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História Sobre Altivez, Brilho, Passividade e Dominância - Birds ... Imagine Dragons


Escrita por: LianOsby

Notas do Autor


ATENÇÃO, AVISO DE GATILHO

Meus amores, como prometido, SaneGyuu. Porém, aviso que neste capítulo, temos um provável gatilho com relação ao tema "Suicídio". Não escrevi nada explícito, mas tomem cuidado na leitura. Vejo vocês lá no fim ;)

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Capítulo 5 - Birds ... Imagine Dragons


Fanfic / Fanfiction Sobre Altivez, Brilho, Passividade e Dominância - Birds ... Imagine Dragons

Após a excelente comemoração do noivado, Kyoujurou e Tanjirou...

... Foram para a aula normalmente na segunda-feira. Quando chegaram no refeitório para tomar o café da manhã, pareciam encantados um com o outro. Sentaram lado a lado com olhos brilhando, bochechas coradas, e um amor renovado.

- Vocês transaram né? – Sanemi sentou ao lado de Rengoku, opostamente ao Kamado e dando risada.

- Sim! E agora estamos noivos! – Rengoku fez questão de levantar sua mão e a do namorado com as alianças no anular esquerdo.

- QUÊ? – Shinazugawa quase cuspiu o refrigerante que bebia – COMO ASSIM???

- A-Assim, senpai – Tanjirou riu sem jeito.

Nesse momento, vinha também Gyuu para sentar com o grupo. Tinha uma caneca de café na mão e olheiras enormes.

- Noivos? Nem me contou – Tomioka sentou de frente para Sanemi. Parecia acabado.

- Cê não dormiu de volta? Que que tá acontecendo? – Sanemi olhava desconfiado para o outro. Era naturalmente explosivo e inquieto, mas também se preocupava com as pessoas. Especialmente com aquele cara.

- Não é nada. Só tive um fim de semana ruim – os olhos de Gyuu não exibiam nem o mais fraco brilho de vida.

- Tem a ver com o Sabito de novo, não tem? – Sabito era um fantasma na vida de Tomioka, que conseguia também atormentar Shinazugawa.

- Não tem nada a ver com o Sabito. Eu não sou tão bom em Desportos quanto vocês, acabei ficando em dependência e tô tendo que estudar mais – disse, fechando a cara.

- Quero ver tua apostila então.

- Você não quer ver merda nenhuma. Dá um tempo, Shinazugawa – Gyuu levantou da mesa irritado, pronto para sair de lá, mas foi segurado pelo braço.

- Você não pode fugir disso pra sempre, imbecil. Como caralhos a gente pode dar certo se tu não esquece ele? – os olhos do albino oscilavam entre um violeta escuro e um esmeralda brilhante.

- E se eu não quiser dar certo? – Tomioka disse com desprezo, mas com tristeza no olhar, dando um tranco forte que soltou a mão do outro.

- ENTÃO VÁ A MERDA, TOMIOKA. E NÃO ME FAÇA MAIS DE FANTOCHE PRA TE SATISFAZER – gritou impiedoso o Shinazugawa. Consternados, cada um seguiu seu rumo, deixando Rengoku completamente confuso e sem saber o que fazer. Ele olhou para Tanjirou com uma interrogação lhe franzindo o cenho.

- Ok, Ok. Eu conto quem é, ou melhor, quem era, Sabito.

“Tudo começou quando Gyuu entrou na escola. Sabito era um garoto esquisito. Papai conta que os dois ficaram amigos muito rápido, e minha tia achou surpreendente. O garoto tinha cabelos naturalmente rosados, como se a mãe dele tivesse tido desejo de comer pêssegos quando estava grávida. O Gyuu e ele eram melhores amigos, e estudaram juntos em todos os anos subsequentes.”

Tomioka foi até o lugar que costumava usar para pensar, mas desta vez, não se sentou na sombra do escape do elevador. Olhou bem para uma foto velha que tinha na carteira, onde ele e Sabito sorriam.

- Me perdoa. Se não fosse por mim, você tava vivo ainda – ele olhou para a foto e sorriu, mas seus olhos estavam inundados de lágrimas grossas e pesadas.

“No início da adolescência, os dois passavam mais tempo juntos do que nunca, mesmo que ninguém da nossa família conhecesse a família do Sabito. Ele era gentil, e desde pequeno tinha uma cicatriz grande na bochecha direita, a qual nunca explicou bem ao Gyuu sobre a existência. Eu cheguei a conhecer o Sabito. Ele me trouxe uma espada de Kendo como presente de aniversário de 12 anos, mas nunca a utilizei”

O céu estava bonito naquele dia. Muito azul, salpicado com algumas marcas de nuvens, exibia ainda um sol morno da manhã. Tocou então o sinal de aviso para entrada nas salas, mas Tanjirou e Rengoku tinham a primeira aula vaga naquele dia, então ficaram no refeitório conversando. Inosuke chegou atrasado, enquanto Zenitsu olhava outra menina bonita qualquer. Acabou que Tanjirou contou a história para os três.

“As coisas entre os dois tomaram um rumo diferente no réveillon de oito anos atrás. Gyuu me falou sobre isso uma única vez, quando eu havia acabado de te conhecer (olhou para Kyoujurou). Foi imediatamente recíproco, como um inprint: Sabito e ele estavam vendo a queima de fogos, e quando se deram conta, tinham as mãos dadas, se segurando forte um no outro como se jamais pudessem se soltar novamente. Foi naquele momento que os dois deram o primeiro beijo. Lembra quando nos beijamos pela primeira vez, de verdade? Ele contou que foi parecido, como se os dois simplesmente soubessem que tinha de acontecer ali, e naquele momento. Minha tia viu tudo, mas não deu bola. Achou até que já estava demorando para aquilo acontecer.”

O prédio onde estava Tomioka era do setor de medicina e enfermagem, então no terraço havia diversos lençóis pendurados. Os seis andares do majestoso prédio assustariam qualquer um, mas o rapaz apenas caminhou lentamente até a grade de segurança e se sentou lá, praticamente dependurado para o lado de fora. Os cabelos negro-azulados ondulavam com o vento forte que havia lá em cima. Os havia soltado, pois a enxaqueca estava muito forte. Olhou para o horizonte, e depois para o chão seis andares sob si. Estava disposto a fazer aquilo. Estava disposto a se matar.

“Os dois escondiam o relacionamento dos colegas de sala, porque tinham certeza que sofreriam com o preconceito. E eles estavam certos. Um ano depois, uma menina que era colega do clube de Kendo que o Sabito participava, flagrou os dois, de mãos dadas numa loja de fast food, tirou fotos e divulgou nas mídias sociais do garoto. Demandou menos de um dia para que muitos colegas do casal destilassem seus venenos, aquela não era uma turma empática e muito menos compreensiva.

Gyuu e Sabito sofreram todo tipo de preconceito: ouviram xingamentos, depreciações, colegas riam quando os dois passavam, mesmo que separados a uma boa distância um do outro, porém, como o Gyuu lutava Taekwondo, e o Sabito era do nível mais alto possível no Kendo, ninguém nunca tentou partir pra cima.

A não ser...

... O pai do Sabito.”

Tomioka olhava para o campus inteiro enquanto se segurava nas barras da grade de proteção da beira do prédio. Ainda tinha as mãos firmes, mas estava apenas fazendo uma contagem mental antes de se deixar cair. Sabia que ninguém viria. Havia acabado de brigar com Sanemi, seu primo Tanjirou era inocente demais pra pensar nisso, e Rengoku ia pelo mesmo caminho. Sorriu ao pensar no primo e fechou os olhos. Pensou em Shinazugawa também. Seria melhor, não o faria mais passar raiva, nem seria mais o ficante tóxico que vinha sendo. Respirou fundo.

“Eu e Gyuu estávamos indo até a casa do Sabito uma vez. Minha tia soube que o pai dele passou a espancá-lo quando descobriu a homoafetividade do filho. Naquele horário, o cara já estava trabalhando, então íamos buscar o Sabito, pra ele morar com o Gyuu. As casas do bairro eram mais simples, mas bonitas da mesma forma que as nossas. Havia mais árvores no caminho e as ruas eram mais largas. Quando estávamos a duas quadras da casa dele, vimos algo... Muito ruim.”

O choro Invadiu a existência de Tomioka naquele momento. A lembrança de ter encontrado Sabito enforcado sob o pessegueiro do quintal da própria casa o fez gritar de dor. Não importava se fazia a merda de um curso de psicologia ele só queria esquecer dos olhos vazios, do rosto arroxeado, da expressão de sofrimento que havia encontrado no rosto morto de Sabito. Lembrou que teve de aguardar a chegada da polícia para poderem tirar o garoto de lá. Lembrou que curiosos começar a se acumular, e que ele não poderia fazer nada. Lembrou das noites em claro que passou naquela época, e das que vinha passando agora. Não era capaz de gostar de mais ninguém? Sanemi tentou, mas Gyuu nunca se deu ao trabalho de aceitar. No lugar de aceitar o afeto, jogava com o albino como se fossem gato e rato.

Aquela dor já estava passando dos limites. E ele nunca pediu ajuda. Negou todos os psicólogos que lhe foram oferecidos, pra depois ir ele mesmo tentar se entender num curso de psicologia. Ainda nem entendia como o primo havia superado o próprio trauma. Mas sentia que não era mais momento para questionamentos. Soltou-se das barras de segurança, ficou em pé na ponta do prédio e sentiu a vertigem do início da queda.

- Estudei com ele durante todo o ensino médio, e ele nunca me disse isso – Rengoku falou com o olhar baixo.

- Ele não gostava de falar disso. Mas pelo jeito o Shinazugawa sabia, de alguma forma. Meu pai me obrigou a fazer terapia, porque não foi uma coisa simples de se ver. Eu amparei o Gyuu até a chegada da polícia, e ajudei a descer o corpo da árvore, porque era mais leve e subi no galho pra cortar a corda. Mas ele nunca quis se tratar – já era perto do horário da segunda aula. Tanjirou arrumou suas coisas e eles partiram na direção das salas. Jamais veriam que Gyuu estava prestes a tirar a própria vida.

Contudo, havia alguém que estava vendo. Alguém que esperou até o último segundo para agarrar Tomioka pela camisa e o impedir de cair para a morte. Antes que o rapaz conseguisse ver quem era, ouviu sua voz.

- VOCÊ VAI FAZER COMIGO O MESMO QUE O SABITO FEZ CONTIGO? – era Sanemi. Quem mais seria? Só quem sente algo muito forte por alguém devia ser capaz de correr seis andares acima em três ou quatro minutos. Puxou Gyuu com toda força para si, atirando-se para longe das grades e apertando o moreno, sem o deixar escapar.

Shinazugawa tinha o outro bem preso entre seus braços. Ele segurava Gyuu na linha do umbigo, o impedindo de se mover. A essa altura, já estavam encostados na parede do escape do elevador. O albino se escorou nela e se deixou cair sentado, com o outro à sua frente, já desistindo de se debater. Encostou a testa nas costas do moreno. Os dois tremiam, arfavam meio apavorados pela situação. Tomioka simplesmente não acreditava que Sanemi sentia algo de verdade por si. Olhava fixamente na direção de onde haviam acabado de vir, com os olhos azuis marejados.

- Eu... – tentava falar, mas era como se a voz tivesse lhe deixado. Ou como se seu cérebro tivesse simplesmente desconectado da boca. Já não debatia mais os braços presos pelo outro. Não conseguiu sequer prosseguir o raciocínio.

- Não posso deixar você ir. Seu bosta. Babaca. Você só se ferrou na sua vida amorosa, mas eu vou ser egoísta e não te deixar ir – a voz do albino saía entrecortada, falhada, mas entendível. Percebia que Gyuu tremia, mas não tinha coragem de soltar os braços. Temia que caso fizesse isso, daria permissão para o outro fugir e quem sabe tentar novamente – Você teve coragem de me contar tudo. Compartilhou comigo uma coisa que não disse nem pro teu melhor amigo. Não é hora pra se matar. Não por causa de alguém que já morreu, e mesmo tendo alguém que – o nó na garganta subiu. Não acreditava que estava falando aquilo. Nem sabia que era capaz daquilo – te ama.

Duas palavras que fizeram Gyuu parar de vez de se mover. Os olhos derrubaram lágrimas grossas. Não sabia se devia falar. Não sabia que Sanemi sentia aquilo. Mesmo servindo de brinquedo, mesmo ficando com Tomioka apenas quando solicitado. Mesmo impedido de demonstrar qualquer afeto, pois “só estamos ficando”.

- Pode... Me soltar? Pra eu olhar pra você... – sentiu o rosto esquentar. Estava envergonhado demais, mas precisava olhar Shinazugawa nos olhos.

Os braços do albino se soltaram. Ele respirou fundo na tentativa de confiar em Gyuu e fechou os olhos por um instante. Nesse mesmo instante, as mãos do moreno lhe seguraram a face, e os lábios dele vieram de encontro aos seus. Também beijaram suas bochechas, nariz, testa, todo o rosto.

- O quê...

- Me perdoa... Por favor me perdoa... – Gyuu não conseguia falar mais nada, mas era como se aquelas palavras pudessem expressar mais. Então abraçou Sanemi e o puxou para si – Eu vou... Melhorar... Eu vou... – ele soluçava pelo choro, quase como uma criança.

Com muito custo, Shinazugawa teve de se soltar do outro para lhe enxugar as lágrimas. Olhou sério para ele.

- Você pode melhorar. Mas precisa aceitar que alguém lhe dê a mão – levantou rapidamente do chão e ilustrou bem sua fala – Você está disposto a deixar Sabito para trás? – perguntou, oferecendo a mão para que Tomioka levantasse.


Notas Finais


E então? O que acharam? Espero ter correspondido às expectativas...


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