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História Sobrevivendo em Hogwarts - Sétima Temporada - Conhecendo os Daniels, os Plunketts e a tia Candy


Escrita por: LadyMary1994

Capítulo 18 - Conhecendo os Daniels, os Plunketts e a tia Candy


Fanfic / Fanfiction Sobrevivendo em Hogwarts - Sétima Temporada - Conhecendo os Daniels, os Plunketts e a tia Candy

Finalmente chegou o fim de ano, e com ele eu finalmente poderia me distrair um pouco de todas as tretas e confusões que o primeiro semestre me proporcionou. E nada como uma reuniãozinha familiar pra dar uma desestressada, né não?

Louis, que era praticamente da família, viria comigo dessa vez em uma viagem de cerca de quatro horas (se formos de carro, óbvio) para Brokeville, um vilarejo situado no condado de Norfolk, que fica no extremo leste da Inglaterra. É lá onde fica a casa da vovó, o quartel-general dos Daniels. Os  Daniels são compostos por um exército de tios e primos, capitaneados por ela, a vovó Daniels. Engraçado eu nunca ter citado o nome dela, né? Mas é porque ninguém sabe direito qual é. Uns acham que é Philomena, outros que é Euphemia, a real é que a vovó certamente deve morrer de vergonha do próprio nome, por isso, quando se apresenta, ela apenas diz:

- Olá, eu sou a Sra. Daniels, muito prazer.

E na família, ela é conhecida por nomes como Vovó (por mim e meus outros primos, os netos dela), Titia (pelos sobrinhos, como o primo Frankie ou o primo Nate) ou mesmo Mamãe (por meu pai e meus tios).

Meu pai é o mais novo de três filhos. Os irmãos dele (meus tios) se chamam Marty e Barry (obviamente, apelidos para Martin e Barrett), são abortos como ele e também trabalham em empregos normais. Tio Barry trabalha com fretes e mudanças e tio Marty é encanador. Quando eles se encontram com meu pai, ficam só falando de futebol, zoando o papai por torcer pro Manchester United enquanto o tio Barry é City ferrenho e o tio Marty é louco pelo Arsenal. Ou de quadribol, com eles zoando o papai por torcer pelos Catapults, que não vence campeonatos há quase vinte anos, enquanto eles torcem por times famosos e vitoriosos como Montrose Magpies (tio Marty) e Appleby Arrows (tio Barry). Eles têm dois filhos cada, todos bem mais novos do que eu (Marty Jr. e Saoirse do tio Marty e Vincent e David do tio Barry – inspirados em nomes de jogadores famosos do City). Também tenho vários primos, tanto do lado dos Plunkett (o sobrenome de solteira da minha avó) como do lado dos Daniels (a parentada trouxa do meu avô já falecido, eles não costumam aparecer nas reuniões de família), mas desses eu conheço melhor o primo Frankie e o primo Nate, que são os únicos bruxos além de mim e da vovó na família (isso até onde eu sei). O primo Frankie foi o que apareceu lá em casa pra me explicar uns lances de bruxaria quando eu recebi a carta de Hogwarts e descobri que era bruxa também, ele é conhecido por ser um porco e não saber fazer o feitiço autolimpante direito. Na última vez que eu o vi, ele tava trabalhando pro primo Nate, que é sócio de uma loja de instrumentos musicais com a ex-mulher. Ele também tem um filhinho, que deve ter uns cinco anos agora, mas não sei se vai ser bruxo também.

A última vez que eu vi a família inteira reunida foi num Natal, há mais de dez anos atrás. Não lembro de muita coisa, só que tinha muita comida, eu estava entediada e acabei levando uma mordida de uma daquelas fadas mordentes, que só piorou o que já estava ruim.

- Mas tem chances dos seus tios serem tão ciumentos como o seu pai? – perguntou Louis, meio preocupado.

- Eu acho que não. Nos vimos pouco, e outra, já sou maior de idade. Tô bem grandinha pra ter adulto atrás de mim, me cercando e me impedindo de namorar quem eu quiser.

- Mas e a família da sua mãe?

A família da minha mãe era mais complicada. Minha avó já tinha morrido há alguns anos (antes até de eu entrar pra Hogwarts), e não temos boa relação com meu avô, que sempre ignorou a gente, mesmo quando tava na pior (atualmente ele está entrevado numa cadeira de rodas, por conta de um AVC que teve, mas isso não o tornou uma pessoa melhor, muito pelo contrário). De vivos temos o tio Jake, que é chef de cozinha e mora com a família dele lá na Austrália (eles só apareceram uma vez na vida, os filhos dele são bem mais velhos do que eu e eu nem fui muito com a cara deles), e a tia Candy, que é irmã da minha bisavó Cathy (já falecida) e só aparece quando quer.

- Puxa, que chato o lance do seu avô... Não sabia que sua mãe tinha tantos problemas, ela sempre me pareceu tão legal...

- É, ela disfarça bem. Mas não esquenta com isso, muito menos puxe esse assunto, só fale se ela te perguntar algo.

Assim que chegamos em casa e eu tomei banho, nem sei o que me deu, acho que foi a noite que eu fiquei sem dormir, porque me bateu um sono tão grande que eu dormi a tarde toda, só fui acordar lá pelas sete da noite.

- Lizzie, tá tudo bem? – perguntou minha mãe.

- Tá, mãe, eu só dormi demais, foi isso.

- Não durma mais, filha, lembre-se que amanhã nós vamos acordar cedo!

- Tá bom, mãe...

- Ah, outra coisa: suas amigas, a Alice e a Chris, tão aqui.

Levantei na mesma hora. Sempre falava com elas pelo celular, mas nos últimos tempos, com minhas ausências das reuniões da SSWF, não tava dando certo, então eu devia várias explicações pra elas.

Não contei tudo o que estava acontecendo, só disse que o sinal de Wi-Fi da escola poderia ser desligado indefinidamente.

- Mas por que isso?

- É ilegal, Chris. Na Inglaterra, pelo menos, é.

- Sério?

- Sim, é super sério. Ainda mais depois que descobrirem que tão usando o sinal de Wi-Fi pra contar podres da escola...

- Tipo aquele lance do monstro?

- Sim... Mas como é que você sabe, Chris?

- Tá tudo no site – ela me mostrou o celular (nem sabia que dava pra acessar Deep Web pelo celular) com os últimos posts do “Magia Existe e Eu Trago Provas”. Todos bem cabulosos: “Monstros à solta em Hogwarts: até que ponto seus filhos estão seguros?”, “Gangue supremacista ameaça as vidas de nascidos-trouxas”, e “Ataques em Hogwarts: Ministério permanece omisso. Até quando?”. Todas assinadas por um tal de JKR.

- Eu não acredito nessas coisas, continuo achando que o cara desse site tá exagerando pra ganhar mais cliques. Você não acha, Lizzie?

- É, Alice, faz sentido. Mas voltando, a gente vai ter que conversar só por coruja agora. Pelo menos até eu me formar.

Elas ficaram chateadas, como eu previra, mas até que não reagiram tão mal.

- Que chato. Mas vão ser só uns seis meses, vai passar rápido.

- Pior era antes, quando você passava meses sem falar com a gente, lembra, Liz?

Pra que lembrar essas coisas, Alice? Coisa ruim é pra ser esquecida mesmo.

Elas queriam repetir a noitada da outra vez que o Louis veio, mas a gente nem podia ficar tanto tempo, por isso só saímos pra um jantarzinho rápido e depois voltamos pra casa.

- Da outra vez a gente vai no cinema. Vocês bruxos conhecem o cinema, Louis?

- Eu já ouvi falar, mas nunca vi de perto.

- Então, vai conhecer. Vai ficar aqui até quando?

- Amanhã, Lizzie e eu vamos viajar pra conhecer uns parentes dela em Norfolk.

- Ah, então fica pra próxima.

- É até melhor, porque aí a gente combina de trazer também a Kendra, o Cameron e aquela garota do Brasil, a Mariana.

Ia ser divertido, mas ia ter que ficar pro ano que vem.

Dessa vez, meus pais deixaram Louis dormir no quarto de hóspedes, o que foi bom, porque eu fiquei sem sono e nós pudemos gastar um pouco de energia acumulada. E também a gente ia viajar pra um lugar cheio de gente, que era a casa da minha avó em Norfolk, depois iríamos pra casa da avó dele em Devon, que também ia estar cheia de gente, ou seja, dificilmente teríamos outra oportunidade.

Mas no dia seguinte, o dia da gente viajar, a gente se atrasou, porque apareceu um imprevisto completamente inesperado.

- Tia Candy? O que faz aqui?

Não via a tia Candy desde o enterro da vovó (a mãe da minha mãe, no caso), e isso há quase dez anos. Mas ela tava a mesma coisa: usava roupas que não tinham nada a ver com a idade dela e uma peruca acaju estilo chanel bem ridícula.

- Vim ver minha sobrinha adorada, que nunca me visita, parece até que é sozinha no mundo...

A visita dela foi tão surpreendente que Louis nem percebeu que tava usando uma camisa dos Chudley Cannons na frente de uma trouxa, e o pior: uma que não fazia ideia de que magia existia. Pelo menos não que eu soubesse, porque antes que ele percebesse isso, a velha foi direto em cima dele.

- Que moço bonito! Como se dizia em meu tempo: um pão! – espere, essa velha tá passando a mão no meu namorado?! Mas que velha safada! – Não é seu filho, é, Mary?

- Não, tia, é o meu genro.

O coitado do Louis tentou se soltar da velha e todo encabulado, ele a cumprimentou:

- Louis Weasley, senhora, muito prazer.

- Nossa, mas que belo rapagão você é, hein, Louis? – essa velha tá saidinha demais pro meu gosto – E que camisa mais engraçada! Chudley Cannons... Eu já ouvi falar desse nome esquisito! Foi há muito tempo atrás, numa estação de rádio de um lugar muito longe...

O papo dela tava deixando todo mundo muito tenso, cabia a nós desfazermos o clima antes que ela descobrisse coisas que não devia.

- Ei, tia Candy, a senhora ainda não falou comigo!

- Ah, que menina bonita! E é a cara de Cathy quando nova, só pode ser da família...

- É, tia, sou eu, Lizzie! – falei quase gritando, tia Candy tem quase cem anos e é meio surda – a filha da Mary, sua sobrinha bisneta!

- A FILHA DA MARY? Mas você era uma criança quando eu te vi da última vez! Era dois palmos menor do que eu, eu me lembro sim, muito bem!

- É, tia... Mas isso foi em 2015, quando a vovó morreu...

- Sua avó morreu? – ih, tava ficando gagá também. Minha mãe foi dar conta da velha enquanto meu pai sentava no sofá, bem irritado.

- E agora, pai, a nossa viagem?

- Vai ter que esperar.

- Podíamos contar tudo pra ela, que eu sou bruxa, que a vovó Daniels também é... Ela reconheceu o nome do time do Louis, ia aceitar de boa...

- Não dá, sua tia Candy não é de confiança. Ela é muito linguaruda, sempre foi. E com a idade, isso só piorou.

- Mas o que vamos fazer? Não podemos deixar a velha aqui sozinha.

- A gente vai dar um jeito.

Acabamos desistindo de viajar naquele dia. Tia Candy não parecia dar sinal de que queria ir embora, ficou o tempo todo falando de suas histórias da juventude, de seus quatrocentos namorados que não deram certo e dos seus três casamentos fracassados.

- Lembro-me como hoje do momento em que peguei Walt na cama com aquela moça que ele jurou ser sua irmã. Disse a ele: se esta é sua irmã, Walt, então você é um pervertido e eu não quero mais nada com você. E eu nunca mais voltei pra ele, mesmo com ele me mandando flores e recados durante seis meses!

Apesar do Louis ter trocado de roupa, ela continuou falando nos nomes estranhos que ouvira quando trabalhara de empregada na casa de um tal de Surtees.

- A vizinha ao lado era uma velha muito estranha, todos na rua a chamavam de Bruxa do 71! Cathy disse que entrou lá uma vez, a casa dela era um verdadeiro palacete! Mas de lá só podia ouvir os nomes estranhos da estação de rádio que só essa senhora escutava. Chudley Cannons, Hogwarts, quadribol... Jamais me esquecerei deles! Bem que eu gostaria de saber o que significam!

Fiquei com a língua coçando pra contar, se minha mãe não tivesse mudado de assunto na hora, eu teria falado tudo pra velha.

- E da vovó Cathy, titia, não tem mais histórias de infância para contar, não?

- A Cathy? Ah, a Cathy era uma mocinha muito sem graça. Jamais lhe acontecera nada de interessante, só teve um homem durante sua vida toda, que foi o seu avô Jack, e ele nunca foi lá grande coisa. Acho até que ela nem gostava dele... E você me perdoe, Mary, mas eu tenho certeza que ela morria de inveja de mim. Eu sempre fiz mais sucesso com os rapazes, nunca deixei que eles me tapeassem assim como Jack a tapeou a vida inteira. De uma coisa eu tenho certeza: Cathy era infeliz, muito infeliz.

Deu até pena da bisa Cathy, ela nem podia se defender.

Mas para a alegria de meu pai, a tia Candy não poderia ficar muito tempo.

- Mary, minha querida, não vai fazer um almoço para a sua tia não? Meu trem vai partir daqui a três horas...

- Mas já vai, titia?

- Eu vou... Você sabe como a titia tava morrendo de saudades! E outra: eu não poderia vir quando a nossa princesinha estivesse naquele internato, como é o nome mesmo? – quase que eu ia falando em Hogwarts de novo, a sorte é que a velha lembrou o nome (ou quase) – Despacheetos?

- É, é isso mesmo.

- Pena que não vou poder ficar mais, a moça da agência me colocou nesses horários horríveis e ainda errou a minha data de volta, me fazendo viajar no mesmo dia...

A sorte é que a gente nem precisou desfazer as malas. Mas a velha parecia que veio só pra falar comigo, porque quando eu subi pro meu quarto, ela veio atrás de mim.

- Posso falar com a mocinha? – disse ela, batendo de leve na porta. Por uns instantes fiquei apavorada de ver ela entrar em meu quarto, tinha um estandarte enorme da Sonserina na parede e algumas daquelas fotos mágicas que se mexiam, ela poderia estranhar. Mas ela parecia focada demais em minha pessoa. E em um presente que ela queria me entregar.

- Então, minha querida... A gente quase nunca se encontra, não é mesmo? Sua mãe nunca te leva pra me visitar... – nunca tinha reparado como a tia Candy era indiscreta – Mas mesmo assim, eu tenho um presentinho pra você! Pra compensar todos os Natais que eu nunca te dei nada...

Agradeci e abri o pacote. Era um livro.

- Era da sua vó Cathy – na verdade, bisavó. Espero que ela não esteja me confundindo com a mamãe! – Ela guardava isso a sete chaves, não deixava que ninguém encostasse. Nem sei que segredo ela poderia guardar aí, Cathy sempre foi tão empolgante quanto um picolé de chuchu, mas enfim, ela jamais abriu e eu também não, porque sempre respeitei a privacidade dela – AH, TÁ! Duvido muito que a senhora não tenha tentado pelo menos um milhão de vezes, tia Candy – e eu tinha certeza de que ela queria deixar para você. Até porque ela te adorava, mais até que Jake e os filhos dele, afinal, vocês moraram juntas por tanto tempo... – É OFICIAL: ela tá me confundindo com a mamãe. Vou entrar na onda dela pra não magoar a velha.

- Obrigada, titia. Eu adorei o presente!

- Se conseguir abrir, me conta o que tem aí dentro, OK? – e a velha saiu, piscando o olho. Mas é mesmo uma pilantra essa velha, né não?

À primeira vista, nem dei muita atenção ao diário da bisa Cathy. Joguei na mala de qualquer jeito e o levei comigo nas três viagens que eu fiz, incluindo meu retorno a Hogwarts, mas ele realmente carregava um segredo importante. E só fui me dar conta dele quando finalmente resolvi lê-lo, na viagem de volta pra escola.

Por que primeiro eu tinha que ir a Norfolk rever minha avó e meus tios. Era uma longa viagem, e no caminho eu aproveitei pra ler um capítulo do livro de Defesa Contra as Artes das Trevas que falava especificamente de maldições inventadas por Comensais da Morte durante a Segunda Guerra Mágica e seus antídotos, pois uma das tarefas que eu tinha que fazer pra entregar depois do recesso envolvia escrever um metro e meio de pergaminho sobre isso. Enquanto eu lia, Louis ficou com a cabeça encostada na janela, apreciando as paisagens que só uma viagem de carro pode proporcionar. E meus pais tavam mais ocupados em decidir qual música eles iriam colocar.

- Você já ouviu o CD do U2 inteiro, Lenny, é minha vez de escolher.

- Não me venha com New Kids On The Block, não suporto essa banda!

- Ah, Lenny, deixa de ser intolerante! O que eles têm demais?

- Tem que eu não os suporto e temos que escolher músicas que todos gostem!

- OK, então... Duran Duran!

- De novo? Toda vez que viajamos de carro, você quer ouvir Duran Duran...

- Porque me lembra o tempo que a gente namorava! Nosso primeiro beijo foi ao som de Ordinary World, não lembra?

- Foi mesmo? Sempre achei que era Save a Prayer!

- Então tá resolvido, bota o CD de Duran Duran.

- Não tem mais toca CDs, Mary, as músicas estão salvas no pen drive.

- Então coloca na pasta de Duran Duran, tenho certeza que você tem uma aí.

A demora foi achar essa pasta. Quando eles cansaram de procurar, a gente já tava chegando.

- É aqui, crianças. A boa e velha casa da Vovó Daniels.

Era uma casa relativamente grande. Bem maior que a minha casa, mas era um pouco menor que o Chalé das Conchas, onde Louis morava.

- Essa casa era do meu avô. Quando meu pai morreu, minha mãe veio morar aqui, enquanto eu e meus irmãos ficamos em Manchester. Depois, eles foram embora e nós seguimos com nossas vidas.

Falando neles, tio Marty e tio Barry estavam lá na frente, batendo papo com outro primo que eu não conhecia enquanto umas crianças igualmente desconhecidas ficavam brincando no jardim. Meu pai foi logo cumprimentar os três, enquanto minha mãe, Louis e eu entramos.

- Grande Lenny! Demorou mas chegou, não foi?

- Ficamos presos em casa. Recebemos uma visita de emergência – disse meu pai, encarando minha mãe.

- MAS VEIO! E trouxe a sua moça!

Tio Barry me arrastou pra me dar um abraço.

- Vai falar com seu tio não? – e eu tinha como fugir? Forte como tio Barry era, era impossível escapar dos brações dele, que eram verdadeiras muralhas.

- Oi... – tava morrendo de vergonha, parecia uma pirralha boba.

- Ah, mas ela tá enorme! Daqui a pouco ela passa de você, tampinha... – zoou tio Marty, que era o mais alto dos três e adorava rir do papai por ele ser o mais baixinho.

- Não cresço mais não... – falei, meio sem graça, mas as brincadeiras deles não pararam.

- Não acredito que você vai ser tão tampinha quanto o Lenny, Lizzie!

- Deve ter saído à mãe. Mary devia ser a única mulher que o Lenny alcançava, por isso ele ficou com ela.

- Mas ainda há tempo! Quantos anos você tem mesmo, menina? Catorze?

- Vou fazer dezoito – ouvir aquele número os assustou, na certa eles esperavam que eu fosse ser criança para sempre.

- Não acredito. Lizzie agora é uma mulher!

- Sim, e com namorado e tudo! – mostrei o Louis pra eles, que ficaram de queixo caído.

- Então a sua filha já tem namorado, é? Bem que eu tenho achado as garotas da idade dela assanhadas demais, já disse pra Saoirse: namorado, só depois dos vinte e um!

- Escuta aqui, ô meu chapa – disse tio Barry, dando um tapão tão forte nas costas do Louis que ele quase caiu pra frente – Você é bruxo ou trouxa?

- Bruxo.

- Ah, bom. E você não torce pros Catapults que nem o Lenny, torce?

- Não, eu torço pros Cannons...

- CANNONS??? Não acredito, Lenny, ele consegue ser mais pé frio que você!

Louis até que se deu bem com meus tios, eles ficaram o tempo todo conversando e brincando, embora o jeito com que eles discutiam sobre quadribol parecesse que eles fossem partir pra briga a qualquer momento. Ou pelo menos, era o que as pessoas que não estavam acostumadas a lidar com os irmãos Daniels poderiam pensar.

Mas o mesmo não se pode dizer da minha mãe e da vovó.

Não, elas não brigaram. Mas ficaram naquela guerra fria, com a vovó sempre provocando a mamãe de alguma maneira.

- Pensei que não vinha mais. Já ia mandar buscar.

- Não precisava ter trazido comida, Mary, a ceia que eu fiz é suficiente para todos, e este pão esquisito que você me trouxe parece estragado.

- Só trouxe isso de presente? Não tinha nada melhor não?

Por isso que a mamãe procurava ficar bem longe dela. Eu fiz companhia, ficamos sentadas no sofá vendo as crianças brincarem (no caso, duas priminhas chamadas Charlotte e Summer brigando pra ver quem ficava com uma boneca de vestido rosa).

Mas você pode pensar: por que a Sra. Daniels implica tanto com a sua mãe, Lizzie? É porque ela é trouxa? Não. Na verdade, ela é assim com todo mundo. Especialmente as noras.

- Não suporto essa mulher! – disse Kayleigh, a esposa de tio Marty, que veio sentar do nosso lado com a cara fechada – Vive implicando comigo só porque eu sou irlandesa.

Não foi nem cinco minutos e Chloe, a mulher do tio Barry, apareceu:

- Eu não aguento mais isso! Toda vez é a mesma coisa: se eu tento ajudar, a Sra. Daniels não deixa, diz que eu só atrapalho. Se eu não a ajudo, ela reclama, diz que eu sou folgada! Quem entende essa mulher?

As outras duas noras da vovó concordaram. E assim, nasceu uma nova amizade baseada no ranço de uma senhora rabugenta.

E o grupo foi aumentando:

- Titia não para de reclamar de mim, diz que eu vou morrer solteiro se não aparar a barba, eu estou ficando cheio dela! – disse o primo Frankie.

- E eu? Não tem uma vez que eu venha visitar pra tia não perguntar: e aí, já saiu o divórcio com a Concordia? – ralhou o primo Nate.

- Como se ela fosse minha melhor amiga quando eu tava casada com você, Nate. Não teve uma vez que a gente se encontrou pra ela não implicar com meu cabelo, minhas tatuagens e o fato de eu ter preferido manter meu nome de solteira! – desabafou a ex-mulher do primo Nate.

Logo, a vovó Daniels e todas as coisas desagradáveis que ela sempre diz se tornaram o assunto principal daquela ceia.

Era preciso eu tomar alguma atitude pra pelo menos melhorar o clima deste Natal. Mas eu nem precisei fazer nada, a vovó veio, viu todo mundo falando mal dela e gritou:

- CHEEEEGAAAA!!! Resolveram se juntar pra falar mal de mim, não foi?

Todo mundo ficou quieto e de cabeça baixa. Impressionante, pareciam um bando de crianças travessas que foram pegas no pulo.

- Eu reúno a família na minha casa e todos resolvem me apunhalar pelas costas, é isso? Pois quem não gosta de mim, que saia!

A velha tava invocada! Aquilo quase estragou a nossa festa. Eu disse quase porque havia três crianças bem empenhadas em manter o espírito natalino. Uma delas era a priminha Saoirse, que devia ter uns quatro anos.

- Vovó, puquê tá bigano?

Saoirse era tão fofa que a vovó nem teve coragem de brigar com ela. As outras duas crianças, aquelas que tavam brigando por causa da boneca há poucos instantes, até largaram o brinquedo pra lá e entraram na onda:

- É, vovó, num pode bigá, é Natal! – disse Charlotte, a menorzinha.

- Papai Noel não gosta de gente mal criada, que fica brigando com os outros! – completou Summer, a maiorzinha.

Que pirralhas hipócritas... Tavam brigando pela boneca agora pouco! Mas aquilo tava servindo, então, continuem.

- É vovó, num biga, vocês têm que ser amiguinhos!

Vovó tava vermelha de vergonha. Tava com o corpo encolhido, gaguejando... Mas ela falou alguma coisa:

- Vocês me desculpem se eu irritei vocês... É o meu jeito, é só isso, não falo por maldade. Mas isso não significa que eu não... Não ame vocês, vocês são todos da família. Agora venham pra mesa, a ceia já está pronta!

No fundo, a vovó nem é má pessoa. É que ela gosta de implicar com os outros, igualzinho aos meus tios Marty e Barry, que vivem provocando papai por ele ser o caçulinha. Mas tenho certeza de que todos ali se adoram.


Notas Finais


Agora sabemos a quem a Lizzie saiu tão pirada
Essa família dela, hein?
Mas as festas de fim de ano ainda não terminaram para Lizzie e sua turma. No próximo capítulo, ela vai visitar os Weasleys e várias surpresas a aguardam.
Até lá, Feliz Natal!


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