15/05/2018
Oi, Diário.
Caralho, acordei cedo pra caramba... Estou ansiosa e sei lá o que tem para fazer, só saí da cama pra pegar isso (diário) e não estou afim de fazer nada.
Tive um sonho horrível. Como foi? Não me lembro... só sei que acordei chorando e com medo. Como se algo estivesse me perseguindo. Um fantasma, talvez? Mas, sinceramente, não quero me lembrar e nem mesmo imaginar o que possa ser...
Acho que vou dormir, estou um pouco sonolenta e tenho que aproveitar esse últimos momentos com a minha querida Cama-senpai ><
Então, adeus. Até um outro momento.
*Carla levanta de sua cama com o diário em sua mão e o guarda na gaveta da escrivaninha. Rapidamente volta para cama, fecha seus olhos e dorme.
-Sonho-
Sons de ???
SOCORRO! SOCORRO!!! ALGUÉM ME AJUDA! *voz de choro*
*correndo* Não... consigo... respirar... *voz ofegante*
* cai no chão * não..... por favor... não...
???: Ca........ Car......... Carla.............. Carla....... CARLA.... CARLA.. CARLA. CARLA, CARLA!
Tia Fer: Carla!
*acorda do sonho*
Carla: AAAAAHHH! QUE SUSTO!
Tia Fer: Carla, já é 7:50! Você está super atrasada!!!
Carla: Puta que pariu *se levanta da cama e tropeça na coberta jogada no chão* Ai! ;-;
Tia Fer: Toma mais cuidado, sua desastrada! E olha essa boca... Não admito palavrão nesse caralho * sai do quarto e fecha a porta*
Carla: Sim, senhora...
*Carla, em piscar de olhos, faz suas necessidades e coloca seu mesmo look de sempre: Uma camiseta longa cinza escuro, bermuda preta e tênis Tudo Zestrela preto.*
Carla: Tô saindo!
Tia Fer: Não vai tomar café?
Carla: Ah, tem razão! *Pega a garrafa térmica cheia de café e sai correndo* Tchau tiaaa!
Tia Fer: CARLA!!! *grita super alto*
Carla: ( Tô fodida mas não fico sem isso) *Carla guarda sua garrafa na mochila*
*15 minutos depois, Carla chega a escola*
Carla: (Merda, cheguei muito tarde... Melhor eu entrar logo, antes que liguem para minha tia.
*Ao pisar no primeiro degrau da escada da escola, ela ouve uma voz*
???: Hey!
*Carla se vira e vê uma garota linda de cabelos ruivos, um pouco desbotados com uma unica mecha laranja-avermelhado.
E ela possuía um piercing na sobrancelha que a deixava super, ãn... acho que Punk!*
Carla: Q-quem é você?
???: Dã? você é meio lerdona, pelo visto. Bora.
Carla: Onde? Eu nem sei qu-...(espera! é a... Leandra?! Entendi, pelo menos ela é muito melhor que um velho) Leandra... Você é a Leandra?
Leandra: Óbvio, quem mais seria? Vem logo *Dá passos largos*
Carla: Mas... e a escola?
Leandra: Putz. Estamos doentes. Por isso não fomos para aula. Trágico, né?
Carla: Bem... Acho que só uma vez não tem problema *segue Leandra*
Então... vamos onde?
Leandra: Rever um amigo. Ele tá em um lugar especial.
Carla: (Puta merda, espero que esse "lugar especial" não seja o presídio. Onde fui me meter...)
*Após andarem por alguns minutos em silêncio. Chegaram a um quiosque de esquina, onde havia mesas e cadeiras de plástico com duas pessoas lanchando*
Leandra: Seguinte, vamos entrar aí, não abra o bico.
Carla: (Do jeito que ela fala, parecia até que rolava rinha de galo ali) Se não?
Leandra: Se não eu vou te matar pra depois comer sua carna
Carla: Engraçadinha... Está bem então.
*As duas entram e Leandra vai ao caixa vazio, a espera do dono do estabelecimento que é o balconista do quiosque
Carla: (ela é esquisita, mas enfim, acho que vou comprar algo para comer com o meu café)
*O dono chega com uma cara não muito amigável e começa a conversar com Leandra.
Carla, um pouco distante dos dois, não consegue ouvir sobre o que conversam e pensou que seria melhor ficar de fora mesmo.
Carla: (Tá, vou pegar algo botimo [junção de bom + ótimo])
*Carla entra em um corredor de doces e se depara com seus bolinhos favoritos - Bana Mazia- empilhados em formato de pirâmide no final do corredor
Carla: (meu deus! Estou no paraíso)
*Ela corre apressadamente, tropeça no pé de um atendente que estava arrumando as gondolas , e cai de joelhos no chão*
???: Mano, cê tá bem?!
*Ela escuta uma voz masculina um pouco afeminada com sotaque gaúcho*
???: CARALHO, TU VAI FICAR COM JOELHO VALGO, TIPO AQUELAS GAROTINHAS KAWAII DE ANIME *fala o estranho com os olhos brilhando*
Carla: Que?
???: Vem cá. Te levanta, guria. Tu não é minha autoestima pra ficar no chão *estende a mão*
Carla: *segura a mão do garoto e faz força para se levantar*
???: Novinha em folha.
Carla: Obrigado!!! Me desculpa por te atrapalhar.
???: Relaxa, guria. Tá tudo bem!
Carla: Então tá... Qual seu nome?
Vitório: É Vitório, e o seu?
Carla: Carla! O seu nome é bem... peculiar!
Vitório: Seu jeito de não dizer "medonho" é fofo.
Carla: *fica um pouco corada* V-valeu.
Leandra: Que porra é essa?
Vitório: Ah, então... Tudo começou hoje quando mergulhei minha bolacha no café e ela desm-
Leandra: Tô falando com a Carla. E que porra é essa que eu acabei de ouvir.
Carla: Eu fui pegar bolinho e-
Leandra: Esse aí? Beleza. *Pega um bolinho* Vamo bora, Carla. *Dá passos largos em direção ao caixa*
Vamo logo, Carla! *voz em tom alto um pouco distante
Carla: Então... Até outro momento, Vitório! *corre ao caixa*
Vitório: Tchau... Então... Bah, duas gurias doidas chê *volta a arrumar as gondolas*
*Após as duas saírem do quiosque, elas seguem andando por uma rua onde é cercada de arame que leva a uma floresta.
Carla: Por que você é tão cavala? Ele parecia bem legal!
Leandra: Para
*Leandra para de andar e olha para o lado*
Leandra: Saca só.
*Leandra vira sua mochila para a frente, abre e pega um alicate. Chega perto do arame -que separa a calçada com a floresta- e o corta, formando uma abertura. Em seguida ela passa para o outro lado.
Leandra: Vem logo, não seja cagona *grita*
Carla: (Tenho certeza que não deveria... mas eu quero...) * entra lentamente e com cuidado *
O que viemos fazer aqui? *segue Leandra*
Leandra: Você vai ver
Carla: Cara *para bruscamente os passos* Você é misteriosa pra caralho, e eu me sinto horrível lidando com algo que não tenho controle. Que caralho. O que custa dizer "ow sua puta, vamo na floresta, no mercado, no puteiro"... só fala...
Leandra, que estava com a cabeça virada pro lado e acompanhando Carla pelos olhos, vira o corpo todo para frente da garota.
Aproximando ligeiramente e, finalmente, colocando sua testa com a de Carla.
Leandra: só... confia em mim, ta bom? *disse em tom calmo e pausado*
Se afastando , virando-se e voltando a andar.
Carla, não acreditando muito no que ouviu, decide que não tem o que perder e segue andando atrás de Leandra.
Elas cruzam os galhos secos e troncos pelo chão, e galhos cheio de folhas e insetos até que:
Leandra: CHEGAMOS *grita animada e joga sua mochila no chão
Carla: Que lugar é esse?
Leandra levou Carla ao meio da floresta, onde tem uma barraquinha de acampamento, bitucas de cigarros e preservativos usados. Todos eles estavam no chão de mato rasteiro que tapava parcialmente a terra seca.
Leandra: O que achou?
Carla: Olha, não esperava. É foda!
Leandra: * da uma risadinha * Sabia que iria gostar, todo mundo gosta daqui. Sempre a galera vem pra chapar e-- ESPERA!!!!!! Deve ter uma erva por aqui! *entra na barraca, que fica mexendo em todas as direções*
Ah..... Tem nada... Revirei tudo..... Bosta.
Carla: *da risada* Você é doida!
Leandra: *Ri também* Óbvio! Hey *levanta* Olha isso! * aponta para o estrume*
Carla: É....... Uma bosta?
Leandra: É mais que uma bosta! *volta para buscar algo em sua mochila*
Ela tira uma luva e a coloca, voltando para onde estava as fezes.
Leandra: Veja só! *tira algo do estrume*
Carla: ECA, PORRA! QUE NOJO!
Leandra: Vou lavar isso, mais pra frente tem um lago.
As duas andam até o lago e se agacham para lavar o que Leandra tinha em sua mão.
Carla: (Leandra fica lavando isso como se fosse um tesouro... O que vem de merda não é bom, né? Caralho, ela é meio estranha...)
Leandra: VOILÀ!
Carla: Caraca, isso é um cogumelo? (Tô surpresa! Ela é boa em achar coisas em bosta)
Leandra: Sim. Eles crescem nas merdas das vacas. Mas esse aqui tava "mó" soterrado de bosta.
Carla: E o que você vai fazer com ele?
Leandra: Você é muito ingênua, gosto disso!
Tem alguma coisa para beber?
Carla: (Espero que ela não esteja pensando no que eu estou pensando) Eu tenho café... e os bolinhos.
Leandra: Beleza, vamos voltar para barraca.
*Voltando ao meio da floresta, Leandra corta o cogumelo com os próprios dentes. O dividindo no meio e entregando uma metade a Carla
Carla: Valeu, não quero.
Leandra: Não foi um pedido, bora!
Carla: É que... estou com medo... nunca usei nada... e muito menos fiz isso...
Leandra: Hey... É de boa... não vai acontecer nada contigo.
Carla: Está bem... *pega o cogumelo* Promete que vai ficar tudo bem?...
Leandra:... No 3 nós comemos, ok?
Carla: ......Ok......
Leandra:..1........2........3!
As duas colocam na boca e o mastigam. Tomando, em seguida e uma por vez, uns goles de café direto da garrafa.
Carla: ISSO É HORRÍVEL!!!
Leandra: Come teu bolo.
Carla abre a embalagem e devora seu bolinho para tirar aquele gosto.
Carla e Leandra se deitam no chão. Em silêncio, as duas ficam olhando para cima.
Carla fica pensando em como é bom ter alguém para conversar e sair.
As duas deitadas se sentem conectadas. Não tinha chegado ainda o efeito, e isso deixou Carla curiosa. E se o universo trouxe Leandra para suprir a necessidade de uma companhia ou para entender que nada é proposital e que, a sua amiga é algo muito mais além do que a razão humana possa imaginar.
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