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História Solidate - Frágil


Escrita por: Lu-pumpkin

Notas do Autor


Oi gente, quero pedir desculpas a vocês pela demora.
Eu não vou me demorar muito aqui por que acho que vocês estão ansiosos por esse capítulo.
Bem, eu espero que vocês o apreciem.
Abracinho a todos e até logo!

Capítulo 14 - Frágil


Fanfic / Fanfiction Solidate - Frágil

Tudo foi muito rápido. Em um momento eu estava o segurando com toda a minha força, olhando para seus olhos assustados, tentando lhe manter seguro. E no outro, ele estava caindo. Eu parecia não conseguir processar o que estava acontecendo. Eu só sabia que Luhan não estava mais em meus braços. Ele não estava mais comigo.

Em baixo de nós havia um grande lago, e eu consegui ver como em câmera lenta, seu corpo caindo na água escura do lago. Tudo pareceu ficar em silêncio. Eu sabia que as pessoas que estavam no brinquedo gritavam em euforia por causa da adrenalina, mas não podia ouvi-las. Eu só queria que aquilo terminasse, que o brinquedo parasse e eu pudesse resgatar a pessoa que pra mim, era a mais importante em todo o planeta.

Quando o brinquedo parou, eu me desvencilhei de meu assento e corri, corri por entre as pessoas que se amontoavam para ver o que estava acontecendo. Quando consegui passar, vi que alguém havia tirado o menor da água. Ele estava pálido. Os olhos fechados. Os lábios arroxeados.

Me ajoelhei junto ao corpo frio do menor que estava tão imóvel, e sem pensar duas vezes, fiz o que nunca pensei que um dia faria. Realizei uma massagem cardíaca nele, e logo em seguida, meus lábios se encaixaram nos seus mas não para um beijo carinhoso como sempre trocávamos, mas na tentativa de lhe salvar. Ele estava frio. Os lábios uma vez tão quentes agora estavam tão gelados que parecia estar tocando em mármore.

Soprei para dentro de seus pulmões e então repeti o processo por pelo menos três vezes até que seu corpo se contorceu e então começou a pôr a água que havia engolido para fora. Eu já podia ouvir o som de uma ambulância se aproximando quando vi os olhos do menor se abrirem, me olhando como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo, para então se fecharem novamente, seu corpo amolecendo em meus braços.

-Luhan. -Chamei baixo passando a mão em seu rosto frio. -Luhan meu amor, por favor acorde.

Tentava acordar o menor o chamando gentilmente até que fui afastado dele vendo uma moça e um rapaz uniformizados se aproximarem dele checando seus sinais vitais.

-O que aconteceu? -Um outro homem de uniforme que me segurava perguntou para mim mas eu não conseguia responder. Não conseguia tirar os olhos de Luhan. Queria o ver bem. Queria o ver sorrindo. -O que aconteceu rapaz? -O homem me perguntou mais uma vez e eu finalmente consegui desviar o olhar de meu amado imóvel para fitar o que me segurava.

-Eu... ele... por favor não deixem ele morrer... -Falava baixo em um pedido ansioso. -Por favor. Não posso perde-lo eu não posso...

-Tudo bem, se acalma por favor. -Ele disse tentando me ajudar. -Você já o salvou.

Olhei para o menor vendo os paramédicos o colocando cuidadosamente em uma maca cobrindo seu corpo com uma coberta grossa de cor azul. Ele estava vivo. Estavam agora o colocando para dentro da ambulância onde podia ver que o ligavam a uma máquina que provavelmente o ajudaria a respirar.

-Ele... eu.. eu preciso ficar com ele. -Falo nervoso. -Não posso o deixar sozinho. Ele precisa de mim.

-Você é próximo dele? Conhece a família dele?

-Sim. Sou namorado dele. Preciso ficar junto dele por favor. Por favor. -Peço de novo agora em um tom mais desesperado. -Ele não pode ficar sozinho. Ele tem medo de ficar sozinho. -Tentava explicar e então o homem me ajudou a levantar e apoiando a mão em minhas costas, me guiou até a ambulância. Subi na mesma vendo os paramédicos colocando pacotes térmicos por baixo da coberta que envolvia o corpo pequeno de meu amado, provavelmente para ajudar a aquecê-lo.

-Garoto, qual é o seu nome? -O homem perguntou.

-Sehun. Oh Sehun. -Respondi prontamente sem tirar os olhos de Luhan. -Ele deve estar sentindo tanto frio...

-Sehun, está tudo bem, vamos o levar para o hospital mais próximo, e faremos o possível pra que ele fique bem novamente sim? Você já fez a parte mais importante por nós. Se não fosse por você ele não teria chances.

-Ele... ele estava com tanto medo. Estava tão assustado. Eu tentei segurar. Eu juro que tentei.

-Sehun por favor mantenha a calma sim? Ele vai ficar bem. Pode me dizer o nome dele?

-Luhan...  o nome dele é Luhan.

-Está bem. Tem o contato da família dele? Precisamos falar com eles o mais rápido possível.

-Tenho. -Desvio os olhos de Luhan pegando o celular que estava em meu bolso e percebo que minhas mãos tremiam. O homem se propôs a ajudar e eu lhe entreguei o aparelho dizendo a ele o nome do pai de Luhan para que ele pudesse encontrar nos contatos.

Quando ele encontrou, tocou no botão para fazer a ligação e então se afastou um pouco fechando a porta da ambulância. Um dos paramédicos que cuidava de Luhan, me guiou até um assento que ficava mais perto dele e me disse que devia ser forte e que tudo ficaria bem.

Eu procurei a mão do menor em baixo da coberta que o cobria e a puxei para fora para poder a segurar gentilmente entre as minhas. Ele estava tão frio. Tentei esquentar sua mão enquanto o veículo se movia. Meu coração estava apertado. Eu podia ouvir os bipes que saíam da máquina ligada ao menor que me garantiam que seu coração estava batendo, apesar de um pouco fraco, ele estava vivo.

Foi ali que percebi que a vida é frágil. Pelo menos meia hora atrás, estávamos juntos. Ele sorria para mim com aqueles olhinhos brilhantes enquanto segurava minha mão e dividíamos um sorvete. Poucos minutos atrás ele estava falando comigo, estava ao meu lado tão bem. E agora ele estava ali, frio, deitado em uma maca, ligado a aparelhos, uma máscara de oxigênio sobre seu nariz e boca. Aqueles belos e brilhantes olhos agora fechados. Seus lábios azulados.

Era tudo tão frágil.

Inclinei a cabeça para dar um beijo gentil na mão fria do pequeno e prometi pra mim mesmo que quando ele ficasse bem, iria o proteger com todas as minhas forças. Iria cuidar dele e nunca deixar que passasse por algo parecido novamente. Iria impedir que ele estivesse em lugares onde não quisesse estar, iria estar ao lado dele e ser forte para que ele sempre estivesse feliz.

Mas agora, eu só queria que ele acordasse.

-Aqui garoto. -O homem se aproximam de mim entregando o celular que havia lhe emprestado. -Eu sinto muito. Sei que é difícil, mas precisamos que você seja forte tá bem? Tem que nos ajudar a cuidar dele. Ele vai precisar muito de você.

-Ele vai mesmo ficar bem? -Pergunto preocupado afagando a mão pequena que estava descansando entre as minhas.

-Não podemos dizer isso agora. Ele ficou algum tempo sem respirar. Quando chegarmos no hospital, os médicos vão cuidar dele, tentar resolver qualquer problema que possa ter, e nós vamos torcer pra que não haja nenhuma sequela.

Olhei novamente para o menor e não consegui não pensar na possibilidade de ter acontecido algo mais grave a ele, algo que poderia afetar sua vida de uma forma profunda. Imaginei o menos correndo pelo campo de futebol, rindo alegre, imaginei ele fazendo seus desenhos tão lindos e criativos, imaginei ele cantarolando como sempre fazia quando eu estava triste e precisava de amparo. Pensei que Luhan não podia perder nada daquilo. Ele não podia perder aqueles pedacinhos preciosos de sua vida.

-Você acha que podem ter tido sequelas?

-Não tem como saber. Não agora pelo menos. Agora eu preciso dar uma olhadinha nele. Ver se está tudo bem. Se está tudo no lugar. -O homem explicou e eu concordei com a cabeça olhando para o menor ali. Ele parecia tão calmo.

O homem que acreditei ser um especialista, descobriu o menor e com uma tesoura, cortou sua camiseta a afastando de seu peito. O menor tinha manchas escuras ali. Manchas roxas bem escuras.

-Possíveis fraturas na região do tórax. Vamos ter que o levar para a sala de operação. -O homem comenta pegando um rádio que havia ali e começou a falar sobre liberar uma sala de cirurgia para um paciente com possíveis fraturas internas.

Aquilo havia me deixado muito mais preocupado do que já estava. Sabia que de Luhan tivesse as costelas quebradas, poderiam perfurar seus pulmões e aquilo seria algo muito grave. Apertei um pouco a mão do menor encostando minha testa nela e em silêncio, implorei para que ele ficasse bem.

Quando chegamos ao hospital, as portas da ambulância foram abertas e então eu esperei que tirassem o menor de dentro dali sobre a maca. Saí do veículo seguindo logo atrás dele sem tirar os olhos de seu corpo imóvel. Entramos no hospital e ele foi levado para dentro de uma sala, essa que fui privado de entrar. Vendo as portas se fechando, escondendo o menor de minha visão, meu mundo pareceu desabar.

Tudo parecia estar caindo em pedaços. Comecei a pensar em como tudo havia acontecido, me lembrei do toque frio de sua pele. O olhar que ele havia me dado quando abriu os olhos e também como seu corpo relaxou novamente, voltando a inconsciência.

Tudo agora parecia mais real. Não era um pesadelo. Era mesmo de verdade. Luhan estava sendo levado para uma sala de cirurgia emergencial. Ele podia ter sofrido sequelas. Ele podia não ser mais o mesmo quando acordasse novamente. Ele quase havia morrido. Ainda haviam chances de o perder.

Tudo aquilo pareceu desabar sobre mim e eu só consegui encontrar um banco para me sentar antes de desabar em lágrimas.

O meu namorado, meu garoto, meu Luhan estava entre a vida e a morte. Aquele que eu havia segurado com tanto carinho em meus braços na noite anterior, aquele que havia sorrido pra mim e me dito que me amava. Aquele que eu segurei a mão em segredo. Aquele que eu amava tanto, haviam chances de o perder pra sempre.

Sentia um aperto no peito, parecia não haver mais nenhum sentido para nada sem ele ali. Fechei os olhos e pedi, pedi com todas as minhas forças que se houvesse mesmo alguém lá em cima, que esse salvasse meu pequeno. Que não o levasse. Que o deixasse junto de mim.

Ali, naquele banco de um corredor vazio de hospital, eu tive certeza de que não conseguia ver a vida sem ele. Ali percebi que não podia de jeito nenhum perde-lo. Ele era quem me fazia erguer a cabeça quando estava me sentindo pra baixo. Era ele quem cantava pra mim quando tinha crises fortes de ansiedade. Era ele quem me dava carinho quando chorava. Era ele que estava lá comigo em todos os momentos. Era ele que beijava a ponta do meu nariz e me dizia que eu era a coisa mais linda do mundo.

Luhan era meu tudo. E eu sentia que o estava perdendo.

Horas se passaram, e eu só conseguia pensar que queria segurar aquela mão macia e pequena novamente, sentir seus dedos finos se enroscarem nos meus. Queria ouvir sua risada, sentir seu calor.

-Sehun? -Ouvi a voz baixa e gentil da mãe de Luhan soar bem próxima a mim então ergui a cabeça pra a olhar.

Ela estava encolhida perto do marido, o rosto um tanto inchado e vermelho provavelmente pelo choro. Quando a vi, parecia estar olhando diretamente para os olhos de Luhan nos dela. Ele tinha os olhos da mãe e isso eu sempre lhe disse. Não consegui me segurar naquele momento. Abaixei novamente a cabeça escondendo o rosto nas mãos e novamente chorei ali. Chorei como uma criança. Chorei como se fosse a única coisa que podia fazer.

Não demorou muito pra eu sentir o toque suave das mãos da gentil mulher me envolvendo, me trazendo pra mais perto dela. Me escondi junto de seu peito sentindo seu abraço apertado que sabia que estava tentando me trazer conforto.

Logo em seguida, senti a mão mais pesada e firme do pai de Luhan segurando meu ombro. Apesar de eles saberem de nós dois a pouco tempo, sentia que me consideravam parte da família e naquele momento eu pude ter certeza daquilo.

-Eu tentei... -Falo baixo em meio aos soluços. -Eu tentei segurar ele, eu juro que tentei...

-Shhh... Tudo bem. Tudo bem Sehun, nós sabemos. Vai ficar tudo bem. -Era a mãe dele novamente.

-Ele estava tão assustado quando.. quando abriu os olhos. Ele estava com tanto medo.

-Está tudo bem filho. -O pai do menor fala. -Ele vai ficar bem. Os médicos vão cuidar disso.

Eu tentei contar a eles em meio ao choro, tentei lhes contar que havia tentado com todas as minhas forças o manter seguro. Tentei contar a eles tudo o que aconteceu. Eles precisavam saber. Eu sabia que não estava conseguir formar frases concretas, mas tinha certeza que eles me entendiam. Sabia que em meio a aquelas palavras desconexas eles tinham entendido tudo.

Sentia o abraço da mãe do menor apertar um pouco mais meu corpo. Eu estava com tanto medo. Estava com tanto medo de o perder. Estava com tanto medo de ouvir o pior. Felizmente, a presença dos dois ali havia me acalmado um pouco. Depois de tanto chorar, Apenas fiquei ali nos braços da mãe do menor, a cabeça recostada em seu ombro sentindo seus dedos finos me acariciarem os cabelos em uma tentativa de me manter mais tranquilo.

O pai do menor havia saído para comprar água para nós e ali eu tentava entender o porquê de tudo aquilo.

Quando o mais velho voltou, um homem de vestes esverdeadas e touca branca saiu da sala pra onde Luhan havia sido levado mais cedo e então me levantei em expectativa. A mãe de Luhan segurava minhas mãos e o pai dele me envolvia pelos ombros.

-Vocês são os responsáveis pelo garoto? -O médico pergunta e os pais dele concordam.

-Sim, somos os pais dele.

-Bem, conseguimos estabilizar o quadro de seu filho. Está fora de riscos. Tivemos que realizar uma operação pois com a queda, três das suas costelas foram fraturadas, mas agora já está tudo bem. Não houve nenhuma perfuração nos pulmões. Agora só precisamos ter muita paciência pois não houve nenhuma resposta a estímulos quando cortamos o efeito do anestésico. Ele está em estado de coma. Temos que apenas esperar que acorde.

Enquanto ouvia as palavras do médico, fiquei aliviado em saber que Luhan estava fora de risco e também por não ter sido tão afetado na parte interna com a queda. Mas saber que ele estava em coma não era assim tão bom.

-Sabe dizer quanto tempo ele vai ficar assim? -Perguntei baixo.

-Não tem como dizer. Algumas pessoas acordam em alguns dias, outras em semanas. Algumas em meses. É algo que não podemos prever. Só podemos esperar pelo melhor. Ele vai ser levado para um quarto particular por enquanto até que sejam resolvidas algumas questões.

-E depois? -Perguntou a mãe dele.

-A única questão na verdade é saber se vocês querem que ele fique internado aqui ou preferem o transferir para outro hospital.

-Nós... Nós moramos em Seul. Vamos querer fazer uma transferência sim.

-Certo. Então vamos deixar que ele fique no quarto separado até que a papelada esteja pronta para fazermos a transferência. Assim fica até melhor pra vocês ficarem junto com ele. Não temos muitas restrições para visitantes nesse caso.

Depois que foram tiradas algumas dúvidas sobre a condição de Luhan, uma enfermeira nos guiou até o quarto que Luhan estaria e quando chegamos lá, pude ver o menor deitado sobre uma cama de lençóis brancos, com cobertas de cor verde musgo lhe cobrindo até a cintura. Ele estava ligado a algumas máquinas, uma delas nos permitia acompanhar seus batimentos cardíacos, outra era a que ligava a mangueirinha de oxigênio a suas narinas.

Vi os pais dele se aproximarem o tocando gentilmente nas mãos e nos cabelos. A mãe dele chorou. O pai parecia conter as lágrimas. Eu não queria nunca mais ter de ver uma cena como aquela.

A vida era mesmo tão frágil. 



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