração de Sai.

Instantes depois, a porta de abriu e por ela entrou uma moça loira com uma cesta na mão. O sorriso dela trouxe calor aos corações dos dois rapazes. Com sua típica animação, Ino convidou os dois rapazes para um piquenique no gramado do jardim. Sai pegou seu caderno de desenhos e aceitou o convite, enquanto o ruivo olhava desconfiado para tudo aquilo. Porém, mais um pedido animado e carinhoso de Ino e ele cedeu.

Os gramados, Ino estendeu a toalha com a ajuda de Sai e se sentou, seguida por eles. Sai permanecia em silêncio e desenhava qualquer coisa no seu caderno, enquanto Ino conversava animadamente com Gaara. Ele observava cada trejeito dela. O modo como colocava o cabelo atrás da orelha, o modo como seus lábios se moviam a cada palavra proferida. Um desejo começou a crescer dentro de Gaara. Um momento a sós com Ino.

Lá na sua terra natal ele nunca havia provado o gosto do amor, ou paixão. Ele não havia deixado nenhuma garota com o coração partido quando foi arrebatado, pelo menos não que ele soubesse. Então, Ino era a primeira garota que havia entrado no coração do ruivo que depois de tanto tempo estivera frio e duro. Era impossível não desejar ter Ino nos braços.

Ino estava falando qualquer coisa sobre como as maçãs crescem fortes se usar determinado tipo de fertilizante quando Garra tocou-lhe o rosto puxando seus olhos para si. Com as bochechas meio coradas, Ino virou o rosto pra Gaara. Ele movia o dedão suavemente pela bochecha vermelha dela e sorria minimamente. Fazia muito tempo que Gaara tinha sorrido de verdade e Ino fazia ele ter vontade de sorrir. Ino fechou lentamente os olhos enquanto sentia o calor quente da mão de Gaara.

Num movimento que surpreendeu Ino, Gaara a puxou para perto e a beijou. No susto, ela ficou ali parada, mas depois, lentamente, ela passou a corresponder. O peito de Gaara esquentou e ele se sentiu diferente. “Será que era assim que Naruto se sentia ao beijar sua menina?”, era o que ele se perguntava. Ele não tinha corpo próprio ainda, apesar de agora ter forma física, mas sentia o corpo arrepiar e tremer aos toques de Ino no seu pescoço. Ela fazia carinhos suaves ali e no seu peito. Parecia saber que o coração de Gaara queria pular do peito afora.

Ino era suave e delicada, fazia Gaara ter vontade de ser delicado e suave com ela tb. Em meio ao beijo, Gaara teve uma ideia e sorriu. Com a mesma suavidade que ela lhe inspirava, afastou se dos lábios dela e encostou suas testas. Ela ainda surpresa, elevou os olhos para ver os do ruivo fechados.

- Kyuubi consegue sair da clínica, consegue caminhar longas distâncias sem o jinchuuriki ir junto… - ele sussurrou apenas para ela ouvir - Eu vou fazer como ele. - o ruivo abriu os olhos e a fitou - Vou até você esta noite. Tenho motivação suficiente. - encantada Ino apenas sorriu assentindo.

- Vou esperar… - ela ainda deu um último selinho antes de se afastar.

Foi só aí que ela percebeu Sai ali. Ela sorriu constrangida e ele simplesmente ergueu a mão. Não queria saber do que eles falavam entre sussurros. Ele apenas entregou o desenho que fazia a loira. Quando Ino o pegou viu que era um desenho do beijo que ela e Gaara tinham acabado de dar. Ela corou um pouco mais e agradeceu o desenho.

Depois que Ino guardou as coisas de volta na cesta, eles levantaram e caminharam tranquilamente até o quarto de Sai. Ele estava quieto, compenetrado. Alguma coisa entre o que ichibi havia contado e o beijo entre ele e Ino havia mexido com o rapaz. Sai sempre viveu em meio a tormenta de ser um jinchuuriki, nunca experimentou ser apenas um rapaz com uma vida inteira pela frente. De uma coisa Sai tinha certeza, ichibi estava certo. Os ancestrais haviam selado o destino dele e dos outros vasos quando resolveram ofertar não só as suas vidas, como as vidas de seus filhos e netos. “Injusto”, ele pensou, “eu quero ter a possibilidade de escolher o meu futuro”.

Ao chegar no quarto, depois de Ino ir embora, Sai virou para Gaara.

- Sei que até agora eu não havia escolhido partido. Nem o de vocês, nem o nosso. Mas hoje, depois de vê-lo e ouvi-lo decidi meu lugar. - Gaara franziu a testa ao ouvir aquilo de Sai, havia algo a mais da voz do rapaz e parecia raiva - Vou ajudar a quebrar essa maldição. Vocês tem o direito de viver a vida de vocês como querem e bem entendem assim como nós, os descendentes. Não quero passar a minha vida conectado a uma pessoa que desprezo e muito menos passar isso para frente para meus filhos. Eu escolho a independência. - Gaara sorriu daquele jeito meio psicopata que só o ruivo tinha e dessa vez, Sai não sentiu nem medo, nem o arrepio correr lhe a espinha.

- Ótimo. Se todos os jinchuurikis pensassem como você isso já teria sido resolvido. Um conselho? - ele falou se aproximando um pouco - Converse com seus colegas de destino. Explique para aqueles que ainda não entenderam o que significa libertarem a mim e a meus irmãos. Uma vez que todos nós estivermos livres poderemos seguir com nossas vidas e escolhermos nossos destinos. - ele sorriu de lado - Eu aviso desde agora, vou lutar com tudo que tenho pela Ino. - os olhos verdes de Gaara estavam presos nos negros de Sai - Estamos apaixonados pela mesma mulher, mas isso não significa que um não possa prevalecer sobre o outro. Não vou deixar você tirar de mim a única coisa que já quis desde que me lembro por gente.

- O que seria isso, monstro da areia? - Sai falou com certo desdém na voz, a garganta arranhando enquanto falava com a secura do ar. Gaara sorriu.

- Ser marido e pai dos filhos dela. - Sai arregalou levemente os olhos - Monstros também podem amar e desejar serem felizes, você mesmo deveria saber disso. Afinal, começou a destruição na sua família foi você. Eu posso ser considerado um monstro, mas não seria correto considerar a nós dois?

Ao falar isso, Gaara sumiu da vista de Sai o deixando atordoado. Porque no fundo ele tinha razão… Se haviam culpados da desgraça que se abateu sobre a família dele, ele, Sai também seria um deles.

Pelo resto do dia, Gaara manteve quieto, guardando energia, esperando pelo momento certo de agir. Sai, achando que estava com sorte naquele dia, continuou levando seu dia da melhor forma possível. Aproveitou para pintar alguma coisa, folheou as páginas do livro que lia e gastou sua tarde numa paz incômoda para o rapaz. A noite, depois da janta, os enfermeiros passaram distribuindo os remédios aos doentes. Sai tomou os seus e foi pra cama. Aquela noite ele iria apagar, como todas as outras, por causa do remédio

Nesta noite, Gaara entendeu como Naruto conseguia sair com tanta facilidade da clínica. Quando o jinchuuriki fica inconsciente, eles, as bijuus, tinham mais força para irem e virem. Assim, quando Sai estava num profundo e inalcançável sono, Gaara se esgueirou para fora de sua mente com uma tremenda facilidade e rumou para a rua. Lá, esperando do lado de fora, ele encontrou seu amigo, Naruto ou kyuubi como os outros o conheciam. O loiro olhou para ele e sorriu.

- Indo passear? - olhou o bem - Ou eu deveria dizer namorar?

- Estou indo ver Ino. Com esse corpo posso ir até lá. Agora entendo como você tem tanta força.

- O que também me dá força é o meu sentimento por Hinata. Use isso a seu favor. Se você realmente amar Ino, o amor vai chamar e guiar você. - Gaara o olhou e fechou os olhos, sentindo o que guardava no peito para Ino. Suavemente, ouviu a voz dela o chamar e sorriu.

- Ela está me chamando. - falou para o loiro abrindo os olhos.

- Isso porque ela também te ama. Vá até lá e aproveite. Nunca sabemos quando a lua vai estar propícia para nosso plano. Nunca sabemos quando é nossa última noite. - com um toque leve no ombro do amigo, Naruto se virou com as mãos nos bolsos e põe-se a caminhar para a casa de Hinata. Gaara tinha absoluta certeza de que era lá, nos braços da morena que ele passava as noites e desejou isso para si mesmo. Poder passar as noites com a loira maluca que conquistara seu coração com seus olhares doces. Ino era, certamente, o ser mais doce que Gaara conhecia.

Assim, seguindo as instruções do amigo e do próprio coração, Gaara seguiu seu caminho até a janela de Ino. Ele sorriu ao ver as cortinas amarelas claras balançarem na janela aberta. De um pulo estava entrando pela janela do quarto dela. Ino não se assustou ao vê-lo ali, ao contrário, ela sorriu e correu para ele. O abraçou com algo que parecia saudade e o beijou.

O beijo começou terno e carinhoso, como um simples carinho ali, nos lábios. Aos poucos, Gaara a abraçou forte, puxando seu corpo delicado contra o seu. Sentia necessidade de sentir Ino junto a si. Ino, por sua vez, se agarrava a Gaara como se ele fosse sumir a qualquer momento. Os dedos enfiados nos cabelos dele. As mãos que procuravam puxar cada vez mais para perto o ruivo que lhe tirava o fôlego.

Sem perceberem, o beijo calmo e tranquilo, se tornou sôfrego e necessitado. As mãos de Ino, antes nos cabelos ruivos, agora puxavam a blusa que o ruivo usava para longe do peito do rapaz. De repente, os dedos finos e gelados de Ino tocaram a pele desnuda do peito e da barriga de Gaara, arrancando dele um gemido baixo e abafado pelos beijos. A fina camisola de Ino também foi parar no chão, enquanto os lábios do homem se deliciavam com os seios da loira. A noite que Gaara havia planejado para ser romântica, acabou se tornando quente e cheia de gemidos que eles não queriam abafar.

Com o sol entrando forte pela janela do quarto dela foi que Gaara saiu dos braços da amada e voltou sorridente para o lado do seu jinchuuriki que ainda dormia calmo pelos remédios. Gaara decidiu voltar no dia seguinte e no outro, e no outro, e no outro, e todos os dias até que o plano desse certo e ele tivesse um corpo e liberdade para fazer e ficar com quem quisesse, sem uma âncora indesejada o puxando para longe.

Assim, Gaara planejou. Assim, Gaara fez. Todas as noites depois dessa, assim que Sai adormecia pelos remédios ele ia até Ino entrando pela janela do quarto, passando as noites entre os braços e pernas da loira. Se sentia feliz. Nem mesmo brigava mais com Sai, deixava ele comandar os dias enquanto nas noites era livre para ir atrás de Ino e amá-la como era seu desejo.

É claro que essa felicidade toda não durou o tempo que ele desejava… Pois com pouco tempo, seu irmão fez o anúncio: a lua vermelha estava próxima e eles deveriam começar os preparativos para o ritual. Assim, Gaara passava os dias se preparando e as noites com ela. Isso requer muita energia e quem sofria o cansaço era Sai.

Entretanto Gaara não se importava em sobrecarregar o seu jinchuuriki, pois sabia que no final tudo ficaria bem e até mesmo Sai entendia que era necessário. Tudo deveria estar pronto na lua sangrenta e ele não abria mão nem do ritual nem de Ino. Deixando claro que seu motivo para se livrar do rapaz era sua vontade de estar plenamente com a loira. No final das contas, era por Ino quem os dois faziam o que faziam. Tudo por amor…


Notas Finais


É isso. O próximo será de quem? Acho que do Naruto, não sei... O que acham?

Obrigada por lerem, até o próximo!


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