História So Let Me Love You - Love U More

So Let Me Love You


Capítulo 7 - Love U More


~NARRADOR POV~


James acordou atordoado, o frio que sentira a noite não mais presente. Seu corpo nu estava coberto com um edredom grosso e a janela fechada, que ele notou com dificuldade por causa da grande iluminação que vinha pela mesma, o grande astro solar esquentava sua pele de forma que acabasse se tornando um incomodo.

Olhou em volta, o espaço silencioso indicava que estava sozinho. Na cama oposta a sua havia uma bandeja com café da manhã completo e ele sorriu minimamente imaginando David a trazendo várias vezes para si e o acordando com um beijo, como uma rotina. A cama podia estar arrumada, mas continha traços de que fora usada antes. Perto da bandeja havia um conjunto de roupa e um envelope.

James foi para o banheiro, usando-o demoradamente. Escovou os dentes , usou o sanitário e tomou um banho, lavando-se da cabeça aos pés, antes regulando a água para morna, até um pouco gelada para a aliviar o calor que sentia. O Brasil era mesmo um país muito quente.

Saiu com uma toalha amarrada na cintura e vestiu as roupas que aparentemente não eram de David por caberem bem em si. Comeu até que se sentisse saciado: uma variedade de frutas, frios, pães, pates, suco e torradas estavam a sua disposição. Por fim pegou o envelope, nele havia uma carta e uma quantia em dinheiro.

"Desculpe-me James sair e não dizer tchau
Até pensei em te acordar, mas você parecia dormir como um anjo
Me senti mal por isso então fiz essa carta, espero que entenda
Eu vou viajar ainda pela copa... Quem sabe não consiga o terceiro lugar?
Nós iremos jogar contra a Holanda em breve, torça por nós sim?
Deixei algumas coisas da qual possa precisar, o check out já foi feito, mas eu não sei que horas você acordará talvez precise pagar outra diária
Eu sinto muito, mas nós vamos nos encontrar de novo, não é?
Qualquer coisa meu número está salvo em seu celular
Do seu, David"

James terminou a carta um tanto emocionado e voltou o olhar para o sol escaldante. Ainda sentado a cama, deitou o tronco sobre a mesma, a cabeça repousando sobre o travesseiro e ali pode sentir o cheiro de Luiz mesmo que minimamente. Pegou tudo que ainda tinha no quarto e desceu, ainda no prazo do check out e pegou um táxi de volta ao seu próprio hotel.

No carro que o levava ao prédio onde estava momentaneamente observava a paisagem lá fora e por um instante seu pensamentos se dispersaram ao lembrar-se do loiro que tanto mexeu consigo. Seu coração bateu num ritmo diferente num sentimento estranho. James sorriu mesmo sem ter um motivo aparente para fazê-lo.

- Sim - pensou o moreno enquanto o carro corria pelas ruas da cidade - Nós vamos nos encontrar de novo David.


***


David amarrava o cadarço agachado ao chão e ignorava o homem em pé a sua frente de braços cruzados para si. Havia passado o dia inteiro o evitando, sentara longe dele no avião, no ônibus e quando o encontrava fugia para o lado oposto. Mas também sabia que não podia desaparecer e que o mais velho merecia explicações sobre sua atitude.

- Bom dia, David - disse Thiago inexpressivamente quando o maior se levantou e o encarou brevemente para desviar seu olhar ao campo onde os companheiros de time treinavam para o próximo e último jogo.

- Bom... A propósito, onde você dormiu mesmo? - David perguntou, lembrando que não fora uma das melhores ideias excluir o próprio dono do quarto do mesmo.

- Depois que você me expulsou do quarto? - ele debochou enquanto o maior mordia os lábios com medo de uma repreensão - Fui para o quarto do Daniel Alves, ele estava sozinho num quarto duplo - disse dando de ombros despreocupadamente. Ele segurou o riso ao se lembrar que os dois olharam estranhamente um para o outro e começaram a rir das conspirações absurdas que formaram sobre o que David e James poderiam ter feito no quarto.

- Afinal, o que aconteceu? - Silva perguntou depois de levar David para um lado mais afastado onde não podiam ser escutados.

- Ah você sabe, um monte de besteiras - David respondeu, mas ficou claramente vermelho de vergonha.

Thiago sabia que o mais novo estava mentindo, mas não ia pressioná-lo a contar a verdade. Já imaginava algo assim pela mudança de atitude do mais novo e aquele era um assunto muito delicado. Mas mesmo assim tinha que aconselhar corretamente o colega. Levou a um dos bancos com o pretexto de tomar energético padrão fifa.

- Você realmente gosta dele? - perguntou fazendo David cuspir todo o líquido que tinha na boca e atrair certa atenção. Depois de fingir que era só uma brincadeira se virou para o mais velho - Não vai me responder?

- Eu... Não sei? - ele terminou a frase como uma pergunta, o coração batia forte e ele pensava qual seria o sentimento que esse músculo estava bombeando para seu corpo agora.

- Não brinque com os sentimentos alheios, David. Seja sincero - o mais velho respirou fundo e continuou a voz estranha envolvida numa tristeza sem tamanho - Se você gosta dele deve dizer, acha que isso é recíproco?

O mais novo olhou para o capitão que tinha o olhar virado para o campo, mas o mesmo permanecia vidrado pensando obviamente em outra coisa que não parecia estar nem ali e nem naquele momento. O mais novo pegou a mão do mais velho que deu um pequeno sorriso e começou a contar aquilo que David sabia estar angustiando-o.

- Quando eu era um adolescente, ainda com o sonho de jogar modestamente em um time tinha um amigo, meu melhor amigo. Ele um dia se declarou para mim, sabe - David arregalou os olhos e apertou levemente a mão do outro como que dissesse para continuar, não fazendo nenhum barulho temendo atrapalha-lo - Eu não dei a devida importância, achei que era alguma brincadeira...

Uma lágrima escorregou dos olhos dele traçando a bochecha e caindo na grama verde aos seus pés, a mão vazia foi rápida em enxugar o rosto. James sentia uma dor em seu peito, o maior nunca havia falado sobre aquilo e parecia que sua história não tinha um final feliz.

- Ele se matou, escreveu algo como uma desculpa...

- Não foi culpa sua - David o  interrompeu, já sabendo o que se passava pela cabeça dele.

- É isso que eu tento pensar, mas não quero ter que perder nenhum amigo nem que algo desse tipo aconteça. Mas lembre-se que para amá-lo você tem que se aceitar primeiro.

- Eu acho que já me aceitei, mas não saio espalhando cartazes sobre minha sexualidade - David disse tentando ser divertido.

- Esse assunto não é para brincadeira, sabe - Thiago repreendeu com um pequeno sorriso entre os lábios e os olhos cheios de lágrimas.

- Eu sei - suspirou fundo - Quando tudo acabar nós vamos conversar.

- A mesma conversa de ontem a noite? - Thiago questionou com a sobrancelha erguida, tentando se manter sério.

- Quem sabe - David disse com um sorriso no rosto.


***


James sentia certa dor no quadril, mas andava de forma inexpressiva. Subiu pelo elevador até seu apartamento, encontrando alguém lá. Carlo estava sentado na beirada da cama de casal, falando com alguém no celular e ao ver James entrar pela porta pôs o celular no viva voz.

- Quem é vivo aparece - disse para o aparelho e para James.

- POIS ELE VAI JÁ MORRER, EU TÔ JÁ SUBINDO - James identificou a voz de Valdez e um sentimento não lá melhor do mundo se formou. Estava meio encrencado.

- Ele não gostou do fato de ligar pro seu celular e não atender - explicou o maior para si. James entregou para ele o celular descarregado e sentou na cama fazendo uma breve careta que não foi visto pelo outro porque estava de costas. Preferiu se deitar enquanto o outro colocava o celular para carregar. Quando terminou se virando para falar algo a porta do quarto se abriu.

- Eu devia te dar uns bons tapas, mas você é um idiota ou o que? Não avisou que ia dormir lá passei a noite te ligando, esperando você chegar.

- Desculpa, mas você não estava ocupado com o Carlo? - o maior rio e levou um tapa no braço. Se o moreno pudesse ficar vermelho estaria daquela cor da cabeça aos pés.

- Moleque, tu... - não terminou a frase sendo abraçado por Carlo e ralhando com ele por defender James. Pareciam pai e mãe brigando porque o filho havia se descomportado - Eu desculpo você se me contar tudo o que aconteceu.

James resumiu bem, tentando sempre se desviar do que aconteceu intimamente, mas os dois já tinham uma boa ideia do que ele poderia ter feito só queriam confirmar com quem.

- Foi David? - perguntou astutamente Valdez, vendo o rosto do outro avermelhasse e sorrindo vitorioso. O silêncio de poucos segundos foi acabado pelo toque de um celular, mais especificamente de James.

- David - disse apenas Carlo lendo o nome que piscava em meio ao aviso de ligação. Valdez rapidamente pegou o aparelho escandaloso entregando ao dono que se sentara meio preocupado.

- Alô?

- Oi! Como... como você tá? - perguntou o outro nervoso

- Ahn, bem... Porque?

- Eu... só queria ouvir sua voz - ele disse tímido e James sabia que ele estava corando do outro lado. Sorriu do modo fofo do outro respondendo um "Tudo bem".

- Ahh vou treinar agora. Eu te amo - os olhos de James quase saltaram das órbitas e o menor demorou um pouco para responder.

- Te amo mais - o riso alheio seguido de um "Até" e o barulho de ligação encerrada se fez no quarto, só agora o menor percebia que estava no viva-voz e os outros dois ocupantes do quarto escutaram.

- Socorro, Carlo temos que ir ao atelier.

- O que? - ele perguntou confuso.

- Tenho que comprar meu terno pro casamento.

James fez um gesto obsceno para o amigo e o trio começou a discutir. O coração de James batia feliz de uma forma que não fazia a muito tempo. Estava verdadeiramente apaixonado e era plenamente retribuído. Nunca se imaginara num relacionamento assim, mas agora que estava via quão puro era o amor que tinham um pelo outro.


***