História Solenemente Sua - Jily - VIII - Solenemente Sincero

James suspirou ao encarar o quarto do hotel onde ele e a Mister Marotos ficariam em Londres. O vôo, obviamente, mal durou meia hora, mas foi o voo mais bem aproveitado da vida dele. A conversa com Lily era simplesmente tão encantadora e fácil que ele podia ficar o dia inteiro conversando com a ruiva e nem mesmo notaria o tempo passar.

— Ah, esse hotel foi caprichado — disse Sirius exclamou, deitando-se cair no sofá de couro preto que havia no hall que dividia todos os quatro quartos. Um para cada Maroto enquanto as outras duas mulheres da equipe estavam no apartamento menor ao lado — Marlene superou Tom só por isso.

—Não se apresse, apesar de gostar muito dela, não sabemos como ela está gerindo todos os custos disso — disse Remus batendo nas pernas de Sirius, que já estavam estendidas sobre a mesa de centro — e pare de elogiá-la tanto, acho que nunca vi alguém corar tanto na minha vida quanto ela quando você se engraçou para o lado dela.

— Ela realmente estava corada — concordou Peter, também se sentando, um tanto mais comedido que o Black — muito corada.

— Será que ela está apaixonada por você, Sirius? — Remus brincou, despertando em James a memória de Lily falando algo sobre isso para ele, mas o Potter escolheu permanecer quieto, primeiro porque sabia que isso só iria para dois caminhos possíveis: um Sirius iria tentar o possível e o impossível para se afastar de Marlene ou conversaria com ela honestamente o que provavelmente faria com que ela tentasse se afastar. Ou seja, de qualquer jeito, daria merda.

— Marlene é tão desencanada quanto eu, Moony — Sirius dispensou a sugestão do amigo com um gesto da mão, recostando-se no sofá — ela não deve estar acostumada com elogios, apenas isso. Até porque, se tem alguém aqui que está apaixonado é o nosso Jamesie, aqui.

James, que estava ouvindo a conversa sem realmente participar dela, desviou os olhos do horizonte visto pela janela para focá-lo nos amigos, que sorriam para ele como se estivessem prestes a torturá-lo para descobrirem todos os seus segredos obscuros. E realmente estavam se James os conhecia bem.

— Eu não faço ideia do que você está falando, Sirius — ele declarou, mesmo que soubesse que era inútil negar. Aquele olhar no resto dos Marotos não negava que eles ficariam ali a noite inteira se precisassem até arrancar uma confissão ou uma verdade — deve ter bebido demais, já que também estava se engraçando com a Marlene.

— Haha, muito engraçadinho você — debochou Sirius mas não insistiu, preferindo dar a palavra a Remus, que já tinha um ar tranquilo de quem sabia que iria conseguir o que estava querendo e James não ousaria duvidar daquilo nem por um segundo.

— Então você nega terminantemente ter algum interesse amoroso por Lily Evans? Sério? — perguntou Remus olhando no fundo dos olhos de James, sabendo que péssimo mentiroso p amigo era para aqueles que o conheciam. Soltando o ar, o Potter revirou os olhos  e grunhiu, incapaz de negar aquilo em voz alta, mesmo que ele não tivesse muita certeza de nada.

— Olha, eu não sei o que vocês pensam que viram, mas Lily e eu... — começou James desviando o olhar dos amigos, que começaram a rir assim que ele passou a mão pelos cabelos em um gesto involuntário de nervosismo.

— Você e a senhorita Evans não pararam de conversar por nenhum segundo desde a decolagem até a porta do hotel, James — disse Peter com um pequeno sorriso no rosto, sabendo que assim que ele falasse, o Potter não tentaria negar — não tente arrumar desculpas, seus olhos brilharam enquanto você estava conversando com ela e parecia prestes a entrar em um dos nossos shows de tão animado que você estava.

Por alguns segundos, James ficou calado, tentando achar um jeito de negar a situação, mas era óbvio que ele teria de contar para os amigos. Na verdade, James nem sabia o motivo de estar tão relutante, não era como se ele quisesse esconder qualquer coisa de seus amigos. Afinal, se você não pode contar para seus melhores amigos o que está fazendo, então isso não deveria nem ser feito para começo de conversa. Com um suspiro, ele admitiu:

— Talvez eu tenha me interessado por ela.

— Ah, eu falei! — exclamou Remus com uma felicidade que James sempre fazia questão de apreciar. Não era sempre que o amigo se esquecia de seu complexo de inferioridade e se deixava levar pelas brincadeiras e irmandade deles. Normalmente, Remus e Peter eram mais reservados e tímidos, necessitavam de maiores atenções por parte de James por causa de sua constante insegurança. Sirius também tinha seus problemas, mas ele sabia quando podia resolvê-los sozinho ou quando precisava de ajuda, por isso a visão do Potter sobre ele era mais relaxada.

— E não era você quem fazia discursos para não nos relacionarmos sexualmente dentro de relações profissionais? — Sirius zombou de James, que eu um gesto extremamente maduro mostrou-lhe o dedo do meio, fazendo os amigos rirem mais uma vez às custas do moreno.

— Para a sua informação, eu conhecia Lily desde antes de ela aceitar trabalhar com Marlene — disse o homem antes que pudesse se conter e então fechou os olhos, amaldiçoando-se internamente. Agora estava óbvio que eles iriam deduzir com facilidade quem era Lily Evans.

— Ah, meu Deus, é a ruiva com quem você transou aquele dia na pousada dos Weasley? — perguntou Sirius com os olhos arregalados de diversão — isso é que eu chamo de destino.

— Você deveria tomar cuidado, James — disse Remus, agora um pouco mais cauteloso, como de costume. Aquela frase, no entanto, fez James fazer uma careta involuntária. Era por isso, percebeu, que ele não queria falar sobre Lily para os amigos. Ele não queria ouvir comentários de como ela poderia ser uma oportunista ou algo assim, mas supunha que aquilo era previsível.

— Eu sei, Remus, mas Lily é...

— Não fala que ela é diferente, James — Peter pediu com os olhos se fechando com vergonha do comportamento do próprio amigo.

— Eu não ia falar que ela é diferente — falou James, corando tanto que ficou claro que ele estava prestes a falar o que Peter sugerira. Os três amigos encararam o Potter por alguns segundos antes de se entreolharem.

— Ele está muito ferrado — declarou Sirius olhando para Peter, que olhou para Remus e disse:

— Ele está muito ferrado mesmo.

— Nem me fale — disse Remus e então olhou para James com humor —você está ferrado, amigo.

— Eu já sei, okay? — disse James pegando uma almofada bege, abraçando-a e se deixando cair no sofá, encostando a cabeça no colo de Sirius, que começou a fazer carinho nos cabelos rebeldes do Potter com uma risada totalmente cheio de diversão — O que eu faço?

— Fala com ela, ué — disse Remus como se fosse simples — você nunca vai saber se tem chance se não tentar falar honestamente com ela.

— Ela já disse que também está interessada — disse James em um murmúrio baixo, que fez com que os amigos berrassem naquele tom de adolescentes que irritam um amigo que está apaixonado — vocês têm doze anos, não é possível.

— Mas se ela quer ter alguma coisa com você, James, porque você está criando tantos problemas para tentar? — perguntou Remus com sua habitual sensibilidade que sempre fazia com que James se sentisse totalmente irracional. E, mais uma vez, ele não sabia exatamente o que responder, então virando a cabeça, ele observou o olhar paciente de Remus e riu de sua própria estupidez por colocar todos aqueles obstáculos por causa do medo.

Certo, ele falaria com Lily sobre eles. Alguma hora.