Linda narrando
Após o jantar, eu fui para a casa de Bruno com ele. Era um apartamento espaçoso, bem organizado e aconchegante. Tinha várias fotos dele com a família espalhadas pela casa. Ele foi me contando as histórias por trás delas. Percebi mais uma vez que ele era muito apaixonado pela família. Tomamos banho juntos e logo adormecemos, eu estava exausta e ele também.
Na manhã seguinte, eu acordei primeiro e fiquei observando Bruno que logo acordou e disse um grandioso:
- Bom dia, minha linda, Linda! Quais são os planos para hoje?
- Bem, tenho um almoço marcado com Beto na casa dele e à noite tenho um jantar marcado com a família de um rapaz que eu tô namorando aí...
- É mesmo? - ele disse e começou a me beijar.
Passamos a manhã na cama namorando e matando a saudade. Depois, tomamos mais um banho juntos. Me arrumei para o almoço, não convidei Bruno para ir comigo pois eu estava precisando abrir meu coração para tio Beto. Eu expliquei isso e ele compreendeu perfeitamente, mas fez questão de me levar e disse que também me buscaria. Como recusar um motorista desses, né?
Era mais de meio dia quando Bruno me levou para almoçar, a casa de Roberto não era tão distante, chegamos rápido.
- Me liga quando quiser ir para casa. - Bruno disse me dando um beijo de despedida.
- Pode deixar, capitão! - respondi descendo.
Tio Beto veio me receber na porta com um sorriso enorme. Era sempre um prazer estar em sua companhia, sempre senti que poderia falar sobre tudo com ele. Também era sempre bom retornar para a casa onde meu pai viveu os últimos anos de sua vida. Amava estar naquele lugar. Minhas memórias lá eram todas felizes.
- Bom dia, minha princesa. - Tio Beto disse me abraçando e acenando para Bruno que estava no carro.
- Bom dia, tio. - retribui o abraço com o máximo de força que eu podia.
Bruno deu partida indo embora e nós entramos. A casa estava tão confortável como nos tempos em que eu era criança. Flores, livros, discos e muitas fotos espalhadas. Eu me sentia em casa sempre que estava ali.
- Como você está, minha filha? - tio Beto disse enquanto nos sentávamos no sofá.
- Bem, na medida do possível.
- Tem alguma coisa deixando seu coração aflito, né? Eu sinto daqui, pode se abrir comigo, você sabe.
- São tantas coisas. Primeiro, o trabalho. Ainda estou me acostumando a ser médica, tenho muito medo de errar e tirar a vida de alguém. Depois, tem essa bendita prova de residência amanhã que está me deixando com medo. E por último, meu novo relacionamento. Não tem nada de errado com o Bruno, pelo contrário, ele é todo certo. Mas você sabe, há tempos que eu não tenho um relacionamento sério com ninguém, tenho medo de fazer algo errado e magoar ele.
- Minha filha... - meu tio disse pegando em minhas mãos - primeiro, você tem que respirar. Pensa com a cabeça, não escuta seu coração. Você é uma mulher dedicada e inteligente, esse medo pode até fazer parte do início da sua carreira, mas você não pode deixar que ele te domine. Em relação à prova de residência, bem, você não estudou? Então... para que essa angústia? Você está preparada, eu não tenho dúvidas disso. E sobre seu namoro com Bruno, relaxa e aproveita. Vocês estão começando, se conhecendo. Eu sei o quanto é difícil se entregar para o amor depois de tanto tempo, mas não tenha pressa.
- Você tem razão, eu estou deixando a emoção e a ansiedade falarem mais alto. É só que eu estou com medo, muito medo mesmo.
- Vai passar, minha filha. Tudo passa nessa vida. Só não deixe um grande amor passar porque tem medo. Falando nisso, quero te contar algo.
- O que? - eu respondi morrendo de curiosidade
- Estou conhecendo uma pessoa.
- Sério? Quem é? Me conte tudo. - me empolguei, nem acreditava que após tantos anos Beto estava abrindo seu coração novamente.
- Bem, o nome dele é Carlos. Ele trabalha na mesma construtora que eu, é uns anos mais novos. Saímos algumas vezes já e eu estou gostando. Óbvio que durante esses anos, eu tentei me relacionar algumas vezes, mas não tinha tido sucesso até então.
- Nossa, você não sabe como eu fico feliz por isso, de coração. - abracei-o.
- Eu sei que você está, minha filha.
- E vocês estão saindo há quanto tempo?
- Uns 8 meses. Estamos indo com calma.
- Hummmmmmm, eu quero conhecê-lo, viu?
- Em breve eu vou te apresentar, pode deixar.
Nos sentamos à mesa para almoçar. Tio Beto havia feito um gratinado de mandioca com carne seca. Estava uma delícia. Conversamos mais enquanto comíamos sobre assuntos variados que nos interessavam. Depois, fomos para a sala e ele me mostrou uma nova banda que ele conheceu. Eu adorei, também mostrei uns novos artistas que eu estava acompanhando.
Lá pelas 16 horas, liguei para Bruno pedindo para que ele viesse me buscar. Em poucos minutos, ele chegou. Tio Beto o convidou para almoçarmos juntos da próxima vez e Bruno aceitou. No caminho até sua casa, ele me perguntou:
- Ansiosa para hoje à noite?
- Sim. E um pouco tensa também. - confessei.
- Relaxa, meu amor, minha família é super tranquila.
- Eu espero que sim. Tenho um pouco de medo do seu pai... - eu disse rindo um pouco.
- Ah, quem não tem, né? Mas fica tranquila, aquela brabeza é apenas dentro da quadra.
Chegamos na casa de Bruno e ficamos na varanda conversando vendo o sol se pôr. Era uma tarde linda, me lembrei do quanto eu gostava daquela cidade também, mesmo amando Salvador.
- Amor, me passa por favor o número da corretora? Quero entrar em contato com eles na segunda.
- Certo, vou te mandar.
- Posso te pedir mais uma coisa?
- O que?
- Se eu não estiver aqui no Rio, você pode por favor me ajudar a resolver isso?
- Claro, pode deixar. Tomara que você ache logo um comprador.
- Tomara mesmo.
Fomos nos vestir para ir à casa do pai de Bruno. Eu não trouxe nenhuma roupa mais arrumada, então tive que me virar.
- O que achou? Eu tô apresentável? - fui até Bruno dando uma voltinha para ele ver.
- Você tá linda, minha linda, Linda. - ele disse me dando um selinho.
- Já pensou se você perdesse um real cada vez que me chama de "minha linda, Linda"?
- Eu ia acabar morando debaixo de ponte. - ele disse rindo.
Saímos para a casa de Bernardinho. Tentei não ficar tensa, mas fui o caminho inteiro balançando as pernas.
- Ei. - Bruno disse pegando minha mão. - Relaxa, vai dar tudo certo!
- Tomara. - respondi forçando um sorriso.
Bruno narrando
Percebi o quanto Linda estava tensa e tentei acalmá-la. Era compreensível, eu também fiquei nervoso para conhecer a família dela. Quando chegamos ao condomínio do meu pai, eu dei um abraço nela.
Subimos de mãos dadas, meu pai abriu a porta dando um sorriso.
- Então essa é a Doutora Linda? É um prazer finalmente conhecê-la.
- O prazer é todo meu, seu Bernardo - ela respondeu abraçando-o.
- Ah, que isso! Pode me chamar de Bernardinho.
Minhas irmãs, Júlia e Vitória, vieram nos cumprimentar. Ficaram encantadas com Linda e começaram a puxar assunto com ela que respondia gentilmente. E quem ficou (mais) encantado fui eu. Em seguida, minha madrasta, Fernanda, apareceu para nos cumprimentar. Sentamos todos na sala e começamos a conversar. Óbvio que meu pai não perdeu a oportunidade de falar sobre os casos engraçados que vivemos juntos enquanto eu era treinado por ele na seleção. Linda estava já bastante a vontade e conversava de maneira descontraída com todos. Era impressionante como ela era gentil e simpática com todo mundo, nem preciso citar a educação porque era nítido. Também era a primeira vez depois de muito tempo que eu trazia uma namorada para conhecer minha família. Estava ansioso para que ela conhecesse logo minha mãe e meus outros dois irmãos. Só que teríamos que ir até Campinas para isso e eu ainda não sabia quando teríamos essa oportunidade.
Fomos para a sala de jantar comer e a conversa fluía naturalmente. Todos queriam saber sobre a vida de médica recém-formada de Linda e seus planos para o futuro. Ela explicava tudo, contava umas histórias engraçadas que já tinha passado com pacientes desde a época da faculdade e falou sobre como estava tensa para a prova de residência que seria no próximo dia.
Após comermos, as meninas chamaram Linda para conhecer o resto da casa e eu fiquei na sala conversando com meu pai.
- Eu adorei ela. - meu pai disse.
- Ela é demais, né? - respondi todo orgulhoso.
- Fico feliz pelo namoro de vocês, faço muito gosto mesmo.
- Valeu, pai. Você sabe como sua opinião é importante para mim.
Após uns minutos, Linda retornou com minhas irmãs e Fernanda para a sala.
- Acho que temos que ir, né? Essa moça aqui tem prova amanhã de manhã e precisa descansar.
- Poxa, mas já? - minha irmã caçula perguntou com uma carinha desanimada.
- Infelizmente sim, minha princesinha. Mas não fique triste não, em breve eu trago ela de novo.
- Sim, nós voltaremos logo. - Linda disse e deu um abraço nela
- As portas da nossa casa estarão sempre abertas para você, Linda. Volte sempre. - Fernanda disse.
- Faço das palavras da minha esposa as minhas, Linda. Você é uma garota excelente.
- Obrigada! Vocês que são maravilhosos. - ela respondeu abraçando-os.
Nos despedimos de todos e fomos para casa. Linda estava radiante de felicidade e eu também.
- Acho que agora eles gostam mais de você do que de mim...
- Bobo. - ela respondeu dando risada. - Eles são adoráveis.
- Agora, só falta você conhecer minha mãe e meus outros irmãos. Precisamos marcar uma viagem para Campinas.
- Vamos sim, meu bem. - ela me deu um beijo.
Ao chegarmos em casa, só tivemos energia para tomar um banho e nos jogamos abraçados na cama para dormir. Estava grato por tudo der dado certo
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