1. Spirit Fanfics >
  2. Solangelo - Paraíso de Verão >
  3. Uma morte em troca do destino.

História Solangelo - Paraíso de Verão - Uma morte em troca do destino.


Escrita por: monogatari

Notas do Autor


Olha quem chegou para dar mais um tiro em vocês!! Bom dia/ tarde/ noite meus lindos leitores.

Essa semana foi difícil... Muitas emoções. Música nova do Shawn, eu viciada em Troye e... Os ultimos capítulos da fic </3. Sério, não estou sabendo lidar com isso. Depois desse faltam apenas mais dois e o fim da fic vai chegar. Choros, choros.

Bom nesse capítulo eu trago um pouco da situação de cada um. Prestem bastante atenção em cada detalhe que vai ser importante para esse final! Peguem um pote de sorvete, um cobertor e segurem na mão dos deuses hahaha. Mais uma vez não me controlei no capítulo, ele ficou EXTREMAMENTE GRANDE, me perdoem ok? Se acharem que estou exagerando me falem ok? É que eu quero deixar bem detalhado tudo para não ficar nenhuma dúvida. Leiam com calma rs. E ah, me desculpem qualquer erro, não tive tempo de dar uma revisada detalhada. Reconsiderem isso ok?

Ah sem esquecer: VOCÊS SÃO MARAVILHOSOS! Apenas amando muito muito cada comentário, sério <3

Sem mais delongas, boa leitura e se preparem!! Estou ansiosa para ver a reação de vocês!!

Capítulo 35 - Uma morte em troca do destino.


Fanfic / Fanfiction Solangelo - Paraíso de Verão - Uma morte em troca do destino.

Will on

Desconfiei que alguma coisa estava errada quando a escuridão não se desfez depois de alguns segundos. Já viajei algumas vezes consciente com o Nico pelas sombras e nunca ficava em uma visão eterna de breu. O plano tinha apenas começado e as coisas já estavam estranhas. Tinha como tudo piorar?

Quando, depois de alguns segundos, veja uma claridade se formar na escuridão e aos poucos meu foco voltando ao normal. Finalmente, estava na hora já disso tudo acabar.

Porém, sou pego de surpresa quando vejo onde tinha parado. Reconhecia aquele lugar, mas por que estava ali? Era possível ter o mesmo sonho duas vezes?

Espera, o que estava fazendo ali? Não, não. Estava errado. Eu deveria estar perto das margens do Rio Lete junto a Nico e Dylan. Não deveria estar ali... O que tinha acontecido?

Fico desesperado e confuso por não saber o que estava acontecendo até que quando minha visão é totalmente focada e ampliada fico ainda mais chocado ao ver onde estava.

Quando distingui totalmente o lugar, percebi que estava novamente dentro do meu sonho estranho que Apolo havia me explicado que aquilo realmente tinha acontecido quando eu era criança. Entre as suas explicações acabou deixando incógnitas do motivo de ter desmaiado.

E agora aqui estava eu de novo tendo a mesma cena: assim como da ultima vez me deparada com a cidade de Las Vegas, dessa vez eu observava a cena de longe. Via uma criança de cabelos loiros intensos segurando a mão de uma jovem mulher. Então, vejo novamente no meu eu criança, o fio vermelho se estendendo até a entrada do Hotel.

Como me lembrava, o garoto faz menção de querer entrar no edifício e a tia o impede de ir desviando a sua atenção para as lojas ao redor. Dessa vez a imagem não era interrompida comigo no hospital e sim dava continuidade.

Ouço de longe um som de uma tesoura parecendo cortar algo e nesse mesmo instante fazendo minha forma criança desmaiar. Até ali, tudo “normal”, como deveria acontecer. Porém, seguido do som do objeto cortando algo a cena não se distorce e escuto ecoando no ar vozes de velhas recitando versos sobre algo:

“Dois filhos opostos pelo destino irão se unir

Ao existir apenas um, o fio irá ruir.

E enquanto um lembrar, o outro esquecerá,

Mas o elo pela morte ou pela vida se manterá.

Ao fim de tudo quando a chama não mais queimar

O Sol brilhante reinará e o fio poderá se unificar”

A maldição está feita.

Minha visão se distorce e sou novamente absorvido pela escuridão deixando minha mente ser levada não me deixando de imediato questionar sobre algo.

Como um breve momento, sinto uma superfície dura e gelada apoiando meu corpo. Percebo que a escuridão ainda se fazia presente, mas que era eu que estava causando ela. Abro meus olhos aos poucos e vejo que estava desmaiado no chão gelado de um cômodo desconhecido.

Forço meu corpo a se levantar e dou uma observação geral de onde estava. O cômodo se assemelhava muito a uma sala do trono que pude concluir logo ao ver dois assentos bem trabalhados na estrutura no centro na frente do lugar. Ambos pareciam ser formados de um metal escuro e fosco. No trono maior, que deduzir ser do dono, vejo pequenas formas imagens de ossos de pessoas, crânios, e alusões de indivíduos pedindo ou clamando por algo. Era assustador só de olhar. Ao lado deste se via o outro trono que diferente daquele não havia cenas, apenas era escuro e com pequenos relevos.

O lugar em si era todo cinza com alguns pilares enfileirados dando decoração e suporte a estrutura. Nas paredes viam-se imagens que pareciam o mapeamento de um território.

Então, depois de distinguir algumas imagens percebo onde estou. Droga, de tantos lugares logo esse?

-Seja bem-vindo ao meu Palácio filho de Apolo – ouço a minha frente aquele que eu nunca um dia esperaria encontrar.

- Hades – faço uma reverência respeitosa a sua presença.

Se eu estava nervoso? Ah magina, só muito! Não que eu tivesse medo dele, apenas que a sua presença fazia meu corpo inteiro tremer e enrijecer. Era algo além de: o pai do meu namorado. Estar na presença do deus do submundo era algo que você não acordava todos os dias e sonhava, na verdade era uma presença que você só pretendia ver na sua morte.

Como ele era? Acreditem, era totalmente o contrário do que eu tinha imaginado. Hades assim como Nico tinha uma pele pálida e olhos escuros profundos. Não via músculos definidos, pelo contrário seu corpo era mais flácido. Não se enganem com isso, do que ele menos precisava era de força. Seus cabelos eram negros intensos. Em seu rosto, sua expressão indicava seriedade que me assustava.

- Pode se levantar – diz ele se aproximando de mim – Não preciso dessa formalidade toda.

- Como eu vim parar aqui? – digo me levantando e tentando não manter um contato direito com ele.

- Eu te trouxe aqui, preciso conversar algo com você a sós – diz ele me olhando firme.

Pronto, era agora que estava ferrado. Hades queria falar comigo a sós? Espero que vocês estejam entendendo a gravidade da situação. O que ele poderia querer falar comigo? Eu estava realmente apavorado.

Será que ia passar por uma avaliação? Podia ser sobre minha relação com o Nico? Droga Will, você esta em desvantagem aqui. Fiz muitas besteiras com o filho dele e o causei muitos transtornos. Fui à razão do impulso dessa bagunça toda e da nossa atual confusão. Certeza que ele ia falar disso comigo, nunca pensei que esse dia chegaria. Teria pela primeira vez minha conversa sério de: esperava que você tomasse conta do meu filho.

Deuses, o que eu fiz para merecer tudo isso? Eu não estava preparado para esse tipo de conversa, tinha que me preparar emocionalmente para as brigas e insatisfações dele. Bela primeira impressão que você tinha dado a ele Solace.

- Não fique tenso. Quero falar com você sobre a maldição – diz ele.

Confesso que 50% da minha tensão foi embora com aquela declaração. Ufa, estava me livrando de uma conversa possivelmente constrangedora.

Não pense besteira Solace, foco.

A maldição... Sim, que raios foi aquilo? Lembrava-me agora dos versos que tinha escutado. Eu possuía uma maldição...

- Como você sabe dela...? – digo ainda tentando raciocinar o que estava acontecendo.

- Porque ela também é do Nico. Possui a vocês dois – diz ele me olhando firme.

Oi? Repete... Aquela maldição era nossa? Não, que coisa mais estranha é aquela? Como era possível se pelo que estava na cena eu era apenas uma criança, não sabia que era um semideus ainda e muito menos havia conhecido o Nico.

Fico estático ao ouvir aquela declaração e tento acalmar meus pensamentos para não me desesperar e poder analisar a situação. Obrigo-me a lembrar detalhadamente do que tinha visto: um Hotel, um garoto passeando com a tia, um fio vermelho na minha mão e... Um fio vermelho. Maldição Solace, como você pode ser tão lento?!

- Você estava especificamente na frente do Hotel Cassino Lótus, e como sabe, Nico ficou sua infância inteira lá dentro. O fio te levaria até ele – diz Hades.

Espera, era muita informação para pouco tempo. Se entendi muito bem quando eu que eu era criança fiquei a poucos metros de onde Nico estava e já desde aquela época possuíamos o fio. Tinha como isso ficar mais doido? Infelizmente sim.

Lembrei-me dos versos da maldição que agora pareciam fazer o total sentido: dizia exatamente o que tinha acontecido. Eu e Nico tínhamos ficado juntos, e pelo que me recordava o som da tesoura cortando algo era provavelmente o nosso fio. Quando fui à missão pedi para que Afrodite apagasse a memória dele, o que não ocasionou a perda da minha. E como pegadinha do destino, mesmo com a perda de memória quando “morri” ainda continuávamos nos amando e estávamos ligados.

Tudo fazia sentido agora... Caímos em nossa própria armadilha sem perceber e sem intenção. Ambos agimos independentes de conhecer uma maldição. Céus, isso era assustador. Mas o que me deixava intrigado ainda eram os dois últimos verso que pareciam ser o desfecho de tudo. Chama? Que chama era aquela?

- Vejo que não sabia dela antes – diz Hades me encarando.

- Não... Eu não fazia ideia dela... – digo me recuperando ainda do choque – O Nico sabe?

- Sim, eu contei a ele na época que você sumiu. Foi assim que descobriu sobre o fio e do destino que o aguardava – diz ele.

- Então por que... Por que ele não me contou nada? – digo meio irritado.

- Creio que ele já esperava que você soubesse devido estar ciente sobre o fio – diz Hades – Isso não vem ao caso agora. Por um tempo fiquei intrigado com os dois últimos versos dela, mas quando soube do seu colar que havia ganhado isso despertou a minha curiosidade. Associe isso à maldição Sr. Solace.

“O Sol brilhante reinará”. Claro... O meu pingente. Ele estava ligado com o desfecho da maldição, só podia. Tinha sorte que estava com ele ali comigo presente, graças a Apolo... Apolo. Ele sabia de tudo isso, era a única explicação. Caso contrário como saberia da importância do meu colar para esse plano? Não podia me esquecer de ter uma conversa séria com ele quando voltasse.

- O que você acha que ele pode fazer? – digo sério finalmente o olhando – Não tem muita utilidade agora, pelo verso ele deveria estar brilhando e isso não esta acontecendo desde que voltei.

- Você esta se esquecendo de olhar para o problema como um todo. Amplie a sua visão e verá o que esta ocasionando tudo isso. É de fato que o colar será de grande ajuda para Nico, digo até  que é essencial. Temo pelo que pode acontecer com ele aqui, se o que penso sobre os últimos versos estiver certo Nico pode acabar sendo tomado por algo maior do que pode aguentar – diz ele falando firme.

- O que você quer dizer? O que vai acontecer com ele? – digo já me desesperando.

- Eu vi a morte de meu filho acontecendo hoje – diz ele sem hesitar.

Meu coração para ao ouvir aquelas palavras. Ele viu a morte do Nico...? Como? Não podia ser real! Quer dizer, as chances daquele plano dar errado eram enormes, mas tinha as chances de der certo também. Nico não podia morrer hoje... Não, aquilo só podia ser um engano certo?

Meu corpo estava paralisado e sinto-o tremeluzir pensando na possibilidade.

- Eu preciso ir então... Não posso ficar aqui parado! – fico aumentando a minha voz – Hades, você precisa me levar para onde ele esta, não posso deixar que morra.

- É aqui que você entra. Nessa visão que tive a imagem se distorcia. Via ao fundo dela uma claridade vindo de você, acredito que seja o colar – diz ele olhando fixamente para o meu pingente.

- Mas ele não reluz mais! Como vou evitar a morte dele se o pingente esta inútil? – digo me desesperando mais ainda - Tem que ter outro jeito!

- Infelizmente não tem. Se Hefesto realmente confeccionou tal colar tenho a certeza que quebrado não está. Acho que você ainda não entendeu o que se trata o brilho dele- diz Hades se virando de costas para mim – Lembre o que seu pai te disse sobre ele que entenderá as coisas. Gostaria de explicar as coisas melhor, porém tenho que resolver um assunto. Alguém entrou em meus domínios por engano.

- Espera! Como eu chego até onde o Nico está? – digo perdido.

- Quanto a isso – Hades novamente se vira para mim e sinto novamente aquela áurea obscura atrás de mim – Te levará direto ou bem próximo de onde eles estão.

- Err... Não querendo abusar, mas tem outro jeito não? – digo já pensando na náusea que sentira e novo.

Solace, você não tem que exigir nada aqui, a sua primeira impressão já está bem péssima.

- Sempre me esqueço como vocês são frágeis. Vá até a entrada do Palácio que o Caronte pode te levar por perto – diz ele abrindo espaço entre mim e o buraco negro – Alias, agradeço pelo que esteja fazendo pelo meu filho. É algo que não consegui na época.

Espera? Eu ouvi certo? Um deus me agradeceu por algo? Ok, isso entrou para o top as esquisitices.

- Nico não te culpa por nada – digo tentando aliviar a sua culpa.

- Tome cuidado e pense sobre o pingente a sério – diz Hades entrando nas sombras e desaparecendo da minha frente.

Acreditariam se eu dissesse que vi um suspiro de alivio vindo dele? Pois é, nem eu estou acreditando.

A saída... Ta aí uma coisa que esqueci de novo de perguntar: como se saía daquele lugar?

Mia on

O quão grande era aquele lugar? Eu deveria estará andando fazia um tempo e tudo que via era um campo extenso sem vim, pessoas me olhando estranho, outras me ignorando e brincando, rindo e conversando. Por mais que andasse ainda conseguia ouvir o som do rio, era como uma melodia para dormir.

Será que um dia conseguia desfrutar daquela calmaria quando morresse?

Seria difícil encontrar minha irmã nesse meio todo, eu sei que as possibilidades de estar aqui eram enormes. Pelo que tinha pesquisado sobre esse lugar era que as almas ficavam aqui até que deixassem suas vidas passadas para trás ou bebessem do Lete para se livrar de suas memórias e reencarnar. Não fazia tanto tempo assim que perdi a minha irmã, seria possível ela ter reencarnado tão cedo?

Esperança Mia, ela é a ultima que morre certo?

Ainda estava tentando decidir o que era mais triste: lugar estar cheio de pessoas ou pelo fato da maioria ser criança.

Diferente da voz na floresta do Acampamento essas que ouvia aqui eram suaves e não me perturbavam.

Apenas de me lembrar delas sinto meu corpo arrepiar. Ainda me lembrava da primeira vez que a tinha escutado:

Era um dia antes da primeira competição de natação. Como estava cansada demais por estar ajudando na preparação do evento decido dormir primeiro que todos e como não queria atrapalhar ninguém, acabo dormindo naquele navio enorme flutuante. Era calmo lá e sabia que teria uma noite de descanso boa.

Pena que estava enganada.

Lembro que não conseguia de jeito nenhum dormir. Sei que vai parecer egoísta da minha parte, não estava me reconhecendo fazia um tempo já, mas não conseguia raciocinar direito todas as noites. As mesmas pessoas e rostos me incomodavam e tiravam o meu sono: Andrew e Kayla.

Por Júpiter, o que estava acontecendo comigo? Eu sentia uma dor no peito e era invadida por pensamentos quando pensava neles juntos, era incomodo e triste. Não tinha nada contra Kayla, gostava dela. Acolheu-me e me mostrou o Acampamento todo.

O que me incomodava era o jeito assanhado do Andrew de ficar na cola dele. Ele sempre foi atiradinho para todos, mas eu conseguia ver uma segunda intenção nas atitudes dele. Não que eu tivesse algo a ver com isso, só que era incrível como ele conseguia ser tão grudento com as pessoas. Porém com a Kayla era diferente... Eu sentia isso.

O conheci quando fomos escalados juntos para uma missão. No começo foi perturbador ficar perto dele, ficava mexendo comigo toda hora e... Deuses, como era um grude. Logo no começo cortei isso dele e disse que não gostava daquele tipo de comportamento. O que ele fez? Só continuou. Porém quando finalmente acabei me acostumando com seu jeito pareceu que ele foi amenizando o apego e se distanciou de mim. Isso de maneira alguma me incomodou no começo, eu não gostava mesmo. Não sou uma pessoa sem coração ou coisa do tipo, eu apenas sabia que garotos assim sempre acabam brincando com você.

E foi assim que ficamos amigos. Conforme ele foi parando de grude comigo ficava mais fácil de puxar assunto. Fazia já três anos que éramos amigos e nos tolerávamos do nosso jeito estranho.

Quando Nico apareceu no Acampamento nos tornamos o trio inseparável. Onde um estava o outro sem dúvida vinha atrás. Ele era parecido comigo por um lado, me identifiquei bastante com a sua personalidade e a sua forma de agir. No começo foi complicado se aproximar dele, era fechado e vivia no mundo das nuvens, mas isso conforme os dias foram passando foi quebrado. Sabia que tinha derrubado aquela parede quando me contou sobre Will Solace.

Foi nessa vez que vi o lado sentimental de Andrew aflorar, nunca tinha percebido aquilo como naquela época. Sempre estava na cola no Nico e toda vez que o via pra baixo fazia animava ele logo, posso dizer que foi o grande remédio. Lógico que ajudei nesse processo, mas Andrew teve melhores resultados.

Do que estava falando mesmo? Olha ai ele mais uma vez invadindo meus pensamentos.

Ah sim, o dia anterior à competição. Enfim, em meio às torturas que estava fazendo em minha mente acabo pegando no sono. Acredite, o sonho que tive foi o mais estranho de todos.

Estava sentada na areia da praia do Acampamento um pouco afastada do mar. No primeiro momento estava sozinha admirando a paisagem, mas depois de uns segundos ouvi vozes de duas pessoas rindo vindo em direção a praia. Fico parada apenas esperando ver quem era.

Quando finalmente se tornaram visíveis no meu campo de visão identifico quem era: Kayla e Andrew. Diferente de como ficam antes, agora estava de mãos dadas e sorrindo um para o outro. Sinto de novo a dor em meu peito se apertar. Que tipo de doença era aquela?

- O que vocês tanto riem? – digo um pouco alto tentando disfarçar minha voz.

Eles não me responderam ou sequer olharam para mim, era como se estivesse invisível. Ia levantar para ir até eles quando sou barrada pela cena que via agora: estavam se beijando.

Não movo meu corpo e não penso em nada. Estava totalmente paralisada vendo aquilo. O que estava acontecendo? Andrew era tão abusado a ponto de fazer aquilo? Estava passando dos limites.

Mas não... Ele parecia realmente querer aquilo e Kayla retribuía cheia de sentimentos.

A dor em meu peito aumenta e sinto uma vontade de chorar. Ora Mia, que besteira é essa? Ele é livre para fazer o que quiser, quer chorar por quê? Isso é super normal nessa idade, só porque você esta sozinha não quer dizer que as pessoas ao seu redor precisam estar também.

Por mais que repetia isso na minha mente à dor em meu peito só aumentava junto com a vontade de chorar. Não seja dramática Mikaela.

Obrigo-me sair de meu transe e focar novamente na cena. Eles ainda se beijavam, mas parecia que agora estava mais lento e logo pararam. Quando isso acontece vejo Andrew direcionando um sorriso para Kayla e ela retribuindo. Em seguida, vejo seus lábios se movimentarem provavelmente dizendo algo a garota, infelizmente conhecia aquelas palavras e as identifico: eu te amo.

Não, não... Aquilo era apenas um sonho né? Conhecia meu amigo, e uma coisa que eu nunca o ouvi falar era que amava alguém tão abertamente. Dizia que estava guardando essas palavras para a pessoa certa. Romântico da parte dele.

Se ele estava dizendo isso agora era por que... Sem resistir mais deixo que as lágrimas caírem tomando meu rosto. De onde estava mesmo encolho meu corpo e sou tomada pelos sentimentos e pensamentos. O que estava acontecendo comigo? Faça isso para, eu não quero... Não quero isso mais, dói demais.

- Machuca né? – ouço uma voz em minha mente.

Ainda em meio às lágrimas concordo com a minha cabeça a voz que não me dou ao luxo de saber quem era.

- Levante a cabeça, veja como deveria ser – diz a voz próxima a mim.

Curiosa, mas sendo contra a minha vontade olho de novo para os dois. Entretanto estava diferente... Andrew ainda estava sorrindo, mas para alguém diferente: era eu que estava no lugar de onde deveria estar Kayla.

Que raios tinha acontecido?

- Isso aquece seu coração né? – diz a voz novamente.

Ia negar já quando vejo que o que tinha falado era verdade. Não sentia mais uma dor em meu coração, dessa vez estava acelerada e podia sentir um frio na barriga e os pensamentos perturbadores aos poucos iam embora deixando com que uma vontade de desejo e alegria tomasse conta. Era bom e confortante.

- É isso que você quer né minha querida? – diz a voz.

Ainda não sabia que estava falando comigo, continuava vidrada na cena a minha frente.

Sim... Eu quero. Queria poder estar ali e sentir aqueles sentimentos mais e mais. Estava com inveja da Kayla por ter recebido aquelas palavras, queria poder ouvir elas também. Eu que deveria estar ali...

Hã? Céus Mia, esta delirando é? Estamos falando do Andrew.

Sim, era dele que estávamos falando e mesmo tendo noção disso nem um pouco dos sentimentos foram embora.

- Posso conseguir isso a você – diz a voz persuasiva e mais roca. Parecia estar diferente.

- Como...? – digo ainda estática.

- Confie em mim que trarei aquilo que mais deseja – disse ela ficando mais distante – Mas no final pedirei algo em troca.

Assustando-me agora olho ao lado para ver o dono da voz, mas percebo que não havia ninguém ali. Estava prestes a me despertar quando minha visão começa a ficar embaçada novamente e viro-me para ver a cena que até poucos segundo estava almejando. Então, a cena de mim e Andrew sorrindo um para o outro é a ultima coisa que vejo antes de acordar.

Foi então que no dia seguinte aconteceu o que a voz insinuava querer fazer: Kayla acaba se afogando na competição.

Na hora que associei as coisas um desespero tomou conta de mim. Eu era a culpada daquilo, mas... Não era isso que queria. Daquele jeito jamais. Como era egoísta... Pensei apenas em mim, céus... Não merecia estar viva.

Sinto meu corpo tremeluzir e arrepiar só de lembrar-se daquele jeito, a culpa ainda não saia de mim e eu só conseguia então me manter afastada o quanto pudesse dos dois, repetir aquela cena era o eu menos queria.

- Licença, você ta perdida? – ouço uma voz feminina perto de mim me assustando.

- Que susto... Perdida mais ou menos. Estou procurando alguém – digo olhando para a pessoa.

Era uma criança que deveria ter no máximo sete anos. Tinha um cabelo encaracolado preto, pele escura e olhos maravilhosamente negros.

- Quem você ta procurando moça? Posso te ajudar – diz ela sorrindo para mim.

- Que gentil da sua parte – digo retribuindo o sorriso – Estou procurando minha irmã Ally.

- Tem uma Ally aqui, é a moça que conta histórias para gente. Ela também contava histórias pra você? – diz ela toda simpática.

Isso seria possível? Ally poderia estar a poucos passos de mim, senti uma grande esperança de formar em meu coração. Eu sempre tentei ao máximo acreditar que ela ainda estava perdida por ai viva, mas saber que mesmo estando morta, o que ainda me entristecia muito, pelo menos estava em lugar belo e seguro como esse. Não queria garantir as coisas antes de ver pessoalmente, seria um abalo se tivéssemos falando de pessoas diferentes.

- Não – sorrio meio triste – normalmente eu que contava histórias para ela... Você pode me levar até onde ela esta?

- Ah claro, vem comigo. Ally vai ficar feliz em te ver – diz ela pegando na minha mão e me tirando de onde estava.

Finalmente te encontrei minha irmã.

A criança me guiou por alguns minutos no meio daquele campo extenso. Durante o caminho me contou um pouco sobre a moça que contava histórias para ela e de como a tinha conhecido. Pelo que pude escutar a que poderia ser minha irmã era amada por muitas crianças pelo fato dela contar histórias sobre filhos de deuses o que deixava as crianças distraídas e aliviam suas dores de como tinham chegado ali.

- Olha ela ali! – diz ela soltando de mim e correndo até uma garota que estava de costas para nós rodeada de crianças – Ally!! Eu encontrei a sua irmã! – grita a fazendo virar na minha direção.

Foi então que a vi: minha irmã. Estava diferente desde a primeira vez que a vi, não tinha mais cinco anos. Tinha uns doze no máximo. Em seu rosto não estava presente mais a inocência de uma criança, e sim tinha um rosto de uma mulher. Porém, seus cabelos castanhos enrolados nas pontas, olhos castanhos e aquela marca de nascença que tinha em seu pescoço permaneciam os mesmo. Sim, era ela mesma. Não tinha dúvida disso, poderia ter vinte, trinta anos que eu ainda a reconheceria.

- Mia?! – diz ela me olhando espantada e paralisada.

Então ela tinha mesmo morrido... Mas pelo que via não tinha sido quando foi raptada. O que aconteceu com ela esse tempo todo? Onde esteve? Estava sozinha? Como tinha vivido? E... Como ela tinha morrido?

Minha irmã... A pequena criança que foi tirada de mim quando ainda éramos pequenas e que sempre em culpei por isso. Finalmente te encontrei.

Não digo nada e apenas corro para abraçá-la já com lágrimas em meu rosto.

Quando choco meu corpo ao dela rodeando meus braços em volta de si vejo a sua presença fraca e vazia. É assim que são as almas? Ainda assim, era o mesmo abraço que recebia todas as manhãs antes de ir para escola.

Ia começar a falar com ela quando minha mente é tomada por uma cena que desconhecia.

Estava meio distorcida, parecia que se passava em uma colina ou uma montanha...? Não conseguia perceber direito. Ao longe via um pequeno vilarejo pequeno. Porém o que mais chama minha atenção é o que estava mais focado e próximo.

Via um garoto segurando uma espada perfurando o peitoral de uma garota a sua frente. Ao decorrer a imagem foi tomando mais foco e consigo distinguir direito a cena.

O garoto? Era Andrew e ele parecia assustado e via lágrimas em seu rosto, segurava a espada forte e ensaguentada. Sigo a direção da espada e vejo que ele estava atacando. A garota? Ally, minha irmã. Estava sangrando muito e seus olhos aos poucos iam perdendo brilho até que seu corpo fica mole.

Espera... Andrew matou a minha irmã?

Nico on

(minutos depois da chegada ao Mundo Inferior)

Ir ao Lete era a parte fácil do plano, difícil seria fazer com que Dylan encostasse ou pelo menos bebesse um pouco do rio. Qual era o plano? Simples e rápido: Fazer com que Dylan se aproximasse o máximo possível do rio para que eu, com a ajuda das sombras o faríamos consumir apenas algumas gotas. Não tinha o objetivo de apagar toda a sua memória, isso seria cruel. Apenas algumas gotas seriam necessárias para fazê-lo esquecer do que tinha feito um tempo atrás antes da missão do Will. Caso isso passasse do controle, teria o Mnemósine para reparar o erro.

Havia agora recuperado um pouco da resistência do meu corpo que tinha perdido na viagem. Não a teria totalmente por ter gastado boa parte na luta na Arena. Dessa vez Dylan parecia mais forte e determinado com o que queria. Investia ataques para cima de mim com destreza e força. Não me segurei como da última vez e retribui todos seus ataques o ferimento levemente algumas vezes, isso facilitaria na sua derrota aqui no submundo deixando as coisas rápidas.

Quando decido olhar para ele vejo que assim como eu tinha se recuperado da viagem, mas parecia ainda atordoada com o ambiente. Estávamos em uma parte do Elísios onde por sorte não tinha muito movimento, e aqueles que ainda tinha se dispersavam com medo.

- Onde... Onde você me trouxe?! – diz ele saindo do transe, me olhando e gritando.

- Vamos acabar com isso logo Dylan – digo tirando minha espada cravada no chão.

Estava cansado e ofegante, teria que ser rápido aqui. Quando uma brecha se abrir iria aproveitar ao máximo.  

- Acha que só porque está no lugar do seu pai que as coisas ficavam fáceis é?! – ele agora agarrava a espada novamente avançando para cima de mim.

Fique atento Nico, não perca as oportunidades.

Então, começamos novamente nossa luta que tinha sido interrompida. Dessa vez quem começa a atacar é ele e como antes estava depositando toda a força que tinha nos golpes e mirando sempre em partes frágeis e fatais em meu corpo. Era difícil achar alguma abertura tendo que me concentrar tanto em me manter vivo, sem dizer que o som do rio estava começando a me irritar. Era uma melodia bonita de se ouvir, mas quando mais a ouvia mais ficava doido. Tornava-se irritante depois de um tempo sendo repetida.

Nesse momento que perco a concentração, sou despertado quando vejo a espada de Dylan querer me atravessar no peitoral. Bloqueio com a minha espada e desvio do seu ataque surpreso o deixando de costas para o Lete.

Irritado e não esperando eu me recuperar, parte para cima de mim de novo e preparo para contra atacar. Nossas espadas se chocam fazendo um eco tremendo dissipar no ar. Impulsiono meu corpo para frente fazendo-o cambalear um pouco para trás para que pudesse desgrudar nossas espadas e atacá-lo na lateral onde não estava com tanta proteção.

Como era um ataque previsível, sou bloqueado pela sua defesa. Porém não espero que nossas espadas fiquem cravadas uma na outra de novo e já invisto outro ataque na lateral seguido por outro em cima cortando de leve a parte superior do seu braço.

Dylan se afasta de mim e pressiona seu corpo pela pequena dor que tinha sentido com meu golpe. Vejo pequenas gotas de sangue caírem no solo fazendo com que imediatamente fosse absorvido por ela e desaparecesse.

Preparo meu próximo ataque e aproveito a sua proximidade com o rio. Giro minha espada e respiro fundo para atacar. Pego-o ainda desprevenido e consigo investir um ataque que o arrasta um pouco para trás. Pouco, falta muito pouco.

Percebendo que estava em perigo impulsiona o seu corpo para frente fazendo com que eu perdesse um pouco o equilíbrio e cambaleio para trás.

Assim em seguida pega impulso do ar e faz um semicírculo para pegar velocidade e me acertar. Infelizmente não consigo ser tão rápido para evitar completamente o ataque e sou ferido perto do meu pescoço. Ajoelho apenas uma perna no chão mantendo há outra um pouco baixa, porém ainda firme. Sinto a ardência do corte, mas não podendo dar brecha e vantagem a ele, ergo a minha espada e faço um corte no ar fazendo com que ele apenas fosse parado com o choque da espada de Dylan.

Estava mais ofegante e exausto do que antes, não saberia se ia conseguir prolongar mais aquela luta. Querendo um pouco de descanso tomo uma força e impulso na minha perna ajoelhada e passo essa força para a espada me afastando de Dylan de novo.

Dessa vez ele não me ataca com pressa, estava assim como eu cansado.

A dor perto do meu pescoço começava a incomodar e quando olho para a ferida vejo que era mais profunda do que pensava. O que mais me tira a atenção é ouvir uns ruídos baixos abaixo de mim. Quando olho para o solo reparo que quando minhas gotas de sangue caiam nele a terra parecia vaporizá-lo enquanto o sugava.

Era compreensível aquilo, até então todos que estavam no submundo não deveriam sangrar.

- Derrote-o logo garoto – ouço uma voz se fazer presente no ambiente.

Mais uma vez eles iam perturbar a batalha. Era a mesma voz que escutei na floresta e Arena. O que raios ela queria tanto com a gente?

- Você prometeu... Cumpra.

Maldição, não se perca nelas Nico. Se concentre no que esta na sua frente e no seu objetivo.

Aproveito que a voz ainda não tinha sido totalmente esmagadora em mim e seguro firme a minha espada e preparo para atacar Dylan.

Entretanto quando o olho vejo que estava com os olhos esbugalhados. Será que estava ouvindo as vozes de novo? Não o deixe se entregar a elas.

- Dylan! Não as escute – grito para ver se assim o despertava.

- Por que não deveria? Ela que me ajudou com tudo – diz ele suavizando a sua expressão – Espera... Como você a conhece?! Ela é minha ajuda! Você não tomar isso de mim!!

Opa. A voz estava ajudando o Dylan? Era disso que ele estava falando quando insinuou sobre os amigos que tinham o ajudado? Mas como...?

- Que história é essa?! Você não pode escutar ela – digo enquanto bloqueio um ataque dele.

- Não me venha com essa! Ela que me proporcionou tudo isso: essa força, agilidade e está me ajudando a conseguir o que quero, diferente de você – diz ele insano e atacando com mais frequência.

Não o ataco e apenas me defendo dos seus ataques. Eu não queria atacar ele sabendo que não estava completamente lúcido. Dylan escutava a voz e apenas fazia o que ela mandava. Era por isso que falava sozinho às vezes e estava com uma força anormal.

- Nico... Nico – mais uma vez a voz começa a perturbar os meus pensamentos com a voz do Will.

Não é ele Nico, não é ele!

- Me ajuda Nico... – sua voz parecia triste e distante.

Não é ele... Estava a salvo com Hades. Nada poderia machucá-lo.

- O colar Nico... Está... Está... – a voz agora estava agonizante como se estivesse sentindo muita dor.

Concentração, eu preciso me concentrar no que esta acontecendo agora.

- A maldição... Eu descobri quem é a chama... Nico, você é a chama – ouço mais presente a voz do Will na minha mente.

A chama... Eu era a chama? Quando ela apagasse tudo voltaria ao normal... Eu tinha que morrer...?

- Mate-o Dylan, ele esta com o que é seu – a voz feminina estava dissipando no ar.

Distraído ainda com a voz não vejo Dylan chegar perto de mim e sou atacado no peitoral formando um corte. Sinto uma grande ardência no local e cravo a minha espada no chão pela dor que sentia.

Maldição Di Angelo, ela esta te enganando!

- A maldição... – agora ele sussurrava em meu ouvido.

- A chama Nico, você é a chama – a voz alternava entre a feminina e a do Will.

Chega, chega!

- O colar Nico... Machuca, machuca – ouço a voz.

Cala a boca, cala a boca. Dessa vez quem estava sussurrando isso era eu, parecia um maluco.

- Nico...? – ouço a voz de longe de Dylan.

- Apague a chama – sussurra a voz de Will no meu ouvido.

- NICO! – mais uma vez ouço a voz dele, mas dessa vez não estava na minha mente e sim no ambiente.

- EU DISSE PARA VOCÊ CALAR A BOCA!! – grito de agonia e de raiva.

Como tinha sido na floresta sinto uma pressão enorme sair do meu corpo. Não sentia mais cansaço ou mal estar. Nenhuma dor estava mais presente em meu corpo, sentia-me muito bem e disposto.

Não ouvia mais voz nenhuma e o ambiente estava silencioso.

Abro meus olhos e vejo o que provavelmente tinha acontecido na floresta. Diferente de antes a pressão ainda permanecia no local e sentia uma áurea fria e forte ao redor. Ao olhar em volta vejo que eu e Dylan estávamos rodeados por um circulo negro. Era como chamas, mas não eram quentes e sim negras.

Sinto uma força em meus braços e quando direciono meus olhos para lá vejo que o fogo negro estava tomando conta por cima da minha pele e alcançava até a minha espada.

Meus ferimentos? Estava cobertor pela chama negra. Ainda sangrava e não era vermelho mais. No solo caiam gostas escuras que mais parecia piche. O que aconteceu comigo...?

Olho para frente para ver como estava Dylan. Ele me olhava assustado como se estivesse vendo um monstro em sua frente.

- O que... O que é você...? – diz ele paralisado.

Fico sem palavras para aquela resposta e só consigo ficar estático. Sinto uma pressão se formando abaixo do solo como se pessoas batessem contra ele querendo sair da terra.

Quanto mais ficava assustado mais as chamas aumentavam e eu ficava mais forte.

- A voz... O que você fez com ela?! ME DEVOLVE – grita Dylan comigo, parecia perdido.

- Eu não... – digo baixo.

- Me devolve, me devolve!! – Dylan agora agarrava de novo a espada e avançava em mim.

Rapidamente e sem saber como bloqueio o seu ataque e quando nossas espadas se chocam as chamas negras se dissipam atrapalhando a minha visão. Sim, eu estava mais forte.

- Me devolve ela... – Dylan não parecia mais tão desesperado. Estava agoniado – É tudo que tenho... Me devolve.

Mesmo estando abalado ainda continua me atacando, porém o ritmo e intensidade da sua força diminuíam. Então, ele deposita o ultimo golpe contra mim e em defesa bloqueio ele. Após isso Dylan acaba largando a espada no chão.

- Me devolve ela... – diz com a voz triste – Eu preciso dela senão...

- Precisa dela pra...? – digo ainda em defesa, mas me aproximando dele.

- Traz ela de volta... Ou cumpra com o acordo Nico, eu preciso disso... – diz ele com uma expressão desesperadora, como se precisasse a todo custo da minha vida.

- Nico! – novamente escuto a voz do Will no lugar.

Seria possível que ela ainda insistiria?!

Olho ao redor para ver se realmente era apenas uma voz, mas quando viro minha cabeça vejo atrás do circulo Will me olhando estático. Era realmente ele... Por sorte não tinha sido afetado pela sombra e parecia bem fisicamente.

O que estava fazendo aqui? Deveria estar com Hades.

- Nico por favor! – ouço Dylan me chamando e olho para ele – Eu preciso que você cumpra o acordo!

- Por que Dylan?! Qual a razão pra você não esquecer isso? – agora quem gritava era Will em nossa direção.

- Não... Vocês não entenderiam... Nico, por favor – diz Dylan olhando angustiado para mim e cambaleando para trás – Eu preciso disso!

- Dylan esqueça esse acordo!! – grita Will implorando para ele – O que aconteceu com você?!

- VOCÊS NÃO ENTENDEM!! – grita Dylan desesperado.

Quanto mais os sentimentos de raiva deles eram visíveis mais me sentia forte e as chamar ficavam mais altas.

- Eu quero entender! Diz pra mim o que esta acontecendo! – diz Will ainda gritando. Ele estava sofrendo com aquilo tudo.

- Nico por favor... – diz Dylan se aproximando de mim. Estávamos a poucos passos do Lete.

- Dylan, o que ta acontecendo? Podemos te ajudar – digo baixo olhando para ele.

- Não podem me ajudar... É tarde demais. Só você pode me libertar Nico – diz ele me olhando implorando por aquilo.

Agora ele abaixava tentando pegar a sua espada que tinha deixado cair.

- Não faz isso Dylan!! – grita Will cada vez mais alto – Droga! Quem é você? Não te reconheço mais, não me faça te odiar!

Com aquelas palavras Dylan acaba paralisando na minha frente. Parecia ter levado um soco no estomago de tão abalado que estava.

- Me odiar...? – diz ele quase sussurrando.

- Não os escute jovem – persistente a voz se faz no ambiente de novo.

- Ele me odeia... Você fez com que ele me odiasse!! Não era isso que combinados – grita Dylan em meio aos ventos.

“Dois filhos opostos pelo destino irão se unir

Ao existir apenas um, o fio irá ruir.

E enquanto um lembrar, o outro esquecerá,

Mas o elo pela morte ou pela vida se manterá...”

 

Os versos da maldição ecoavam no ar agora, não por aquela voz e sim por uma rouca e velha. O que aquilo significava?

- Lute por isso Nico – ouço a voz de Bianca no ambiente.

- Eu te amo Nico. Eu te amei desde a primeira vez que falei com você – agora era do Will.

- É claro de aceito Solace – ouço minha voz – Você é tão lindo Solace.

- O que é isso...? – ouço Dylan com a voz trêmula – O que... São essas imagens...?

Confuso com o que estava falando desvio meus olhos para o que ele estava olhando. Ao nosso redor como uma projeção via as cenas na qual as vozes se referiam: quando ouvi pela primeira vez Will falar que me ama, quando aceito seu pedido de namoro, a vez que o vi com o pingente e meu sonho com Bianca.

As cenas se reproduziam e apenas algumas frases ecoavam delas. Estávamos rodeados pelo pequeno filme.

- Eu não aguento mais... – ouço Dylan falando, mas continuo olhando as cenas ao meu redor – Nico... Me mate... Eu não aguento mais.

Fico paralisado ao ouvir aquelas palavras. Ele parecia realmente estar querendo desistir de tudo.

- Eu não posso fazer isso... – digo ainda assustado com o rumo das coisas.

- Por favor... – diz ele implorando.

Quando ia respondê-lo sinto algumas presenças em minha volta e por impulso acabo as olhando. Céus... Estava incrivelmente absurdo e estranho aquilo.

Ao redor dentro do circulo via algumas pessoas: crianças, jovens e... Minha mãe e Bianca.

Fico estático vendo tudo e sinto meu corpo tremeluzir. Eu não estava aguentando mais aquilo, o meu limite tinha chegado. Fraquejo o meu corpo e sinto algumas lágrimas em meu rosto.

As almas das pessoas ao redor sorriam para mim e só conseguia sentir uma dor imensa em meu coração. O aperto ela grande e podia ver as chamas ficarem mais negras.

Estava prestes a desabar quando por segundos sinto um toque em meu punho e ele sendo impulsionado para frente. Assustado olho para o que tinha acontecido e mais uma vez fico estático.

- DYLAN!! – ouço Will gritando de longe.

Na minha frente, muito próximo a mim via o filho de Ares com a mão no meu pulso onde estava a minha espada fazendo com que ela perfurasse seu peitoral. Sangue escorria da reação onde a lâmina tinha o atravessado.

- Não... – sussurro.

- Ela ia vir atrás de mim – ouço Dylan falar muito baixo.

Depois daquelas palavras cuspiu sangue e sua força em meu punho ia enfraquecendo. Seus olhos começavam a perder o brilho e seu corpo a resistência. No local onde minha lâmina o atravessava sangue jorrava caindo no chão e cobrindo a minha espada com o líquido.

- Dylan... – sussurro em desespero.

Largando meu pulso vejo o peso do seu corpo indo para trás chocando seu corpo contra o chão.

Eu matei ele... Ele... Não...

Meu coração começa a acelerar rápido e sinto uma falta de ar. Largo a minha espada ensanguentada no chão e fico paralisando vendo o corpo do garoto estirado no chão com um furo em seu peitoral.

- Dylan!! – saio do meu transe e me ajoelho perto do seu corpo e sacudindo ele– Acorda, acorda!

Porcaria, porcaria! Acorda Dylan, por favor. Não era pra ser assim, não era pra você morrer... O plano não era esse!!

Continuo sacudindo seu corpo desesperado por uma resposta dele, minhas mãos estavam já cheias de sangue e via-as tremendo.

Meu corpo todo na verdade estava tremendo. Minhas lágrimas agora estavam mais intensas. Eu estava em um estado deplorável.

Para piorar a situação começo a ouvir ao meu redor vozes agonizantes de pessoas sofrendo e gritando por ajuda. Aproximando do corpo vejo almas escuras tocarem o corpo de Dylan e parecendo retirar algo dele. Seu corpo estava ficando cada vez mais frio e branco.

Fiquem longe dele... Não está morto, não pode!

Conforme as almas iam se acumulando ao nosso redor mais sentia a sua presença fraca e sua pele ficando fria. Seus olhos abertos estavam totalmente sem brilho e sem movimento, sua boca estava ficando ressecada.

Não... NÃO!

Paro de sacudir ele e começo a sentir meu corpo tremeluzir mais ainda. Afasto-me do seu corpo, mas não desvio meu olhar dele. Logo, as almas escuras tomam seu corpo por inteiro não me deixando vê-lo mais.

Por que ele fez aquilo? Estava errado... Por que Dylan? Eu ia te ajudar, te salvar. Você era pra estar vivo. Não podia acabar daquele jeito, seus irmãos estão te esperando no Acampamento. Todo mundo esta te esperando. Não os abandone... E nem o Will.

Tudo isso por causa de um acordo?! Para o inferno com aquele maldito acordo!

Uma mistura de sentimentos de raiva, angustia e desespero começam a invadir meu corpo. Sinto ficando mais forte e dessa vez as chamas negras queimarem dentro de mim.

A áurea fria e sombria em volta estava mais forte e pesada.

Eu era o culpado, era eu. MALDIÇÃO!

Encolho o meu corpo no chão e posiciono minhas mãos até meu rosto ainda cheias de sangue.

Estava tremendo, chorando e desesperado. Não conseguia pensar nada além de como tinha tirado a vida do filho de Ares.

Sinto as almas ao redor desaparecerem assim como a alma de Dylan.

- Ame ele como eu não fiz – ouço a voz dele no meu ouvido antes que sua presença sumisse por completo.

Não... Não!! Volta Dylan... Eu cumpro com o acordo, eu vou cumprir. Apenas... Volte.

Apenas consigo me encolher mais no chão e apoiar minha cabeça entre minhas pernas posicionando minhas mãos em cima da cabeça pressionando ela.

Minha visão começa a ficar mais escura e podia ouvir com mais intensidade as vozes desesperadas e angustiadas ao meu redor pedindo ajuda e para livrá-las do sofrimento!

Eu não aguento mais... Sinto meu corpo esfriar e minha alma aos poucos sendo abduzida pelas chamas negras que queimavam meu corpo. Eu não aguento mais...

Preparava-me para apenas ser entregue as sombras e almas quando em meio à escuridão vejo uma luz brilhante tomando conta do lugar. Era como o Sol do meio dia...

"Ao fim de tudo quando a chama não mais queimar

O Sol brilhante reinará e o fio poderá se unificar”

Os últimos versos da maldição ecoam no ar.


Notas Finais


PÁ PÁ PÁ PÁ, TIRO PARA TODO LADO!! Andrew matando a irmã da Mia, Will descobrindo a maldição, Nico sendo sugado pelas sombras e... Dylan morrendo!! Vocês queriam tanto isso e atendi aos pedidos </3, eu realmente fiquei triste com a morte dele... Estou DESTRUÍDA! NO CHÃO!

Vocês esperavam por essas coisas que aconteceram? Consegui surpreendê-los? Eu fiz o meu melhor para deixar cada um de queixo caído rs.

Conseguiram entender do que se tratava a maldição agora e por que o colar no Will não reluzia? Uma pequena explicação: a chama era o Dylan. Uma chama de raiva e rancor. O colar não brilhava porque para que isso acontecesse Will deveria estar salvo e quando Nico prometeu ficar longe dele e o deixar com Dylan não garantia o Will estar salvo. Logo, o colar não podia reluzir. Porém com a morte de Dylan, ele estava salvo :(

O que eu senti nesse capítulo? Apenas tristeza e tiros no meu core, estou completamente desolada. Sério sem palavras...

Enfim, absorvam ele e respirem fundo sempre. Não sei se amanhã vai ter capítulo novo viu meus amores.

Vejo vocês no próximo e penúltimo capítulo da fic <//3. Não esqueçam de comentar ou dar sinal de vida hahaha. A tia ama vocês demais *-*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...