Seul, 6:00 da manhã
O despertador tocou às seis da manhã, me arrancando dos meus sonhos. Eu me espreguicei, afastando a preguiça da madrugada. Desde que me mudei para Seul, acordar cedo se tornou uma rotina indispensável. Com um suspiro, me levantei da cama, pronta para enfrentar mais um dia.
Depois de uma ducha rápida, vesti meu uniforme de garçonete: calça preta e uma camisa branca com o logo da lanchonete no peito. Enquanto prendia meus cabelos em um coque despretensioso, senti um frio na barriga que não soube explicar.
Só mais um dia comum, murmurei para mim mesma, tentando me convencer.
Eu gostava do meu trabalho. A lanchonete onde trabalho, chamada "Café Seul", é aconchegante, com paredes de tijolos aparentes e uma decoração vintage que atrai muitos clientes. O cheiro constante de café fresco e doces acabados de sair do forno é reconfortante. Mas, apesar de tudo, eu não podia negar que sentia falta de algo. Talvez fosse a emoção, ou a sensação de que algo extraordinário poderia acontecer.
Decidi me mudar para a Coreia do Sul porque estava cansada da minha vida no Brasil. Meus pais me abandonaram quando eu era criança, e eu sempre tive que me virar sozinha. Seul era uma chance de recomeçar, de encontrar meu próprio caminho. O Brasil tinha se tornado um lugar de lembranças dolorosas e oportunidades limitadas.
Peguei meu casaco e saí, caminhando pelas ruas movimentadas de Seul. As cores e os sons da cidade eram vibrantes, mas eu estava imersa em meus pensamentos, mal percebendo a beleza ao meu redor.
Ao chegar na lanchonete, fui recebida pelo sorriso caloroso de Hana, minha colega de trabalho.
– Bom dia, Sarah! Pronta para mais um dia? – Hana perguntou, enquanto arrumava as mesas.
– Bom dia, Hana. Sempre pronta. – Respondi com um sorriso. Me dirigi ao balcão e comecei a preparar os pedidos do café da manhã.
Enquanto misturava leite espumoso com café, meus pensamentos voltaram ao passado. Lembrei-me de como minha vida mudou drasticamente após a partida dos meus pais. Sozinha, eu me vi forçada a crescer rápido demais. Trabalhos de meio período, estudos à noite, e uma constante sensação de vazio que nunca parecia desaparecer.
Em Seul, eu esperava encontrar algo diferente. Uma chance de me redescobrir, de talvez, finalmente, encontrar um lugar ao qual eu pudesse chamar de lar. Cada dia na lanchonete era uma pequena aventura, uma nova oportunidade de conhecer pessoas e talvez, só talvez, encontrar algo – ou alguém – que desse sentido à minha jornada.
Hoje pode ser um desses dias, pensei, enquanto entregava um café a um cliente sorridente. O que o destino reserva para mim em Seul?
Com esse pensamento, continuei meu trabalho, servindo cafés e conversando com os clientes. A vida não era fácil, mas era minha, e eu estava determinada a fazer dela algo especial.
– Sarah, você viu quem acabou de entrar? – Hana perguntou, com os olhos arregalados e um sorriso curioso.
Antes que eu pudesse responder, olhei para a porta e senti meu coração acelerar.
Quem será ele? pensei, sentindo um arrepio percorrer meu corpo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.