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História Sobre bailes e melhores amigos ameaçadores - Oneshot


Escrita por: loveliz_7

Notas do Autor


Eu sei que eu deveria estar focada em call the babysitter, mas culpem a TNT que fica passando Harry Potter e o cálice de fogo dois dias seguidos.
Eu estava pra fazer algo assim há messes, mas só saiu algo bom agora
Kaibaek sim senhor, shippo bastante!
Espero mesmo que tenha ficado bom
Boa leitura!

Capítulo 1 - Oneshot


O inverno, aquela era, de fato, uma das estações favoritas de Baekhyun. Hogwarts parecia ainda mais bonita durante aqueles meses do ano, com as torres cobertas pela neve branquinha, o chão marcado por pegadas de todas aquelas centenas de estudantes que permaneciam ali algumas semanas antes do natal, aguardando ansiosamente o dia em que poderiam partir e livrarem-se por um tempo de todas aquelas matérias complicadas e da cara feia do professor de poções.

Por mais que todo aquele ambiente trouxesse certa paz ao rapaz de estatura baixa e cabelos loiro mel, havia algo que vinha incomodando seus pensamentos nos últimos dias: O famoso baile de inverno, que acontecia na escola anualmente.

Não era a festa em si que abalava a cabecinha do sonserino do sexto ano, mas sim o que deveria ter junto de si quando o dia chegasse, um par, algo que não havia encontrado ainda, por mais que buscasse incessantemente todos os dias. Para ser sincero, já havia recebido alguns convites, mas preferia a morte a ter de ir com qualquer um dos idiotas que vinham até si como última opção.

Sabia bem da tradição em que o garoto convidava a garota, mas era suficientemente esclarecido consigo mesmo para saber que não queria uma garota para acompanhá-lo, ainda mais sabendo que o convite deixava implícito outras intenções, que viriam à tona após o término do baile sem dúvida nenhuma.

O fato de ser um sonserino trazia alguns preconceitos de outros alunos consigo, afinal, a fama que os alunos da casa sempre carregavam era a de “frios, egoístas e metidos”, mas a verdade é que Byun não se encaixava em nenhuma dessas classificações, mesmo que fosse um tanto rude na maioria das vezes.

Esse era exatamente a justificativa que seu melhor amigo Kyungsoo usava toda vez que loirinho começava com suas lamúrias sobre ainda não ter encontrado ninguém para acompanhá-lo no fim de mais um dia. Para o rapaz também baixinho, era claro o fato de que as pessoas só evitavam o sonserino por seu comportamento um tanto direto demais, que assustava os que conviviam consigo. Até mesmo o próprio amigo confessava que sentia vontade de socar a carinha bonita do amigo todas as vezes em que, involuntariamente, soltava sua língua afiada consigo.

Nos últimos dias, no entanto, Baekhyun passara de preocupado para desesperado, já que tinha pouco mais de uma semana para encontrar alguém, ou teria de passar pela humilhação de cruzar as portas do grande salão sozinho, acompanhado apenas por sua carranca e mau humor típicos.

-Soo, você não entende, eu preciso arrumar uma pessoa, não é uma opção é uma necessidade, sabe como vou me sentir em passar aquela noite inteira sozinho? Heim? - Ambos estavam sentados no banco do pequeno pátio que havia entre todos aqueles corredores, em um dos raros momentos em que não estava nevando. Byun, como usualmente vinha fazendo, estava agarrado nos braços pequenos do amigo, balançando-os conforme ditava suas reclamações para com a vida em uma voz chorosa, o que fazia Kyungsoo suspirar em busca de paciência para não arremessar aquela criança grande contra uma das paredes de pedra do colégio.

- Baekhyun, eu vou dizer só mais uma vez: Isso não é o fim do mundo, ainda temos nove dias para encontrar uma maldita pessoa para ir com você naquela droga, e sim, eu sei como você vai se sentir porque, caso não se recorde, eu também não tenho um par – A voz já carregada de irritação dizia palavra por palavra com calma, evitando gritar, já que sabia que naquela situação aumentar o tom de voz não adiantaria de nada. Lidar com o rapaz exigia cautela.

-Então por que não vamos nós dois juntos, hm? Posso até te dar um beijinho no fim da noite – No auge de seu desespero, era tudo em que a mente do garoto de 16 anos conseguia pensar. Eram homens, Kyungsoo não era nada mal, tinham certa intimidade, e Baekhyun assumia abertamente que o melhor amigo tinha sido sua primeira quedinha desde que entendeu do que realmente gostava.

-Estaríamos assinando nosso atestado de perdedores se fossemos juntos, é o cúmulo Baekhyun, ter que ir com o melhor amigo por falta de opção. E eu pretendo transar com alguém naquela noite e esse alguém não vai ser você – Kyungsoo folheava um de seus livros de herbologia enquanto escutava o outro, dando pouca atenção ao seu drama.

-Aish, Kyungsoo! Você realmente não está me ajudando – Cruzou os braços e formou o típico bico que sempre usava em seu rosto toda vez que era contrariado, o que era quase sempre devido a suas ideias estranhas. Em um último suspiro, o moreno finalmente virou-se para o amigo, segurando seu rosto com as duas mãos para que olhasse em seus olhos.

-Tudo bem sua criança mimada, eu prometo que se até o dia do baile nenhum de nós tiver um par, vamos juntos. Mas que fique claro que se você encostar em mim, eu vou te chutar e você nunca vai ser capaz de gerar um filho – Não pretendia, de fato, cumprir a promessa, mas sabia que se não concordasse com a ideia acabaria tendo de escutar toda aquela história pelo menos mais três vezes naquele dia, algo que não estava disposto a enfrentar.

E o dia do sonserino mimado teria acabado muito bem, teria dormido com um peso a menos na consciência se soubesse que, mesmo que ninguém mais o convidasse, não estaria sozinho naquele dia.

Teria...

Já que nem ao menos teve tempo de agradecer ao melhor amigo pela atitude de piedade, isso pelo fato de que um certo lufano do quinto ano aproximou-se da dupla no segundo seguinte, exibindo timidez em meio a toda a sua altura.

-Eer... Kyungsoo- A voz grossa chamou, recendo logo a atenção do mais baixo, que lembrava-se da figura vagamente por compartilharem algumas de suas aulas – Eu... Eu queria saber... Se você não gostaria de... Sabe... De ir ao... Baile comigo – Finalmente teve coragem de encarar os olhos castanhos do garoto que acabara de convidar, sequer sabia como tinha conseguido reunir coragem.

O mais velho, por sua vez, sorriu com o pedido, levantando-se e deixando toda a pequena montanha de livros sobre o banco, para então encará-lo com o mesmo sorriso alegre, achando fofo o comportamento cuidadoso e a forma hesitante com a qual o outro falava.

-Park, não é?- O mais alto assentiu- Eu adoraria – Sorriu mais abertamente dessa vez, curvando os olhos no processo. Colocou-se na ponta dos pés para deixar um selo leve sobre a bochecha, agora vermelha, de Park Chanyeol, que saiu de lá em seguida com um sorriso vitorioso nos lábios.

Kyungsso estava feliz, mas o verdadeiro motivo de seu sorriso era a expressão de pânico do melhor amigo, que o encarava com a boca aberta em puro desespero e desgosto – É, Byun... Eu acho que o destino não está do seu lado – Conteve o riso, voltando à atenção as imagens das folhas gastas em seu colo.

Teria que ser rápido... Porque como muito bem colocado pelo amigo... O destino não estava do seu lado.

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Baekhyun estava cansado, suado e o cabelo que tinha passado tanto tempo arrumando naquela manhã já tinha ido pelos ares há tempos. Caminhou por toda aquela escola, conheceu lugares que nem sabia que existiam, perdeu-se pelo menos cinco vezes por causa das malditas escadas que se moviam e nunca se sentiu tão fracassado em toda a sua vida.

Horas de trabalho.

Nenhum par para o baile.

Aquilo não era azar, era o fim do mundo, uma conspiração contra a popularidade que já não tinha. Seria ridicularizado se fosse sozinho e se não fosse também. Já conseguia imaginar todas aquelas pessoas rindo de sua cara nas aulas e no salão comunal, ainda mais estando em uma casa com pessoas tão agradáveis e compreensíveis como a Sonserina.

Avistou o melhor amigo sentado em uma das mesas enormes do salão e foi até ele, fazendo-o rir apenas com a imagem de frustração e tristeza que estampava em sua expressão a cada passo que dava em sua direção.

Baekhyun, definitivamente, não tinha jeito.

-E então? Nenhuma vítima fatal que se deixou levar pelos seus encantos? – Ironizou, largando a pena branca sobre seu resumo para a semana de provas que logo viriam.

-Você ri porque tem o Park – Forçou o nome com uma voz mais fina que o normal usando uma expressão irritada. Ainda não havia perdoado aquele maldito gigante por ter arruinado seus planos.

-Sim, é exatamente por isso que estou rindo- Apoiou a cabeça em uma das mãos, encarando o sofrimento do garoto, que tinha agora a cabeça escondida entre os braços e a mesa – Tudo bem, tudo bem, olha aqui, tenho uma notícia que te interessa- Como um passe de mágica, a expressão do loiro brotou com um sorriso esperançoso conforme levantava sua cabeça rapidamente.

- Não me diga que o Park Bobão Chanyeol arrumou alguém para mim, ah eu sabia que ele não era tão decepcionante assim – Kyungsoo revirou os olhos, suspirando pesadamente. Baekhyun e sua língua afiada...

-Ele não arrumou ninguém pra você, babaca. Mas ele te trouxe uma opção, mesmo que você não mereça a gentileza dele – Reforçou a última parte, já que desde o dia em que fora convidado pelo mais alto Baekhyun não parava com suas pequenas críticas ao garoto, que sempre perguntava-o o porque de seu melhor amigo não gostar de si.

-Kyung, você sabe que é brincadeira- Socou o braço do melhor amigo levemente, com um sorriso sincero nos lábios. Na verdade, achava fofo o tratamento que Park dava ao seu companheiro de dia a dia, sempre trocando sorrisos com ele e deixando-o feliz, sabia que aquilo iria além de uma simples noite de gala no grande salão. – Me diz logo, quem é?

-Ele me disse... Que tem um aluno, sonserino... Que ainda está sem par – Baekhyun mordeu o lábio inferior, tentando puxar em sua mente alguém de sua casa que ainda não estivesse andando por aí com alguém, ou que não estivesse falando pelos corredores sobre quão bonita era a garota que tinha arranjado. Em um lapso, um único rosto veio a sua mente, fazendo-o encarar incrédulo o melhor amigo, que já o olhava risonho, sabendo que ele já tinha identificado de quem falava – Não me diga que... Ah não, Kyungsoo

-Ah, qual é Baekhyun, Jongin é um amor, ele corre atrás de você há anos, o que custa dar uma chance ao menino? Chanyeol contou que ele recusou vários pedidos porque está esperando que você o convide.

Quem era Jongin? Bom, Kim Jongin do sexto ano, assim como os dois, era um garoto de pele bronzeada e cabelos castanhos, extremamente doce e estudioso. Ele tinha ingressado em Hogwarts no mesmo ano que os outros dois e, nesse mesmo período, desenvolveu uma certa obsessão por Baekhyun.

Durante o primeiro e segundo ano o menino contentou-se em apenas observá-lo de longe e tentar, mesmo que inutilmente, construir algum laço de amizade com o loirinho, que sempre o ignorava e humilhava. E Byun pensou que isso seria suficiente para afastá-lo, mas a partir do terceiro ano, quanto seus hormônios começavam a aflorar, viu-se obrigado a dividir um horário de aulas inteiro com o menino, tendo de trabalhar com ele muitas das vezes, apenas por ter problemas em fazer amizades com outras pessoas.

A questão é que isso alimentou as esperanças de Jongin, que vinha investindo cada vez mais na ideia de fazer Baekhyun gostar de si, algo que este não achava que aconteceria uma dia.

-Não é problema meu se ele é um iludido. Esse menino me dá medo, ele brota em todos os lugares em que eu estou – Não importava quantas justificativas ele desse, Kyungsoo nunca entenderia a maldita birra que Byun tinha pelo pobre garoto, que parecia estar tão disposto a dar a atenção e o carinho que seu amigo sempre dizia buscar. Às vezes pensava que Baekhyun gostava de ser pisado.

Foi um tanto engraçado quando no exato momento em que o sonserino proferiu aquelas palavras, Kyungsoo visualizou a figura da qual falavam entrando pelos portões largos do salão, carregando seus livros grossos contra o peito, escutando os mesmo engraçadinhos de sempre fazendo piadas consigo. Aquilo fora o estopim de sua paciência.

-Escute aqui Byun Baekhyun, você vai levantar essa maldita bunda desse banco e vai convidar aquele garoto porque se não fizer isso você com certeza vai continuar enchendo meus ouvidos com toda essa bobagem até o maldito dia do baile e porque se não fizer isso eu juro que uso tudo o que a McGonagall ensinou sobre transmutação para transformar você em um furão – Não deixou que o loiro respondesse ou reagisse, apenas despejou tudo aquilo sobre ele e empurrou-o até estar mais perto de onde o dito cujo estava, um tanto concentrado na matéria dos livros de historia da magia.

E o sonserino chegou a olhar para trás para tentar argumentar sobre aquela afronta contra a sua pessoa, mas tudo o que viu foi um olhar assustador que colocaria medo até em um dementador, por isso decidiu acatar a ordem, mesmo sabendo que se arrependeria depois.

Suspirou com os olhos fechados, antes de aproximar-se do também sonserino, que proferia baixinho as palavras do livro tentando decorá-las. Engoliu o seco uma ou duas vezes até que por fim sentiu um lapso de coragem apoderar-se si.

Uma noite com Jongin não era nada a ponto de passar o resto da vida como furão, já que Kyungsoo não era do tipo que blefava e, para o seu azar, era o número um da classe em transmutação.

Pigarreou já encarando o acastanhado que, naquele dia, usava óculos de armação arredondada, deixando-o com uma aparência um tanto mais inocente que o normal. Este sorriu logo que notou de quem era a presença ao seu lado.

-Eer... Então Jongin... É que eu fiquei sabendo que... Bem... Você está... Eu... Na verdadera – Encarava a mesa, atordoado em seus pensamentos e suas palavras, enquanto o colega que causara toda aquela situação apenas assistia o lenga lenga do idiota que, por infortúnio do destino, era seu melhor amigo e do pobre garoto que tinha as sobrancelhas curvadas tentando entender o que o outro dizia.

Revirou os olhos, deixando o que fazia sobre a mesa e indo até o amigo que, mesmo sendo meses mais velho que si, parecia não ter desenvolvido maturidade alguma. Segurou seus ombros, o que o fez parar seu pequeno anagrama de palavras e encará-lo assustado, desviando a atenção de Jongin para si também.

- O que ele está tentando dizer, Jongin, é que ele quer que você vá com ele ao baile, e quer saber se você está disponível- Sorriu gentil – Me desculpe por ter que me intrometer, ele passou a semana ensaiando isso na frente do espelho, mas sabe como é você o deixa nervoso.

Baekhyun arregalou os olhos e abriu a boca em descrença. Kyungsoo queria mesmo destruí-lo – O que?- E tudo o que recebeu foi um beliscão na lateral de sua cintura, que doeu consideravelmente já que a força do baixinho era desproporcional ao seu tamanho – Digo... É... Era isso – Colocou seu melhor sorriso no rosto, recebendo algo semelhante, porém muito mais sincero do objeto principal de toda aquela algazarra.

-Isso é sério? Eu... É claro que eu aceito, eu só... Não esperava que logo você fosse me chamar – Na verdade, sim esperava, só não acreditava, e a verdade é que aquele fora o dia mais feliz de seu ano inteiro, talvez de todos os outros desde que entrara ali. Teria uma noite inteira com o foco de todos os seus sentimentos mais intensos e não desperdiçaria aquilo.

-Ótimo, ele estará te esperando na noite do baile, tudo bem? – O outro apenas lhe sorriu e assentiu energicamente, o que partiu seu coração, já que não achava que Baekhyun fosse merecedor de tanta dedicação, não agindo como um idiota com ele costumeiramente fazia desde que nasceu.

Os dois saíram dali andando, Kyungsoo falando sobre como o menino era uma graça e sobre como Byun era sortudo por receber esse tratamento de alguém, e este... Bom, este rogava todas as maldições imperdoáveis contra o amigo mentalmente, agradecendo por não conseguir conjurar feitiços não verbais ainda. Com certeza, colocaria alguma surpresinha no suco de abóbora do outro na manhã seguinte.

No entanto, ali, enquanto retornava a seu dormitório só conseguia pensar em uma coisa.

“O que eu vou fazer?”

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Se antes estava ansioso por aquele dia, agora que tinha Kyungsoo arrumando sua gravata em frente ao espelho não sentia a vontade de mover um único músculo em direção àquele salão.

-Pense bem, Soo. E se eu disser que fiquei doente? Não vai ser culpa minha, tecnicamente- Tentou mais uma vez convencê-lo a deixá-lo ficar. Nem se lembrava mais de todo o drama sobre ridicularização e popularidade, que se explodisse, não queria aguentar Jongin durante todas aquelas horas.

-Se fizer isso, eu juro que dopo você e te jogo na floresta proibida de noite – Alertou-o com os olhos, finalizando seu trabalho nas roupas, direcionando-se para os últimos detalhes no cabelo loiro, que ele mesmo tinha, orgulhosamente, arrumado – Agora escute bem, você vai dar a melhor noite da vida daquele garoto, e se amanhã Kim Jongin não estiver com um sorriso estrondoso no rosto, você já pode se acostumar a ser um quadrúpede- Sorriu, colocando o último fio em seu devido lugar, empurrando-o para fora do dormitório em seguida.

Baekhyun descia com o mesmo ânimo com o qual ia para suas aulas de poções na segunda-feira, escutando todo o blá blá blá do outro sobre como aquele dia seria incrível e sobre como se lembraria disso para sempre, o que era um tanto estranho, já que aquilo acontecia todos os anos e para si, especialmente naquele ano, não enxergava nada de especial sucedendo.

Já no final das escadarias, hoje mais movimentadas que o normal, o mais baixo dos dois deu leves batidinhas no traje a rigor do loiro que ainda tinha uma expressão indiferente e entediada no rosto.

- Sorria- Foi ignorado- Agora, Byun – Foi obedecido dessa vez, com toda a má vontade do mundo, apenas negou com a cabeça a atitude infantil do rapaz. Colocou a mão no bolso, procurando algo específico que tinha guardado ali quando terminara de se vestir, logo encontrando o frasquinho transparentes com balinhas brancas dentro dele, entregando-o ao amigo , que pegou confuso

-O que é isso?

-Isso é bala de hortelã, ou pretende beijá-lo com esse bafo horrível?

-Beijar? Olha, você me mandou convidar o menino, eu convidei, vou suportar aquela praga durante essa porcaria de baile e vou tentar ser o mais legal que meu humor permitir, agora beijar? Não força a barra, Kyungsoo – Quando terminou seu pequeno discurso raivoso, pode encarar o melhor amigo que tinhas os olhos arregalados e as duas mãos sobre a boca, enquanto encarava algo fixamente atrás de si. Como reflexo, buscou o que o outro fitava, logo entendo a expressão que tinha e assumindo uma parecida.

Lá estava Jongin, tão lindo quanto alguém poderia estar, com os olhos encharcados e a boca aberta em descrença. Pôde fitá-lo assim por poucos segundos, já que este apenas correra na direção oposta a si, perdendo-se entre as tantas pessoas que por ali circulavam.

Voltou-se para Kyungsoo, pedindo ajuda com o olhar e só o que recebeu foi um aceno com as mãos, indicando que fosse atrás do menino, e foi o que fez, dessa vez não por uma ordem, mas porque tudo em si gritava “Seu grande idiota”.

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Suas pernas já não aguentavam mais correr, estava em sua caçada há, aproximadamente, vinte minutos e não encontrava um só resquício do mais novo. Odiava estudar em um lugar tão grande em momentos como aquele.

Quando estava prestes a desistir, ouviu um som baixinho, que só chegara até seus ouvidos pelo eco do pátio vazio.

Lá estava Jongin, com as mãos cobrindo os olhos, o corpo balançando conforme os soluços vinham e as lágrimas escorrendo e molhando a roupa engomada que vestia.

Era oficial, Byun Baekhyun lhe dera seu melhor e pior dia em um prazo de uma semana.

Este suspirou pesado, indo a paços mais lentos até o banco de onde o choro contido vinha, não apenas por cansaço, mas para ganhar tempo para pensar no que diria, já que não teve nenhuma ideia no tempo em que procurou pelo mais alto.

Agachou-se a sua frente, mordendo seu lábio em puro nervosismo, levando a mão trêmula até a outra gelada. O garoto, que até então estava sozinho, assustou-se pelo toque intruso, mas logo voltou a encarar o chão quando viu quem era.

Pela primeira vez em seis anos, não queria Byun Baekhyun perto de si, isso era uma novidade para ambos.

-Kyungsoo te mandou vir aqui também? – Perguntou ressentido, com certa mágoa em meio a voz de choro.

-Não... Ele não mandou não – Sorriu fraco, ajeitando-se entre as pernas abertas do mais novo, levantando a cabeça alheia à altura da sua – Estou aqui porque fui um idiota.

- Não preciso da sua pena, Baekhyun, nem quero estragar sua noite, vá pro baile, tenho certeza que têm muitos garotos lá ansiosos pela sua chegada. – Nunca se sentiu tão mal em toda a sua vida, só naquele instante conseguiu sentir o quão nojento e repulsivo vinha sendo com o garoto, quantas outras vezes aquela cena já não havia repetido-se sem que pudesse ver?

-Nenhum desses garotos é meu par – A voz calma escondia o nervosismo e cautela com a qual escolhia cada palavra.

-Eu também não seria se Kyungsoo não tivesse te obrigado- Sorriu de canto, com um ar triste- Eu deveria ter imaginado... Você... Logo você... Não, seria bom demais pra ser verdade.

-Olha... Me desculpa por... – Foi cortado

- Pelo que? Eu sou o grande errado, você está certo eu sou uma praga, não largo do seu pé... – O tom era baixo e um tanto decepcionado, não sabia dizer se com o outro ou consigo mesmo. Talvez devesse ter desistido do garoto loiro no primeiro “não”; talvez não devesse ter chorado tanto durante aquele tempo todas as vezes que pegava-o se atracando com alguém pelos corredores, talvez devesse ter aceitado um dos malditos seis convites que recebeu, mas não, sua cabeça sempre teria aquele único garoto como prioridade, mesmo que não quisesse.

-Não... Não, você não está errado em demonstrar que gosta de alguém, eu que... Eu que fui o grande errado em não ter te tratado como deveria, mesmo que eu não quisesse nada com você, isso não me dava o direito de ter tratado você como lixo durante todos esses anos – Incrível como tudo aparece claro e reluzente quando a merda já foi feita. Ouvir o choro de Jongin aparentemente tinha rompido todas as barreiras que insistia em manter, tinha sim seus casinhos, mas nenhum deles choraria assim por si, muito menos se culparia quando claramente ele é quem era o idiota. – Olha... Eu vou entender se quiser bater na minha cara agora e me mandar pro inferno, mas... Se ainda tiver mais uma chance pra mim guardadinha aí – Apontou para o lado esquerdo do peito de Jongin – Eu ainda quero que seja meu par no baile, temos muito tempo ainda.

O acastanhado ergueu a cabeça hesitante, encarando seus olhos que pareciam mais escuros em meio à neve que caia fina sobre os dois, avaliou prós e contras e escolheu o óbvio, sempre voltaria, sempre aceitaria e tentaria mais uma vez, não era certo, muito menos lógico, mas mesmo entendendo tanto de contas, ainda assim, tinha um coração que pulsava mais forte por um certo sonserino.

Baekhyun levantou-se e estendeu a sua mão galante para o outro, que sorriu aceitando-a, sendo levantado e virado para o outro, que esbanjava aquele sorriso que tanto gostava, mas que parecia ser ainda mais especial por ser direcionado a si. As mãos macias secaram o que restava do liquido salgado em seu rosto, antes de puxá-lo para o lugar de onde ecoava uma música razoavelmente alta.

Por ironia ou não, o que tocava era uma melodia calma, acompanhada por uma voz rouca e bonita, que provavelmente falava sobre amor em sua letra.

-E então... Quer dançar? – Ergueu a sobrancelha sapeca assim que chegaram à porta do salão que esbanjava uma decoração branca e que já estava abarrotado de pessoas. Jongin, assumia a timidez de sempre, quantas noites passou imaginando aquele momento? Imaginando como seria estar perto de Baekhyun, vendo-o sorrir para si, segurando sua mão.

Foi puxado para um dos cantos, tendo as duas mãos bonitas sobre seus ombros logo depois de direcionar as suas à sua cintura um tanto fina.

Ali o tempo pareceu parar para ambos, sim para Byun também. Sequer tinham trocado um selinho, o maior contato que tiveram era aquele, com as testas coladas e os olhos fechados, mas, mesmo assim, seu coração batia desajeitado, como quando pisou ali pela primeira vez. Talvez, lá no fundo de seu coração, bem no fundo, estivesse mais que esclarecido que todos os discursos de Kyungsoo estavam certos, talvez gostasse, ou melhor, amasse ter aquele rapaz mimando-o e correndo atrás de si, mas fosse medroso demais para lidar com um sentimento daquela magnitude, talvez receio de não por retribuí-lo da maneira correta.

No final, por mais rude que fosse, ainda tinha aquela voz dentro de si que lhe recitava naquele momento: “Esse lugar é um bom lugar pra você”.

Ouviu alguns sussurros vindo do ambiente ao redor dos dois, os quais demorou a compreender já que estava um tanto alheio ao mundo, mas logo entendeu pelo desconforto de Jongin que se tratava apenas dos mesmos idiotas tentando fazer dele a piada a da noite.

Mas lhe havia sido ordenado fazer daquela a melhor noite da vida de Kim Jongin.

E mesmo que não tivesse, naquele momento, estava determinado a fazer.

-Shh, não liga pra eles – Puxou o rosto do mais alto de volta para a sua direção, abrindo seus olhos apenas para encontras os seus, um tanto acanhados.

- Não tem como não ligar, eu sou a maior diversão deles – Abaixou a cabeça sem graça, pensando em como seria bom passar um único dia de sua vida sem ser ridicularizado .

- Vamos ver se eles acham isso engraçado- Foi um quase sussurro, mas Jongin escutou, na verdade, foi a última coisa que escutou antes de ter seus lábios tomados. A boca de Baekhyun era exatamente como tinha idealizado, era macia e parecia encaixar-se bem em meio a seus lábios grossos. Suas mãos, que não sabiam bem o que fazer, foram levadas pelas do mais velho até sua nuca, onde acomodou-as entre os fios sedosos, tendo sua cintura apertada no mesmo instante.

Foi um beijo sutil, apenas um contato leve e longo.

O primeiro beijo de Jongin

O único beijo que deixou as mãos de Baekhyun suadas, a primeira vez em que teve medo de não ser bom o suficiente, ou de fazer algo errado.

Quando se separaram, a primeira imagem do acastanhado foi a de um sorriso travesso brotando nos lábios vermelhinhos pelo beijo recente, o qual sumiu de sua vista quando ele abaixou a cabeça.

Byun Baekhyun estava tímido e isso era algo que nenhum dos dois esperava ver naquela noite.

E o resto dela se passou da mesma maneira, entre beijos castos, sorrisos sinceros, e sentimentos surgindo e sendo revelados em uma velocidade anormal.

Kyungsoo observava os dois de longe, sorrindo bobo com a cabeça apoiada no ombro de Chanyeol, que conseguia sentir a felicidade do menor pela cena que via.

-Estou tão feliz por eles... – Disse calmo, desfrutando de toda a paz interior que sentia.

- Sabe pelo que mais você devera estar feliz, Do Kyungsoo? – O menor ergueu a cabeça curioso pelo tom que Park usara, diferente de toda a inocência que usualmente trazia consigo, corando cada vez que se aproximava de si – Por que não vem até o banheiro dos monitores comigo e descobre?

Afastou-se do calor do baixinho sem olhar pra trás, e este encarou-o rindo internamente por alguns segundos antes de segui-lo.

Perguntaria cada detalhe da noite de Baekhyun

Depois de fazer tudo aquilo que contaria para ele amanhã.

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A música, já mais animada, ainda tocava no grande salão quando Baekhyun e Jongin saíram de lá, rindo de qualquer besteira que o menor disse.

Por sorte, ambos eram da mesma casa e só soltaram as mãos quando estavam à porta do dormitório.

-Antes que você vá... Ainda vai me tratar assim, amanhã? – Ele parecia hesitante, um tanto temeroso, simplesmente porque, de fato, aquela foi a melhor noite de sua vida e queria que ela se repetisse. Baekhyun sorriu, ajeitando os fios bagunçados da franja do mais novo.

-Amanhã... E depois... E depois... E depois – Ambos riram, parando aos poucos, conforme a intensidade do olhar que trocavam começava a ficar maior.

Naquela noite de inverno Baekhyun descobriu que gostava daqueles olhos castanhos mais do que gostava dos banquetes de dia das bruxas da escola.

Mais um selar aconteceu, esse acabou durando um pouco mais, levando a outro, e a outro, até que um beijo propriamente dito acontecesse, com um toque tímido e curioso das línguas de ambos, uma troca singela de sabores e ansiedades acontecendo. O contato terminou quando o mais alto, tentando descobrir sensações, acabou por morder e puxar sem muita força o lábio de Byun, que suspirou na mesma hora.

-Ah Kim Jongin, não deveria me provocar assim sabendo da minha fama – Fechou os olhos, tentando lembrar-se e guardar aquele sabor único para si para sempre.

Corou, como não corava nem mesmo ao escutar as piadas maldosas que ouvia de segunda a segunda.

-Vai dormir, Baekhyun – Riu, empurrando o menor que tentava iniciar mais um beijo, dessa vez, com terceiras intenções.

-Aish, Jongin... Só um pouquinho, vai... – Tentou mais uma aproximação, novamente frustrada.

- Cama, Baekhyun, cama... – A silhueta alta sumiu entre as paredes.

Por sorte o dono da cama ao lado de Jongin, aparentemente, não voltaria àquela noite.

E Baekhyun assistiu seu sono

Definitivamente, Kim Jongin era sim tudo aquilo que pensava.

E, por deus, nunca gostou tanto de estar certo sobre alguém.

No final, aprendeu muitas coisas no fatídico dia do baile, desfrutou de todas elas.

Mas acima de tudo, dormiu tranquilo com um último pensamento antes de pegar no sono.

Ainda era bípede



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