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História Solitude - Auto sabotagem.


Escrita por: BlacKHouseGomes e cki

Notas do Autor


Eai galere, tudo bem?

A partir desse ponto, acredito que será necessário tentar entender os personagens se colocando no lugar deles. Todos eles estão suscetíveis ao erro e as péssimas escolhas, pois as coisas se complicaram.

Enfim, controle o coração e se envolve aqui.

*Aviso nas notas finais.

boa leitura. ❤

Capítulo 21 - Auto sabotagem.




Apesar de ser a segunda vez em que acordava com Hermione ao seu lado, Draco experimentou sensações semelhantes a primeira vez. Contudo, essas vieram com muito mais peso e fora pego desprevenido pelo imenso fascínio quase magnético que ela era capaz de exercer sobre seu juízo. Em resposta, seu estômago se contorceu, pois Draco sabia que ela exigiria uma conversa esclarecedora logo após acordar, Hermione  nunca dava folga para sua consciência e o sonserino estava cansando do jogo. Iria buscar explicações com ele, para entender o porquê de nunca a deixar seguir em frente, e a razão de sempre arranjar um jeito de encurtar a distância segura entre eles. Draco não podia entrar em uma conversa dessas, nem mesmo se sentia confortável guardando para sí as coisas que nasceram desde seu envolvimento. Era previsível que Granger buscaria encontrar lógica ou algum sentido para o que insistiam em fazer. E o que poderia dizer? Que a situação fugiu do seu controle? Que se viu dependente das sensações que ela era capaz de provocar nele? Que agora não estava mais disposto a correr? Draco pensava. Descartando todas as propostas sinceras do seu lado pouco racional, que no momento era refém do rosto sereno da menina ao lado. Existia agora uma nuvem densa e sombria pairando sobre os dois, coisa que Draco pouco entendia. Mas durante a noite passada, quando não flagrou os olhos dela queimando em desejo, conseguiu capturar fragmentos de devastação e a bagunça interna na menina. Também conseguiu notar emoções bem mais complexas e pouco articuladas, se fosse honesto ou louco consigo mesmo, diria que desejo não era a única coisa que Hermione nutria por ele. E novamente seu estômago se contorceu, em expectativa e medo. Draco sabia que não existia possibilidade do coração de Hermione perder algumas batidas em seu nome. Ela era impulsiva o suficiente para ceder ao desejo, mas nunca se permitiria sentir alguma coisa boa em relação a ele. E nem mesmo tinha razões para se afeiçoar, fizera mais mal que bem, e masoquismo não fazia seu estilo. Draco sabia que estava andando em um terreiro perigoso, pensando sobre essas coisas. Mas precisava entender a situação em que se encontravam, para assim tomar as devidas providências. Outra certeza do rapaz era que, Hermione o afastaria novamente e dessa vez com mais ímpeto e resistência. O problema nisso era a falta de sintonia no momento, pois Draco havia acabado de se render totalmente para o estranho lance que protagonizavam. Não que quisesse uma relação ou um pacto de compromisso, não queria isso. Simplesmente não via razões para continuar apartando-se dela, tinha se quebrado por inteiro e perdido peças de quem um dia já foi pelo caminho que decidiu seguir, quando se rendeu ao desejo que sentia por ela. Logo notou, havia sofrido outra mutação. O sonserino se adaptou a sua natureza volátil totalmente imprevisível, sabia que sempre estava em metamorfose e quando não podia lidar com uma questão, se moldava até se encaixar a ela. Não podia mais drenar suas forças para continuar se afastando de Hermione, e Draco não entendia quase nada a respeito disso, somente queria tê-la e nem mesmo sua ideologia pode refrear isso. Em seu lado oculto e muito pouco divulgado, sua honra o impulsionava a ser minimamente nobre e preserva-lá do abismo que ele era, de colaborar com a distância e não agir como um egoísta, arriscando toda luta da mulher e todo seu prestígio. Todavia, havia perdido de vez as rédeas da situação, e nunca fora bom em abrir mão das coisas que queria. Sempre tomou posse de tudo que um dia desejou, e não podia conter a necessidade de fazer o mesmo com ela. Draco Malfoy estava mesmo disposto a conquistar Hermione, considerando que desde de quando se envolveram, a atração fora espontânea e guiada pelo inconstante acaso. Hermione por algum motivo insano, havia se atraído por ele sem Draco nunca ter feito o mínimo esforço para isso. Com ele fora o mesmo, ela nunca quis deixa-ló faminto como se encontrava agora mas deixou. Com isso, e com o calculismo sonserino bem afiado, Draco sentia a necessidade de marcar seu posto. Queria tê-la verdadeiramente, mesmo que por pouco tempo, e pela primeira vez olhou para Hermione com um interesse consciente. Tinha noção de  que era errado, mas não se importava mais. O sangue pouco importava também, não era como se tivesse planos de se casar e procriar um ninho de mestiços loiros e castanhos com ela.  Também não era como se estivesse usando-a, o que existia entre eles - seja lá o que fosse -, era recíproco. Draco iria apenas direcionar e tomar um pouco do controle, se esperasse ação dela nunca sairiam disso. Sabia que o tempo que restava para eles era curto e em breve seguiriam rumos diferentes. E ele desejou viver o restante dessa insensatez dos dois com toda a intensidade que tinha o direito, não aguentava mais os joguinhos, a culpa e a carga emocional negativa do dia seguinte. Afinal, eram adultos e não estavam matando ninguém com aquilo, podiam e deveriam tirar o melhor da situação. Quase riu do seu otimismo idiota e sem fundamentos lógicos na realidade de ambos. Draco atribuiu o seguinte gesto a sua nova tática de abordagem, quando afastou uma mecha dos cachos castanhos no rosto dela, e passou a deslizar o indicador na ponta do nariz, para as maças do rosto e o sobre o pequeno queixo da leoa. Em algum canto do seu cérebro, sabia que estava apelando para a auto sabotagem. Todavia, só escutava um dos lados em sua cabeça, e esse implorava aos céus para que não fosse preciso romantismo durante o processo. Era um verdadeiro trasgo, nunca a conseguiria da maneira que pretendia ter, se dependesse do seu "potencial" romântico. Sem contar que ela o acharia louco e até mesmo iria zombar com seu fracasso. Para o seu bem, e a julgar pelo que conhecia de Hermione, ela não fazia o tipo entregue a corações super pulsantes e hiper calorosos, e a maior prova disso fora ter se envolvido de maneira ardente justamente com ele. Na verdade, pouco sabia sobre o que Hermione buscava em um cara e suas únicas referências eram ele mesmo e o Potter, os dois eram completamente opostos, o que fez Draco pensar que talvez Hermione fosse louca, ou ele próprio ficaria louco se tentasse entende-lá. Foi desconcertante quando Hermione abriu os olhos e o flagrou como uma vítima de seu deslumbre. Draco engoliu em seco, afastando o dedo do rosto da leoa com lentidão, enquanto ela o acompanhava com os olhos. Hermione ergueu o olhar, fixando-se nos cinzas. A atmosfera era quase opressora, e Draco se sentiu violado diante o olhar dela, penetrou sua pele, carne e espírito, todos seus pelos se eriçaram e o rapaz foi açoitado pela necessidade de fazê-la sua mais uma vez. Toda via, antes que pudesse agarra-lá, foi surpreendido quando Hermione levou uma mão até o seu rosto e roçou o polegar em seu queixo, sentido o atrito da barba loira recém cortada contra sua pele. Para ela, era hipnótico vê-lo assim, exposto e real. Exalando exasperação e urgência sem demonstrar em sua fisionomia. Hermione não sabia se ele tinha consciência disso, de que sua expressões faciais eram congeladas e praticamente ilegíveis. No entanto, os olhos de Malfoy eram barulhentos e expunham todo o caos interior do rapaz durante esses momentos. Por conta disso, adorava os olhos dele. Eram a única evidência de que ele estava tão preso em tudo aquilo quanto ela estava. Eram sempre sinceros e agora, graças as informações implícitas neles, borboletas indesejadas invadiram seu estômago. Draco a olhava da mesma maneira que olhou no dia passado e para o bem dela, torcia para que ele parasse com isso.

Sentiu o braço forte rodear sua cintura, puxando-a para ele. Hermione respirou fundo, buscando no ar coerência para seus pensamentos, o que foi em vão, pois junto com o ar veio o cheiro do sonserino. Nem mesmo se deu ao trabalho de se repudiar por sua fraqueza, quando a boca dele veio de encontro a sua, sendo muito bem recebida por ela. Com a mão livre por baixo dos lençóis, Draco fazia carícias em seus seios descobertos. Sabia que ela era sensível alí, e exercia sem peso na consciência seu poder sobre as reações do corpo da menina.

Hermione separou suas bocas, e passou a mordiscar o queixo e pescoço do rapaz, em resposta o corpo de Draco ferveu, prendeu-a com ainda mais força pela cintura, deixando sua excitação em evidência quando ela pode sentir o pau do rapaz roçando entre suas coxas.

Também tinha poder sobre o corpo dele.

Hermione deslizou a mão pelo abdômen de Draco, alcançando o membro que implorava por mais dela.

- Hermione. - Draco gemeu em seu ouvido, o que pareceu despertar a consciência leoa.

Novamente, sentiu coisas que não deveria sentir. Hermione sabia que se continuasse, seria diferente. Mudaria tudo, e para ela não se tratava mais apenas de sexo. A sensatez a deteve, e o medo de se machucar ainda mais falou alto.

Por isso abandonou o aperto em torno do pênis de Draco, recebendo dele uma mínima exclamação de insatisfação, e se ergueu da cama, enrolando-se no lençol em seguida.

- O que...?

- Isso não vai acontecer nunca mais.

Draco a encarava indignado, mas nem um pouco surpreso, exatamente como o previsto, a crise de consciência dela veio mais cedo.

- Granger, vamos parar com isso. - Ele propôs, enquanto vestia a boxer branca, com uma dificuldade dolorida em controlar sua ereção dentro da peça de roupa.

- É exatamente o que estou fazendo agora, parando com isso. - Ela murmurou, virando-se de costas, olhar para o corpo dele não era extamente uma forma confiável de manter-se firme.

- Não foi o que eu quis dizer.

Ele não pode notar a expressão de surpresa e confusão da leoa, pois ela ainda estava de costas.

- E então, Malfoy?

Draco correu a mão pelo cabelo e nuca, admitindo para sí mesmo que na prática era bem mais difícil que a teoria.

- Você me quer e eu te quero, não precisamos ter essa droga de conflito sobre arrependimento toda vez que atendemos nossos desejos. - Como pressuposto, ele não era exatamente um grande dominador das palavras quando o assunto era baixar a guarda e erguer bandeira branca.

Hermione girou nos calcanhares, a boca ligeiramente aberta em indignação mesclada a surpresa. Teve que evitar corar, quando percebeu que ele ainda não havia vestido nada além da boxer e a peça fazia um péssimo trabalho em esconder a ereção.

- As coisas estão longe de serem tão simples assim, não seja insensato.


- E acha que eu não sei?


- Se soubesse não iria propor o absurdo, Malfoy.

- Prefere seguir desse modo, fugindo do que somos? Está andando em círculos, Granger.

- Perdão... O que nós somos?!

- Inevitáveis.

Ela não tinha argumento contra a réplica dele, pois era a mais pura e dura verdade. Não entendia qual era a de Malfoy, que no lugar de estar sofrendo com a crise de consciência como a dela, estava abdicando os dois da culpa. Mesmo sem entender o que se passava na cabeça dele, torcia para que ele parasse com aquilo. Draco não tinha noção das coisas que os cercavam nesse momento, coisas muito maiores que a rivalidade de Hogwats ou crenças ideológicas. Para ele podia ser um jogo, mas para Hermione as coisas estavam se complicando. Desestabilizada diante o olhar e a imprevista proposta de Draco, optou por fugir, passando direto por ele em direção do banheiro.

Hermione pode sentir que ele a seguia descaradamente, e nunca sentirá tanta falta do seu juízo em perfeito funcionamento, pois se tivesse em pleno gozo de suas faculdades mentais, podia manda-ló embora sabendo que esse era o único jeito de fazer com que parasse com aquilo. Mas não o fez, em contradição de suas recentes palavras, deixou que ele a seguisse.

Draco sabia que estava abusando do autocontrole da menina, e talvez também de sua sanidade. Mas não podia se dobrar diante da teimosia dela, combateria usando a sua própria teimosia como arma e também sua bem desenvolvida canalhice. Dentro do banheiro, se aproximou das costas de Hermione, inebriando-se com o cheiro dos cachos.

Com uma mão, passou a desenrolar o lençol que ocultava o corpo feminino que habitava seus sonhos e pesadelos, Hermione ainda enchia a banheira com água morna, usando sua varinha. Tentando a todo custo buscar forças para mandar Malfoy parar com aquilo.

- É o que você quer Hermione? - Ele quis saber depois de se livrar do lençol e joga-ló para o outro canto do banheiro, sussurrou estrategicamente no pé de seu ouvido.

Não havia tocado nela, esperava sua resposta, mas pelo simples timbre de voz do homem, Hermione sentiu-se como se tivesse sido estimulada em cada milímetro de pele. Aquilo não era normal, e apesar de ser um desavergonhado, Malfoy estava agindo de forma inesperada, deixando em evidência as coisas que nenhum dos dois antes ousará demonstrar.

- Sim, mas...

Era o que ele precisava para agir, a admissão do desejo. Tanto que nem mesmo esperou que ela terminasse sua justificativa boba, com os olhos devorando cada pedacinho de seu corpo, agarrou-a pela cintura, chocando seus corpos com louvor, Hermione arfou, liberando todo gás carbônico dos pulmões. Os corpos estavam quentes, e mesmo os dedos de Draco que deslizavam sobre seu ventre, deixaram de ser frios, rendidos ao calor do ato. 

Ainda de costas, sentiu os dedos longos fazendo o caminho para baixo, e acabou de perder a batalha quando ele tocou em seu ponto dolorido de maior necessidade.

- O que você quer de mim, droga... - Hermione meio gemeu, meio choramingou sentindo-se consumida por ele, em todos os sentidos possíveis. Não podia evitar de se sentir negligente com sua inteligência, rendendo-se a Malfoy, enquanto grávida dele, pretendia esconder a gravidez até quando fosse possível se afastar dele definitivamente. Logo Harry e os outros iriam trazer Narcisa, logo Malfoy seria removido e ela mesma voltaria a busca das horcruxes. Era tudo uma questão de tempo e paciência sobrehumana, mas no lugar disso, estava se envolvendo ainda mais com ele. Estendendo o que não tinha futuro, prolongando a exposição do seu coração aos efeitos perigosos de Draco Malfoy.

- Quero você. - Disse, virando o corpo dela de frente para ele, encarando-a com a veracidade de suas breves palavras. Estava sendo pouco racional, e pela primeira vez, não se importava. 

- Não se pode brincar com as pessoas assim, Draco. - Ela acusou, de olhos fechados, levou as duas mãos para os ombros do homem, enquanto ele ainda usava os dedos para fazer movimentos deliciosos em sua intimidade.


Draco não encontrou uma réplica para se defender, e mesmo se encontrasse, não estragaria o momento com seu sarcasmo descabido. Hermione estava frágil diante dele, estava realmente expondo o medo que sentia. Mas ele também já havia exposto muito, estavam quites. Pisoteando em seus egos e intelectos, enquanto se deliciavam com toques desesperados de suas peles flamejantes.

Fora difícil entrar na banheira, embora tivesse espaço o suficiente para os dois, manter a coordenação motora se mostrou complicado enquanto não se separavam do beijo. Dentro da banheira, a água transbordou pelas bordas, quando Draco puxou-a para o colo. Hermione suspirou, sentindo ele pulsando entre suas coxas, necessitado.

Draco afundou a mão em meio aos cachos macios, ditando o ritmo do beijo, enquanto voltou a atenção da outra mão para a intimidade da castanha. Hermione abandonou o beijo, pendendo com a cabeça para trás, deliciando-se com a sensação de ser preenchida por um dos dedos dele, Draco focalizou em seu rosto, corado e úmido, a boca entreaberta em busca do oxigênio que faltava. Em meio a um rosnado, avançou com os dentes e mordeu-lhe o queixo, descarregando a vontade de se enterrar nela com o ato selvagem.

Em resposta as investidas  que aumentavam o ritmo, Hermione arranhava o pescoço e ombros do rapaz, apesar de errado, gostava de marca-ló. Servia como evidência de que realmente aconteceu, de que os dois se uniram, era a prova de que mesmo por alguns momentos, Draco Malfoy existiu por ela, chamou por ela, gemeu em seu nome, saciou-se junto a ela.

- Draco... - A evidencia de que durante esses momentos também existia por ele, escapou dos seus lábios.

Perdido em meio as sensações avassaladoras, e muito bom conhecedor do corpo que virou seu favorito nos últimos meses, notou que os seios de Hermione estavam ligeiramente maiores.

Embora curioso, no momento só conseguia se deleitar com o volume a mais. Quando prendeu um dos seios com a boca, Hermione vocalizou seu nome mais uma vez, arqueando o quadril na direção dos dedos longos do rapaz. Gostava muito do quanto ela era receptiva e sensível aos seus toques. Gostava ainda mais de como Hermione perdia toda a vergonha quando no ápice do tesão, como agora, com uma mão por baixo da água, agarrou o membro de Draco, posicionando próximo a sua entrada. Um pedido mudo, queria se unir a ele, necessitava.

E ele deu o que ela precisava, estava tão carente do contato entre suas peles quanto ela. Sabia que não precisava se conter, até porque era impossível conter sua lascívia esfomeada quando o assunto era Hermione. Ela deslizava de cima para baixo, por todo seu comprimento, tendo como apoio duas mãos grandes em sua cintura. Ousaram mais uma vez, fixando os olhares. A carga intensa provocada pela química presente nos cinzas e nos castanhos, trazia para ambos um formigamento estranho no estômago. Ampliava a luxúria, o incêndio, quase tirava o resto do ar já escasso.

Cada vez mais rápido, quente, feroz.

O sonserino fora fisgado por uma intensidade nunca antes experimentada, de tão adequada e saborosa, causava medo.

Já haviam esvaziado a banheira até o meio, derramando a água no chão, a medida em que aumentavam os movimentos, a água que restou havia esfriado, e se não possuíssem a chama que era a pele um do outro como fonte confiável de calor, congelariam no frio.

Hermione somente conseguia querer-ló mais e mais, nunca seria o suficiente e sabia que no momento em que se afastasse seus corpos, uma parte significativa dela ficaria fazendo morada no espírito dele. Essa coisa nova entre eles em grandes doses poderia causar uma feroz dependência, se é que já não havia causado.

O estrago estava feito, e ao que tudo indicava, haviam acabado de conectar muito além de seus corpos.

Draco não queria imaginar o que seria mais tarde, como seria a vida longe dela. E Hermione tão pouco, mas a realidade era implacável e nela, tudo que tem início é fadado ao fim.

...

Draco não revidou o soco, mas teve que fazer muito esforço para não descontar sua raiva no Weasley que ria descontrolado.

- Era uma emergência, ta legal? Não existia opção. - Draco tentou usar a mesma justificativa pela terceira vez, enquanto alisava com a palma da mão seu queixo que era marcado por uma leve lesão roxa.

Konai Parkinson fazia o piso de madeira velha ranger e quase tremer, enquanto andava em círculos pela sala, as sobrancelhas grossas franzidas em raiva, os olhos verdes estreitos e frustrados, as lentes do óculos do homem eram embaçadas por conta do suor.

O Medibruxo tinha uma direita boa, no rosto de Draco estava a prova disso.

- Arriscou toda minha família, minha carreira, minha vida! Droga garoto! - Acusava, contendo-se para não afundar o rosto do sonserino mais jovem.

Draco engoliu em seco, seu pensamento correndo para Pansy e a culpa esmagou suas costas.

Ao notar a preocupação genuína e o aparente arrependimento do rapaz, o Medibruxo acalmou alguns níveis de sua cólera.

- A Sra. Lupin me emprestou uma coruja, ordenei para meu elfo retirasse Pansy de Hogwats e a levasse para uma propriedade segura, junto a minha esposa.

- Menos mal - Draco suspirou aliviado.

- Isso não te livra da culpa, garoto!

Draco se refugiou no silêncio, o homem estava com razão em sentir raiva dele. Afinal, fora amaldiçoado e sequestrado. O plano era o devolver em casa, e apagar sua memória dos últimos dois dias. Mas depois de não conseguirem reveter a maldição de controle, Hermione e Tonks ameaçaram prende-ló no porão, caso não libertasse o medibruxo. A fim de fugir de barulho, ele o fez. Estava com o melhor dos humores, desde o período da manhã, o dia estava sendo formidável. Se excluir é claro, o soco que receberá do medibruxo, e Hermione que olhava para ele de maneira indecifrável. O sexo com certeza tinha influência no bom humor do rapaz, a pele ainda com as marcas dela, e o gosto não fugia dos seus labios. Se soubesse que seria fácil desse modo, já teria aberto mão da culpa e da autoflagelação há muito tempo. Mas a razão dos sorrisos que o rapaz deu sozinho, enquanto varria e passava pano no chão de todos os cômodos da casa, eram graças ao patrono em forma de raposa, que sua desagradável prima recebeu do marido lobisomen.

"O peixe está no cesto. Todos os pescadores retornaram. A ajuda médica é indispensável. Mantenham o de jaleco branco até o nosso retorno, aguarde após o sol se esconder."

Draco quase riu do tipo de comunicação "sigilosa" deles. Mas novamente, se viu satisfeito demais para reclamar. O que incomodou fora o fato de Tonks ter contado a respeito do sequestro do medibruxo, sabia que Potter iria vir testar sua paciência, e se fosse, Draco fazia questão de encontrar com ele em um lugar onde não existiria ninguém para apartar a briga. Era mesmo vingativo, e não havia esquecido da última afronta vinda de Potter. E algo parecido com o sexto sentido do sonserino, dizia que aquela não fora a primeira e nem seria a última vez em que acabará saindo no braço com o menino que sobreviveu.

Konai atendeu os apelos de Tonks, que insistiu para que o Medibruxo passasse apenas essa noite, como um hospede e curandeiro, e não como um prisioneiro amaldiçoado. Embora consternado e ainda magoado com Draco, aceitou ao apelo da mulher pois sentiu receio em ir embora e deixa-lá sem assistência durante aquela noite. Pelo pouco que foi dito a ele, concluiu que seria melhor acompanhar a mulher em seu estado avançado da gravidez, até que o marido dela retornasse. No entanto, nesse momento o Medibruxo tinha um assunto mais importante a tratar com a jovem heroína de guerra que o encarava receosa. Não foi difícil para o homem assimilar a situação, em que universo Draco Malfoy arriscaria sua vida para salvar uma nascida trouxa? O homem percebeu as olhadelas trocadas pelos dois, a tensão era visível e certamente eram um casal muito problemático. O que fazia Konai coçar a nuca em confusão, era a dúvida de que se Draco Malfoy sabia que seria pai. A julgar pelo semblante do loiro, não encontrou o pânico nem o pavor, e muito menos a raiva, ou a expressão de desgosto e nojo diante a notícia do pequeno Malfoy mestiço.

- Eu com certeza não quero estar por perto quando ele souber... - O Medibruxo murmurou para sí mesmo, servindo-se de uma generosa dose de hidromel, após beber, fez um discreto aceno com a cabeça para Hermione, indicando o andar de cima.

Subiu e aguardou por ela no corredor, fora de vista das pessoas que estavam no piso inferior.

- Konai Parkinson, sou o medibruxo diretor do St. Mungus. - Se apresentou formalmente quando a jovem entrou em seu campo de visão, da última vez em que a viu estava amaldiçoado pelo problemático namorado dela, mas agora, olhando-a com sobriedade mental, notou que a famosa Hermione Granger estava há quilômetros de aparentar ser a terrorista extremamente perigosa que era noticiada pelo corrompido ministério da magia.

- Sr. Parkinson - Estendeu a mão para o homem. - Sou Hermione Granger. Me sinto na obrigação de me desculpar por toda essa situação e...

- Não se alarde Srt. Granger. Como pode ver, tive a chance de uma mínima justiça com as próprias mãos... Ou melhor dizendo, com os punhos. - Konai emendou a piada, após beijar as costas da mão da jovem mulher. A fim de afastar a nuvem de nervosismo que marcava seu rosto.

- Um belo soco, devo dizer. - Comentou em meio a um mínimo sorriso, a tática do homem funcionou no momento. - Podemos conversar em um lugar privado?

O medibruxo assentiu e seguiu a menina até o mesmo quarto onde tratou dela antes.

Hermione ofereceu a maior e mais confortável poltrona verde para o homem, e sentou-se na beira de sua cama.

- Suponho que queira tratar sobre sua gestação. - Foi direto, era um profissional e sua área exigia honestidade e objetivo.

- Uh, sim... Tonks me informou que o Sr. Havia garantido a segurança do bebê, depois do incidente.

- O desenvolvimento do seu bebê está saudável Srt. Mas, devo admitir que me  surpreendeu o fato de ter sobrevivido, com certeza é muito forte.

O peso de um prédio foi tirado das costas de Hermione e a sombra de um sorriso contorceu seus lábios. Sabia que sem ele o caminho seria mais fácil, mas não podia imaginar perde-ló de maneira tão brutal e prematura.

- O Sr. Sabe dizer de quanto tempo estou? - Quis saber, levando uma mão para cima do seu ventre, uma ação quase inconsciente.

- Aproximadamente dois meses, no máximo dois meses e uma semana. - O Medibruxo informou, notando a expressão de espanto da jovem, completou - Não se martirize, a maioria das mulheres levam tempo para perceberem os sintomas. E a julgar pelo estilo de vida da senhorita, imagino que seja fácil negligenciar os sinais do próprio corpo.

Ainda que a voz do medibruxo fosse calma e terna, Hermione não pode deixar de se sentir desconcertada.

- Merlin...Puxa!... Dois meses. - Balbuciou, embasbacada.

- É normal que as náuseas e o enjoo matinal apareçam com mais frequência nesse período.

Embora, ainda perdida, assentiu em concordância. O enjoo se tornou um visitante presente em todas as manhãs, e somente deu a ela uma folga naquela manhã, algo a ver com o cheiro de Malfoy, não sabia se era biologicamente possível, mas não sentiu o desagradável mau estar matinal quando acordou ao lado dele.

- Precisa evitar passar longos períodos de tempo com o estômago vazio, organizando pequenas refeições durante o dia vai diminuir a intensidade do mau estar. - Konai instruia, observando a mulher focada em cada uma de suas palavras.

Após meia hora de conversa, Hermione se sentia mais segura em relação a sua escolha. Não que as coisas fossem fácies, mas ela sentia que possuía força para lidar com aquilo. Cuidando primeiro do bebê, teria tempo de planejar como dar a notícia para Harry e Ronald, esses chegariam durante a madrugada e Hermione sabia que Harry não era idiota, na verdade, era certo que perceberia antes de qualquer um. Apenas Tonks e Konai Parkinson sabiam, e embora confortável desse modo, era certo que não continuaria oculto por muito tempo.

...

Se fosse flagrado seria acusado de bisbilhotar, mas ao menos suas intenções eram nobres, depois da fuga pouco discreta, percebeu que ela havia se trancado há mais de meia hora com o Sr. P, Draco temeu que talvez tivesse a machucado mais cedo, embora indolor, suas feridas recentes foram fechadas há pouco tempo. Preocupação dosada a curiosidade o levaram para a porta do quarto dela. Se sentiu ridículo quando colou o ouvido na porta, a bruxa tinha realmente o virado do avesso.

As palavras eram incoerentes, e as frases tinham menos sentido ainda. Quando a palavra alcançou seu ouvido pela primeira vez, ele imaginou que havia escutado errado, ou talvez a porta que o separava dos participantes da conversa distorcesse o som abafado.

Mas a palavra se repetiu, e repetiu. Depois sinônimos, variantes, mas todos provenientes da mesma e sufocante palavra:

Grávida.Grávida.Grávida.

Seu estômago afundou, e todos os neurônios ficaram congestionados. Não percebeu, mas havia parado de respirar também. Olhava fixamente para um espaço vazio no chão entre suas pernas, as mãos umideceram de suor frio e tremores violentos atingiram-lhe nas panturrilhas. Quis reagir de alguma maneira, como rir e parabeniza-lá pela piadinha de péssimo caráter. Porém, nem mesmo a hipótese de ser apenas uma simples peça tirava o absurdo da idéia. Os pulmões queimavam, implorando por ar, mas Draco não atendeu as exigências do seu corpo, que também ameaçava desabar devido os tremores nos músculos da perna e a tontura causada pela falta de oxigênio no cérebro. Ainda podia escutar Hermione conversando com o medibruxo, desculpando-se por ele ter sido arrastado para o meio de toda a confusão da guerra, e oferecendo proteção da Ordem, caso ele e o resto dos Parkinson passassem a sofrer perseguições de Você-sabe-quem. A essa altura, qualquer um que olhasse para o sonserino questionaria se ele estava sofrendo de um severo ataque anafilatico. A pele pálida do rosto estava roxa, e agora com a barba recém aparada, os contornos dos músculos no maxilar sendo forçados ao máximo eram evidentes. Ainda podia escutar o medibruxo fazendo recomendações para Hermione.

Gravidez
Gestação
Grávida

Apesar das inúmeras frases sem nexo e exaustivos termos  médicos, o cérebro de Draco se mostrou muito capaz de capturar essas palavras.

Quando a porta foi aberta, Draco puxou de uma só vez o ar para os pulmões. Uma respiração alta e desesperada, Hermione empalideceu encarando-o, a mão imóvel na maçaneta foi gentilmente retirada pelo medibruxo, ele realmente não queria assistir aquilo. Lançou um olhar cheio de compreensão e um certo apoio para Hermione antes de passar pelos dois, sumindo de vista pelo corredor em seguida.

Não seria em nada agradável

Os poucos neurônios que ainda estavam funcionais no cérebro de Draco, foram todos direcionados para a área de pânico histérico quando encontrou o olhar de Hermione.

Era verdade

Sentiu a última refeição fazer o caminho de volta para sua garganta, e em passos cambaleantes conseguiu passar por Hermione, lançando-se de qualquer maneira para dentro do banheiro.

Enquanto expelia o pouco conteúdo do seu estômago na privada, tentava a todo custo buscar as rédeas de suas emoções, falhando exaustivamente. Não existia maneira de impedir o pânico, e não era só o pânico ou medo, parecia que acabará de ser noticiado sobre sua própria morte. Toda sua vida correu, escorreu e explodiu em seu cérebro, e ainda duvidando da realidade, Draco engatinhou até a porta do banheiro e pode ver Hermione o encarando parada no mesmo lugar em que a deixou, parecia que a alma da menina havia deixado o corpo. Draco fechou a porta do banheiro em um baque alto, e com as mãos trêmulas, se livrou do sobretudo preto e da blusa. O suor frio escorria de suas têmporas, as mãos de tão molhadas, deixaram as marcas dos dedos na blusa. Desabou no chão outra vez, as pernas temeram forte, tirando todo seu equilíbrio já comprometido. Regurgitou mais uma vez, abraçando a privada. Sentia que ia morrer, não pela queimação e a sensação de sufocamento causados pelo suco biliar em suas vias respiratórias. Não, o problema maior era que Draco Malfoy nunca fora preparado para lidar com emoções fortes, não com TODAS das piores emoções possíveis atingindo seu peito simultaneamente. Em seu sexto e desgraçado ano em Hogwats, passou a ter falhas psíquicas por conta de todas as emoções ruins. Acordava aleatoriamente em cantos confusos da escola, não conseguia comer e não dormia como um ser humano normal deveria dormir. Falava coisas sem nexo, e até mesmo desmaiou em público uma vez. No entanto, o sonserino daria de tudo para voltar para esse tempo agora. Em menos de cinco minutos, havia experimentado o triplo de cada um dos sentimentos ruins com os quais sofrerá aquele ano.

Depois de cogitar e descartar a hipótese de se jogar através da pequena janela do banheiro, se arrastou até a banheira, e após se livrar das calças, nem mesmo esperou a banheira encher antes de entrar. A água gelada maltratava a pele, e o desconforto desviou a atenção do seu cérebro momentaneamente para a dor física. Draco não conseguia controlar suas emoções, e nunca aprendeu a viver fora do campo racional, estava em um mundo sombrio de rostos estranhos e hostis. Iniciou questionamentos e dúvidas sem muito sentido, como também tentou imaginar que poderia ser de Potter. Dúvida essa que se evaporou na mesma velocidade em que veio, pois sabia com toda a certeza que Hermione só transava com ele há meses. Eram catastróficos e apocalípticos todos os cenários criados por sua mente. Aquilo não podia continuar e dominado pelo medo e idéias pouco pensadas, abandonou a banheira e tornou a se vestir de qualquer jeito, estava a mercê de suas emoções e não sabia trabalhar com elas, e ainda assim cometeu o erro irreparável de ir falar com Hermione:

- Você obviamente irá tomar as devidas providências... Com isso. - A voz soou baixa, em um sopro, carregando seu choque e desespero em cada letra. 

Agora sentada na poltrona de costas para a porta do banheiro, Hermione não se surpreendeu com a pedrada de rejeição, e não deveria se sentir afetada pela previsível reação de Malfoy, mas sentiu.

E era isso, afinal. Não podia esperar nada além de disso, e felizmente nunca de fato esperou.

- Não vou assassinar um bebê, se é o que quer saber. - A leoa respondeu firme, seu tom deixando claro que não existia espaço para inquirições, não iria abortar e essa decisão pertencia a ela.

Draco avançou de volta para o quarto e entrou no campo de visão dela, a testa úmida de suor e água, assim como blusa branca marcada pela umidade, nas costas e no tórax. De alguma forma, Draco também não se surpreendeu com a resposta dela. No momento em que soube, imaginou que Hermione nunca faria o mais prudente e seguro, não a heroína da Grifinoria.

- Não seja egoísta, Hermione! Não tem o direto de afetar a todos para simplesmente não perder noites de sono tranquilo.


Hermione riu pelo nariz, amarga, implorando para que aquela "conversa" não acontecesse naquele momento. Draco estava visivelmente abalado, e sabia que nada útil sairia daquilo, apenas a dor.

- Não é o momento apropriado para uma conversa. - Disse, fazendo menção de sair do quarto quando se levantou da poltrona, mas foi impedida, quando ele trancou a porta e se colocou na frente.

- Você não está sendo racional e tão pouco justa!

- Malfoy, você não está bem para essa conversa, vamos preservar ...

- Garanto estar em perfeito estado para decidir que não posso aceitar essa abominação!

Hermione tentou manter a calma e ser a razão no conflito, mas também era um ser humano, e como qualquer um estava sujeita a ser refém das emoções. Não era seguro, sabia que não ia aturar as ofensas tóxicas e cruéis. Temia perder o controle também. No entanto, já havia perdido quando replicou:

- Eu tenho nojo de você!

- Sim? E o que esperava exatamente, Granger? Não é como se pudesse me culpar por não ir de acordo com esse absurdo! Droga, você nem mesmo pensou nas consequências disso!

- Sinceramente? Para o meu próprio bem, sempre espero o pior quando o assunto carrega seu nome, Malfoy. E raramente me decepciono com isso. No entanto, nenhuma de minhas "expectativas" envolvem você. Você nem mesmo saberia da existência do bebê, eu não quero você perto dele.



- Você não está sendo racional, vai condenar o futuro de todos, e da própria criança com essa decisão! Crueldade é  condena-ló a existir nesse mundo, pensou nisso? Se trata de quem você é e de quem eu sou, Hermione! - Draco rasgou a manga da blusa, e ergueu o braço onde carregava a marca de Voldermort. - Está sendo desonesta se diz que decidir por não realizar aborto é mais humano! Todo o ministério da magia está atrás de nós, todos os milhares de comensais, dementadores, caçadores! É louca se acha que pode levar isso adiante!

O silêncio que se seguiu só era cortando pelo som de suas respirações. Hermione lutava ferozmente contra as lágrimas, enquanto matava todo e qualquer sentimento bom que um dia pode existir em seu coração e que carregava o nome de Draco.

- Malfoy, a conversa acabou aqui e não voltará a acontecer. Nada foi te imposto, não pedi nada de você e continuará assim. - Foi fria, agradecendo aos céus por ter conseguido manter a indiferença na voz.

- As coisas não funcionam assim, Hermione! E a "conversa" não acabou!

Draco seguia exasperado, acusando-a de maneira pouco coerente, mas ainda realista, incapaz de ser sensível no momento.

- Não existe razão para prolongar essa conversa. Não sei se ficou claro, mas você está totalmente livre para desaparecer após a quebra do seu vínculo com a varinha de sabugueiro. Até lá, ignore a gravidez e ignore a minha existência! É o que você quer, afinal. E é o que eu também quero, por tanto, não existe razão nenhuma para uma conversa, Malfoy. Como já disse, eu não te quero perto do meu filho. Você não tem obrigação nenhuma, satisfeito?


A confusão no âmago do rapaz era impossível de descrever, e insuportável de se sentir. Estava irritado, frustrado, em pânico e magoado. Mesmo sabendo que foi certo sugerindo o aborto, não sabia explicar por que era doloroso escutar da boca de Hermione que ela não o queria por perto e muito menos o via como um ser humano digno de viver próximo a uma criança. Uma dor irracional, e ele tão pouco estava no direito de senti-lá. Não enquanto amaldiçoava o "pequeno mestiço" em algum canto do seu cérebro. Não enquanto sentia vergonha das consequências dos seus atos, e era indigno por não agir como o homem que sua mãe o criou para ser. Ou ao menos tentou, mas novamente, todo sinal de sensibilidade e honra fora ofuscado em sua alma, pelo vulto de fios loiros e longos. Eles eram muito parecidos fisicamente, e Draco acabou de perceber, que também possuiam semelhanças internas. Mas não podia culpar Lucios por isso, a culpa era internamente dele.

Hermione, confusa e alheia a todo quadro de guerra que se passava no coração do rapaz, e também emocionalmente exposta e frágil pelo calor do momento, interpretou a sua maneira as expressões que as linhas do rosto do sonserino desenhavam.

Ódio, medo, aversão, horror.

E embora se sentisse pronta, se enganou. Doía como um membro necrosado, como mil infernos. E não era por ela, doía ver que Draco não tinha cura e sua mente fechada era como um curral. Não havia salvação para ele, sempre seria refém dos próprios traumas e fantasmas. Havia algo de muito errado em tudo aquilo, não que esperasse que ele aceitasse a criança, nunca quis e até preferia assim. O problema era ver que não existia limites para sua hostilidade, e se estendia até um ser inocente e sem culpa nenhuma pelo erro dos dois.

- E realmente vê isso como a melhor coisa que pode fazer?! - Draco riu amargo com descrença - Um mestiço bastardo, ótimo! Será tratado como ...


- Não admito que fale assim dele! Seu racista, medíocre e perverso! - Hermione o cortou, e com a fúria de suas palavras, sacou sua varinha.

A tensão era palpável e Hermione não hesitaria em revidar as ofensas dele com força bruta. Não via razão pela qual ele ainda insistia no assunto, se era tão morto por dentro como demonstrava ser, por que simplesmente não aceitou as condições dela e ignorou suas responsabilidades? Afinal, não cobrou nada dele. Nem mesmo seu sobrenome ou auxílio, e deixou bem claro que de qualquer maneira, Malfoy nunca teria contato com a criança. Em uma rápida análise, era possível ver fragmentos de Lucios Malfoy no rapaz. Como no momento, Draco era inteiramente como o pai, diferente do homem com quem acordou mais cedo. E independente dos contrastes de personalidade no rapaz, ela não queria mais saber de nenhuma de suas facetas, da boa que a salvou na masmorra em Malfoy Manor e que deu o próprio sangue para salva-lá, que mais cedo beijou com afeto e a olhou de maneira como nunca fora olhada por ninguém. Não queria saber do cara com manias de limpeza estranhas e engraçadas. E muito menos queria saber sobre esse homem que se apresentava a sua frente nesse momento. Malfoy acabará de ultrapassar o limite de sua quase infinita tolerância, muito mal suportava encara-lo. Ninguém em sã consciência deixaria uma criança a mercê do veneno ideológico que corroía a mente de Draco. Ela não sabia como conseguiram impregnar isso com tamanho ímpeto no rapaz, mas não se importava mais. Não queria ouvir a versão dele, não o aceitaria  em sua vida.

Draco corria sérios riscos no momento e tinha consciência de parte desses, Estava danificando seu destino a curto e a longo prazo. Tanto por saber que se usasse as palavras erradas, ela o machucaria gravemente e com razão, e  tanto por saber que provavelmente havia acabado de matar a sí mesmo dentro Hermione.

Estavam tão bem pela manhã.

- E-eu não quis dizer isso, não nesse sentido. - Ele tentou se explicar, a voz baixa e a respiração fugindo do controle. Apesar do equívoco na interpretação, ele realmente não teve intenção de soar racista. Era sua maneira de se expressar, e dominado pela situação, não tinha tempo de filtrar suas palavras.

Hermione com o pouco de seu racional ainda presente, sobrepôs a raiva, guardou sua varinha e solveu-se de uma respiração profunda, agora definitivamente não havia mais o que conversar.

- Acabou, Malfoy. E por favor, fique longe de mim.


Como ele não se moveu, ela mesma abandonou o próprio quarto e no corredor as lágrimas presas ganharam cena, se afugentou no quarto de Ronald, onde se permitiu desabar. 



.


Notas Finais


James Blunt - Always Hate Me.

(Eu nunca pensei que afogaria no meu coração raso)

(Eu gostaria de dizer) 

(As coisas que eu nunca costumava)

(Eu nunca aprendo a usar meu coração raso)

(Eu nunca quis te machucar)

(É apenas algo que eu faço)

(Eu acho que não é uma boa desculpa)

(E ela sempre vai me odiar)

(Não importa o que eu digo)

(E não há dúvida).

....

Esse capítulo foi divido em dois, falta de tempo para revisar tantas palavras e então tive que interromper no meio de uma cena. Sorry.

....

Eai, gostaram? Não deixe de comentar.


Vejo vocês o mais breve possível. ❤🎆


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