História Sobrevivendo em Hogwarts - Sexta Temporada - Somos todos Lizzie e Cameron

Foi difícil, mas conseguimos ter o nosso grupo de estudos de volta. O problema é que levou pelo menos um mês pra isso acontecer.

McGonagall estava convencida de que nosso grupo tinha como única finalidade coagir pessoas a votar em nós. Ela chamou a mim e ao Cameron para um longuíssimo e entediante interrogatório no qual ela repetia essas três perguntas:

- Vocês criaram esse clube para que propósito?

- Se vocês sabiam que era proibido criar clubes sem autorização, por que insistiram?

- Por que decidiram criar este clube justo agora, em meio ao período eleitoral?

Explicamos tudo: que não era um clube, e sim um grupo de estudos (que não precisa de autorização da direção pra existir), que nós só queríamos ajudar estudantes mais novos de todas as casas a se saírem melhor nos exames e que não fizemos campanha antecipada, nem obrigamos ninguém a votar em nós, mas a velha era mais teimosa como uma mula empacada e insistia em manter seu decreto.

- Não acredito, uma mulher tão experiente como a McGonagall caindo em fofoquinha de gente maldosa... – resmungou Cameron, quando saímos da sala dela.

- Quem contou deve ser alguém de extrema confiança dela, pra ela ter tanta convicção... – falei, tendo a Rose em mente, mas depois descobri que era outra pessoa.

- Eu sei quem foi que contou – falou Lily – Foi o Hagrid.

- HAGRID?????? Como?

- Eu não sei direito, ele não me diz, mas de alguma forma ele ficou sabendo do grupo de vocês e fez questão de dizer tudo à diretora.

- Na certa foi alguém da Grifinória que contou... – murmurei em voz baixa, ficou um clima meio tenso lá na hora porque a Lucy tava no meio, ela até arregalou os olhos e afirmou:

- Aquele Kennedy, ele estava na reunião, lembram? – ih, pior que é verdade, e ele parecia doido pra arranjar confusão. Como o Kevin adorava ficar perto da Rose e do Albus pra ficar puxando saco, talvez ele tenha convencido o irmão a se infiltrar em nossa reunião pra espionar (e inventar lorota).

- Bem lembrado, Lucy – disse Lysander, que andava cheio de sorrisinhos praquela Lucy. Lorcan atalhou:

- Aquele Kieran Kennedy é muito baba-ovo, uma vez eu fui falar com o Hagrid e ele tava lá, no pé do cara, Hagrid querendo que ele fosse embora e ele não, só falando merda...

- Esse Hagrid também, hein? Nunca imaginei que ele era tão dedo-duro...

- Ele não é disso, Kendra. Hagrid é meu padrinho, eu o conheço muito bem e sei que ele só faz essas coisas quando tem certeza absoluta de que está certo ou de que está salvando alguém que corre perigo. E o Hagrid é muito ligado à Rosie e ao Al, os dois o visitam mais até do que eu, que sou afilhada dele, e ele tá achando que o que vocês estão fazendo é trapaça.

- Nós não estamos trapaceando... Hagrid que tá doido, ouve um monte de fanfic e sai espalhando por aí sem saber se é verdade ou não.

- Mas nós vamos provar que estamos certos, Lizzie. Eu falo com ela. Não é possível que ser um Weasley não me ajude nesse momento – pausa pra dar suspiros apaixonados.

- Obrigado, Louis, mas acho que seria melhor deixar que a diretora ouvisse a versão dos alunos que são menos próximos da gente, como você é namorado da Lizzie, ela pode achar que você está mentindo pra protegê-la...

- Mas não estou mentindo, Cameron!

- Sabemos disso, mas ela não, então é melhor fazermos o que ela disse e evitar ao máximo contato com os outros membros do grupo, para que não pensem que estamos chantageando ninguém.

Difícil agir como um culpado quando você está falando a verdade. Foi de cortar o coração ver as carinhas tristes que Cedric McLaren, Annelise Roberts e Trevor Dunst fizeram ao saber que nossas reuniões teriam que ser canceladas. Mas ninguém ficou tão mal quanto Damon Lioncourt.

- Não vai ter mais?

- Não... – ele até derramou uma lágrima, juro!

- Mas... Eu tinha gostado tanto! Até estava animado porque tinha acertado o Finite...

- É, mas você pode se sair melhor também em outros feitiços, é só fazer como naquele dia, se esforçar mais nas matérias...

- Eu tento, mas tenho muitas dificuldades, muitas mesmo. Eu fico horas lendo os livros, mas nada entra na minha cabeça, nada!

- Nada?

- É complicado... Eu leio, mas é como se eu não entendesse o que estou lendo. Sempre fui assim, desde antes da escola, pra minha mãe me ensinar o básico foi um parto, fora que eu também me complico na hora de escrever, eu só consigo aprender mesmo quando estou ouvindo as explicações, como vocês fizeram lá no dia. Às vezes sinto que me mandaram para a casa errada, os outros corvinos não são muito legais comigo...

Puxa vida, vai ver era por isso que Lioncourt se saía tão mal nas provas. Pensando bem, eu já tinha visto um caso desses, quando eu estudava no meu antigo colégio, tinha um menino chamado Craig que também tinha muitas dificuldades quando ia fazer o ditado ou soletrar as palavras. Aí depois descobriram que ele tinha dislexia e então ele mudou de escola, será que isso também acontece com bruxos/vampiros?

- Olha, Lioncourt... Estamos tentando reverter isso, tenha paciência, se esforce mais um pouquinho pra ler, se preferir, peça aos professores ou a algum amigo pra que repita o que você não estiver entendendo, você é inteligente sim, não está na Corvinal à toa.

- Eu vou tentar. Obrigado, Daniels... Você foi bem bacana comigo me explicando tudo, eu tentei falar com o Cameron, mas ele está me evitando, eu estava achando que é por que eu sou meio-vampiro...

- O Cameron? Nãão – eu expliquei pra ele que o Cameron achou melhor não falar com os outros membros do grupo pra McGonagall não cair matando em cima da gente, e ele ficou tão aliviado!

- Ah, que bom, tomara que a McGonagall não continue com isso, mesmo que vocês estivessem fazendo isso pra se eleger, seria uma injustiça, pois vocês ajudam muita gente. Mais uma vez, obrigado.

O lado bom dessa história é que isso fez com que muita gente ficasse do nosso lado e comprasse a nossa briga. Os outros membros do grupo não só fizeram questão de procurar a diretora pessoalmente para dizer que as acusações eram mentirosas como também acabaram mobilizando mais colegas (e atraindo mais simpatizantes para nós).

- Daniels – disse uma menina da Corvinal que eu nunca tinha visto na vida – eu quero que você saiba que isso que a McGonagall tá fazendo é sacanagem e que eu estou torcendo por vocês.

- Obrigada...

Até mesmo adversários ficaram do nosso lado, como a Sandy Miller...

- Daniels, eu sei que somos adversárias, mas eu tenho certeza de que você e o Fingal não fizeram nada de errado, não é justo proibir pré-candidatos de formar grupos de estudo, até mesmo clubes, saiba que eu e o Patrick repudiamos a decisão da McGonagall.

... e o Malfoy, por meio de suas bolinhas de papel anônimas (mas esse eu acho que só queria se aproveitar da situação pra se promover):

“E mais uma vez a velha carcomida age para sabotar outras candidaturas e proteger os seus queridinhos Granger-Weasley-Potter. Reles mortais como nós não têm o direito de formar simples clubes de estudo, enquanto eles podem passar meses fora da escola e pisar nas nossas cabeças.

Está cansado disso?

Junte-se a nós para fazer Hogwarts grande novamente!”

Essa situação demorou tanto pra se resolver que eu achei até que ia acabar sobrando pra nossa candidatura. Afinal, nós ainda precisaríamos do aval deles para concorrer, e uma suspeita sobre nós poderia colocar tudo por água abaixo. Eu tentava descobrir alguma coisa com os professores, principalmente Slughorn e Longbottom, mas as respostas eram sempre as mesmas:

- Ainda não foi decidido, Daniels, estamos discutindo...

O desespero foi tão grande que até pra Trelawney eu perguntei!

- Eu vejo provações terríveis para a senhorita. Mesmo que consiga o que quer, terá tantas dificuldades que pensará em desistir do seu intento. Mas logo perceberá que este sonho pode se tornar um pesadelo terrível e que o melhor seria realmente abrir mão disso... – ai, que meda! Eu preferi não acreditar dessa vez, a professora de Adivinhação andava numa vibe trágica ultimamente, toda hora falava na tal epidemia de febre que mataria milhões.

E então, no dia 30 de outubro, eis que McGonagall manda o desinfeliz do Timmy Cullen chamar a mim e ao Cameron.

- McGonagall pediu para vocês me acompanharem à diretoria – disse ele, e nós saímos mais cedo da aula de DCAT (eu na expectativa dele mandar um novo sermão ofensivo).

Mas Cullen não falou nada (pra nossa sorte), só fazia cara de bunda durante todo o percurso. Seria um sinal de sorte?

Sim.

- Daniels, Fingal, chamei vocês aqui porque quero anunciar que vocês estão absolvidos das acusações de promover campanha antecipada. E também parabenizá-los, desde o momento em que eu suspendi o grupo de vocês, não houve um dia que eu não recebesse cartinhas furiosas e até berradores de alunos indignados com a minha decisão. Desculpe pelo transtorno, vocês estão liberados.

Eu fiquei tão feliz, mas TÃO FELIZ que saí pulando e gritando pela sala, abracei o Cameron, abracei a diretora, beijei o pôster dos Montrose Magpies, pulei em cima do carpete, minha algazarra foi tanta que até os retratos dos velhinhos dorminhocos acordaram pra ver (um deles, o de um velhinho barbudo de roupas bizarras, até sorriu pra mim). Acho até que soltei feitiços acidentalmente, devo ter mudado a cor do carpete pra azul e quase acertei uma faísca num retrato de um homenzinho cabeludo e narigudo que eu já tinha visto antes em algum lugar. Cameron, coitado, nem sabia onde enfiar a cara, de tanta vergonha alheia que sentia. A diretora parecia zangada:

- Francamente, Daniels, já chega, você vai destruir a minha sala desse jeito, PARE!

Só assim pra eu parar de pular, mas eu ainda estava TÃO FELIZ...

- Desculpa, diretora, mas...

- Agora saiam!

Minha felicidade era tanta que eu queria sair pulando e comemorando com todo mundo do colégio.

- O que foi aquilo, Lizzie? Eu sabia que você ia ficar feliz, mas você praticamente surtou!

- Devo ter surtado mesmo, Cameron... Mas a gente TÁ LIVRE DE TODAS AS ACUSAÇÕES! Você tem noção disso? Devíamos dar uma festa. Chamar todo mundo do grupo e comemorar muito.

- Vamos deixar pra comemorar amanhã. Porque depois dessa, vai ser muito difícil ficarmos de fora da eleição.