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História Sob o pretexto da guerra - Faça ele acreditar


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Fate/Stay não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Oi, gente! Tudo bom com vocês?
Gostaria de aproveitar esse espaço pra agradecer pelo monte de comentários. Sério, eu nunca achei que tanta gente assim gostasse de Sob o pretexto da guerra. Recebi tanto carinho, de tanta gente que fez verdadeiros reviews da história, que meu coração se encheu de amor.

Obrigada de coração.

Vamos à leitura?
Boa leitura!

Capítulo 36 - Faça ele acreditar


- Mais ou menos. - meneou a cabeça. - Vou tentar explicar. Na minha linha temporal, eu não lutei com o Lancer na Guerra. Lutei com… você.

Ele arregalou os olhos, surpreso.

- Na minha também. - rebateu, confuso. - Não, peraí. Você quer dizer que lutou com o Shirou de lá como aliado?

- Também. Mas eu tô me referindo ao meu espírito heroico.

Dessa vez, não foi só o olho que ele arregalou.

- O Shirou era seu espírito heróico?!

Rin acabou dando uma risadinha. Essas conclusões precipitadas e confusas eram mesmo a cara do seu Shirou.

- Em termos. - e se ajeitou na cadeira, respirando fundo. - Vou tentar te explicar do jeito mais simples possível e, depois, a gente preenche as lacunas. - ela sabia que o que diria, a partir de agora, tinha grandes chances de desencadear uma catástrofe. Mas não tinha mais como recuar. - Na Guerra que eu lutei, há dez anos… - Shirou ia corrigir, mas se conteve. Não falavam da mesma Guerra. - … eu também tentei trazer a Saber. Só que quando eu fiz a invocação, outro servo apareceu e eu deduzi que fosse o Arqueiro porque só eles dois ainda não tinham sido invocados. Mais tarde eu descobri que o servo que eu tinha trazido não era um arqueiro, apesar de ser hábil com o arco. Ele era um guardião.

Shirou vacilou ao ouvir essa palavra e Rin percebeu. Pelo visto, ele já tinha tido contato com essa possibilidade. Era a primeira vitória que tinha naquele dia. Pequena, mas ainda assim uma vitória.

- Aconteceu merda atrás de merda naquela Guerra, incluindo o meu servo me trair e se aliar ao servo do inimigo. E ele fez isso por um motivo simples: ele queria matar o Shirou. O Shirou de lá.

O Shirou daqui se encostou na cadeira, a encarando perplexo.

- Por que ele queria matar o Shirou? Eles se conheciam? - passava pela sua cabeça que, talvez, o Shirou da linha temporal a que Rin se referia fosse mais apto à magia que ele mesmo. Poderia ser um mago atuante, diferente do menino bobo que era quando foi jogado no meio da Guerra.

Mas Rin negou com a cabeça. Depois pensou melhor.

- Em termos simples, meu servo Arqueiro queria matar o Shirou porque ele era o Shirou. - a expressão dele ficou ainda mais confusa. - Archer e Shirou eram a mesma pessoa.

- Como? - sua curiosidade estava à mil.

- Linhas temporais diferentes.

Rin colocou essas palavras com um tom quase arrogante, como se o desafiasse a entender o que tinha acontecido. E, conforme Shirou assmilava o que ela tinha dito, foi perdendo a cor.

Ele já tinha tido a proposta de se tornar um guardião.

Ele era de uma linha temporal diferente.

- Você está… Você está querendo dizer que eu sou o tal arqueiro que você invocou? - nem ele mesmo acreditava no que estava falando, mas a concordância de Rin foi direta. - Como isso é possível?

Essa era a parte que ela dava um spoiler chato da vida dele.

- Você fez um pacto pra se tornar um guardião, Shirou. E você foi traído por aqueles que tentou proteger. Foi morto. - tinha um lamento palpável em sua voz e Rin notou que suas palavras tinham afetado ele. Shirou desviou o olhar pra um ponto qualquer, como se juntasse uma coisa com outra. - Eu não errei no momento de invocar a Saber. Foi você que manipulou os meus relógios, pra que eu não fizesse a invocação na hora certa e abrisse espaço pra você passar.

Por um instante, ele ficou em silêncio, ainda analisando suas palavras.

- Por… Por que eu quis passar? - balbuciou, em choque.

- Pra matar o Shirou. - os olhos dele se viraram pra ela, exigindo uma resposta melhor. - Archer queria evitar que o meu Shirou se tornasse ele. Alguém que dedicasse a vida à salvar os outros e terminar traído e morto.

Era estranho o que ele sentia. Por mais que achasse um absurdo tudo o que Rin falava, o corpo parecia reagir à ela, como se tudo o que ela dissesse fizesse sentido em uma memória que não tinha.

- Eu… me tornei um guardião, morri e virei um Espírito Heróico?

- Tecnicamente, não. Você nunca foi um Espírito Heróico mas foi assim que eu te conheci. - sua face se abrandou, lembrando da primeira vez que o viu, arrogantemente sentado em sua sala destruída. - Foi assim que eu me apaixonei por você.

Rin disse isso num devaneio, mas foram palavras que o tiraram daquele torpor. Shirou olhou pra ela, quase com raiva.

- Explica. - seu tom foi firme.

- Lutamos a Guerra há dez anos. Eu toquei minha vida, fui estudar em Londres, mas nunca o esqueci. Há uma semana, uma nova Guerra começou e eu trouxe o Archer de volta, na intenção de ganhar o prêmio e pedir que ele ficasse comigo.

Shirou abriu os braços, confuso.

- E como você veio parar aqui?

Essa era a outra parte complicada que ainda teria que tentar contar.

- Você concorda que dois Shirous não poderiam viver na mesma linha temporal? - ele concordou, meio vacilante. - Então. É isso.

O silêncio que se seguiu, era dele esperando um complemento.

- Isso, o quê? Eu não tô entendendo porra nenhuma, Tohsaka… - passou a mão pelo rosto, completamente frustrado. - Deixa eu recapitular o que dá: existe uma outra linha temporal, onde um Shirou, que não sou eu, é seu amigo.

- Correto.

- E nessa linha temporal, vocês lutaram uma Guerra e você invocou um guardião que, no caso, sou eu. Um Shirou de outra linha temporal.

- Correto também.

- E eu, eu mesmo, esse aqui, vou me tornar um guardião, tomar no meu cú, morrer e invadir a sua linha temporal pra matar o outro Shirou e impedir que ele faça essa mesma merda.

Rin chegou a bater palmas de felicidade.

- Muito correto!

- E você quer que eu acredite nisso? - ele a encarou querendo rir. - Qual é, Tohsaka. Até a parte das linhas temporais eu posso acreditar, mas essa daí que eu sou um Espírito Heróico e tento matar minha outra versão pra salvar ele… Aí é muito, você não acha?

Não, ela não achava. Rin amuou na hora.

- Foi o que aconteceu… - murmurou, apertando as têmporas. Sua dor de cabeça tinha aumentado ainda mais, como se fosse possível.

Mas Shirou tinha gostado dessa ficção que ela estava inventando.

- Se eu entendi o que você falou, você era apaixonada por mim. - Rin abriu os olhos e viu que ele a encarava de um jeito bem sacana.

- Pelo Archer. - rebateu seca e fechou os olhos de novo.

- Que sou eu, no caso. - ela sentiu uma vontade inumana de dizer que não era, mas seria mentira. Só acenou com a cabeça. - Quer dizer que eu precisei virar um guardião, morrer, manipular sua invocação, te trair, tentar matar o seu amigo e esperar uma nova Guerra pra você gostar de mim? - Rin abriu um olho só. Ele estava se divertindo. - Tá fácil. Agora que eu sei o que fazer, ficou moleza.

O duro era o sarcasmo.

- Não sei pra quem. Perdi meu Archer e perdi meu Shirou. Sobrou… você. - Rin rebateu com uma pontinha de desdém.

- Como perdeu?

E voltavam as explicações que não fazem sentido pra ninguém.

- Essa última Guerra… Eu pedi ao Graal que libertasse todos os Espíritos que não desejassem mais viver na roda de invocações. - respirou fundo, juntando todo o ar que conseguiu e abriu os olhos, dessa vez o encarando de frente. - Incluindo você.

Shirou era esperto, entendeu de primeira o que ela estava dizendo. Ficou claro pra ele que, apesar de Rin ter chegado toda cheia de si, estava vivendo uma espécie de luto e seu tom entregou tudo. Os olhos dela, agora, já não tinham mais malícia. Seus movimentos pequenos denunciavam um cansaço que só a Guerra causava. E dor. Se parasse pra analisar bem, Rin exalava dor, apesar de tentar parecer forte.

- Eu sinto muito. - ele disse de um jeito solene.

Mas Rin se divertiu ouvindo isso. De um jeito amargo, ela se divertiu.

- É irônico você lamentar por sua própria morte… - resmungou no meio de um riso estranho.

Shirou voltou a se sentir incomodado. Essa parte de o tal Archer e ele serem a mesma pessoa ainda não tinha descido.

- Tohsaka, por que você está aqui? - perguntou firme e quando ela rolou os olhos, pensando que teria que recomeçar toda a conversa, ele interrompeu. - Tudo bem. Considerando que o que você me disse é verdade, qual o motivo de você estar aqui? Aqui, nessa linha temporal, falando com uma pessoa que, claramente, não é nem o seu Shirou muito menos o seu Archer?

Rin pensou um segundo na resposta.

- Porque agora eu moro aqui. - não encontrou nada melhor que definisse. - Eu ganhei a Guerra mais uma vez, Shirou. E eu conquistei o meu pedido dessa vez.

- Certo. Seu pedido de libertar os Espíritos Heróicos. Isso ainda não justifica o fato de você estar aqui. - ele rebateu imediatamente, como se soubesse o que ela planejava dizer.

Com aquela mesma perspicácia que só Archer tinha.

- Não mesmo, você tem razão. - e se ajeitou melhor na cadeira, tomando um último fôlego para recomeçar a falar. - Na verdade, o que eu queria mesmo, eram dois pedidos. Três, na verdade.

O modo dela falar, tranquila, como se tudo fosse assim tão simples, fez ele dar uma risada alta.

- Pelo visto o Graal da sua linha temporal é bem mais bonzinho que o da minha. Aqui só um pedido é realizado e, ainda assim… - sentiu um frio correr a espinha, lembrando da destruição que havia sido causada na Guerra que lutou.

- Na minha também. Por isso eu estou aqui. Pra conquistar os outros dois pedidos.

Rin disse isso de um modo tão otimista, que Shirou se deixou levar por aquele sorriso largo, que fazia com que os olhos dela se apertassem. Tohsaka era tão bonita como nem se lembrava. Na verdade, essa Tohsaka sentada na sua frente era ainda mais bonita. Aquela de antes era dual demais. Em um momento, agia com tranquilidade, dando a entender que algo entre os dois poderia surgir. Em outro, deixava claro que o seu papel era o de mero aliado. Essa de agora não. Ela era inusitada, livre. Se mexia com grandiosidade, não tinha um pingo de educação e não se preocupava com o que iam pensar. Pelo menos era o que parecia.

- Você está tão diferente… Tão… melhor… - ele deixou escapar no meio daquele sorriso contemplativo e, pela primeira vez, viu aquela Rin toda determinada se perder. Suas bochechas coraram e ela ficou mais tensa. Pelo visto não tinha gostado do comentário. Também, pudera! Há anos não via aquela mulher e agora vinha julgando melhoras em sua conduta. O próprio Shirou se condenou por isso. - Conquistar os outros dois pedidos. Foi aí que você parou. - voltou ao assunto, pigarreando pra retomar a seriedade.

Rin também tinha se perdido um pouquinho. Desde que tinha chegado, essa era a primeira vez que Shirou tinha lhe feito um elogio.

- Sim, conquistar os outros pedidos… - balbuciou, se remexendo na cadeira. A dor de cabeça já estava insuportável mas não queria parar agora. Na verdade, nem podia. - Pra ser bastante rápida, eu precisava de três pedidos. Um que libertasse os Espíritos Heróicos. Um que permitisse que o Archer ficasse comigo. E um que permitisse que Saber ficasse com Shirou.

Mas era rápido demais pra alguém que não tinha entendido nem o começo.

- Parou aí. - ele a interrompeu, levantando o dedo indicador. - O primeiro pedido eu já entendi. - no fundo tinha até gostado disso. - O segundo eu consigo deduzir. Se o tal Archer era um Espírito, quer dizer que estava morto e, conseguindo o primeiro pedido, isso faria com que ele sumisse, certo? - Rin concordou levemente com a cabeça. Já estava a ponto de desmaiar de dor. - Agora me explica o que raios Saber e Shirou tem a ver com isso?

Tanta coisa pra ser falada.

- Se apaixonaram, ponto final. - e se recostou na cadeira, jogando os pés sobre a mesa. Não fez a mínima questão de olhá-lo, até porque não sabia se seria reprovada por isso. Não ligava. Se ele xingasse… manteria os pés lá. - Shirou se apaixonou pela Saber do mesmo modo que eu me apaixonei pelo Archer. E eu preciso ganhar a aposta que fiz com o Graal, pra ela poder ficar com ele.

A cada palavra que ela dizia, mais Shirou tinha a certeza de que Tohsaka tinha enlouquecido.

- Eu e Saber… - ele balbuciou, chocado com a informação.

- Não, amor. Você e eu. Shirou e Saber. - Rin corrigiu, ácida.

- Ah, sim, claro. Eu sou o Archer nessa sua história, né? - rebateu com ironia e recebeu um bico de desagrado. - Você está bem, Tohsaka? - aquela posição dela, quase deitada no meio de sua sala, não parecia a de alguém que estava bem.

- Não. Provavelmente meu corpo tá se desintegrando por ter mudado de linha temporal, mas eu não tenho tempo pra morrer. - e respirou fundo. - Você não perguntou o óbvio até agora.

Ele duvidava. Tudo o que tinha perguntado era insanamente importante pra entender essa loucura que ela inventava.

- E o que seria? - estava verdadeiramente curioso.

- A aposta. - Rin respondeu firme. Sua voz já estava embolada pela dor. - O que eu apostei com o Graal, pra poder conseguir o que eu quero.

Dito assim, ele concordou que realmente não tinha perguntado o óbvio.

- Tem razão. Qual a sua aposta com o Graal?

Tinha duas formas de responder isso, a simples e a complexa. Infelizmente, Rin tinha certeza que a simples não bastaria. Apoiou o antebraço sobre o olho, impedindo a luminosidade de passar por suas pálpebras.

- O Graal me disse que eu não poderia manter os dois Shirous comigo e tentou me manipular pra que eu escolhesse você e abrisse mão do outro. Só que eu tinha prometido que usaria o pedido, caso ganhasse, pra libertar os Espíritos Heróicos.

- Prometido pra quem? - ele perguntou, curioso.

- Pra você. - Rin respondeu ríspida. - E não me interrompe, por favor. Porque já tá difícil pra porra organizar as palavras na minha cabeça. - Shirou chegou a se estremecer pelo fumo e chacoalhou as mãos na frente do corpo. Por mais que ela não visse, prometeu sem palavras que não interromperia mais. - Enfim, eu sabia que não podia quebrar minha promessa, até porque Saber e Shirou já estavam juntos, blá, blá, blá. Só que aí eu fui lembrada do óbvio, que é o fato de que Archer estava morto e libertá-lo não faria com que ficasse comigo. Ele esfarelaria no ar… - sua voz se tornou mais branda. Provavelmente era o que tinha acontecido. O medo tomou conta de seu corpo de novo, mas agora era tarde. Não tinha mais como voltar atrás. Respirou fundo e continuou. - O Graal sabia que sobre meus planos de libertar os Espíritos e, é lógico, ele não queria isso. Então tentou me manipular, pra que eu escolhesse só você e abrisse mão de todo o resto.

E parou. Shirou quase teve uma síncope. Estava tão envolvido no que Rin dizia, que ela parar no meio parecia uma novela cujo capítulo termina faltando a revelação bombástica.

- E você escolheu?! - perguntou gritado, como um bom espectador.

- Claro que sim. Porque agora estamos juntos, felizes e transando como dois coelhos, não estamos? - ele torceu o nariz pra ironia. Mas a ideia de transar lhe pareceu simpática. - De toda maneira, não tinha como eu manter Archer e Saber, sem saber com certeza de que modo eles estariam. - se lembrou da conversa com seu Shirou, onde a possibilidade dos dois voltarem como bebês tinha arrancado boas gargalhadas. Sentiria falta daquele idiota. - Então eu pensei na possibilidade de estar com o Archer quando ele ainda não era o Archer, entende?

Ele esperou um segundo, pra saber se podia falar. Só quando Rin acenou com a mão, abriu a boca.

- No caso, eu. Sua possibilidade de ficar com Archer antes que ele se torne Archer, é ficando comigo. - falou com incerteza. Nessa altura já se referia à si mesmo como Archer, mesmo sem saber se acreditava totalmente nessa loucura.

- Exato. Estar aqui com você, nessa linha temporal, me garante o segundo pedido, que é estar com o meu amor e ter uma vida bem vagabunda e ordinária. - encerrou rindo do cenário. Rin sempre tinha detestado aqueles casalzinhos melosos, cheios de fru-frus, e agora tinha virado o mundo do avesso só pra ter o mesmo.

Já Shirou se ofendeu. De um jeito muito bizarro, ela já estava taxando um possível relacionamento dos dois como vagabundo e ordinário. Ele ainda conheceria essa Rin com esse humor ácido.

- Mas ainda falta o terceiro pedido. - e aproveitou que ela estava de olhos fechados pra lhe fazer uma careta.

- E é aí que entra a aposta. - Rin suspirou, se remexendo na cadeira. Abriu os olhos com dificuldade e se sentou direito, apoiando a cabeça sobre o topo da mesa. - Eu fiz uma aposta com o Graal. Se eu ganhar, ele liberta a Saber exatamente como é, pra viver com o Shirou.

Altruísta. Bastante altruísta. Shirou sentia uma certa inveja do outro Shirou. Não dava pra acreditar que Rin Tohsaka o amasse tanto a ponto de barganhar com o Graal que, certamente, não estava jogando pra perder. Ele entendia os riscos e isso o deixava ainda mais perplexo. Definitivamente essa Rin não era a mesma que conheceu.

- E se você perder?

- Eu viro um Espírito Heróico.

Rin disse isso com uma tranquilidade absurda. Ele não conseguia determinar se ela só estava letárgica pela dor que, claramente, sentia, ou se realmente estava achando natural. Mas Shirou não. De imediato se preocupou com essa aposta. Se Rin perdesse, estaria presa eternamente na mesma roda de invocações que lutou pra encerrar.

- O que você apostou?! - estava assustado.

E assustou ainda mais quando a viu fechar os olhos devagar, colocando um sorriso triste no rosto.

- Archer. Eu apostei o Archer.

Shirou ficou ainda mais confuso mas essas palavras, essas em específico, lhe deram um choque tão forte, que sentiu o corpo todo se adormecer. O que ela queria dizer com isso?

- C-Como assim? - balbuciou a pergunta e o sorriso de Rin aumentou ainda mais.

Quando os olhos azuis esverdeados se abriram, ele sentiu. Estava com ela. De algum jeito, estava conectado à ela.

- Eu preciso te salvar do seu destino, amor. - sua voz saiu macia, suave.

Ela tocou os ouvidos de Shirou como uma melodia, acalmando seu coração. Deu à ele uma sensação estranha, confortável, de estar sendo protegido, cuidado. De estar sendo amado. Foi isso que sentiu. Shirou se sentiu amado e por Rin Tohsaka. Aquele amor que tinha ficado adormecido por tanto tempo, reacendeu. Não forte, não queimando, mas como uma pequena fagulha, que insiste em sobreviver mesmo no meio de uma tempestade que quer apagá-la.

Era surreal demais. Era surreal a história, era surreal a presença de Rin ali e era surreal que se sentisse apaixonado por uma menina cruel, que tinha o abandonado há vinte anos. O deixado pra trás como um cachorro.

E agora ela vinha, dizendo que tinha feito mil e uma loucuras pra estar ao seu lado.

Dava pra duvidar.

- O que quer dizer com isso, Tohsaka? - perguntou firme, quase irritado.

E ela percebeu. Rin se forçou a se sentar, encarando-o com a mesma dureza que recebia.

- Se eu não te impedir de virar um guardião, nós dois estamos perdidos.

Essa sim ele conhecia.

Determinada.

Arrogante.

Cruel.

E, de um jeito bem torto, sentia uma falta inumana dessa garota metida por perto.

 



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