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História Sob o pretexto da guerra - Sobre o medo de perder


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Fate/Stay não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Boa leitura!

Capítulo 21 - Sobre o medo de perder


Rin tinha conseguido colocar o plano em prática. Chegou em casa, arrancou o casaco longo, as botas grosseiras, enfiou um short jeans, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo mal arrumado e se jogou direto no sofá. Ainda puxou aquele monte de arqueiro que, apesar de ter o corpo definido demais, era um excelente travesseiro. Dali, só se levantou pra atender o delivery. Se rendeu à porcaria pra comer. Disse que, hoje, ela merecia uma pizza, com muito, muito, queijo. Teve isso. Depois, manteve o plano como o proposto: assistiu uma maratona de filme bobo que passou na televisão.

Enquanto passavam aquelas comédias idiotas, Archer não achou estranho que ela não risse, apesar de que ele mesmo se entregou a uma ou outra piada besta demais e acabou caindo na risada. Rin não riu. Parecia aérea demais pra estar entendendo o enredo de um filme que tinha sido produzido pra pessoas com um Q.I. de ameba. Ele deu de ombros, talvez ela não tivesse gostando. O que o deixou preocupado mesmo, foi o drama intenso que começou depois. Um filme noir, desses onde a própria atmosfera do cenário já te dá um nó na garganta. Nesse, Rin já se estremeceu, como se soubesse o que viria depois. Basicamente, um casal que se conhece no início da vida, se afasta por qualquer motivo banal, se reencontram anos mais tarde e, quando finalmente decidem estar juntos, ele é levado pela morte sem chance pra alteração. Nesse, ela chorou. Chorou de soluçar.

Archer pensou em brincar, falar que nunca imaginou que Rin fosse dessas melosas, que chorava em filmes românticos. Mas aquele não era um filme romântico e nem o choro dela era desse tipo. Era um choro convulsionado, escondido dentro do peito dele, que se encharcava minuto a minuto. Chorou até dormir, agarrada ao tronco dele, como se quisesse impedi-lo de se levantar dali. Então, Archer começou a juntar uma coisa com a outra.

Rin realmente não era esse tipo de pessoa, que chora pela ficção. Ela estava preocupada com alguma coisa que tinha sido falada naquela conversa com a Sakura. Não era nada relacionado com as batalhas, Rin era feroz demais pra ter medo de lutas. Era algo relacionado ao pedido. O pedido de libertar os Espíritos Heroicos... Ele engoliu em seco. Algo se formou em sua mente. Ser levado pela morte... libertar os Espíritos do pacto... Fechou os olhos com força. Era isso que ela tinha concluído.

Abraçou Rin com mais força e deu um beijo em sua cabeça. Não estaria com ela quando a Guerra terminasse. Não teria como ficar aqui. Quando ela fizesse o pedido de libertação, seu corpo e alma teriam o descanso da eternidade. O pedido era genérico demais. Ou ela fazia ele desse modo, ou teria que ser específica em pedir que ele, apenas ele, ficasse ali. Não poderia pedir isso à ele e nem seria justo com os outros Espíritos Heroicos que também desejam o fim dessa maldição. Que merda... deixou uma lágrima escapar, junto com um sorriso irônico. Agora entendia porque ela não riu em momento nenhum e chorou sem parar. Não queria ir embora, não queria ficar longe da sua menina. Não mais. Mas o que poderia fazer?

Estava tão absorvido naquele luto antecipado, que se assustou quando o telefone dela começou a tocar. Rin se remexeu dentro do abraço dele, se soltando com dificuldade. Os olhos chegavam a estar inchados.

- Alô. – atendeu com a voz embargada, diferente da saudação comum que o interlocutor esperava. Isso chamou sua atenção.

- O que aconteceu, Tohsaka? – a voz foi baixa e preocupada. Shirou a conhecia muito bem pra reconhecer a dor de Rin pelo tom de voz. Ela quis chorar de novo mas se controlou.

- Preciso falar com você. Foi bom que me ligou. – ia falar mais coisa, mas foi interrompida.

- Estou indo pra sua casa agora. Me espera. – e desligou imediatamente.

Rin passou a mão pelos olhos. A sensação de inchaço estava incomodando. Virou pra Archer, já pensando em forçar um sorriso mas pra ele os sorrisos nunca eram forçados.

- Ele nem falou o que queria... – brincou, balançando o telefone.

Archer deu um sorriso pequeno. Os olhos não escondiam a tristeza da conclusão silenciosa.

- Você prefere que eu saia? – perguntou já sabendo a resposta. Na verdade, imaginava até o assunto dessa conversa entre os dois.

Ela deu um suspiro fundo.

- Eu prefiro. – e começaria a dar muitas justificativas sobre o porquê de preferir isso, mas não precisou de nenhuma.

- Vou ficar lá fora mas não vou prestar atenção na conversa. – respondeu sorrindo e a trazendo pra outro abraço.

Rin não entendeu bem de onde vinha toda essa boa vontade. Principalmente em algo que envolvia Shirou e ao fato de ela estar sozinha, sem proteção, mas agradeceu aos céus não ter que explicar nada agora. Quando o amigo chegou e entrou, como sempre, encontrou ambos naquela condição. Nem se sentiu constrangido. Só notou que tinha algo muito pesado rondando os dois. Muito pesado mesmo.

- Qualquer coisa, me chama. – Archer disse e deu um beijo na testa de Rin. Ela devolveu um sorriso discreto. Viu ele sumir na frente de seus olhos e levou o olhar pra outra pessoa. Pra esse, não precisava esconder nada. Já caiu no choro. Shirou correu até ela, deitou ao seu lado no sofá e a amparou do mesmo modo, trazendo Rin pro mesmo abraço apertado de antes.

- Que que tá acontecendo? – ele estava realmente preocupado.

Ela se controlou. Precisava do amigo. E do mestre. Principalmente, do mestre Emiya.

- A Sakura me ligou hoje de manhã. Queria falar comigo. – disse o mais firme que podia.

Shirou não entendeu o que isso tinha a ver com o choro.

- E? – perguntou, ansioso.

- Veio com uma conversinha mole, de que nossa aliança é forte e não sei mais o quê... – Rin rebateu impaciente. – Bom, ela disse coisas perturbadoras. – e olhou pra ele assustada. – Illya von Einzbern é a Feiticeira.

- A mestre da Feiticeira? Como? – ele rebateu curioso.

- Não, Shirou. Ela é a Feiticeira. – Rin afirmou confirmando com a cabeça. Viu ele arregalar os olhos, entendendo a gravidade da situação.

- Com toda aquela magia ela se tornou um servo? – perguntou apavorado. – Nós estamos fodidos...

- Se fosse só isso... – Rin deu uma risada sarcástica. – Precisamos do coração do homúnculo pra poder ativar o Graal. Ou seja...

- Derrotar a Illya. – ele concluiu com os olhos arregalados. – Tem que ser a gente.

- Caso a gente queira fazer o pedido ridículo, sim. – Rin respondeu com maldade. Isso chamou a atenção dele.

- Ridículo? – perguntou confuso. – Por que, ridículo?

A dor em rever isso era tão grande, que Rin beirava o ódio. Contraiu o rosto de uma maneira tão dura, que os olhos faiscaram de raiva. Não sabia se estava brava com o Graal, com Sakura ou com ela mesma. Só sentia necessidade física de culpar alguém ou alguma coisa pela frustração imensa que vivia.

- Como você está com a Saber, Shirou? – perguntou com um sarcasmo subentendido na voz.

- Nos entendemos. – ele respondeu vacilando. Não por falar isso à ela, mas pelo modo como tinha sido perguntado. – O que uma coisa tem a ver com a outra?

Rin deu uma risada seca.

- O que uma coisa tem a ver com a outra... – devaneou, de modo irônico. – Eu vou usar as mesmas palavras da Sakura, certo? – e olhou pra ele desafiando-o a lhe acompanhar no sofrimento. – Do modo como planejamos fazer o pedido, tanto Saber, quanto Archer, vão sumir no ar, como se nunca tivessem existido. “Ele está morto, Rin. Assim como a sabre que se envolveu com Shirou. Vocês estão com ótimas intenções e planos mal elaborados...” – encerrou, imitando a voz que tinha ouvido mais cedo.

Os olhos dele se arregalaram. A boca se abriu na hora.

- Ela não vai ficar aqui... – concluiu em choque.

- Não. – Rin afirmou de modo duro. – A não ser que nós reformulemos o pedido. – encerrou com a voz mais baixa, quase envergonhada.

Shirou notou alguma coisa.

- E pedir o quê? – perguntou preocupado.

- Pra manter só os dois aqui. – Rin arrancou o curativo de uma vez.

No ímpeto, ele se ofendeu. Shirou não era assim. Não tinha sido essa a proposta da aliança.

- E os outros, Tohsaka? E Crosses? E Santo? O Assassino, Kenshin sei lá o quê? – perguntou alto, desesperado.

- Eu sei de tudo isso. Você acha que eu não pensei neles todos? – Rin respondeu angustiada. – Enfim, é uma ideia... eu preciso da sua ajuda pra pensar em outra melhor! – o desespero também tomava conta dela.

Shirou se levantou. Ficou um tempo pensando no que tinha ouvido, tendo a mesma sensação de se quebrar em mil cacos de vidro. Andou de um lado a outro e concluiu algo que não gostou. Algo que o afastava demais dele mesmo e o aproximava muito de Archer.

- Se não pensarmos em nada, o pedido vai ser esse. – disse com o tom firme.

Rin o olhou sem entender. Na verdade, sem acreditar no que ouvia.

- Shirou...

- Não, Tohsaka. – ele a interrompeu, impaciente pra qualquer desculpa. – Eu também quero que o melhor seja feito. Mas eu vou me deixar levar pelo egoísmo. É a primeira vez que eu consigo ter alguma coisa... – lamentou, caindo sentado de volta no sofá, com as mãos na cabeça. – Eu não vou deixar ela ir embora... – sussurrou baixinho.

Vendo aquilo, nas costas dele, Rin apertou os olhos. Se fosse só isso... Ela ainda tinha que lidar com a dificuldade maior de ter Archer. Não conseguiu deixar de se comover pelo melhor amigo que, claramente, sofria com a chance de perder alguém que descobriu amar. Ela, agora, lidava com a cruel ideia de que poderia chegar a escolher entre a felicidade dele ou a própria. Se fosse qualquer outro, a resposta era fácil. Mas era Shirou! Seu Shirou... seu melhor amigo, Shirou!

- E reencarna-los? – Shirou perguntou no susto, a olhando com os olhos arregalados.

Rin nem se abalou.

- Pensei nisso, também. – respondeu sem ânimo. – Além do fato de ter Espíritos que não desejam viver nessa época, eu não saberia exatamente como eles voltariam... – diante do silêncio, o olhou e viu que Shirou não tinha entendido as suas palavras. – Eles voltar como bebês, Shirou. – encerrou, irônica. – Imagina que lindo! Eu e você, criando o Archer e a Saber!

Uma expressão de nojo se espalhou pela cara do rapaz. Balançou rapidinho a cabeça, fazendo Rin dar o primeiro sorriso sincero do dia.

- E tem outros riscos... – ela continuou.

- Maior do que eu ter que cuidar da Saber bebê?! – perguntou apavorado.

- Já pensou se, numa dessas, o nosso pedido coloca o Calígula de volta no mundo? – Rin perguntou desafiando. Ele arregalou ainda mais os olhos.

- Calígula?! Por que você tá... – sozinho ele chegou a conclusão. – Puta que pariu, o Bárbaro? – ela confirmou com a cabeça.

- O Santo deduziu ontem e a Sakura confirmou hoje. Eu tenho o Bárbaro mais insano, poderoso, historicamente conhecido por suas perversões, obcecado por mim, mas, ainda assim, ele é só um servo. Pelos termos do nosso pedido, ele poderia voltar, se quisesse. E eu posso apostar que iria querer. – encerrou com um riso amargo.

Não tinha como piorar. Quanto mais pensavam, mais impossível era esse plano dar certo. A expressão de choque de Shirou foi se transformando na mesma de Rin: triste, fria, amarga. Nesse momento, ele desejava o mesmo que ela: que a Guerra nunca acabasse e eles nunca tivessem acesso ao pedido.

- Você acha que o Crosses pode ajudar a gente? – Rin perguntou sincera.

Ele pensou um momento.

- Ele vai tentar. – Shirou deu de ombros. – Mas pro Crosses, o importante do pedido é libertar os Espíritos, não manter nenhum deles aqui. – olhou pra Rin com os olhos tristes. – Ele não fez a bobagem que nós dois fizemos...

Ela foi obrigada a concordar. Se o pedido fosse só isso, era muito simples. Os libertava e pronto. Era bonito, altruísta. Mas nem ela, nem Shirou queriam isso. Eles queriam os dois servos pra eles, com eles. E isso, nem Crosses com toda a sua bondade conseguiria ajudar a manter.

- Porra, Shirou... como a gente se enfiou nessa merda de novo? – Rin se jogou no sofá, olhando pro teto, querendo chorar.

Ele se jogou ao seu lado, do mesmo jeito.

- E dessa vez, a gente se enfiou na merda até o pescoço... – ele devaneou.

Era a melhor imagem. Estavam atolados na merda. Era tão bizarra a situação dos dois, que chegava a ser engraçada. Por fim, começaram uma gargalhada tão histérica, que chegava a assustar. Riam alto, misturado com choro, se empurrando pros lados, como se lutassem. Era a demonstração mais pura do desespero. Chamou a atenção de Archer, que apareceu na porta a tempo de ver os dois se estapeando e rindo, enquanto choravam.

- Tá tudo bem aqui? – perguntou meio chocado com a cena que via.

Cortou o clima de loucura. Rin passou a mão no rosto, limpando as lágrimas.

- Tudo. – respondeu com o sorriso amargo de novo, vendo os dois e tendo a dor de pensar em escolher um deles.

Pela forma como Rin olhou pra Archer, Shirou deduziu que ela não tinha dito nada à ele. Não a julgou. Também não falaria nada a Saber, pelo menos, até ter um plano melhor elaborado. Respirou fundo e tentou retomar algum controle nessa situação caótica em que tinham se metido.

- É bom que você tá aqui, Archer. – falou com anormal simpatia, tanto que chamou a atenção do arqueiro, que já ia saindo de novo. Parou e o encarou, esperando o que podia levar a palavras tão gentis. Já Rin se apavorou, com medo de Shirou e sua boca enorme. – O Crosses precisa de ajuda. Ele quer sair pra caçar uma lenda nórdica essa noite. – e deu uma risadinha sem vergonha.

Aí ganhou Archer. Respondeu com a mesma risadinha e já invadiu a sala pra ouvir mais sobre essa caçada. Shirou explicou à ele e Rin sobre os acontecidos e as suspeitas sobre o Cavaleiro. Sobre o bilhete vindo do mestre do Assassino e a possibilidade de Santo ser o mais apto a destruí-lo. Contou todos os detalhes, só não tinham como saber onde seria a luta. Por isso, ele e Crosses pensaram que a reunião dos três servos poderia chamar a atenção.

- E o plano é invocar o Fantasma Nobre dele pra ter a certeza se ele é mesmo Siegfried? – Archer perguntou querendo rir. – Vocês são loucos! E se for? O Santo tá frito! – aí riu.

- Não tá não! – Rin rebateu de imediato, fazendo os dois a olharem. Estava com aquela carinha arrogante que ambos adoravam. – Se ele perder o tempo de ataque, você assume. – falou diretamente a Archer.

Os olhos dele se estreitaram na hora. Um plano B se formando na cabeça linda de sua mestre, enquanto ele ria do plano A do Mané Emiya... deu um sorriso de canto.

- Eu não tinha pensado nisso... – Shirou devaneou. – O Archer também seria apto a destruir o Cavaleiro.

- Não. – Rin corrigiu. – Se ele for mesmo quem estão pensando, precisará de uma perfuração completa, ocupando todo o espaço vulnerável do corpo, passando pelo coração. – e indicou o movimento, usando as costas de Archer como exemplo. – A flecha seria só pra impedir a invocação total ou pra desestabilizá-lo, sei lá.

Pronto. Era por isso que se tinha a Rin nas equipes. Ela sempre alinhava os últimos pontos, dando as laçadas mais bonitas.

- Beleza! Então nós vamos caçar uma lenda essa noite! – Shirou levantou empolgado.

- Você não vai caçar ninguém. Só eu e o Santo que faremos isso... – Archer rebateu, desdenhoso.

- Cara, você é muito chato... – Shirou resmungou, fazendo o outro rir alto. Virou pra Rin. – Fica bem. Mais tarde a gente se fala. – e encerrou dando o mesmo beijo na cabeça que Archer dava.

Ela deu um suspiro fundo. Brincar de Guerra não era ruim, ao contrário, era até gostoso. O duro era falar sério com a Guerra e essa despedida de Shirou a lembrou disso. Baixou os olhos, chateada de novo.

- Você quer conversar? – Archer perguntou mansinho, chegando ao lado dela.

- Definitivamente, não. – Rin respondeu manhosa.

- O que você quer, então? – ele perguntou de novo, puxando ela pro peito dele.

“Pedir ao Graal pra manter você aqui comigo desse exato jeitinho, sem precisar abrir mão do Shirou e sem me preocupar com os Espíritos Heroicos malucos.”

- Transar. – respondeu com a bochecha amassada, fazendo a voz sair abafada.

Archer a olhou chocado. Nada, ali, levava à isso.

- Sério? – perguntou, relativamente assustado.

Rin deu de ombros. Não tinha nada melhor pra fazer, ainda ia demorar pra sair, tinha uma chance grande de ele sumir em alguns dias e nada na vida dela ter mais sentido nenhum... Balançou a cabeça confirmando, fazendo uma careta leve de desdém.

Ele ficou ainda mais chocado.

- Credo, menina. Que cara é essa?! Eu não vou transar com você! – encerrou firme, até ofendido.

Rin começou a rir.

- Então não faz nada. Só vem aqui, pertinho. – e se ajeitou de novo, em um Archer que odiava ser tratado como um brinquedo sexual. Rin ainda tirou uma onda. Pegou a mão dele e levou até o seio. Por um segundo, ele se deixou levar. Depois, lembrou que tava bravo e puxou a mão de volta. – Você fica tão bonitinho quando se faz de menino puro, Archer!

Ele queria rir. Chegou a apertar os lábios pra não deixar a risada escapar.

- Eu não sou puro. Você que é indecente demais. – falou meio rindo, se controlando pra não cair na pilha dela.

- Como se você não gostasse... – falou com a voz rouca, enfiando a mão por dentro da calça dele. Pra Archer, foi o movimento final. A risada que tava tentando controlar rasgou a sala e ele se entregou, mais uma vez, à Rin.

- Você abusa de mim... – resmungou sorrindo, de olhos fechados e de pau duro.

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Já a noite, Shirou chegou com Saber ao encontro de Crosses e Santo.

- Fala, mano. – Javier cumprimentou mexendo no telefone. – A Rin me mandou uma mensagem, falou que tá chegando aqui. – encerrou, terminando a mensagem e olhando pro amigo. – Que foi? Tá com uma cara estranha...

Não, não estava. Mas Javier tinha o dom de notar quando as pessoas estavam tristes demais. Ou quando algo estava as abalando em um nível maior do que o necessário. Shirou achou melhor desconversar. Mais tarde, em outra oportunidade, falariam sobre o que estava o deixando tão tenso.

- Dor de cabeça. – despistou mas lançou um olhar à Crosses que deixou claro que tinha mais coisa por trás. Ele entendeu. Acenou em confirmação. Se fosse só uma dor de cabeça, seria fácil arrumar.

- Que pensas tu, Saber, do plano destes dois cavalheiros levemente alucinados? – Santo brincou com a sabre, ironizando o planejamento de Crosses e Shirou.

Saber deu uma risada alta, deixando ambos constrangidos.

- Prefiro o da Rin. – falou convicta, pegando o lanceiro de surpresa. Ainda não sabia. Shirou explicou os adendos que a amiga tinha feito. Basicamente consistia em um apoio de Archer pra Santo ter uma segunda chance de ataque, caso o primeiro falhasse. O alívio surgiu de imediato.

- Mas você vê, Santo? É por isso que eu andava colado naquela mulher! Olha as coisas brilhantes que ela pensa! – Crosses era o mais empolgado. Ele mesmo estava preocupado com o plano.

- Pessoa brilhante? Estão falando de mim! – Rin chegou brincando.

Shirou rolou os olhos. Era brilhante sim, mas era metida demais pra confirmarem isso.

- Você nunca vai conseguir chegar no horário marcado? – resmungou como sempre. Se rendeu ao primeiro sorriso, como sempre.

- E você nunca vai deixar de ser chato? – ela rebateu de imediato, indo ganhar um abraço. Queria Shirou por perto, mais do que nunca.

- Talvez eu pare um dia. – ele respondeu com pouca confiança.

- Então talvez eu comece a chegar na hora certa nesse dia. – Rin emendou sorrindo. Ganhou mais um beijo na cabeça. Estavam vulneráveis e o amparo que um dava ao outro estava sendo fundamental.

Mas teve gente que não gostou de todo esse carinho. Archer sabia que tinha alguma coisa acontecendo então não se opôs à presença de Emiya, mas não estava totalmente confortável com tanto abraço e beijo. Já Saber, ainda estava completamente insegura sobre os dois. Ainda não sabia com total certeza se podia confiar que os sentimentos de Shirou por Rin tinham ficado no passado, como ele mesmo tinha dito. Também ficou absurdamente desconfortável com aquele grude todo. Geralmente via isso entre eles, mas eram rápidos e pontuais. Hoje, Rin tinha se aboletado abraçada à cintura de Shirou, que a abraçou pelo ombro e ficou com o rosto apoiado em sua cabeça, cheirando seus cabelos, enquanto ouvia Crosses falar. A sabre via isso de canto, esperando que os dois se largassem. Ou então, olhava pra Archer, esperando que ele lançasse um daqueles “Rin!” que ele sempre gritava, quando ela grudava muito em alguém. Viu que o arqueiro também não tava feliz com a cena mas não fazia nada. Por que ninguém fazia nada? Resolveu fazer. Deu um pigarreado leve, sem efeito. Chegou um passo mais perto de Shirou e deu outro. Novamente, sem efeito. Chegou ao lado dele, que ainda não tinha a olhado e pigarreou com vontade, pra chamar a atenção. Ele chegou a assustar. Saber deu um sorriso forçado e olhou pra Rin, ainda agarrada com ele. Só então ele se tocou. Teria que pensar antes de fazer essas coisas. Agora, ele tinha namorada. Se soltou da amiga com delicadeza e se afastou, sem chamar atenção. Achou melhor nem falar nada. Pela cara de Saber, se usasse as palavras erradas, ia levar um golpe de espada sem dó.

Já Rin não tinha esses problemas. Trocou um abraço por outro. Foi direto pra Archer. Esse, também não tinha papas na língua.

- Trocou um Shirou Emiya por outro? – sussurrou maldoso no ouvido de Rin.

Ela odiou ouvir isso. Em outro momento já não teria gostado mas rebateria o comentário ridículo com alguma patada mais ácida. Mas não hoje. Hoje, especificamente hoje, ouvir ele falar isso, foi um golpe em seu coração. Se soltou de Archer e o encarou com os olhos raivosos.

- Você não é o Shirou. – falou com tanta raiva, que chegou a fazer careta. Saiu de perto dele e ficou sozinha, prestando a atenção no que Crosses falava. Na verdade, só ouvindo a sua voz. Não conseguia captar nada.

Basicamente, a primeira parte do plano consistia em esperar e torcer pra aparecer alguém. E tinha que ser o alguém certo. Então, ficaram por ali, naquela praça que tinha sido estrategicamente escolhida por ser afastada dos lugares mais movimentados. Podiam contar com a cobertura das árvores e tinham ruas paralelas sem movimento. Ou seja: um lugar deserto, perfeito pra se morrer em uma emboscada. Torciam pra que não fosse nenhum deles.

Enquanto nada acontecia, o clima pesava cada vez mais. Shirou, em um canto, tentava se explicar com Saber. O que era difícil, já que não queria contar o motivo da tristeza dele e de Rin. Já Rin, ficava cada vez mais fria. Sentou em um banco, no encosto, com os pés no assento, e começou a mexer em qualquer coisa no celular. Só não queria se enfiar em uma conversa inútil e acabar dando patada nas pessoas que mais gostava na vida.

Archer se aproximou com cautela. Nem se não a conhecesse, saberia que a coisa ali tava preta.

- Brincadeira idiota? – perguntou se sentando no banco ao lado dela e se referindo ao próprio comentário anterior. Rin nem o olhou.

- Muito. – respondeu seca e continuou mexendo no telefone.

- Rin, o que está acontecendo? Por que você tá assim? – a preocupação misturada com impaciência era perceptível em sua voz.

Ela pendeu a cabeça entre os braços. Deixou o sangue descer por um tempo, até sentir esquentar. Só aí, olhou pra ele, com os olhos estreitos, firmando a visão.

- Eu sou tão burra, Archer. – falou com um lamento irônico. – Burra e arrogante. Arrogantemente, burra. – e deu uma risada seca, sarcástica.

Ele sabia desde o começo. Desde a tarde, já tinha chegado à conclusão sozinho e não precisou que ela dissesse mais do que isso, pra ter a confirmação do que tinha deduzido sozinho.

- O pedido é incompleto, né? – perguntou com a voz triste, pegando Rin de surpresa. Por um instante, ela se sentiu violada, com medo que ele tivesse ouvido a conversa com Shirou. Depois, chegou a conclusão que Archer nunca faria isso.

- Você já sabia? – perguntou cansada.

- Não tinha pensado. – deu um suspiro longo, olhando pro nada. – Mas eu notei que tinha acontecido alguma coisa na sua conversa com a Sakura e deduzi que fosse sobre o pedido. Daí foi só juntar com o seu choro vendo aquele filme horrível e pronto. – deu um sorriso amargo.

Rin sentiu os olhos marejarem. Ser levado pela morte...

- Você ainda pode ser livre. – disse tentando se convencer de que era isso que ele tinha em mente, quando chegou.

Archer deu uma risada seca e olhou pra ela.

- Eu quero ser livre do pacto, menina. O que eu vou fazer se eu não tiver você? – perguntou com um sofrimento aparente na voz.

Os olhos de Rin não conseguiram mais conter as lágrimas. Automaticamente, ela buscou o braço dele pra se esconder.

- Archer, eu vou estragar tudo... – ela confessou baixinho, com a voz abafada na jaqueta dele. O arqueiro baixou os olhos pra entender o que significavam aquelas palavras. – Eu vou pedir você. Se eu não puder pedir pra libertar todos os outros, eu vou pedir você. – Rin falou muito baixo, pra ninguém que não tivesse a audição privilegiada conseguisse ouvir. Levantou os olhos e o encontrou a encarando, chocado.

- Rin, não faz isso... Seus amigos... – ele vacilou.

- Não é só isso... – e chorou com mais dor. – Quem é você? – perguntou com as lágrimas lavando seu rosto. Ele não entendeu.

- Archer. – respondeu, confuso.

- Quem é você? – Rin perguntou de novo, com o rosto em sofrimento. Ele começou a se desesperar. Tentou mais uma vez.

- Um guardião. – respondeu torcendo pra resposta ser essa.

- Quem é você? – a voz quase não saiu. Archer sabia a resposta. Os olhos cinzentos também marejaram. Mesmo sem controle, as lágrimas escaparam pelo seu rosto.

- Shirou Emiya. – ela fechou os olhos. Começou a chorar com muito mais sofrimento e ele a acompanhou dessa vez. Contra isso, não poderiam lutar. – Eu não vou poder ficar... – ele balbuciou, em choque.

- Você vai ficar. – Rin respondeu com a pouca força que tinha.

Ele balançou a cabeça, totalmente em choque.

- Claro que não, Rin. – respondeu áspero. – Não é fisicamente possível isso!

- Archer... – ela tomou o rosto dele entre as mãos. – Você vai ficar.

Só então ele entendeu o que aquilo queria dizer.

- Se você fizer isso, vai se arrepender pelo resto da vida... – foi interrompido.

- E se eu não fizer também. – falou firme, limpando o rosto com a manga do casaco e se levantando. – Se eu não conseguir arrumar uma solução, eu já sei o que fazer. – falou, respirando fundo pra se recompor.

Archer a encarava, levemente confortado. Ela o amava a esse ponto. Mas será que ele conseguiria viver com esse fardo? Ficou um tempo a encarando, vendo Rin se recuperar à força da decisão mais difícil de todas: decidir sobre a vida de alguém. Não queria que ela tivesse que carregar isso. Mas não conseguia negar que era maravilhoso se sentir escolhido.

- Vem cá. – pegou ela pela mão e a colocou entre as pernas em um abraço. – Eu vou te ajudar a pensar em alguma coisa. – sussurrou em seu ouvido. Era tudo o que ela queria ouvir. Sorriu, satisfeita. Olhou de volta pra ele, encostando as duas testas.

- Eu não sei o que eu vou fazer se eu não tiver você, Archer. – disse com lamento.

- Eu prometi que eu não vou embora, minha menina. Nós vamos dar um jeito nisso. – ele respondeu sorrindo mansinho. – Mas... agora tá na hora de brincar de Guerra. – falou mais alto, se levantando.

Rin notou que Santo e Saber também se posicionavam. Andou até Crosses e logo Shirou chegou até eles.

- É agora, mano. – Javier lançou. – Quer dizer, isso se for o tal do Siegfried, né?

Mas era. Aquele homem, daquele tamanho, era fácil reconhecer. A surpresa dos três, foi ver quem era o mestre do servo que ansiaram tanto por batalhar.

- Marcus?! – os três exclamaram em uníssono. Archer, Saber e Santo, olharam pra eles rapidamente. Pelo visto, o Graal tinha feito uma brincadeira de mau gosto sem tamanho. Ou tava sem saco pra escolher os mestres e pegou a toda a classe deles da Torre do Relógio.

- Que surpresa admirável! – ele ironizou. – Isso porque a Rin e o Shirou nunca nem tinham ouvido falar sobre a Guerra do Graal... Não só ouviram, como são mestres e o trio de ferro da Torre está novamente reunido! – apontou a mão, sibilando as palavras com a inveja latente.

- Não é o tipo de coisa que se comenta nos corredores de um lugar como aquele, Marcus. – Rin disse incisiva, com o olhar frio de mestre.

- Ah, mas a gente era amigo não era? – ele perguntou com a voz estridente. – Aposto que pro Crosses vocês falaram.

- Aí que você se engana, esquisitão! – Javier rebateu de imediato ao ouvir falar dele. – Só soube que eles eram mestres anteontem.

Marcus deu uma risada alta.

- Duas coisas me fazem rir nas suas palavras, amigo: você me chamar de esquisito e querer que eu acredite que não sabia do segredinho dos dois. – respondeu com ironia.

- Marcus, você é bem esquisito mesmo. – Shirou interferiu. – Fica com essas carências... isso é doença, cara. Você era nosso amigo, sim. Mas, do nada, ficou obcecado, achando que tudo que a gente falava era mentira, que tava te escondendo as coisas... – foi interrompido.

- Mas estavam mesmo! – gritou. – Essa galera reunida aqui é a prova! Fica pertinho, vamo ver. Rin e arqueiro, Shirou e sabre e Crosses e lanceiro. Olha aí!

- Você é ridículo... – Rin desdenhou.

- Você é linda mas é bem ridícula também. – ele rebateu, com meio sorriso.

- Shirou, você lembra quando ele encanou que a Rin não gostava dele? Ele ficava rodeando ela, tentando agradar de todo jeito? – Crosses começou a falar empolgado, dando risada no meio.

- Pode crer! – o outro riu junto. – Nossa, Tohsaka... lembra que você fugia dele, se escondia nos corredores laterais?

Rin rolou os olhos, rindo mais ainda.

- E o dia que eu tive que ficar na biblioteca? Escondida lá, até fechar? – falou alto, arrancando mais risada ainda dos dois. Virou pra Marcus com o rosto mais diabólico que tinha. – Foi por causa desse tipo de coisa que a gente se afastou de você, seu idiota. Você é obcecado!

- Rin, vai devagar. – Archer falou em seu pensamento. Ela rolou os olhos, deu uma bufada e concordou com a cabeça.

- Bom... a minha obsessão me trouxe até aqui. – Marcus respondeu até vermelho de raiva. – E eu tenho o servo mais forte de todos, que veio só pra batalhar com a sabre.

- Mas ele não vai. – Crosses rebateu na hora, tranquilo a ponto de deixar o outro ainda mais nervoso. – Sabe por quê? Porque não é você que escolhe quem vai lutar contra o seu servo. Você põe ele pra lutar e espera pra ver qual será o oponente.

- Ah, cala essa boca Crosses... – Marcus estava irritadíssimo.

- A Saber vai lutar contra ele, Shirou? – Javier perguntou com uma pompa desnecessária.

Shirou fez de conta que pensava. Olhou pra cima, coçou a cabeça...

- Não sei... – virou pra Saber. – Você quer? – Ela caiu na risada, mas tinha entendido o plano e negou com a cabeça. – Nada feito, Marcus. Ela não quer e você sabe que eu sou um cavalheiro. Não forço nada às belas mulheres. – ainda deu uma piscadinha pra sabre que deu outra de volta.

- Isso é uma palhaçada... – Marcus ia começar a reclamar mas foi interrompido de novo.

- O Archer vai brincar, Rin? – o tom de escárnio de Crosses deixava tudo ainda mais engraçado. Ela tava fritando. Chamou o arqueiro com o dedinho. O bom, é que os servos tinham entrado nessa onda de tirar sarro na cara do ex-colega nervosinho. Archer chegou do lado dela.

- Você quer brincar, amor? – perguntou mordendo o lábio dele. Apelou pra paixonite antiga de Marcus, que engoliu em seco e arrancou uma risada do Cavaleiro que adorava essas coisas.

- Mais tarde, Rin. – Archer respondeu rindo de cantinho. – Ah, você tá falando sobre a luta? – fingiu surpresa. – Hum... não. – encerrou fingindo desdém.

- Sinto muito, Marcus. Meu arqueiro só brinca comigo. – falou fazendo charminho e Crosses caiu na gargalhada.

- Ridículo! Vocês são ridículos! Como sempre são...

- Ridículos! – os três falaram juntos, deixando Marcus doido. Ele ficou ainda mais bravo ao ver que o próprio servo ria dele. Olhou de cara feia pro Cavaleiro.

- Estás a fazer papel de bobo... – ele rebateu o olhar, rindo baixinho.

- Não chora, Marcus... – Crosses ironizou. Virou pro lanceiro. – Santo, mi amigo, você faria a gentileza de lutar contra esse servo imenso, com essa espada gigantesca, que serve a esse excelentíssimo panaca? – nem ele se conteve. Começou a rir no meio da pergunta. Santo era sempre “santo”. Mas nem ele tava aguentando tanta chacota.

- Faço a ti este favor, Javier. Mas só porque és tu a me pedir. – respondeu rindo baixinho.

- Olha que felicidade, Marcus! – Crosses começou a bater palma. – E não é que você vai colocar seu Cavaleiro pra lutar?

- Ele vai lutar com a sabre! – Marcus rebateu, nervoso.

- Não vai! Eu já disse que não. – Crosses respondeu firme.

- Tenho a solução, garoto. – o Cavaleiro interferiu. – Luto com a dama da espada, depois de derrotar o mestre lanceiro. – e deu um sorriso largo pra Saber.

- A dama da espada... – Shirou ironizou. – Não gostei disso aí, não. – balançou a cabeça, rindo.

- Não te preocupas, mestre da sabre. Não tenho intenção nenhuma com ela, além de brandir as espadas. – o Cavaleiro respondeu com malícia pra Shirou.

- Espero mesmo... – ele resmungou, indo pro lado da sua dama da espada, que adorou aquela cena de ciúme.

Crosses bateu as mãos, empolgado.

- Bom, então é isso? – perguntou agitado. – Santo, vai que é tua, campeão! – deu um tapinha no ombro do amigo e se afastou.

Marcus estava tão nervoso, que nem notou que o modo como os outros se posicionaram foi absurdamente estratégico. Saber, Shirou e Crosses ficaram na lateral, ao lado de um brinquedo desses articulados, de metal, comum em praças públicas. À ela, cabia o papel de proteger os mestres de algum ataque paralelo. Rin e Archer se afastaram mais, subindo nesse “trepa-trepa”. O arqueiro, dali, tinha uma visão perfeita das costas do Cavaleiro e do perímetro total. Conseguiria proteger Rin e, na necessidade, leva-la à Saber pra poder interferir diretamente na luta. Estava tudo saindo conforme eles mesmos planejaram. O melhor que podia ter acontecido, pra aliança, era o mestre do Cavaleiro ser alguém tão instável quanto Marcus Davis.



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