História Só mais uma realidade - Feridas

Cheguei ao segundo andar. Sendo sincera esperava que o Castiel viesse atrás de mim tentando explicar qualquer coisa, ao olhar para trás só vi degraus e o vazio então continuei a subir para o próximo andar, era para ir à sala de biologia, mas me encontrei no terraço olhando para baixo, para ser mais precisa estava olhando o Castiel conversando com a Debrah. Isso me deixava triste, pois acreditei que ele gostasse de mim, sentava no chão encostando as costas na grade.

— Ok, isso não é nada Thara, lembre-se que você não está aqui para romances, eu não posso me deixar levar. A última coisa que preciso é sofrer por isso — sussurrei para mim.

—  Thara está tudo bem? — Kentin perguntou ao entrar pela porta do terraço.

— Está sim, por que não estaria? 

— Não sei, mas não está parecendo que está bem — Kentin falou apoiando-se nas grades.

— Não é nada, acho que estou pensando demais só isso.

Kentin olhou para baixo em silêncio e depois voltou seu olhar para mim.

— Não acho que vale a pena ficar assim pelo Castiel.

Aquilo me surpreendeu como ele sabia que estava assim pelo Castiel?

— Não estou assim pelo Castiel — disse abaixando a cabeça.

— Thara não sou burro, eu sei que tinha algo entre vocês — Kentin sentou ao meu lado — Já vi vocês algumas vezes juntos.

— Não tinha nada entre a gente, só somos bons amigos.

— Que trocam saliva — acrescentou Kentin.

Revirei os olhos e dei nos ombros.

— Nada mais que isso, não tenho sentimentos. Não fui projetada para isso baby — pisquei para ele.

Kentin me olhou como se não entendesse nada do que falei e não era para menos, só eu entendia o que acabava de dizer. Levantei-me e dei leves batidas no meu bumbum para limpar o short.  Passei a mão em meu cabelo e depois estendi a mão para o Kentin para ajuda-lo a levantar.

— Eu estou bem Kentin, mato um leão por dia e estou sempre de pé — sorri — Não precisa se preocupar.

Kentin me puxou e abraçou fortemente e mais uma vez um sentimento nostálgico tomava conta de mim.

— Você não se lembra mesmo de mim Thara?

Hã? O que ele estava dizendo? Lembrar dele?


CASTIEL ON

Um ódio tão grande me consumiu por dentro ao ouvir Thara falando, que sai sem pensar duas vezes atrás da Debrah. O que aquela maluca estava fazendo aqui?
Já avistava ela encostada sorrindo no portão, prossegui com a cara fechada.

— Oque diabos você está fazendo aqui Debrah?

— Oi gatinho. Como você não me procurou então eu vim te ver — ela abria mais ainda seu sorriso.

— Para, só para Debrah. Não temos mais nada será que não consegue entender que não quero mais você. 

— Qual é Castiel você não pode dizer que me esqueceu assim? Não se lembra do que já passamos juntos?

— CHEGA! — gritei sem paciência. — Some da minha vida de uma vez por todas.

— É por causa dessa Thara? O que você viu nela?

— Olha aqui — disse pegando pelo braço dela e empresando-a na grade. — Deixa a Thara fora disso, você não tinha nenhuma permissão para falar nada com ela. O que aconteceu entre você e eu permanece entre você e eu. Sabe que eu não bato em mulher, mas se você dirigir novamente a palavra a ela eu esqueço que você é uma.

— Me solta Castiel, está machucando — ela disse fazendo força para soltar seu braço. — Você vai escolher ela?

—  Ainda tem duvidas?

— Não vou deixar você ser feliz, Castiel você tem que ficar comigo. Eu vou me matar se não me escolher.

— Isso não é problema meu — disse virando-lhe as costas e saindo.

— Castiel volta aqui — Debrah gritava.

Fui para meu lugar de costume, precisava ficar sozinho sem essa encheção de saco tanto dos professores quanto dos alunos.
Sentei-me no gramado e acendi um cigarro, pensava no que falaria para Thara, ela com certeza não iria querer olhar na minha cara.

— Merda! — exclamei.

— Sabe que cigarro ainda vai fazer mal para você Castiel — Lysandre disse se aproximando.

— O que você quer Lysandre?— estava realmente sem paciência.

— Vi a Debrah saindo da frente da nossa escola, imaginei que vocês tivessem conversado.

— Imaginou certo, ela veio aqui querendo me ver e ainda contou para Thara o que aconteceu depois da festa — disse dando um longo trago no cigarro.

— Vejo que ela decidiu correr atrás de você. Mas porque ela precisou contar para Thara o que aconteceu?

— Porque chamei por ela na noite em que estive com a Debrah — provoquei.

— Castiel faça a besteira que quiser, só não envolva a Thara no meio dela — Lysandre falou severamente.

— Não preciso de você me avisando isso — disse me levantando irado e encarando-o.

— Só quero que saiba que se for preciso irei protegê-la de qualquer um, mesmo sendo você — Lysandre disse aparentando estar calmo, mas sua voz entregava que estava irritado.

Sorri ironicamente e soltei a fumaça de cigarro na cara dele.

— Não irá precisar protegê-la de mim.

THARA ON 

        Depois de matar praticamente todas as outras aulas junto com o Kentin, fui para cafeteria encontrar com o pessoal, que havia mandando mensagem marcando. Lá já estava Rosa, Alexy, Armin, Íris, Nathaniel, Lysandre, Violet e Castiel. Comecei explicando o que tinha planejado e depois começamos a debater os detalhes para dividirmos as tarefas, quem faria o quê, onde tudo aconteceria e o que precisaríamos, estávamos acertando essas coisas. Não foi fácil, pois o clima não parecia muito bem entre o Kentin e Alexy, Castiel e Lysandre, tinha hora que parecia estar tão denso que dava para cortar com uma katana.

— Então vamos rever as coisas aqui — disse me levantando. — Alexy e Rosa serão responsáveis pela parte da organização dos modelos e decoração, Íris, Armin, Violet ficaram com a parte eletrônica e digital de tudo. Nathaniel e Kentin são da parte burocrática da situação. E vocês — disse olhando para o Lys e Castiel. — Farão o show.

—  Acha que irá conseguir convencer os credores há dar mais tempo Thara? — Alexy perguntou.

— Pode deixar comigo eu tenho um truque na manga — pisquei para ele.

— Thara e seus mistérios — Alexy disse fazendo um gesto com as mãos.

—  Bem eu estava pensando e acho que seria bacana se conseguíssemos alguém da imprensa para promover o desfile — Íris disse.

— É uma ótima ideia. Poderia ser a Louis da revista Luxe et Glamour — Alexy disse levantando a revista.

— Quem é essa pessoa? — perguntei.

— Quem sabe? Louis parece ser um pseudônimo. Só sei que essa pessoa escreve os melhores artigos, e dessa semana foi sobre como a filha do Collins fez sucesso com o colar Marie Antoinette de De Beers.

Fiquei chocada ao ouvir o que Alexy acabava de dizer, olhei para o Nathaniel que estava tão surpreso quanto eu.

—  A filha de Christian Collins? Está falando dela?  Como é possível? Foi um evento fechado. Não era para ter imprensa lá.

— Infelizmente não tem a foto da filha dele, nem mesmo o nome dela é mencionado. Só tem a foto do colar que ela usou, a noticia foi mais do sucesso que esse colar fez, dizem que foi mais caro que o próprio anel de noivado — Alexy repondeu. —  Mas como você sabia que era um evento fechado? Não diz nada aqui na revista.

— Eu contei para ela, eu fui com minha família — Nathaniel respondeu ao perceber que fiquei sem reação com a pergunta da Rosa.

— Exatamente, o Nathaniel me contou como foi.

—  Ah é verdade seu pai trabalha para o grande Collins — Alexy falou acreditando no dizemos.

Nessa hora Lysandre levantou enfurecido, arrumando seu casaco

— Não entendo como vocês podem ficar lendo tamanha idiotice, esse colar foi comprado com dinheiro roubado.  Não se pode esperar nada de bom que venha dessa família — Lysandre falou áspero enquanto saia do café.

Na mesma hora os que ali estavam ficavam sem graça, e abaixavam a cabeça. Eu e Kentin nos olhamos não entendendo o que estava acontecendo. 

— Perdi alguma coisa? — perguntei.

— Lysandre odeia o Christian — Nathaniel respondeu.

— Ou qualquer outro que seja Collins ­— Castiel acrescentou. — Os pais dele tinham uma enorme fazenda que produziam nectarina.

— Eram os melhores da cidade, não, do país — interrompeu Íris.

— Como eu estava falando — bufou Castiel. — As terras eram boas, ficavam em um ótimo lugar também, os outros fazendeiros tinham até inveja, mas respeitavam. Até que o Collins — Castiel disse fazendo careta — Colocou os olhos na fazenda, ele quis compra-las, mas os pais do Lysandre não quis vende-la, então ele fez com que as vendas fossem decaindo, mas mesmo assim eles se mantiveram. Até que houve um acidente — ele levou um copo de refrigerante na boca aumentando mais o suspense — Anne uma garota que os pais do Lysandre adotaram foi morta na fazenda, a pericia indicou que foi morta por um animal, mas Lysandre não acreditou nisso, pois em algumas semanas depois Christian foi novamente fazendo uma proposta maior que o mercado. Seus pais não viram outra saída a não ser vender a fazenda.

Eu me segurei para não vomitar ali mesmo, ouvir aquilo me fez ter mais nojo ainda de Christian, assim como o Lys eu também acreditava que Christian teria coragem de tamanha atrocidade, mas saber disso superava qualquer coisa que pensasse dele. Lysandre passava por mesmo que eu, tinha uma pessoa morta por Christian e sem poder provar. 

— Mas não acho que a filha dele seja como ele — disse Nathaniel observando minha expressão.

— Não seja ingênuo engomadinho, filha de demônio não pode ser anjo.  É como Lysandre disse não se pode esperar coisa boa vindo daquela família.

— Então você acha que a filha dele é tão ruim quanto ele? — perguntei.

— Tão desprezível quanto — respondeu Castiel. — Possivelmente uma patricinha fútil.

Aquilo me dava mais um motivo para esconder quem eu era.

— Não ligaria de ter a fortuna dela — Alexy disse quebrando o clima.

— Acho melhor voltar ao nosso foco — disse tentando disfarçar o quanto eu estava tremendo. — Como não sabemos quem é o ou a colunista, precisaremos encontrar outro.

— Acho que posso ajudar nisso — disse Nathaniel — Meu pai tem vários contatos com a imprensa, posso ver isso amanhã.

— Ótimo então. Amanhã eu vou ver se consigo falar com os credores.

— Vai precisar de companhia flor — disse Rosa.

Vi que Castiel iria falar alguma coisa, provavelmente se oferecer para ir comigo.

— Você vem comigo Nathaniel? — perguntei sem deixar que o Castiel falasse.

— Claro, podemos resolver tudo junto.

Castiel chutou a cadeira do Nathaniel.  Depois disso todos seguiram seus caminhos para ir embora, uns para casa e outros para o dormitório, e eu tentei ligar para o Lorenzo.