1. Spirit Fanfics >
  2. Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião >
  3. Caça e Caçadora

História Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião - Caça e Caçadora


Escrita por: Draconnasti e Katrinnae

Notas do Autor


Antares percorre entre os Mundos Humano e dos Mortos, acompanhada do Oráculo, um terreno completamente desconhecido para ela. Seria essa a chance de conseguir o espaço que tanto deseja?

Capítulo 25 - Caça e Caçadora


Crianças.

Antares podia perceber que eram essas as almas que corriam e brincavam. Eram brancas e não emanava qualquer maldade delas. Por outro lado, havia outras chorando, sempre vagando próximo à alguma propriedade, ou pelas ruas, sem nunca saírem do mesmo lugar. Por um instante, ouviu-se o choro de bebê. Uma busca rápida e encontrou uma mulher com uma criança nos braços próximo ao que seria uma barraca, sentada no chão.

Seu olhar se deteve nesses últimos, apreensiva. Pensou em questionar ao Oráculo, sobre poder fazer algo sobre eles, mas, naquele momento, tinha que ajudar ao virginiano. Em silêncio, orou pela segurança daquelas duas e seguiu em seu caminho. Quem sabe, mais tarde, não retornaria ali, pelo mundo material, e as procuraria.

O mais estranho e curioso era que aquelas almas não tinham rostos ou quaisquer características humanas. Eram quase amorfas e que, de certo modo, conseguia identificar seus gêneros pelas formas, ainda que distorcidas. Algumas tinham espíritos brancos, outros opacos como que fumaça presa num vidro e se mostravam mais agressivos. Outros provocavam uma sensação de pena incondicional pelo som de seus lamentos. E havia aqueles que não se podia ver, somente ouvir seus assobios como de uma brisa, provocando calafrios.

– Há algo provocando um desequilíbrio aqui. – Comentou o Oráculo indicando o comportamento inquieto de algumas almas. Mesmo as crianças pareciam brincar desconfiadas. – Esses espíritos parecem mais perturbados do que são. Mesmo que não tenham ciência, eles sabem que algo está errado.

A escorpiana o ouvia e mantinha atenção em tudo, percebendo as chamas vez ou outras reagirem a algo. Por um instante, percebeu uma sombra surgir rapidamente próximo a uma chama azul e logo desaparecer como se a mesma o consumisse.

– E-eles estão mortos ou são os reflexos do Mundo dos Homens? – Ela quis saber, sentindo-se perturbada com aquilo tudo.

– Muitos destes são reflexos do Mundo dos Homens. Note que nos ignoram, não fazem ideia que estamos aqui. Outros… – Ele explicava, quando apontou para aquele inquieto em frente à uma propriedade, andando sempre no mesmo lugar. – Percebem nossa presença, olham para nós dois desconfiados… Não sei se pode nos ver já que não estamos mortos, mas apenas… são invasores, digamos assim… deste plano.

– E como vamos saber quem, ou o que, está deixando essas almas inquietas?

– Não saberemos. – O Oráculo disse, vendo sua expressão confusa diante da resposta. Parou seus passos, olhando à sua volta. – Porém, precisamos ter cuidado. Você é quem melhor pode perceber nuances que possa nos guiar aqui. Eu apenas posso senti-los, não vê-los como um predador buscando por sua presa.

– Entendo. – Ela replicou, voltando-se para o sentido da via. – Então, eu devo rastrear o que quer que pareça estar fora desses padrões, certo? – Completou, vendo-o assentir.

A Amazona então fechou os olhos e inspirou profundamente aquele ar que parecia pesado em seus pulmões. Se estivesse sozinha, certamente teria removido a máscara para buscar ao máximo qualquer anomalia sensorial. A questão era que, naquele momento, tudo ao redor lhe parecia estranho.

Agachou-se, levando os dedos ao chão, sentindo o que parecia ser o pavimento daquele lugar. Sua textura era tão diferente que ela não conseguia definir ao certo, ficando a brincar com os dedos por algum tempo. Desenhava círculos ao seu redor, deixando que a palma deslizasse. Por vezes, levava um pouco das pedrinhas e da poeira em seus dígitos, farejando.

Virgem a observava com certa reserva e curiosidade. Em um primeiro momento, se perguntou o que ela estava fazendo, brincando com a mão no chão. Levou uma fração de segundo para compreender, lembrando-se que já tinha visto Scorpio fazer algo parecido. Ele sempre fazia algo do tipo quando dizia abertamente que não conhecia uma área. Não era algo que o Oráculo acharia extraordinário, porém o deixava bem interessado.

“Até onde ela pode ir?”, ele pensou por um momento.

– Adiante. – A jovem falou, inclinando a cabeça como se isso pudesse faze-la ouvir algo que o virginiano não conseguia. – Três deles...

Ela abriu os olhos, que reluziram quase de imediato, vendo rastos de um púrpura-escuro, quase negro, se formarem à sua frente. Como uma nuvem de poeira colorida se destacando em meio a tantas outras cores infinitamente menos vibrantes, e algumas até beirando ao cinza absoluto.

– Esses passaram por aqui há... algo em torno de quatro horas... acho... – Completou a escorpiana, se colocando de pé. – Seriam aqueles que buscamos?

Ele apenas indicou com as mãos para que fosse ela a guiar o caminho, embora o virginiano mantivesse os sentidos alertas.

– Há uma inquietação maior próximo daqui. Sede. Fome. – Comentou o Dourado. – A sua força está crescendo!

– Sim... E não irá escapar... – Ela murmurou de modo sombrio, dando alguns passos para a frente, antes de desatinar a correr.

Ela avançou seguindo aqueles rastros, ainda que nenhum deles fosse, ainda o seu alvo. Ia de um ponto a outro, indo e vindo, sem sequer recuar e isso chamou a atenção daquele que a acompanhava.

O Oráculo intencionou dizer algo, mas a Amazona distanciou-se antes mesmo de que pudesse alertá-la de qualquer perigo. No entanto, assistia espantado o que fazia, buscando acompanhá-la enquanto tentava compreender seu objetivo com tudo aquilo. “Ela está criando um cerco…?!”, pensou ele.

Assim seguiu até chegarem a um lugar mais deserto, quando Antares saltou como um imenso felino. Tinha os braços para a frente, com garras vermelhas e incandescentes o que quer que estivesse na sua frente.

Ela sorriu vitoriosa com aquilo. “Peguei!”, pensou. Até já podia sentir a carne de sua presa se rasgando em suas mãos, enquanto os ossos se partiam com o choque que viria em seguida. Um deleite antecipado.

O que quer que a Amazona de Ouro tivesse pego, o mesmo pareceu escapar por entre seus dedos como se tocasse num vazio, deixando-a com uma expressão incrédula por debaixo da máscara. Um arrepio percorreu sua espinha quando olhou para aquele espírito

Diferentes das almas que vira antes, ela pôde ver bem aquela sorrir enquanto veias negras o envolviam. Antes que pudesse ser atingida, sentiu seu corpo ser puxado para junto do Oráculo.

– KHAN! – Exclamou o Virginiano, criando um escudo em forma de domo que os envolveu, bem a tempo de protege-los do que parecia ser um açoite negro, vindo das costas daquela alma.

– Como é?! – A escorpiana guinchou tão intrigada quanto contrariada.

– Não se esqueça que não estamos no plano físico, mas entre as dimensões do Mundo Vivo e dos Mortos. – Alertou o Virginiano, puxando-a para trás de seu corpo, protegendo-a. – Suas técnicas não terão qualquer efeito aqui. Por outro lado, você fez com que eles se revelassem... – E sorriu. – … o bastante para também vê-los.

– E o que é preciso para detê-los?! – Ela questionou, visivelmente frustrada. – Dará conta deles sozinho?!

– O caminho é tirá-los desse plano intermediário que liga os dois mundos. Ou os levamos para o Mundo dos Mortos, o que não recomendo, ou Mundo dos Homens com risco de tomarem corpo de civis se não pudermos selá-los. Ambos são igualmente arriscados.

– Alguma ideia de como fazer isso? – Antares quis saber, ainda frustrada.

– Tem muitos alvos potenciais aqui... – O Oráculo murmurou, olhando ao redor. – Temos que ir para um lugar seguro primeiro e depois tentar aprisiona-los...

Uma nova chicotada se fez ouvir, fazendo com que ela se encolhesse por conta do barulho. Se não estivesse com chumaços bem compactados de algodão nos ouvidos, provavelmente estaria surda temporariamente. O novo golpe deixara uma marca esbranquiçada, que desaparecia gradualmente, no escudo erguido pelo Cavaleiro.

A sua frente, mais dois se juntavam àquele que direcionava seu Cosmo agressivo contra a proteção. Viu o Oráculo fortifica-la, na esperança de se protegerem, porém não tinha ideia de até onde ia a força daqueles inimigos, e nem o quanto o seu companheiro poderia suportar àquelas condições. A Amazona então teve uma ideia, mas para isso precisava ter certeza de uma coisa.

– Tudo aqui é reflexo do Mundo dos Homens, certo? – Ela questionou, olhando-o com firmeza.

– Sim, é. – Ele respondeu, mantendo o olhar sobre o oponente que tentava romper sua barreira.

– Tudo o que tem aqui, tem no Mundo dos Homens, não é mesmo? – A escorpiana insistiu.

– O que você tem em mente?! – O virginiano quis saber, sem entender o motivo daquelas perguntas que pareciam redundantes.

– O senhor baixará as defesas e eu os atrairei para longe. – Ela pontuou, olhando para os inimigos. – Uma vez que estejamos em local seguro, o senhor nos leva a todos para o Mundo dos Homens.

– Enlouqueceu, mulher?! Eu não posso fazer isso! – Ele censurou achando aquela ideia um absurdo sem tamanho. – É perigoso até mesmo para você! Eles podem possui-la...!

– Tem alguma ideia melhor então? – A Amazona questionou em tom de desafio. – Porque se ficarmos aqui, se fazermos nada, seremos derrotados.

O Oráculo praguejou mentalmente por aquele atrevimento em dizer-lhe o que fazer, porém censurou-se logo depois por aquele pensamento. A Deusa Athena e o Caçador não confiariam uma Armadura Sagrada para alguém que não tivesse nível para isso. Muito menos uma Armadura de tão alta estirpe.

Além disso, ela estava realmente correta. Podia manter aquela barreira por um bom tempo, mas não para sempre. Em algum momento, se cansaria o suficiente para não conseguir mais mantê-la, e aí seria o seu fim.

– Espero que seja realmente rápida para o que planeja. – Disse ele hesitante, esperando apenas por seu sinal para dissipar o escudo. – Darei uma proteção mínima, mas não se afaste demais de mim ou se perderá nesse mundo ou em qualquer outro.

– Não me afastar, certo? Tentarei não sair do alcance de seus olhos. – Ela repetiu. – Espero que o senhor também seja rápido. Eu estou pronta.

Ele deu o sinal, baixando a barreira. Mal o fez e sentiu uma brisa passar ao seu lado, fazendo-o arregalar os olhos. A escorpiana já estava atrás dos espíritos, chamando a atenção deles para que a seguissem. Oráculo precisou correr.

Antares correu pelas ruas e becos, pegando impulso para subir paredes e saltar muretas, enquanto emitia pulsos de Cosmo. Olhava por cima do ombro, percebendo os alvos em seu encalço, absorvendo o que restava da energia que deixava para trás.

Por vezes reduzia o passo e arriscava alguns golpes mais fracos, testando suas possibilidades, mas nada era muito efetivo de fato. Mesmo sua Agulha Escarlate apenas os retardava, fazendo-os consumir mais energia para poderem continuar com aquela perseguição. Precisava mantê-los interessados apenas em caça-la, até chegar no local desejado.

E isso significava que ela não podia, de forma alguma, utilizar a última técnica que seu mestre ensinara antes de partir.

Conseguiu chegar onde desejava, um pequeno bosque fora do perímetro urbano, em uma estrada de pouco movimento. O lugar onde correria menos riscos de envolver inocentes. E logo se viu sozinha, diante dos três que agiam como predadores sedentos por sua presa. Outrora, seria a escorpiana a estar com todo esse entusiasmo.

Um deles parecia maior e mais reluzente, possivelmente foi quem mais se alimentou das migalhas de Cosmo deixadas pelo caminho enquanto outros dois se curvavam diante dele. Sua silhueta era corpulenta e curvada, como que incapaz de suportar o próprio peso por muito tempo.

– Seu Cosmo é mais saboroso que daqueles Cavaleiros medíocres de Prata. – Disse o maior, com um som estridente que fazia a jovem sentir calafrios. – Absorvê-lo será mais que suficiente para recuperar meu corpo e receber a perdão do meu Imperador!

– Obrigada... eu acho... – Ela devolveu, colocando-se novamente em guarda. – Mas não sei se vai te fazer bem. Parece que você “comeu” demais. Deve estar se sentindo meio... não sei... pesado.

As duas figuras que o acompanhavam desapareceram como fumaça, e ressurgiram, um de cada lado da Amazona e criando uma atmosfera pesada e sufocante. “Oráculo, é bom que o senhor não demore...”, ela pensou começando a ficar preocupada.

Embora tivesse usado sua própria energia para atraí-los, Antares tentou desprender pequenas doses de nocivas naquelas iscas, na esperança de minar suas forças. Contudo o resultado parecia ser ineficiente. Praguejou.

“Lembre-se que não está aqui, Escorpião. Não se engane pelos sentidos!”, ecoou a voz do Oráculo, embora sua presença não fosse sentida.

– Encontrarei seu corpo, Amazona… e vou me banquetar com sua carne! – Bradou o Espectro maior, abrindo um largo sorriso e pronto para saltar sobre ela quando todo o espaço se transformou.

Como um vórtice, todo o bosque foi absorvido. Primeiro o vácuo, depois o surgimentos de mundos distintos que eram sobrepostos ao outro, cada qual com criaturas de cenários, dos mais pacíficos aos caóticos. Ao centro desse turbilhão, um grande olho se abriu, onde uma silhueta surgia e foi reconhecida por Antares como sendo do Cavaleiro de Virgem num intenso dourado que tomava todo seu olho.

– SEIS SAMSARA! CICLO DAS SEIS EXISTÊNCIAS! – Exclamou ele abrindo os braços, momento este em que tudo era sugado.

Os Espectros tentaram se agarrar em qualquer coisa que os impedisse de serem puxados para dentro daquela fenda no vazio. Gritavam e se debatiam, até que um a um, foram engolidos.

Antares sentiu como se fosse engolida pelo próprio vácuo gerado e desaparecer. Instintivamente, tentou se proteger, firmando bem os pés ao chão e tentando se manter ancorada com o uso das garras, mas de nada adiantou. Fora puxada e mergulhou no escuro, imaginando o que aconteceria a partir dali.

Não conseguia ver ou sentir nem mesmo a Armadura que revestia seu corpo. Tentou gritar, entretanto nem mesmo ouviu a própria voz. Seria aquilo a morte? Por um momento, agitou-se.

A queda era constante. “Feche os olhos, Escorpião, e guie-se apenas pela minha voz!”, ecoou Oráculo em sua mente. “Não há o porquê ter medo”.

E assim ela fez, embora não fosse tão fácil quanto gostaria e precisava. Não muito tempo, sentiu seus pés tocando algo, deixando seu corpo ceder e a respiração, antes presa, finalmente sair por sua boca. Ao abrir os olhos, estavam de volta ao Templo de Virgem, com os três Espectros em sua forma mais cadavérica diante dela. A carne podre de seus corpos estava queimada e pendurada sobre os olhos fissurados.

– M-MALDITA…! – Exclamou o maior, dirigindo-se sobre Antares, ainda fraca e desnorteada quando uma luz atrás de si a atravessou e atingiu o oponente que gritou.

Outros dois também foram alvejados e engolfados. Eram três pilares de cristais reforçados.

– Por muito pouco, Oráculo! – Disse o Cavaleiro de Áries para o virginiano que surgia do outro lado da sala. – Bom trabalho!

– Agradeça à Escorpião. – Sorriu o virginiano voltando-se para ela. – Agora seguirão seu rastro de Cosmo até aqui e poderemos selá-los. Não seria possível sem a Caçadora!

✶~~✶✶✶~~✶

Atenas estava mergulhada na noite, mas o Santuário não. Por medida de segurança, os guardas e Cavaleiros haviam aumentado a quantidade de piras no perímetro externo. Desse modo, buscavam ter maior alcance de visibilidade e esperavam não serem surpreendidos por novos invasores.

Nyctimus estava entre uma das patrulhas, formadas por um Cavaleiro de Bronze e vinte guardas bem treinados, após muito insistir a Kartal de Águia para que o deixasse fazer aquilo. Sentia-se muito melhor, contudo não podia abusar. Se fraquejasse e isso chegasse aos ouvidos do Cavaleiro de Águia, seria uma humilhação ainda maior.

A noite estava calma, calma demais, e isso deixava visível o desconforto de muitos ali. A maioria nunca tinha enfrentado um Espectro até o último ataque.

Comentavam aos cochichos do que presenciaram, dos guardas que caíram por dar as costas aos corpos que juravam ter acabado de matar. Dos aprendizes mais experientes usando seus golpes mais poderosos contra os inimigos, tudo isso apenas para vê-los colocar os ossos no lugar e seguir a batalha.

O Cavaleiro de Lobo apenas passava um talo de mato de um lado para o outro na boca enquanto ouvia os relatos impressionados. Imaginava o que diriam se soubessem o que ele presenciou enquanto esteve cativo.

“Pobrezinhos... Borrariam suas armaduras de batalha e morreriam do mais puro medo se testemunhassem a extensão real do poder dos Espectros...”, pensou consigo mesmo. A sombra de um sorriso pairou em seu rosto. “Aquela vagabunda também...”

Um movimento estranho chamou a atenção de Nyctimus, fazendo-o voltar os olhos discretamente para uma densa massa de escuridão além das piras.

“Chegou a hora...”



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...