Eu olhava-te de longe, admirando sua beleza; sua pele tão branca, seus fios tão escuros, a neve brincando contigo na imensidão de roupas que te cobriam.
Você me fitava de volta, chamando-me com suas mãozinhas pequenas para que eu fosse até perto de ti, a fim aproveitar aquela brancura gelada que cobria toda a cidade, e recebia-me com um sorriso ameno e encantador.
Naquela época eu já sentia as famosas borboletas no estômago. Sentia também meu coração acelerar de uma maneira estranhamente boa; sentia-me bem perto de ti. E apesar de todo o frio congelante, sentia-me aquecido.
A quantidade de sentimentos que me inundavam era avassaladora, e não me arrependo de ter desfrutado de cada um deles.
Com o passar do tempo a neve parou de cair, o sol voltava a reinar aos poucos, mas meu coração continuava com o tum-tum fora do ritmo.
Foi numa tarde onde tudo estava quente demais; o clima, o chão, a minha casa, o meu coração; quando você agarrou minha mão com força, puxando-me em direção ao pequeno parque próximo às nossas residências ao tempo que murmurava frases não compreensíveis, mas que sempre tinham a palavra “hyung” em meio a elas. Eu apenas sorria, acolhendo com carinho aquele mínimo e inocente contato entre nossas palmas; a sua, gelada como costumeiro, as minhas, quentes e suadas pelo nervosismo.
Naquela tarde a gente tomou dois sorvetes, sua boca ficou suja com o de chocolate, penduramo-nos nas árvores enormes e acabamos dormindo juntos pela provável centésima vez ao chegarmos em minha casa.
Lembro-me exatamente da sua fala manhosa direcionada para mim, perguntando se poderia dormir ao meu lado com a desculpa de que sentia medo dos monstros lhe machucarem se ficasse sozinho. E eu, claro, ignorando completamente o rebuliço que meu estômago fizera ao ouvir, e como um bom hyung, aceitei.
Naquela tarde eu tive certeza que estava apaixonado por você.
Agora, sentado ao seu lado, observando o brilho em seus olhos negrumes e absorvendo cada ponto de seu rosto em minha mente na medida que aprecio seus dedos sutilmente contra minha pele, admito em voz alta que eu te amo, e que talvez, só talvez, eu precise de você para seguir vivendo nesse mundo cheio de altos e baixos.
— Suas mãos antes cobertas pela neve, agora acariciam minhas bochechas.
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