Bruno narrando
Aquelas palavras de Linda me deixaram chateado. Só pedi para ela se acalmar porque não queria que uma noite tão especial fosse estragada. Eu entendo que ela estivesse chateada por saber que a prima estava se drogando, mas será que valia a pena jogar toda uma noite importante fora por causa da irresponsabilidade de uma pessoa que já é adulta?
Eu saí andando. Precisava me livrar daquele lugar cheio de gente para pensar. Linda veio atrás de mim, chamando meu nome. Não tive coragem de responder. Tinha medo das palavras que poderiam sair da minha boca.
Quando cheguei do lado externo da festa, parei de andar.
- Bruno, me ouve por favor. - ela falou ofegante e me pegando pela mão.
- Pode falar. - eu disse sério
- Me perdoa, por favor. Eu me descontrolei, não deveria ter descontado em você.
- Sim, você não deveria ter feito isso.
Percebi que seus olhos estavam cheio de lágrimas, meu coração apertou. Não queria vê-la chorar por isso.
- É difícil para mim lidar com toda essa exposição, eu sei que você já tá acostumado, mas eu não. Eu só sou uma pessoa que acaba de se formar na faculdade, tô começando minha vida. Nunca imaginei me relacionar com alguém tão conhecido.
- Eu te entendo, Linda. Eu também não sabia lidar com a exposição no início. Eu sei que é preciso tempo, mas você tem que saber que essa é minha vida. E se você quer fazer parte dela, infelizmente isso vem junto.
- Eu agi como uma garota mimada. Eu queria ter você apenas para mim essa noite. E aí quando você pediu para eu ficar calma, as duas raivas que eu estava sentindo se juntaram e eu disse aquelas coisas.
- Eu também queria ter minha noite só com você. Não é minha culpa que aquele idiota tenha me convidado para subir no palco.
Linda se aproximou de mim na intenção de me abraçar. Eu retribui, porém estava com o corpo um pouco teso ainda com a situação. Não dei o melhor abraço do mundo naquele momento. Eu sabia que aquele momento ruim passaria. Eu gostava muito dela. Não deixaria um momento infeliz estragar tudo.
Ela se soltou do abraço e olhou para mim.
- Você me perdoa mesmo?
- Sim, Linda. Eu te perdoo.
Ela ficou na ponta dos pés e me deu um beijo calmo, na intenção de selar a paz entre nós dois. Mal sabia ela que eu a teria pedido em namoro naquela noite, se Suzana não tivesse me impedido. Será que o pedido teria evitado toda essa situação? Será que se eu não tivesse ido àquele palco, ela não teria visto a prima se drogar? Muitos “e se” tomaram conta da minha mente. Ficamos ali um tempo parados em pé do lado externo do salão de festas. Tinha algumas pessoas ao nosso redor. Linda ficou abraçada a mim em silêncio. Não quis dizer mais nada, queria que aquela situação desconfortável desaparecesse logo e tudo voltasse ao normal.
Depois de uns minutos ali, retornamos para a parte interna e fomos em direção à mesa onde a família de Linda estava. Só quem estava lá era Suzana e Roberto, conversando e rindo.
- Mãe, cadê todo mundo?
Suzana começou a rir sem parar, depois que recuperou o fôlego, explicou:
- Foram embora, né, filha? Ou você acha que seu tio e a esposa iam suportar esse vexame?
- E Mário e a esposa? E o resto dos meninos?
- Mário foi junto na intenção de acalmar Osvaldo. Jaqueline acompanhou ele. Os meninos ainda estão por aí na festa, menos Camila.
- Meu Deus, vou ligar para meu tio e pedir desculpa.
- Não, Linda, deixa isso para lá. Quem estava errada era ela, não você. E digo mais, eu achei toda essa história ótima. Osvaldo tem que aprender que os filhos deles não são santos e que criar os meninos nessa rigidez tem consequência. - Suzana falou e começou a rir de novo.
Eu estava surpreso com a leveza que Suzana estava lidando com a situação, ela era uma figura. O pau devia está torando entre o pai da menina e ela, mas Suzana só sabia rir. Eu me diverti com aquilo.
Eu e Linda nos sentamos e ficamos conversando com sua mãe e Beto. Demos boas risadas de tudo que aconteceu. Aquele clima chato, graças a Deus, tinha sido dissolvido. Linda não soltava minha mão enquanto conversávamos, finalmente senti que estava tudo bem outra vez.
Linda narrando
Após um tempo conversando com Bruno, minha mãe e tio Beto, retornei para a pista para aproveitar o DJ. Bruno me acompanhou e ficamos lá dançando. Tato, Pedro, Gabi e meus primos também apareceram e se juntaram a nós. Foi muito divertido aquele final de festa. Eu já estava descalça, a maquiagem já devia ter derretido e meu penteado começava a se desfazer. Minha mãe e Roberto decidiram ficar conosco na pista também. Bebemos, rimos e dançamos muito. Só paramos quando o DJ foi embora e o sol já estava parecendo. Ali, pela primeira vez desde que a festa havia começado, me senti feliz de verdade. As pessoas que eu mais amava no mundo estavam comigo. Toda aquela névoa que tinha se formado entre mim e Bruno no início da madrugada havia sido dissipada. Até que Bruno veio até mim e sussurrou no meu ouvido:
- Eu te amo.
Meu coração acelerou, a música ao meu redor parecia ter sido silenciada. Tudo que eu enxergava era Bruno e seu sorriso.
- Eu também te amo. - disse sorrindo.
As palavras simplesmente pularam da minha boca. Não tinha mais como negar, eu o amava mesmo.
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