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História Sobre perder apostas e beijar desconhecidos - Capítulo único


Escrita por: sungset e seongset

Notas do Autor


finalmente !
nem lembro como posta aqui, enfim
tô de hiatus, mas essa fanfic ta pronta a tempo demais, precisava postar
enfim, boa leitura !

Capítulo 1 - Capítulo único


Perder uma aposta nunca foi tão doloroso para Seonghwa. Naquele momento, ele só conseguia pensar que perder alguns wons valia muito mais a pena naquela situação de desespero.

Em 1983, os jovens não tinham muitas opções de diversão além de sair para beber ou namorar loucamente. Mas para Park, nenhum dos dois programas eram interessantes, preferia ficar em casa ouvindo algum disco e provando roupas novas que seu pai lhe dava.

Mas naquele dia em específico, seus amigos conseguiram lhe arrastar para fora do quarto aconchegante de sua casa, — isso porque, no dia anterior, aquele Seonghwa havia perdido uma aposta que lhe custou a dignidade.

Estavam todos sentados em volta de uma mesa quadrada em um bar pouco movimentado, iluminado por algumas leds e pisca-piscas e de fundo, em uma jukebox, tocava alguma música de rock da época, o que seria até gostosinho, se não fossem pelos gritos eufóricos dos seus amigos.

— É simples, hyung. — Yeosang parecia ter injetado um litro de energético na veia de uma vez de tão animado que estava, chegando a jogar seu corpo sobre a mesa e ficar bem pertinho do rosto de Seonghwa. — Terá que beijar a primeira pessoa que passar por aquela porta.

O mais velho dali queria sumir, cavar um buraco e se enterrar nele, chorar de desespero e tudo de ruim que se podia imaginar. Aquilo era suicídio, beijar um desconhecido e correr o risco de ser denunciado para a polícia ou algo do tipo.

— Ok, mas-

— Em três, dois, um, valendo! — San contou e então todos olharam para a porta dupla do local, principalmente Seonghwa. Estava fodido. Não podia fugir, então apenas torceu para que por aquela porta passasse, pelo menos, alguém da sua idade e que lhe chamasse atenção para um lado bom.

— Ela!

— Como assim "ela"? Ele é gay.

Todos ali riram. E até Seonghwa riria se por dentro não estivesse gritando de ódio e desespero. Observou a garota bonita que entrou pela porta, que com certeza tinha a sua idade e estava bem vestida, parecia interessante e até mesmo pensou em beijar ela mesmo, mas logo atrás dela vinha vindo alguém.

O Park engoliu a seco ao que seus amigos começaram a cochichar instruções perto de seu ouvido para que nada desse errado, como se beijar um total estranho não fosse um prato completo de desastre.

E naquele momento, não soube o que mais o assustou: os comentários de seus amigos sobre o garoto; a sorte que não teve em anos e que teve naquele dia, naquele bar e naquela hora; ou o próprio garoto que entrou pela porta com um sorriso radiante, como se não estivesse prestes a ser beijado.

— É seu dia de sorte, hyung. — ouviu San dizer ao seu lado e dar tapinhas no seu ombro, como se tivesse ganhado o troféu da semana. E talvez tivesse, porque sua boca formando um perfeito "o" revelava seu espanto com tamanha beleza que exalava do recém chegado.

Talvez suas sardas chamaram mais a atenção do Park, ou então seus fios de cabelo em um undercut harmonioso e cachinhos perfeitamente arrumados, pintados de um castanho clarinho. Mas não, com certeza foi a roupa chamativa, que consistia em uma calça social cor de pele e uma estranha combinação de uma blusa social, suéter, gravata e um casaco xadrez por cima de tudo aquilo. No mínimo peculiar, mas para Seonghwa era adorável.

— Viu como ele está vestido? É bem esquisito, bem a sua cara na verdade, Seonghwa.

O mais velho nem prestava mais atenção no que eles falavam, seus olhos seguiram os passos do baixinho, que ao deixar o balcão onde fez seu pedido, rumou até uma mesa afastada das que estavam ocupadas e em seguida abriu um livro de tamanho e grossura mediana.

Era o que faltava para tudo se tornar perfeito. 

— Não temos a tarde toda, hyung!

Seonghwa se assustou com o quase grito que San direcionou a si. Ainda não estava acreditando no que iria fazer, se pegou revivendo tudo que passou até estar ali.

Virou o copo de whisky que sabia pertencer a Yeosang e se levantou, ouvindo gritos de incentivo dos amigos. Puxou o ar com força para dentro de seus pulmões e começou sua caminhada em direção à mesa, onde o seu alvo estava.

E a partir dali sua mente começou a trabalhar incansavelmente, criando possibilidades boas e ruins quando se separasse do beijo. E se ele namorasse? E se ele sequer retribuisse o beijo e lhe metesse um soco no rosto? E se… ele retribuir e ainda pedir mais? Era tanta coisa, que deixava o Park louco, torcendo para que fosse a última opção.

Quando se deu conta, já estava parado ao lado da mesa onde o garoto estava lendo seu livro, tão concentrado que seria até pecado interrompê-lo para trocar saliva. Mordeu o canto da boca, olhando para a mesa onde os amigos estavam e notando que mais eufóricos que ele, os amigos gritavam em silêncio, fazendo gestos de incentivo.

— Ah… oi?

Seu corpo se arrepiou ao ouvir a voz do garoto que corria grande risco de ser beijado ao seu lado, e ao encará-lo, o viu com os olhos em si. Suas pernas fraquejaram e estava decidido que iria correr o mais rápido possível para longe daquele bar e nunca mais voltaria. Pensou em olhar para seus amigos de novo, mas não tinha o porquê, agora era ele sozinho e, ou beijava, ou beijava.

Respirou fundo mais uma vez, fechou os olhos e se jogou ao lado do garoto, grudando seus lábios nos dele. Não queria correr nenhum risco e por isso já foi logo enfiando sua língua na boca do garoto. E durante os primeiros segundos em que seus lábios escorregaram sozinhos contra os alheios, Seonghwa pensou em como seus pais ficariam decepcionados em vê-lo naquele estado, beijando alguém que não sabia definitivamente nada sobre sua vida.

Estava encrencado; aquilo martelava em sua mente, mas para a sua surpresa, o menino que usava roupas esquisitas e lia livros retribuiu seu beijo. E o Park teria a breguice de dizer que foi mágico. Visto que estavam em um bar caidinho e vazio, que tocava agora uma música horrível com uma letra que falava como a vida se resumia em sexo, drogas e rock'n'roll, com uma torcida ridícula e infantil de dois coreanos bêbados — que todo dia Seonghwa se perguntava como virou melhor amigo deles —, o beijo foi bom e talvez com significados demais, ainda mais para a mente paranóica do Park.

Ao se afastar, teve certeza que receberia o soco na cara que estava mesmo esperando, tanto que até fechou os olhos e se manteve na mesma posição, mas depois de segundos ouviu uma risada baixa e fraca.

— Isso foi engraçado, estava lendo uma cena onde os protagonistas se beijam… coincidência, não?

Seu coração faltou parar de bater, e não era por nada além daquele sorriso bonito que moldava os lábios fininhos e vermelhos do garoto de sardas. Sentiu um alívio se apossar de si ao que o garoto aparentava não ter nenhum relacionamento, gostar de homens e ainda ter um senso de humor reconfortante.

— O-oh — mordeu o canto da boca, sentindo até mesmo sua nuca corar. Abaixou o olhar para suas mãos inquietas, rindo de nervoso. — Não achei que reagiria assim.

— Eu fiquei preocupado, mas depois notei que não é todo dia que somos pegos de surpresa por um beijo — o garoto deu de ombros, ainda sorrindo, como se não houvesse tristeza em nenhum lugar do mundo. — Ainda mais por alguém tão belo como você, com todo o respeito.

Por algum motivo, seu coração disparou, ainda mais rápido do que estava antes. Seu peito ardeu e seu corpo se arrepiou. Mas sorriu, e apesar dos músculos do seu rosto fraquejarem junto com o coração, foi um sorriso sem dúvidas sincero.

— O-obrigado — sussurrou, pigarreando e se virando. Ia se levantar para correr dali, mas sentiu a mão dele em seu ombro. Não iria negar que estava torcendo para que o impedisse de ir embora.

— Você me beija e quer ir embora? Isso não vale. — seu tom era de tristeza, mas logo ele soltou outra risada, fechando seu livro e levando toda a sua atenção ao rosto vermelhinho do Park.

O último teve um tempinho para analisar melhor o garoto à sua frente. Tão pequeno e magrinho que era engolido pelo estofado vermelho do banco. Suas unhas eram quase todas pintadas de preto e sua orelha estava cheia de piercings. Sem contar que emanava um cheiro gostoso de livro e café.

— Ao menos me diga seu nome. — pediu suave, alisando a mesa com suas mãos pequenas e branquinhas. Era adorável como seus lábios formavam um biquinho, que parecia acontecer somente quando estava concentrado.

— Se-seonghwa… Park Seonghwa — revelou, um pouco mais calmo e menos eufórico. Uma hora ou outra teria que se acalmar, ou iria parecer um desesperado que não sabia o que fazer depois de um beijo. Ainda mais um desconhecido. — Bom, e o seu?

— Hongjoong — falou animado, soltando uma risadinha gostosa após isso e se aproximando um pouco mais do Park. — Foi um prazer te conhecer e te beijar, Sr. Park.

Não foi a intenção, na verdade, Hwa nem percebeu quando seus amigos não estavam mais ali e o proprietário do bar interrompeu um assunto empolgante — assim como todos os outros assuntos que fizeram parte da conversa —, sobre os livros que leram em comum, mas havia passado a tarde toda ali, trocando palavras e olhares.

Seonghwa nunca se imaginou vivendo um clichê dos anos oitenta. Mesmo vivendo nos anos oitenta. Mas lá estava ele, se apaixonando por um garoto que beijou por acaso, ao perder uma aposta idiota. E talvez, por esse motivo, ter apostado aquilo ao invés de alguns wons, foi a melhor de suas escolhas, em todos os seus vinte e três anos de vida.

 


Notas Finais


essa fanfic é tudinho.
a capa foi feita pelo @minkisaur, meu tudinho
e a betagem pela rainha, @blinblon
é isso, dêem amor aos dois !


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