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História Sobre garotos e flores - Tulipas


Escrita por: bardot

Notas do Autor


Olá pessoal, nem acredito que estou postando minha primeira história de GOT.
Algumas coisas antes de começarem a leitura:
Trata-se de uma história que se passa na atualidade. O mundo é organizado de acordo com o atual, sendo que os lugares, como Highgarden, Winterfell, se localizam em países com o clima semelhante ao descrito nos livros.
Mudei a idade de alguns personagens, como Margaery, que tem a mesma idade de Sansa. As duas são quase tr~es anos mais novas que seus irmãos Loras e Robb.
É isso, espero que gostem!

Capítulo 1 - Tulipas


Fanfic / Fanfiction Sobre garotos e flores - Tulipas

Marilyn Monroe dizia que os diamantes eram os melhores amigos de uma garota.

Se os diamantes fossem em formatos de flores, então...

Sim, flores. Margaery amava flores. Era um cliché enorme para um Tyrell, afinal essa família é dona de uma perfumaria muito conceituada e conhecida por ter suas enormes áreas verdes onde ocorria o cultivo particular de flores, árvores e frutas para a extração do aroma.

Quando era criança, todas as vezes que seus pais a levavam para visitar uma das áreas verdes, Margaery e Loras se perdiam brincando de esconde-esconde. A bronca de seus pais, entretanto, sempre ia para Willas e Garlan, os mais velhos que perdiam os caçulas de vista. Margaery e Loras piscavam um para o outro e Loras enfeitava a cabeça de Margaery com uma coroa de flores recém-colhidas, gritando em alto e bom som: “todos curvem-se perante a rainha das flores”.  Embora amasse profundamente seus três irmãos, não tinha como negar que Loras era seu preferido. Eles sempre andavam juntos, todos pensavam que eram gêmeos devido à semelhança física e até de personalidade. A longa convivência entre os dois faziam com que soubessem ler a mente um do outro: não eram necessárias palavras ou gestos expressivos, às vezes apenas um olhar, um meio sorriso.

Quando Margaery tinha nove anos, Dickon Tarly, colega de sala de Loras, entregou um ramalhete de flores do campo para Margaery, eram brancas e com uma beleza delicada. Dickon disse que as flores lembravam Margaery e, com a face vermelha, confessou uma paixão por ela. Educadamente, Margaery agradeceu o gesto, beijou a bochecha de Dickon e foi para casa. Quando foi ao quarto de Loras, o encontrou encarando o teto, sem expressão. Após algumas perguntas ignoradas Margaery descobriu que Loras estava com ciúmes de Dickon. Não por causa de algum instinto protetor que ele sentia por ela, mas porque sua primeira paixão gostava de sua irmã, e não dele. Ele a encarou, sem saber ao certo o que dizer.

— Não precisa dizer nada, irmão. Eu sempre desconfiei. Como? Você pergunta. Eu te conheço melhor que qualquer um, sei ler a sua mente — ela disse, acariciando os cabelos dele.

— O que as pessoas achariam disso, Marge?

E chorou, agarrado ao colo da irmã, com medo e angústia que não sabia explicar.

— As pessoas, Loras, não têm que achar nada, simples! Você tem direito de gostar de quem quiser, ué. Eles não podem te obrigar, e se tentarem, vão ter que passar por mim antes.

Loras gostava de meninos e Margaery sabia, era a única que sabia além dos próprios meninos que ele beijava. Talvez a avó também soubesse, eles suspeitavam, até porque não tinha como esconder nada da astuta Olenna Tyrell, a famosa Rainha dos Espinhos.

Quando completou 14 anos, Loras foi mandado pelos pais para estudar na King’s Landing Institute em New York, morando com Willas e Garlan. Era uma escola de elite, uma das melhores, e é claro que os Tyrell garantiriam aos seus filhos a melhor educação que o dinheiro pode comprar. Embora separar-se de Loras fosse difícil, Margaery recusava-se a deixar a vida nos sossegados campos franceses para mudar-se para a cidade grande, onde definitivamente não havia flores. Como poderia haver flores em um lugar conhecido como selva de pedra?

Persuasiva como sempre fora, Margaery conseguiu convencer seus pais a não ir para NY. Pelo menos, até ela completar seus 15 anos e dar início ao primeiro ano do colegial. A partir daí, não houve escapatória. Prendendo as lágrimas de uma maneira orgulhosa, Margaery arrumou algumas poucas malas e deixou o delicioso ar de Highgarden para passar a respirar o intoxicante ar da selva de pedras de NY.

Ela morava com Willas e Loras em um apartamento grande. Willas, com seus 26 anos, havia terminado a faculdade de Administração e agora trabalhava na sede Tyrell em NY.  Loras, com 18 anos, estava em seu ultimo ano do colegial. Garlan, recém formado em Contabilidade, aos 24 anos, passou a morar com a agora noiva, Leonette Fossoway, que conheceu na faculdade. E Margaery, aos 15 anos, estava sozinha e desolada em um lugar desconhecido com apenas seus irmãos como amigos.

Loras garantiu a ela que, assim que começasse as aulas no King’s Landing Institute, ela teria muitas amigas, até porque uma garota linda, descolada e legal não iria ser uma loser.

Então chegou o primeiro dia no KLI e Margaery nunca se sentiu tanto como uma loser. Todos que passavam por ela a olhavam torto e sussurravam “novata”. As garotas lançavam olhares de desprezo, os garotos falavam coisas como “gostosa”, sem nenhum senso de cavalheirismo. Se essas eram as pessoas lindas, descoladas e legais, Margaery preferia mil vezes ser uma loser. Ela se direcionou ao seu armário para guardar os livros e tentar se localizar no mapa que recebera da escola. Era um lugar enorme, seria difícil encontrar onde suas aulas seriam. Loras, que disse que a ajudaria, deu uma desculpa esfarrapada se afastou dela no momento que um rapaz moreno e incrivelmente bonito com uma barba rala passou por eles. Margaery nunca teve problemas em se enturmar, mas a distância de casa tornava tudo pior. Olhou para os lados e não viu um rosto conhecido se quer. Suspirou fundo, pensando seriamente em entrar em seu armário e só sair de lá quando as aulas acabassem. Seu plano foi interrompido quando ela ouviu uma voz doce ao seu lado.

— Você é bonita.

Disse uma garota que Margaery pôde jurar ser uma das mais lindas que já vira em sua vida. A moça a sua frente usava o uniforme da escola, saia plissada azul escura, camisa social branca, mas sem gravata, e cardigan azul de linho por cima.  A pele dela era branca, seus lábios rosados sorriam simpaticamente, olhos azuis vívidos e seus longos cabelos ruivos estavam presos em uma trança elaborada. Ah, que maças do rosto bonitas, pensou Margaery.

— Muito obrigada! — sorriu. — Você também é bonita. Muito. Mesmo.

A moça riu um pouco sem graça e estendeu para Margaery sua mão, que a morena prontamente aceitou.

— Me chamo Sansa Stark.

— É um prazer te conhecer, Sansa. Meu nome é Margaery.

— O prazer é meu, Margaery. Seja bem vinda ao King’s Landing Institute.

— Como você sabe que eu sou novata? Não tem, não sei, mais de mil alunos aqui? Meu desespero entrega?

— Não é isso, — a ruiva disse rindo — é que eu tenho certeza que teria notado você antes. Você certamente tem presença.

— Vou considerar isso um elogio...

— E foi um! Devo te falar, Margaery, você causou muito burburinho. É só olhar ao redor, todos os olhos estão em você.

E foi isso que Margaery fez. Todos, rapidamente, olharam para outro lado ou fingiram estar conversando normalmente. Margaery reconsiderou a ideia de se esconder dentro de seu armário. Não que ela não gostasse de atenção, mas novamente, ela estava longe de casa e cercada de rostos desconhecidos e alguns bem hostis. Margaery, entretanto, decidiu que se fosse focar nisso, as coisas não iriam melhorar. Virou-se, então, para a ruiva amigável ao seu lado.

— Sansa, você pode me dar uma ajudinha? Estou meio perdida. Preciso chegar a sala 7H para minhas aulas do primeiro período.

— Me deixe ver seu horário...

Após alguns segundos analisando, Sansa sorriu e fechou a porta do armário dela.

— Ótimo! Você tem as mesmas aulas que eu! Além de vizinhas de armário, seremos colegas de turma!

E Margaery sorriu sinceramente quando Sansa a puxou pelo braço e a guiou pelos corredores até uma sala não muito longe dali.

— Pode sentar do meu lado, Margaery. Esse lado da carteira sempre fica vago.

Logo, a aula começou. O primeiro período era Literatura, com o professor Edmure Tully, que Sansa informou ser seu tio. Ele começou a chamada e quando chegou ao nome de Margaery, um burburinho começou e novamente todos olhavam para ela.

— Tyrell? Você é Margaery Tyrell? — Sansa falou baixo ao seu lado, sua expressão de espanto.

— Ahm... sim?

— Caramba, que genética incrível tem sua família! Quer dizer, você e Loras... Uau! Eu sabia que te conhecia de algum lugar. Não porque você tem um rosto comum, seu rosto não é nada comum, quer dizer...

A ruiva se atrapalhou e Margaery sorriu levemente.

— Eu e Loras somos incrivelmente parecidos?

— Precisamente! Quer dizer, vocês dois são um arraso! Você é uma versão feminina do Loras, o que é um elogio e tanto, porque Loras Tyrell é lindo como um príncipe encantado...

Sansa disse, sua face corada e sua expressão sonhadora.

— Então, se eu sou a versão feminina dele, quer dizer que sou uma princesa encantada? — Margaery perguntou, arqueando a sobrancelha e rindo de lado.

— Sim, vossa alteza. — as duas meninas riram baixinho.

Naquele dia, as duas sentaram juntas no almoço. Falaram uma para a outra sobre família, casa, gostos pessoais, pop stars favoritas, famosos lindos de morrer e flores.

Nos dias que se sucederam Margaery e Sansa também sentavam juntas, comiam juntas, andavam juntas, faziam trabalhos da escola juntas. Também falavam sobre garotos. Muito. Um dia, Margaery pensou que se Sansa fosse uma flor, seria uma de suas favoritas.

 

                                                                                                     ~*~

 

— Olá, vizinha de armário!

Cumprimentou Sansa, abrindo seu armário ao lado dela.

— Olá, vizinha. Conseguiu fazer aqueles exercícios de álgebra?

— Sim, Robb me ajudou — a expressão dela de repente fica séria. — Ah, droga...

— Qual o problema, Sans?

— Estou com o livro do Robb, acho que a gente deve ter trocado. Vou atrás dele e pegar o meu de volta.

— Espere, vou com você.

— Não, Marge!

Disse Sansa, virando-se subitamente com os olhos arregalados. Percebendo a desconfiança de Margaery, ela logo sorriu e tentou disfarçar.

— Deixe que eu faço isso, não se incomoda! Te encontro na sala, vou passar na cafeteria e levar dois vanilla lattes com muito creme.

 Contrariada, Margaery foi para a sala 3C, onde sua aula de Álgebra aconteceria. A desconfiança sumiu logo que Sansa chegou, até porque, como resistir a um vanilla latte magnifico com extra creme?

 

                                                                                                         ~*~

 

  Margaery estava na biblioteca pegando todas as obras de Shakespeare disponíveis para que ela e Sansa pudessem fazer seu trabalho de Literatura. Alguns minutos depois, a ruiva estava ao lado dela, ajudando a carregar os livros.

   — Então, esse fim de semana, na sua casa?

 — Infelizmente não, Sans, vamos ter que fazer na sua... Willas está a semana inteira ocupado trabalhando em casa, ele tem que mandar alguns relatórios para sede da Tyrell em Highgarden e está um tantinho estressado. Além disso, Loras tá quase pirando estudando para os exames de admissão nas faculdades que ele quer. Ele e Willas estão igual gato e rato, então não acho que seja um bom momento pra receber visitas...

— E que tal aqui, na biblioteca? Ou na biblioteca municipal?

— E que tal na sua casa, onde nós com certeza podemos ficar mais a vontade para fazer o trabalho?!

— Bom... é que... — Sansa, tentando encontrar algo para dizer, mordia o lábio inferior.

— Sans, você não se sente confortável em me receber na sua casa?

— O que?! Não é nada disso, Marge!

— Então o que é? — a morena perguntou, cuidadosamente.

 — É só que... bom... você sabe, eu tenho uma família muito grande. Meus pais, meus três irmãos e minha irmã mais nova. Além disso, meu primo Jon está morando com a gente. São oito pessoas em casa, as coisas podem parecer meio... loucas as vezes.

— Ah Sans, por favor! Pelas histórias que você conta, sua família parece ser simplesmente incrível! Te garanto que deve ser melhor do que dividir um apartamento, por mais que seja grande, com dois homens que parecem crianças brigando pelo controle remoto. Nem sei porque eles fazem isso, cada um tem uma TV no seu quarto.

Sansa riu, concordando.

— Não é um dia comum sem briga por controle remoto na casa dos Stark. Mas, se você realmente não vai se incomodar com a loucura, tudo bem. Te mando o endereço e nós nos encontramos lá no sábado a tarde.

— Finalmente! — Margaery disse, sorrindo de lado.

 

 

                                                                                                      ~*~

 

O sábado a tarde chegou rápido e Loras levou Margaery até o endereço que Sansa enviou. Margaery desceu do carro, se sentindo impressionada com a mansão Stark. Era grande, rústica, mas ao mesmo tempo moderna. Tinha lindas plantas e flores, o que fez Margaery sentir saudade dos belíssimos jardins de Highgarden. Ela entrou pelo portão da frente, tocou a campainha e esperou em frente à majestosa porta de cedro. Margaery jurou que pode ouvir os gritos de Sansa alertando sobre a presença da amiga. Um tempo depois, quem atendeu a porta foi uma mulher ruiva, com lindas maças do rosto, um sorriso simpático, cabelos ruivos e olhos azuis. Era uma versão adulta de Sansa.

A mulher, Catelyn, mãe de Sansa, recebeu Margaery calorosamente, perguntando se ela precisava de alguma coisa. Logo, Catelyn começou a perguntar mais sobre a vida de Margaery, como sobre seus irmãos, pais e Highgarden. Não surpreendeu Margaery saber que a senhora Stark conhecia sua avó, Olenna, mas o que surpreendeu foi o sorriso que a mulher deu ao falar da Rainha dos Espinhos. Sua avó provocava muitas reações, mas sorrisos não eram constantes. Nem um pouco.

— Sabe, Margaery, querida, você tem o mesmo brilho nos olhos que sua avó. Senhora Olenna é certamente uma mulher admirável.

— Obrigada, Sra. Stark.

— Cate, pode me chamar de Cate — disse, sorrindo.

— Então me chame de Marge — a mais jovem respondeu, sorrindo de volta.

Logo, Sansa desceu da escada. Ela disse Bran, Rickon e Arya haviam ido para um acampamento da escola. Margaery se despediu de Catelyn quando Sansa a guiou pela casa até a cozinha, onde serviu um copo de suco para ela e disse que iria arrumar algumas coisas no seu quarto e logo voltaria. Enquanto bebia o suco de laranja, Margaery não pôde se conter e foi em direção ao grande jardim dos Stark. Ela abriu as portas de vidro que separavam a cozinha do jardim e se deparou com muitas árvores verdes grandes, uma piscina com cadeiras de praia na frente, samambaias, grama verdinha e flores, muitas, lindas, flores.

Margaery não conteve seu sorriso com aquela visão maravilhosa, aquele ar puro e cheiro gostoso que a fazia lembrar-se de casa. De tomar banho nos riachos no verão, de colher e plantar flores em seu enorme jardim, de visitar as áreas verdes dos Tyrell e se perder com Loras enquanto Willas e Garlan os procuravam. Das coroas de flores recém-colhidas em seu cabelo e seu irmão gritando “todos curvem-se perante a rainha das flores”.

Tão perdida em memórias, Margaery não notou quando um vulto cinza pulou em cima dela, a jogando no chão. Um cão enorme que mais parecia um lobo estava com a língua de fora olhando com seus olhos amarelos para ela. Ele lambeu o rosto de Margaery e, embora ela devesse estar com medo, Margaery sorriu e levantou a mão para tocar o focinho do novo visitante.

— Grey Wind! O que pensa que está fazendo?!

O cão saiu de cima dela e Margaery viu uma mão, sem pensar muito, segurou nela e se sentiu puxada do chão.

— Você está bem?

Foi então que Margaery olhou para o homem que a ajudou e minha nossa, tinha ficado tão quente de repente. Ele era alto, bem mais que ela. Pela camisa branca que estava usando, dava para ver que era musculoso. O cabelo dele eram cachos ruivos que se pregavam na sua testa suada. Os olhos eram azuis, profundos e vívidos e seu rosto tinha um maxilar bem definido, com uma barba rala que o deixava tão mais atraente.

— Se é que isso é possível...

Margaery falou alto, sem perceber, e de imediato corou. Sentiu-se estúpida, Margaery Tyrell nunca tinha corado por causa de um menino. Se bem que esse não é qualquer um, pensou, mordendo o lábio.

— Ei, moça, você está bem? — ele perguntou de novo, dessa vez com um sorriso involuntário que Margaery achou brilhante.

— Ah, sim, estou, obrigada. Não brigue com ele, esse rapaz só estava me fazendo companhia — ela respondeu, se recompondo e fazendo carinho no cão, que balançou a cauda alegre.

— Sabe, Grey Wind não costuma ser simpático assim com todo mundo — falou, sorrindo levemente.

— Grey Wind... faz todo sentido esse ser seu nome, já que você corre rápido como o vento — Margaery respondeu, tentando manter o foco no cão e não no cara extremamente gato a sua frente. — Acontece que eu não sou todo mundo, não é Grey Wind?

Ela sorriu de lado e ergueu a sobrancelha, sua marca registrada.

— Não é mesmo... Me chamo Robb Stark.

Ele estendeu a mão e ela logo a apertou.

— Prazer te conhecer, Robb. Me chamo Margaery Tyrell.

Olhando-a diretamente nos olhos com um meio sorriso, Robb respondeu:

— Agora eu entendo porque Sansa está te escondendo de mim.

— O que?

A pergunta de Margaery foi em parte ignorada por Robb, que estava mais preocupado observando a beleza a sua frente. Ela usava um vestido de alças com estampa floral que marcava sua cintura, caindo solto até o joelho. Aquela cor amarela combinava bem com a pele bronzeada e sem marcas dela. Seus cabelos eram de um castanho-dourado e caiam em ondas suaves até a metade de suas costas, emoldurando bem seu rosto delicado. Os olhos dela, também castanho-dourados, tinham um brilho que Robb não sabia exatamente como explicar, seu nariz era fino e com a ponta arrebitada, seus lábios vermelhos conseguiam ser finos e ainda sim carnudos e eram tão bem desenhados. Todo seu rosto era bem desenhado. Todo o seu corpo, Robb pensou. Era tudo tão delicado.

— Não é nada. Então Margaery, veio visitar Sansa?

— Sim, nós vamos fazer um trabalho de Literatura juntas.

— Qual o tema? Quem sabe eu possa ajudar — Robb ofereceu, sorrindo.

— Crítica social nas obras de Shakespeare. Eu e Sansa escolhemos trabalhar com Sonhos de uma noite de verão, ver como se desenrolam as questões feministas nessa obra.

— Tema legal. Sabe que pelo seu rosto, eu podia jurar que você iria escolher Romeu e Julieta...

— É bem cliché, mas esse é meu livro favorito do Shakespeare, se bem que Hamlet quase empata.

Robb sorriu de lado, aproximou-se dela e pegou em suas mãos.

— Ah, ela ensina as tochas a brilhar! Parece estar suspensa na face da noite, tal qual jóia rara na orelha de uma etílope; beleza incalculável, cara demais para ser usada, por demais preciosa para uso terreno!

— Robb Stark, você se supera...

Os dois viraram-se e viram Sansa com os braços cruzados e um olhar incrédulo. Margaery soltou as mãos de Robb e se distanciou dele, indo para o lado da amiga.

— Não acredito que decorou falas de Romeu e Julieta para dar essas cantadas sem graças! E o pior é que algumas garotas caem!

Essa ultima parte, Sansa disse olhando para Margaery, a repreendendo. A morena apenas sorriu de leve e deu de ombros, como se não soubesse do que a amiga falava.

— Ah irmãzinha, você se esquece que no primeiro ano do colegial, eu interpretei Romeu na peça do KLI.

— Marge, porque não vai para o meu quarto? Quando você subir as escadas, é o terceiro a direita. Ele tem uma porta branca. Logo eu subo com alguns lanchinhos.

Margaery apenas acenou com a cabeça, pensando que não queria fazer parte de qualquer que fosse a discussão que iria ocorrer alí. Saiu da cozinha, indo para o quarto de Sansa, mas antes olhou furtivamente para Robb Stark apenas para o ver sorrindo tranquilo.

Quando Margaery não estava a vista, Sansa lançou um olhar ainda mais fulminante para Robb, que por sua vez apenas riu abertamente.

— Sua amiga é bonita.

Embora estivesse falando com sinceridade, o fez principalmente para provocar a mais nova.

— Você é INACREDITÁVEL! O que em nome dos Deuses você pensa que estava fazendo?!

— Sendo gentil com sua amiga?

— Não! Você estava descaradamente dando em cima dela! Ahg!

— Se você sabe, porque perguntou?

— Robb Stark, se tocar um dedo nela eu juro que eu te mato!

— Ah irmãzinha, mas se ela quiser? Não será muito cavalheiro da minha parte negar o pedido de uma dama...

Robb disse, sorrindo de lado, adorando provocar a irmã. Sansa se aproximou de Robb e o olhou perigosamente.

— Trate de tirar esse sorriso presunçoso da sua cara! Estou falando sério! Lembra o que aconteceu da ultima vez que você resolveu sair com uma amiga minha?! ELA SE APAIXONOU! E você não, então Roslin deixou de falar comigo. Acontece, irmãozinho, que eu não quero que o mesmo aconteça com a Margaery. Ela é a única amiga que eu tenho desde Roslin e eu realmente não quero perde-la por sua causa! Então, por favor, se você me ama pelo menos um pouquinho, não arruína a Margaery pra mim...

— Pelos Deuses, Sansa, você não sabe brincar mesmo... Não se preocupe, eu não vou “arruinar a Margaery” pra você ou seja lá o que isso significa.

Sansa respirou profundamente, demorou alguns segundos para se recompor e só então saiu da cozinha, antes virando-se para Robb e dizendo com uma voz calma:

— Obrigada, Robb. Significa muito pra mim.

— De nada.

Grey Wind olhou para Robb e ele acariciou as costas de seu amigo.

— Ela realmente tem um cheiro bom. Ela cheira a flores.

É uma pena, Robb pensou, ela é linda.

 

                                                                                                           ~*~

 

— Então é por isso que você não queria que eu viesse a sua casa?

— Sim...

— É por isso que você sempre dava um jeito de não me fazer assistir treinos ou jogos do time de football?

— Isso...

— É por isso que nenhuma vez, fora hoje, eu vi seu irmão?

— Elementar, minha cara Margaery. Eu tentei com todas as forças te manter longe do cafajeste que é meu irmão.

As duas já haviam terminado o trabalho, agora estavam deitadas na cama de Sansa, escolhendo algum filme na Netflix para assistir.

— Sans, desculpe falar, você obviamente conhece seu irmão melhor que eu, mas ele não parece ser um cafajeste.

— Ah, minha doce Marge... Robb Stark não é qualquer cafajeste, ele é o maior cafajeste de todos. — Vendo a expressão de dúvida de Margaery, Sansa continuou — ele é o maior cafajeste de todos porque ele não é como os outros cafajestes que mostram exatamente como são e que não se importam em nada com você. Robb trata as garotas bem, as busca em casa com seu carro lustroso, as leva pro cinema, para jantar, compra flores, chocolate, perfume. Liga no dia seguinte, manda mensagem, é doce, carinhoso, gentil e prestativo, tudo como um perfeito príncipe encantado.

— E como isso pode ser ruim?

— As garotas se apaixonam, Marge, Robb não. Após um tempo no paraíso, elas sempre começam a puxar assunto sobre namoro e compromisso sério e Robb, como um cavalheiro mágico e gentil, fala que sente muito, que a garota é incrível, mas que ele não quer namorar. Que ele deve ser honesto para não ferir os sentimentos dela e tudo mais...

— Isso é bom, pelo menos ele é honesto.

— Aí que tá! Justamente por se preocupar com os sentimentos da garota e ser honesto, doce e gentil, elas se apaixonam ainda mais por Robb. Nenhuma garota que saiu com ele já superou, Marge. Isso inclui Roslin Frey, minha melhor e única amiga ano passado. Robb saiu com ela, ela se apaixonou e quis namorar, ele foi honesto e perfeito ao dar um doce pé na bunda dela e Roslin nunca mais falou comigo.

Margaery ficou quieta por um tempo, pensando no que Sansa disse.

— Então você está me dizendo que Robb é o maior cafajeste porque ele sai com garotas, as trata bem, é gentil e meigo, elas se apaixonam, mas ele não quer compromisso e é honesto com elas?

— Exato.

— Pra falar a verdade, eu não acho que ele seja o vilão... Quer dizer, toda garota já tenderia a se apaixonar pelo quarterback bonitão, imagine se ele ainda for gentil, legal e a tratar bem...

— O fato é que, como você disse, toda garota se apaixona pelo Robb. Ainda mais se ele sair com ela. Mas você não é “toda garota”, você é Margaery Tyrell e não vai cometer o cliché de se apaixonar pelo, nas suas palavras, quarterback bonitão, ter seu coração quebrado e não conseguir mais falar comigo...

Margaery apenas sorriu e concordou. Sansa estava certa, afinal de contas. Seria no mínimo estranho ser amiga de Sansa após ter seu coração quebrado por Robb, não teria como olhar para a amiga sem se lembrar dele. Prontamente, Margaery enterrou bem dentro dela todo aquele choque que sentiu quando viu aquele cara extremamente gato. Uma batida fez as meninas se virarem para a porta, onde Catelyn estava segurando uma bandeja de cookies com leite.

— Espero que gostem, meninas.

— Deuses, estão uma delícia, Cate!

— Ah, que bom que gostou, Marge! Vou guardar alguns para você levar para casa.

E com isso, Catelyn saiu do quarto, deixando Sansa boquiaberta. A ruiva brincou dizendo que Catelyn não costumava ser assim com tudo mundo e que ela deveria ter gostado muito de Margaery.

— Isso quer dizer que eu posso vir te visitar mais vezes?

— Por favor!

As duas ouviram Catelyn falando de fora do quarto e começaram a rir.

                                  

                                                                                                              ~*~

Era domingo, a mãe de Margaery havia ligado e dado uma palestra sobre a importância da boa imagem, dizendo que era hora da moça comprar novas roupas e que não deveria, de forma alguma, andar por aí desarrumada. Um Tyrell sempre deve estar impecável. Se sua mãe pudesse a ver, Margaery sorriria e concordaria, mas como não podia, Margaery revirava os olhos e torcia os lábios.

Embora todo o sermão fosse um saco para ela, Margaery adorava fazer compras. Ela chamou, então, seus melhores amigos para uma tarde de compras no Upper East Side: Loras e Sansa.

No caminho de volta para casa, no carro de Loras, Margaery olhou para trás e viu uma Sansa apertada entre tantas sacolas e riu, sua mãe não iria reclamar de suas roupas por um bom tempo. Ela olhou pela janela e viu uma linda floricultura. Arrastou Loras e Sansa para a loja tão colorida e com cheiro incrível. O mais importante ela iria comprar agora, as flores.

Dentre tantas belezas e odores, os olhos de Margaery foram capturados pelas tulipas amarelas e vermelhas. Margaery sabia exatamente por que. Tulipas significavam amor fervoroso. Enquanto as vermelhas eram amor duradouro, as amarelas eram amor sem esperança. Pelo seu próprio bem, Margaery optou pelas amarelas.

 Como o carro estava cheio das compras da tarde, Loras entregou o endereço do prédio para fazerem entrega. Após deixar Sansa em casa, os irmãos chegaram no prédio em que moravam e Margaery foi tomar banho, vestido depois, um moletom largo e calças de yoga. Loras havia dito que as tulipas haviam chegado.

Quando ela foi pegar as flores para planta-las na varanda, percebeu algo que chamou sua atenção, uma cor se destacava.

Dentre as muitas tulipas amarelas, havia uma vermelha.

 

                                                                                                     ~*~

Era segunda feira, ela estava na fila da cafeteria do King’s Landing Institute. Sansa estava a esperando na sala e Margaery batia os pés no chão, tentando não parecer muito impaciente, enquanto esperava para fazer o pedido dos dois vanilla lattes com extra creme. Ela pediu para colocar na embalagem para viagem, pagou e saiu em direção ao bloco F, sala seis, onde teria aula de Física.

O celular de Margaery vibrou com muitas notificações do Whatsapp, Instagram e etc. Antes de colocar o celular no silencioso e o desligar, ela passou rapidamente o dedo pela tela, uma notificação em especial chamando sua atenção e quase a fazendo derrubar os dois cafés que segurava. Seus olhos arregalaram e Margaery tentou convencer a si mesma que aquela notificação do Instagram não significava nada:

Robb Stark começou a segui você.


Notas Finais


That's it, folks!
Espero que gostem.
Sintam-se a vontade para deixar comentários, críticas e etc.
Essa história vai ser curta, cerca de 5 capítulos, por isso os capítulos terão em torno desse tamanho mesmo.
Beijos, até o próximo!


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