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História Solitude - Espinhos.


Escrita por: BlacKHouseGomes e cki

Notas do Autor


Eai galere, tudo bom com vocês?


Tive que me obrigar a não desistir de postar hoje e acabar adiando esse capítulo por mais uma semana. Tudo que não quero é atrasar o final de Solitude, que pela graça de Salazar está próximo. E não pensem que não gosto da história, eu gosto. Meus dedos que choram com a ideia de uma história ultrapassar mais capítulos que o necessário.

...

Avisos!

Esse capítulo contém linguagem imprópria e violência explícita.

...

Vejo vocês nas notas finais. ❤

Capítulo 24 - Espinhos.



De vez em quando Hermione usava a visão periférica para olhar a mulher sentada no outro sofá da biblioteca. Sua curiosidade foi desperta quando notou que Narcisa devorava livros em uma velocidade absurda, não que estivesse marcando o tempo, na verdade não saberia dizer por quanto tempo estivera na biblioteca, sempre se perdia nas horas quando por dentro daquele ambiente. Diferente das outras vezes, ela não havia se perdido no tempo submersa em algum livro, e sim por estar se afogando em seus pensamentos. A auto crítica de Hermione sussurava verdades duras, sentia sua intuição defeituosa e a sensação de desorientação era enorme. Hermione sempre tivera um talento natural para encontrar soluções práticas e originais para os seus problemas e até mesmo para os problemas dos outros. No entanto, há dias Hermione sentia que esse "talento natural" tinha adormecido ou na mais desesperadas da hipóteses, desaparecido. Se sentir cega e perdida não era uma sensação bem interpretada pelo cérebro da castanha, a culpa e a autoflagelação psicológica nasciam disso. Era claro que Hermione atribuía sua falta de "olfato intuitivo" as escolhas que ela vinha fazendo nos últimos meses, foi abrindo mão de seus valores pessoais aos poucos, deixando brechas abertas para justificar cada uma das vezes em que agiu contra seus princípios. O ponto agravante em ter seus valores abalados, era que isso interferia diretamente na maneira em que Hermione percebia o mundo, na maneira em que se movia por ele. Sempre buscou o valor na vida e nas pessoas ao seu redor, existia contradições latentes entre a pessoa que Hermione era e quis se tornar, e entre a pessoa que estava se tornando. Embora essas mudanças indesejadas não estivessem afetando seu idealismo, Hermione permanecia impulsionada na busca de um mundo melhor, e o medo de estar "perdendo seus valores" era uma evidência de que seus valores estavam sólidos, escondidos por trás da culpa. Se enxergar sem saída e impotente a deixava afetada, e o martírio psicológico refletia em sintomas desagradáveis em seu corpo, como a cabeça pesada e as dores nas costas. Tudo era potencializado pelos hormônios que faziam suas emoções irem de Norte a Sul em um piscar de olhos, tanto que ela não se sentia deprimida ou melancólica, não tinha estabilidade para manter um estado emotivo fixo. Contudo, isso não impedia que a mulher fizesse protestos em seu âmago, no mínimo tinha de ter o direito de reclamar do seu fardo enquanto tentava carregá-lo. Além de tudo, olhando ao redor a realidade não lhe sorria ou prometia algum descanso com o fim de sua jornada. Não que tivesse medo, não tinha medo de viver, não tinha medo de seguir o caminho que seus valores apontavam como correto, não faltava coragem. E com a eficiência impiedosa da auto análise, descobriu a origem de todos os seus receios: o medo de errar. Por isso estava na biblioteca, tentando inutilmente se desligar da realidade, buscando contornar os espinhos em seu caminho, onde o menor deles era ter sido encarregada de sozinha achar a solução para o furo que o plano em invadir Gringotes apresentava. Os outros espinhos divididos entre saber que não poderia esconder sua gravidez por muito mais tempo, se desesperava com a ideia do pior acontecer caso fosse capturada outra vez, o medo de ferir o bebê a sufocava, fazendo Hermione repensar seus valores pessoais, questionado o que por obrigação deveria ser firme e irredutível, como sempre foi, pelo menos antes de Malfoy. Hermione tinha consciência de que sempre reagia a ele com intensidade, independente da emoção que fosse, sempre constante e impetuosa. E sabia qual era a raiz disso, apesar de ignorá-la, Malfoy era uma ameaça aos seus valores, ele era o inesperado e o imprevisível. E Hermione suspeitava ser a mesma coisa para ele, por isso sempre explodiam quando  juntos. Draco não a entendia, suas visões de mundo eram opostas. Nos últimos dias tentou se esforçar para entendê-lo e para isso pensou sobre ideias absurdas, como perguntar ao homem coisas sobre sua infância e principalmente sobre seu pai. Ele provavelmente reagiria como um ogro de primeira, mas se transmitisse conforto, era possível fazer Draco falar um pouco sobre ele mesmo. Sendo que nunca revelou muito de sua vida, e nisso ela o entendia, o receio em se expor e o receio em criar uma conexão emocional forte.

Hermione teve que segurar a risada com conotação de desespero que pediu para escapar de sua garganta. Eles estavam conectados de todas as maneiras possíveis há muito tempo. Não era preciso palavras ou demonstrações exageradas para provar o óbvio: Se gostavam. O que era bizarro em vários pontos, pois a castanha não conseguia se lembrar de uma única vez em que desejaram despertar sentimentos positivos um no outro. Talvez fosse para ser assim, a única forma do impossível acontecer dentro da realidade, de um jeito torto e invertido.

- Você pode encontrar mais livros no quarto de Draco. Essa semana ele vem monopolizando toda biblioteca. - Hermione disse em voz baixa, quando notou Narcisa perambulando entre as estantes, a mulher parecia andar em um campo minado, apesar do esforço em camuflar o nervosismo, ainda ficava evidente.

- Eu o vi carregando uma pilha de livros ontem a noite, também notei o interesse acentuado por Medicina trouxa. - Narcisa respondeu em um tom amistoso, passando os olhos por títulos que não tinha a intenção de realmente ler.

- É capaz de sozinho conseguir se especializar. Me perseguiu por semanas até aprender a cozinhar, e hoje conhece mais receitas que eu. - Hermione não quis soar reclamona, mas era natural reclamar de Malfoy.

- Não pude deixar de reparar que ele prepara refeições um tanto incomuns no café da manhã para a Srt... - Murmurou casualmente, como quem não tem intenções. - Sorvete de limão com salgadinhos de batatas é uma combinação intrigante. E há duas noites, acordei de madrugada e Draco estava resmungando emburrado na cozinha, enquanto preparava uma estranha receita de rabanetes com mel... O curioso é que Draco odeia mel, na verdade não gosta de nada muito doce.


Hermione sentiu o rosto enrubescido queimar e levou seu olhar para baixo. E ergueu o livro aberto em suas mãos para tapar parcialmente a face, enquanto buscava uma réplica escapatória em seu cérebro.

- Srt. Granger estou em conflito com esses e outros comportamentos que tenho observado. - Narcisa piscou os olhos demoradamente quando se virou na direção de Hermione, entrecortou o ar que saia junto com as palavras. - Você acha que pode estar grávida?

As páginas do livro que Hermione segurava ficaram úmidas devido ao suor em suas mãos. O livro que servia apenas para esconder seu constrangimento e o estado de exasperação que antecedia ao pânico, deixando-a incapaz de focar em uma palavra sequer.

Não se tratava apenas da verdade contradizer todas as crenças da mulher, a essa altura, o preconceito não era sua maior preocupação. O problema maior estava na falta de conciliação entre Draco e ela a respeito do bebê. Draco não queria um filho, logo Hermione não se sentia no direito de ser quem comunica sobre a gravidez a mãe dele. E também sobre a posição dela diante aos fatos, como iria explicar para a mulher que não considerava o filho dela como uma boa influência para uma criança? Muito pouco confiava na inconstância de crenças de Draco, o que tornava o homem totalmente despreparado para participar na construção do caráter de uma pessoa. Deixou isso bem claro, quando exigiu para que ele sumisse após o nascimento. Hermione não fazia pouco caso das mudanças positivas e do esforço que Draco fazia para vê-la bem, no entanto, não estava mesmo disposta a enfiar seu filho entre os problemas dos dois. Queria mesmo ajudar o loiro, conversar sobre as razões dele parecer perder a cor do rosto junto com a paciência quando Lucios era o assunto. Era o problema, Draco não permitia que ela se aproximasse do seu emocional, imaginava que poderia desaparecer com os problemas do seu passado ignorando-os. Logo Hermione tinha receio em invadir o que era mais privado no rapaz, considerando falta de tato.

Os conflitos entre Draco Malfoy e Hermione Granger iam muito além do sangue, que agora nem mesmo era um fator relevante, a raiz do problema era quem eles eram em essência. Se repeliam e simultaneamente se atraíam, uma desordem, uma bagunça que desafiava a natureza da lógica. Não foram feitos para funcionar, mas eram incapazes de encontrar conforto distante um do outro. Em todo caso, Hermione não gostava de mentir, sempre se saia mal quando encarregada de uma tarefa onde a verdade tinha de ser oculta. E olhando para figura loira a sua frente, algo sussurava no canto do seu cérebro que Narcisa não era de se deixar levar por enganação ou dissimulação. E como poderia sair bem em uma mentira enquanto Narcisa a encarava como se pudesse enxergar todos seus pecados?

- Eu sugiro que a senhora converse com o seu filho. - Hermione murmurou em voz baixa, e com um rápido gesto de varinha, levitou a pilha de livros que estavam ao seu lado de volta para as estantes, antes de se levantar para tentar fugir da biblioteca.

- Srt. Granger, espere eu...

Narcisa procurou apoio, suas pernas falharam, e ela praticamente desmoronou no sofá atrás dela.

Hermione volveu com corpo na direção de Narcisa e permaneceu estagnada, sem saber o que fazer. Ainda queria fugir, mas ao ver a mulher perder a cor e acelerar com a respiração, não podia simplesmente abandoná-la a própria sorte. Não sabia onde estava Draco, desde de o início da noite ele não a procurou, o que era no mínimo estranho, pois desde o início da semana Draco a perseguia, vigiava e como ela sempre dizia: "agia feito um louco". Hermione havia tentado de tudo para diminuir a obsessão do rapaz, mas nada adiantava, não tinha conserto. Quando a leoa chegava no limite, Draco dizia algo como: "Quer saber? Eu desisto de você! Por que não se pendura no telhado também? Parece mesmo determinada a correr perigo!" E meia hora depois de ter "desistido dela" ele aparecia na cozinha, para verificar se Hermione realmente havia preparado o peixe no ponto certo - o ponto certo determinado por ele -, já que uma das regras era que ela nunca deveria ingerir alimentos malpassados ou malcozidos. E essa não era de longe a mais estranha, Hermione precisava fazer com que ele parasse de ler tantos livros de Medicina. Draco estava a deixando louca aos poucos, outro dia quando entrou no quarto, ele havia escrito suas regras em dois pedaços de pergaminho, e colou um deles na cabeceira de sua cama, e outro na porta do banheiro. Hermione podia ver que ele demonstrava a mesma obsessão com a saúde de Narcisa, tentava impedir a mulher de sair do quarto sozinha sem sua companhia, aguardava pacientemente ela terminar de fazer cada refeição, se assegurando de que não rejeitasse a comida ou apenas fingisse comer. Uma ou duas vezes Hermione presenciou de longe Narcisa acertar alguns cascudos no rapaz, quando ele passava dos limites e tentava impor regras rígidas a ela também.

Hermione deixou a estagnação e se sentou ao lado de Narcisa, ainda confusa sobre o que poderia fazer. Se culpando por ter deixado a mulher tão abalada mesmo com a evasiva, talvez seria melhor se tivesse mentindo.

- Beba um pouco. - Hermione estendeu o copo com água que conjurou, mesmo que as mãos trêmulas tenham atrapalhado no processo.

O clima no cômodo era pesado, o silêncio durou por longos minutos. Hermione desviou o rosto para janela, quando a primeira lágrima de Narcisa caiu. Sentindo que não era bem vinda a presenciar o momento de queda e choque da mulher, não abandonou o cômodo por saber que agora devia a ela uma conversa sincera. Não teve medo de rejeição, não sentiu medo de uma possível demonstração de preconceito. Algo a dizia que não seria recebida com paus e pedras, talvez fosse instinto, o fato de saber que Narcisa melhor que qualquer uma conhecia os caminhos do paraiso ao inferno em ser uma mãe.

- Então ele sabe sobre...? - Narcisa quebrou o silêncio, a lágrima que Hermione presenciou fora a única que a mulher deixou vazar, os anos de vida ensinaram a engolir lágrimas, e melhor, camuflar a dor. 

- Sim, Draco sabe. - Não adiantava mais contornar a verdade, enfrentaria a situação de frente. Afinal, Não era aquela a primeira vez que encarava um Malfoy.

Hermione estranhou quando um rubor rosa tomou as bochechas da mulher, e ela desviou os olhos para o copo que segurava com as duas mãos sobre o colo.

Estava envergonhada.

- Me desculpe se ele foi... - Narcisa limpou a garganta - Desagradável diante a notícia. Saiba que eu tentei instruí-lo ... - Narcisa suspirou fundo, e desistiu de usar uma máscara. Abriu a boca para dizer o que achava necessário ser dito. - Você não é nenhuma tola Srt. Granger. Tenho certeza que pode perceber o meio em que meu filho cresceu e o que lhe foi ensinado. Draco nunca aprendeu a respeitar pessoas como... A Srt. Pelo contrário, muito pelo contrário. Não estou me isentando da "culpa" - Narcisa fez aspas com os dedos magros e trêmulos na palavra. - A última coisa que pretendo é ofender a Srt. Mas se a honestidade for bem recebida, eu não vejo como errado o que ensinei ao meu filho. Todavia, Draco não aprendeu somente sobre sangue, ensinei a ele valores e apesar das circunstâncias, os valores ensinados a ele foram sólidos. Eu não posso imaginar como ele se sentiu a respeito disso, mas uma coisa posso afirmar convicta, Draco não será negligente quanto as suas responsabilidades...

- E ele de fato não é negligente... - Hermione a cortou suave, a fim de livrar Narcisa do enorme desconforto que demonstrava pressupondo a estupidez do filho. - Bom, é certo que quando soube não reagiu bem... Mas, ultimamente ele tem se esforçado, se esforçado muito. - Ressaltou a última frase, era a verdade.

Narcisa não soube esconder sua surpresa momentânea. Apesar de ter certeza que o homem que criou nunca abandonaria uma mulher grávida, nunca compartilhou com ninguém, mas desde que Draco receberá a marca de Voldermort, sentiu medo de perder o filho que criou, sentiu medo de Draco se tonar um verdadeiro comensal e apenas um comensal, sem princípios e moral. E o quadro se agravou quando soube do primeiro assassinato, e com o tempo o medo só fez crescer e crescer. Diminuindo somente quando chegou a velha casa de sua família, e fora recepcionada por ele e o sorriso que pensou alcançar a morte sem ter a oportunidade de vê-lo outra vez. E Narcisa finalmente encontrou sentido se lembrando da recente - e estranha - conversa que tiveram em seu quarto. Onde ele fez perguntas aleatórias sobre quais medidas de segurança tomou quando grávida dele, enquanto escrevia em um pergaminho. Narcisa não levantou suspeitas de imediato, imaginado que era apenas parte da mania do filho. Desde criança Draco se interessava de maneira arbitrária por diversos assuntos, e somente o largava quando não existia mais o que descobrir ou aprender sobre.

- Ao que parece, ele abriu mão dos ensinamentos sobre o sangue, e manteve firme todos seus valores...

Hermione fora mais uma vez vítima da imprevisibilidade se tratando da mulher loira ao seu lado. Suas palavras foram baixas, quase que para serem ouvidas apenas por ela mesma, mas continha orgulho, esperança. Sendo que tudo que esperou ouvir da boca da mulher quando se rendeu a conversa, fora a exigência de um aborto. Contudo, essa parecia ser uma ideia que sequer rondanva a cabeça de Narcisa.

Talvez nem todos os bruxos fossem favoráveis ao aborto.

E de fato existia orgulho em Narcisa, tanto que por um momento desligou-se de sua ideologia, quis uma trégua, permitiu-se abrir mão da armadura emocional. Quis mesmo aproveitar a nova percepção, como quem vê o sol após dias de céu nublado. "O menino morto" não desapareceu da alma do filho, como imaginou durante todos esses anos.

- Se existe a possibilidade de Draco ser feliz, se ele ainda é capaz de ver luz ... Não é o que tenho como certo que ousará interferir nisso. Dezessete anos controlando os passos dele, e quase perdi meu único filho Srt. Granger. E não sou uma mulher de ignorar os aprendizados fornecidos pela experiência do erro. E ainda que nosso tempo agora seja curto, imprevisível e sombrio, vocês merecem a chance de trilharem o próprio caminho.

Mais nenhuma palavra foi dita por nenhuma das duas pelo restante do tempo que permaneceram alí.

Hermione abraçou o próprio corpo, se encolhendo no sofá, chorou, e pela primeira vez não se importou em fazê-lo longe da escuridão solitária do seu quarto.

Seu filho não escolherá a época errada para se aprensentar ao mundo. Não, ele veio no tempo necessário.

Luz

O seu filho era luz.

...

Ao contrário do seu progenitor, Hermione pensava furiosa. Enquanto procurava por Draco pela casa no início da madrugada, sabia que uma discussão ia acontecer e por isso teve o cuidado de passar frente ao quarto de Narcisa e silenciar o cômodo com um feitiço. Não podia evitar de se sentir estúpida, por ter cedido a ele, deixando-o com a varinha. Dessa vez a raiva era triplicada, a primeira dose era por concluir que Malfoy escapará mais uma vez para seus inconsequentes passeios noturnos, a segunda era por ter desconsiderado a confiança que ela depositou na palavra dele, e a terceira, a pior, era causada por um tipo de sentimento que nem em mil anos poderia se imaginar sentindo em relação a Draco Malfoy: O ciúme.

É claro que poderia sofrer todas das piores torturas conhecidas pela humanidade e nunca admitiria isso a ninguém. Mas infelizmente era impossível esconder de sí mesma que ainda remoia e se sentia desconfortável com o que viu outra noite.

- Um idiota promíscuo. - Verbalizava para ninguém em especial, batendo com violência as portas dos cômodos do primeiro andar, onde iniciou as buscas. - E eu não devia receber isso como uma surpresa, estúpida sou eu!

Era irracional, ela sabia. Sentir ciúmes sendo que não existia uma relação, sentir raiva dele sem existir um acordo de fidelidade. E justificava o sentimento vergonhoso em pensamento, onde culpava o homem de desconfiar e insinuar raivoso absurdos a respeito dos momentos que ela passava sozinha com Harry. Certamente estava copiando o comportamento dele, o que fazia Malfoy ser o culpado por tudo de ruim que ela sentia enquanto subia as escadas furiosa e deprimida.

...

- Grávida... Hermione... de um bebê? - Ronald murmurou, os olhos arregalados, o ar cativo nos pulmões. - Grávida... de um filho... seu? - Emendou com uma mistura de asco e desespero.

- Quantos neurônios você tem? - Draco retorquiu rabugento, sem desviar os olhos de Potter caido no chão.

Potter caiu de costas no piso, não havia desmaiado, os olhos estavam abertos e encarava o teto com a pintura desgastada. Estava pálido, a respiração lenta e superficial, olhos sem brilho, o olhar fixo, as pupilas dilatadas.

Em um estado profundo de choque.

- Vocês devem tomar a devida providência! - Ronald praticamente suplicou em meio a raiva que crescia junto com o pavor. - Já deviam ter tomado!

- Veja bem, cabeça de cenoura, não estou preocupado com sua integridade física, mas devo dizer para reconsiderar antes de propor alguma "providência" para Granger. Ao que me pareceu, trouxas não lidam bem com a idéia de um aborto.

- Está dizendo que ela vai prosseguir com isso?! - Ronald soltou as palavras junto com ar preso que queimava os pulmões. - E você simplesmente aceitou?! Vai destruir a vida dela por não saber usar a droga do seu pau!

Draco mostrou o dedo do meio para Ronald, não sabia o que significava, mas parecia ser algo ruim e ofensivo, Hermione usava com ele algumas vezes, quando muito brava. Draco concluiu que erguer o dedo médio era uma forma erudita de substituir um palavrão.

- Eu vou MATAR você Malfoy! - Ronald gritou, mas antes que pudesse dar ação as suas palavras, outro grito carregado com o dobro de ódio ecoou:

- Sectumsempra! - Harry esbravejou, não mediu consequências, nada importou, somente quis Malfoy morto.

Draco se defendeu por pouco, um centésimo de segundo mais tarde e seria acometido uma segunda vez pela maldição de vinte mil adagas contra sua carne.

Ronald brecou o avanço do próprio corpo, ficando estático deixou o prato com o resto do bolo cair no chão, a inércia o impossibilitou de sacar a varinha.

- Posso interpretar isso como um convite para brincar com magia negra, Potter? - Draco rosnou, e apontou a varinha para Harry.

Harry rolou no chão com velocidade, saindo da mira de Malfoy. A força da experiência impediu que ele fosse acometido por uma maldição silenciosa, trapaça típico de um sonserino.

- Crucio! - Harry ainda fazendo pouco caso da racionalidade em suas ações, usou seu poder mágico para outra maldição.


Brincava com fogo. Pois se acertasse Malfoy, retornaria ao juízo e imediatamente  libertaria o homem da maldição.

Draco não tinha a mesma intenção. Afinal, para ele um duelo decidia a vida e a morte, se tivesse chance mataria Harry.

Seguia a risca a filosofia do "antes ele do que eu."

Draco se denfendeu mais uma vez, e logo disparou:

- Necklace Curse!

A defesa de Harry era implacável, o que era uma vantagem se considerar que sua facilidade em defesa era comparável ao potencial destrutivo das maldições de Draco, que teve tempo para aperfeiçoar quando como comensal.

- Locomotor Spinam! - Harry se colocou de pé em um pulo quando disparou. Seu juízo dando as caras, por isso diminuiu o poder de dano das maldições.

Dessa vez Draco não conseguiu defender, e perdeu o equilíbrio com a sensação de cipos de espinhos afiados prendendo suas pernas.

- Flammae-feuer!


Infelizmente Draco não tinha um "juízo" a qual recorrer, pois estava agindo no piloto automático. A imensa serpente de fogo que incendiou o cômodo provava isso.

Graves ferimentos seriam causados em Harry e em Ronald, caso o moreno não tivesse pulado em cima do amigo ruivo, criando um escudo mágico ao redor deles. Os sapatos de Harry não se escaparam do fogo, e o homem soltou um grito gutural de dor com a terrível sensação do fogo atingindo seus pés.

Quando a serpente evaporou, virando fumaça, Malfoy havia conseguido se livrar da maldição que o prendia pelas pernas, e Harry ignorando a dor se obrigou a se colocar de pé.

Os inimigos se encararam em meio a fumaça e os pequenos focos de incêndio nas cortinas e na poltrona de veludo preto.

Cegos em ódio.

A tragédia prometeu pairar sobre a casa nº 12 no Largo Grimmauld.

- Aguamentti! - O terceiro homem presente no conflito conseguiu agir após o episódio de quase morte, apagando o fogo da poltrona que liberava uma fumaça preta sufocante, e logo emendou com dois feitiços simultâneos - Expelliarmus!

Draco e Harry foram pegos desprevenidos, não esperavam ser desarmados por Ronald. A varinha de Harry fora a primeira a ir para a mão do ruivo, a varinha de Malfoy resistiu e o loiro tentou predê-la com um aperto forte, mas perdeu a luta contra o feitiço.

- MAS QUE PORRA...?! - gritou Ronald em pânico, o rosto manchado com cinza. - VOCÊS DOIS ENLOUQUECERAM ?!


Harry com o dedão de fora e os sapatos quase carbonizados, o cabelo preto coberto de cinzas. Ronald exasperado, tossindo como um asmático. Malfoy com as calças rasgadas nas pernas e o paletó que um dia fora preto, quase totalmente cinza. As quatro paredes do cômodo estavam pretas, as cortinas grossas ardiam em chamas, uma poltrona destruída no centro, a unica coisa que parecia intacta naquele cômodo era a cama atrás de Malfoy.

- Merlin... - A curta súplica ao céus foi a única coisa que Hermione conseguiu pronunciar, quando atravessou aquela porta, seguindo o berro de Ronald.


Com o som da voz dela, Draco piscou os olhos por duas vezes com força, assumindo o controle.

Percebendo apenas naquele momento o quão longe estendeu as coisas, agindo como um comensal da morte com duas das pessoas mais importantes na vida da mulher.

- O que diabo aconteceu aqui?! - Hermione quis saber, após sair do estado de topor paralisante.

Draco não ousou mover a língua, Harry tão pouco. Deixando um Ronald Weasley perturbado encarregado da explicação.

- Usaram maldições Hermione! Harry tentou fatiar Malfoy mais uma vez com aquela porcaria sombria de feitiço do Snape! E Malfoy incendiou o quarto com a porra de uma maldição que nem mesmo o quadro daquela velha louca que recita pragas aos quatro ventos poderia reconhecer! - Ronald entregou os dois, sem um pingo de compaixão.


Os olhos de Hermione cresceram e ela fitou Harry por incontáveis segundos, a acusação e o julgamento gritantes nas íris castanhas, antes de direcionar o mesmo olhar carregado para Draco.

- Vocês...

- Você! Não ouse arriscar um maldito sermão! - Harry esbravejou, impedindo que Hermione proseguisse, perdendo o destemor diante a vergonha que deveria sentir pelo episódio que a pouco protagonizou.

Draco soltou um som rouco junto com o ar pela garganta e o nariz, um quase rosnado.

Diferente de Harry, ele tinha MUITO a perder, considerando que ele quem havia provocado tudo, roubando dela o tempo ideal e o direito de noticiar a gravidez aos amigos. Todavia, se Potter continuasse a berrar com Hermione, Draco perderia ainda mais, pois pularia na garganta do homem.

- A sua cabeça foi atingida?! - Hermione quis saber, cruzando os braços. - Não fale comigo nesse tom, Harry Potter!

- Quando pretendia nos contar, Hermione, Quando?! - Harry empurrou Ronald e se colocou na frente da mulher, ficando os dois cara a cara. - Porque não bastava trair a sua moral, o seu caráter, dignidade, a segurança dos seus pais, tudo que você acredita e toda nossa luta, quando resolveu dividir uma cama com esse filho da puta! - Apontou para Malfoy do outro lado do quarto. - Ainda traiu Ronald e a mim, nos fazendo de idiotas!

Hermione não teve tempo para se ofender com as palavras duras de Harry, pois a compreensão a fez sentir o coração parar no peito, e guiou seu olhar para Draco, descrente de que ele poderia ser mesmo tão miserável e egoísta.

Draco desviou o olhar, fingindo conferir seus sapatos sujos de cinza, com medo do sentimento de traição que veria refletido nos olhos de Hermione.

Embora não estivesse arrependido, fez o que estava a seu alcance. Hermione o deixou sem opções ou meios quais recorrer quando decidiu prosseguir "salvando o mundo" mesmo enquanto grávida.

- Pega leve cara... - Ronald murmurou, tentando puxar Harry pelo braço. Estava também furioso com Hermione, ou talvez fosse mais mágoa e ressentimento. - Vamos procurar outra maneira de resolver isso, não pode sair gritando com ela assim.

Harry empurrou Ronald mais uma vez e segurou Hermione pelo queixo, a fim de trazer o olhar traido que ela dirigia a Malfoy para sua furia.

- É melhor você não tocar nela... - Draco ameaçou e deu um passo para frente, sendo impedindo por um gesto de "basta" que Hermione fez com a mão. E logo se desvinculou do toque de Harry.

- Não fiz vocês dois de idiotas, estava esperando o momento certo para contar. - Hermione foi sincera, buscando desesperadamente preparar a tolerância do seu emocional para o que se sucederia.

- Não existe momento certo para dizer que está grávida de um comensal da morte! - Harry seguiu acusando.

- Harry se você continuar gritando não vai existir uma conversa!

E de fato não ia, ninguém percebeu que Draco estava a beira de pular no moreno.

- Conversa... - Harry riu amargo, bagunçando os cabelos. - Não tem o que conversar, o que tem que ser feito é dar um jeito nisso!

- O que quer dizer com "dar um jeito"?! - Hermione não gostou do que interpretou das palavras de Harry. - Você tem o direito de se sentir enganado, mas não ouse tentar decidir a minha vida por mim!

Harry a ignorou, e antes que Ronald pudesse reagir, tomou sua varinha das mãos dele. O ruivo empurrou Harry contra a parede e tentou pegar a varinha de volta, pego de supresa quando com um gesto do amigo, foi injetado para fora do quarto. Draco quem agiu em seguida, conseguindo acertar um soco na costela do homem. Porém, Harry repetiu o mesmo que fez com Ronald, usando dessa vez violência no feitiço.

Draco bateu a parte de trás da cabeça na parede do corredor quando aterrissou fora do quarto, e em um pulo se colocou de pé com a idéia de retornar para dentro e arracar fora os dentes de Harry com socos, chocando seu rosto contra a porta que foi fechada com um baque e selada por magia.

- O que você pensa que está fazendo?! - Exasperada Hermione quis saber.

- Abra essa maldita porta, filho da puta! - Draco gritou, chutando a porta.

Ignorando Malfoy, Harry guardou a varinha no cós da calça e se virou na direção de Hermione.

- Com "dar um jeito" eu quis saber o que você pensou para contornar isso!

- Eu não vou assassinar uma criança! Como tem coragem de...

- Não foi o que disse! - Harry a cortou passando a mão pelo rosto vermelho e suado, deixando claro que não sugeriu um aborto. - Você com certeza deve ter pensando em como esconder isso de nós dois, se saindo muito bem aliás. Agora precisa pensar em como deixar isso longe do conhecimento do mundo fora dessa casa!

- Como é que é? - Ainda ofendida, Hermione deu um passo na direção do moreno, mais um pouco de entendimento do que ele quis dizer e o acertaria com um tapa.

- Harry, eu vou chutar sua cara! - Ronald se juntou a Draco, aos palavrões gritados e nos chutes contra a porta.



- As coisas não estão boas pro nosso lado Hermione! Todo dia perdemos dezenas de companheiros, os que não morrem em batalha, abandonam a Ordem! - Harry buscou justificativas que pareceram plausíveis para conseguir o que pretendia fazer após abandonar aquele quarto. - Como fica agora se souberem que justo você espera o filho de um assassino?! É o que Draco Malfoy é, um maldito assassino! Moody nos falou sobre quando ele fez uma nascida trouxa amaldiçoada pular de um penhasco! Você pensa sobre isso Hermione, quando está trasando com ele?!

- Eu não admito que você fale comigo dessa maneira! - Hermione empurrou o peitoral do homem com as duas mãos. - O que você disse não faz nenhum sentido, não desça tão baixo Harry! Eu saberia caso estivéssemos sofrendo desfalques na Ordem!

- Como consegue dormir com ele... - Harry segurou Hermione pelos braços, sem apertar ou machucá-la, prevenindo os tapas que sabia que viriam em algum momento. - Olhar pra aquela maldita marca! O que ele fez com Dumbledore, com outros inocentes! A mando do desgraçado que matou os meus pais! Que fez com que você apagasse a memória dos seus! Incendiaram a casa de Ronald! Onde está a droga da sua inteligência?!

- Potter, grita com ela mais uma vez e nem o próprio diabo poderá tirar seu pescoço das minhas mãos! - Draco gritou do lado de fora. Conseguiu apanhar sua varinha com o ruivo, e agora os dois tentavam derrubar a porta com feitiços explosivos.

Era muito bom não ter sucesso em arrombar a porta naquele momento, pois realmente tentaria contra a vida de Harry sem pensar duas vezes. Estava cego em raiva, e como qualquer emoção forte, a raiva nublava o raciocínio do sonserino.

Hermione sentia uma náusea forte, por um curto segundo sentiu o chão rodar, teve de se esforçar para manter-se firme. Lembrando-se tarde demais que não havia comido nada desde o almoço, e muito menos dormiu, o estresse potencializando a exaustão, mas não podia fraquejar naquele momento.

- Sabe o que vai acontecer se eu abrir essa porta?! Ele não hesitaria em matar uma pessoa! Esse é o homem de quem você escolheu engravidar! - Harry apontou para a porta, como se pudesse ler os pensamentos hediondos do seu inimigo. Na verdade Malfoy era previsível nesses momentos, antes de jogar o homem para fora do quarto, Harry viu nos olhos dele a mesma obstinação homicida e ódio cego que pode ver na vez em que duelaram no banheiro da murta-que-geme. No episódio Malfoy iniciou o confronto lançando uma maldição contra ele. - A natureza dele é trair e matar! Não foi capaz ser leal nem mesmo a ideologia da família com a qual cresceu, ou a você-sabe-quem, por que pensa que com você seria diferente?!

- Você também tentou amaldiçoá-lo! Ron disse que foi você quem disparou a primeira maldição! O que droga está acontecendo com você Harry? O homem que eu conheci nunca faria uma coisa dessas... - Hermione lutava uma batalha perdida contra as lágrimas que já rolavam.

- Eu não errei em fazer o que fiz, Hermione! Recebi da boca dele a notícia de que a mulher mais importante da minha vida carrega agora o filho de um comensal! - Harry perdeu o eixo mais uma vez, estava com raiva demais, ódio. - Eu que pergunto o que aconteceu com você, só pode ter enlouquecido!

- Potter, seja homem e venha gritar comigo aqui fora, desgraçado!

- E eu sou um homem, Malfoy, diferente de você! - Harry respondeu o grito dessa vez. - Pode ter certeza que vou, nós dois ainda não terminamos!

As coisas não acabariam bem.

Muito longe das palavras de Harry, Hermione podia pressentir. Tanto que se desesperou em arquitetar uma maneira de acalmar Harry, não confiava em nenhum dos dois caso se enfrentassem mais uma vez. Tendo em vista que seria mais fácil acalmar Harry do que tentar o mesmo com Draco. O ar do cômodo cheio de fumaça não sustentava bem seus pulmões, causando vertigem, sua visão ficava cada vez mais turva e uma pressão no centro do cérebro ameaçava tombar sua cabeça. Hermione se inclinou, apoiando as mãos no joelho.

- Harry eu mesmo vou me juntar a esse merda pra quebrar a sua cara! - Todavia, Ronald estava preparado para desarmar e prender o corpo de Malfoy no momento em que a porta fosse aberta, o homem estava fora de sí, parecia obstinado com a ideia de arrancar fora a cabeça de Harry.

- Por favor, não continue com isso Harry. Nada será resolvido assim. - Hermione quase rogou em voz baixa, se esforçando para encontrar oxigênio em meio a fumaça.

Harry se sentiu afetado, e  levou Hermione para o lado do quarto que não foi destruído, ajudando a mulher se sentar na cama. Hermione escondeu o rosto com as mãos, suava frio, Harry se ajoelhou entre as pernas dela, e disse:

- Malfoy pode ser o progenitor dessa criança mas isso não quer dizer que ele precisa ser o pai. Se aceitar o que vou propor a você, ninguém de fora saberá que a criança tem alguma ligação com ele. Pense bem, Hermione.  A única coisa que precisamos pegar dele é o sangue. O enviamos ainda hoje para a prisão da Ordem, que é onde um comensal da morte deve ficar. Posso pedir a Andrômeda para abrigar Narcisa Malfoy. - Harry tentou soar amistoso, falhando em esconder ódio, mas amansou o tom e entregou sua varinha a Hermione, mostrando que não iria brigar, e tudo que ela precisava fazer era mostrar disposição para ouvir o que ele queria propor.

- Draco não é um comensal da morte. - Hermione não se dobrou, pelo contrário. - E se você pensa em apresentar uma denúncia contra ele por conta do que aconteceu nesse quarto, saiba que eu não vou ficar calada diante de um julgamento injusto. - Harry se espantou com as palavras dela, a expressão incrédula em seu rosto mostrava isso. - Sobre o MEU filho, não é uma conversa para ter em um momento desses. Olha o circo que vocês dois armaram. - Hermione o cortou a objeção que Harry abriu a boca para fazer. - E não ouse dizer mais uma vez que devo escondê-lo como se ele fosse motivo de vergonha, você melhor do que ninguém deveria saber que eu não tenho medo do mundo. Devia se preocupar é com a integridade física de quem for louco o suficiente para ofender meu filho.

Se não fosse as ameaças de morte que Draco ainda fazia na porta, o silêncio no cômodo seria fúnebre.

- Ronald, desarme o Draco! - Hermione implorou, e quase imediatamente escutou o som de um soco forte e um urro de dor, provavelmente resultado alcançado por Ronald em tentar tomar a varinha de Malfoy. - Draco, o que você fez?!

- Não fique estressada, está tudo bem aqui ... Não respire a fumaça, Granger! Eu vou te tirar desse maldito quarto. - Draco dizia, arrastando o corpo inconsciente de Weasley até o sofá no outro quarto. Não quis desarcordar o homem, mas ele pediu por aquilo. - Hermione, se estiver perto da porta saia!


Harry aturdido com a súbita mudança no tom de Malfoy quando se dirigia a Hermione - que era um teatro bem montado na visão dele -, se viu desesperado com a mínima ideia do que aquilo significava e não demorou a dar voz para sua dúvida:

- Hermione, por favor, me fale que esse absurdo todo não passou de sexo pra você.

- Eu não devo satisfações! - Estava exausta dos dois homens, tanto que tentou gritar, mas a voz ficará mais fraca, e a cor sumia do seu rosto.


Draco conseguiu arrombar a porta, e sem pestanejar fora pra cima de Harry que ainda estava agachado entre os joelhos de Hermione. Draco puxou os cabelos pretos para trás e chutando Harry no meio do tórax, o lançou para longe de Hermione.

E ainda ergueu a varinha, tendo que morder a própria língua, diante o olhar vidrado de Hermione.

Ela estava completamente devastada, e a culpa era toda dele.

Em um lapso de consciência, Draco jogou sua varinha para o canto, temendo ser impossível conter o impulso de amaldiçoar Harry Potter.

Harry se levantou com rapidez e sem considerar que Hermione assistia a tudo, avançou para cima de Malfoy.

Draco possuía poucos centímetros de altura a mais como vantagem, junto a fúria de um touro, facilitando quando pulou para cima de Harry antes que ele pudesse desferir um golpe. Draco agarrou o homem pelo pescoço, e o girou com força, lançando o moreno através da janela. A queda não era muito alta, no máximo um metro e meio, mas fora o suficiente para deslocar uma das costelas. Harry sentiu o calor do próprio sangue escorrendo em suas costas por dentro da jaqueta, e quando rolou no chão, se contorceu com os braços para alcançar os pedaços de vidro que perfuravam sua pele.

Hermione desmaiou sobre a cama, horrorizada com a brutalidade que presenciou.

- Droga, eu faço tanto mal a você... - Draco sussurrou o protesto de repúdio a sí mesmo, quando a pegou no colo, levando-a para o quarto limpo e sem fumaça, onde havia deixado Ronald.

Deitou a mulher na cama, e chamou por Blue, passando ordens para o elfo procurar pelo Sr. Parkinson com urgência.

Draco devia parar naquele momento, seria o certo a se fazer depois de tanto problema em uma única noite. Era mesmo terrível em fazer escolhas certas. Não considerou que estava arriscado perder a mulher e o filho para sempre com o ato de pura selvageria contra uma das pessoas que a mulher mais amava no mundo. Tornando as palavras que Harry disse mais cedo como verdade, Malfoy tinha uma natureza ruim. E isso poderia ser facilmente julgado quando o loiro retornou para o quarto destruído e pulou pela janela, indo procurar por Harry.

Potter aprenderia  a nunca mais parar no seu caminho.

Quando o homem loiro caiu ao seu lado, toda dor desapareceu ofuscada pelo ódio, e Harry se colocou de pé com facilidade. Surpreendendo a sí mesmo quando se viu capaz de ainda se sustentar nas próprias pernas.

A iluminação do jardim era precária, e Harry observou com ainda mais ódio o seu sangue pintando a grama verde com vermelho escuro.

- Esse é um mundo pequeno demais para nós dois. - Harry cuspiu junto ao sangue que estava preso na garganta. - Vamos acabar isso.

Harry avançou com rapidez e acertou uma joelhada no estômago do loiro, que não esperava essa agilidade do homem completamente ensanguentado a sua frente. Draco perdeu todo o ar dos pulmões, e sem pensar muito a respeito do valor da honra em uma briga justa, Harry empurrou o sonserino contra a parede externa da casa e passou a esmurrar o rosto que tanto desprezava.

Novamente tomado pelo pico de adrenalina violenta, Draco se inclinou para baixo e agarrou Harry pelo meio do corpo, empurrando agora o inimigo contra a cerca de madeira podre que rodeava o jardim da casa. Ambos os rapazes foram feridos por espinhos das trepadeiras que cresciam sem cuidado, a cerca não aguentou o peso dos dois homens e se quebrou, lançando os dois na calçada. Mesmo expostos para quem quisesse ver, nenhum dos dois pareciam dispostos a parar com aquilo.

Draco devolvia todos os socos que recebeu, enquanto Harry tentava alcançar o pedaço de madeira ao seu lado.

- Salazar... - Uma voz firme soou, mas nenhum dos dois se prestou a olhar, ainda focados em matar um ao outro.

Harry conseguiu pegar a madeira e acertou na cabeça de Malfoy, fazendo o homem parar de disparar socos e tombar para o lado. Harry ia acertar Draco com a madeira mais uma vez, se a mão grande e um braço grosso com o triplo da força do moreno não tivesse o segurado.

- O que... ? - Konai não conseguiu terminar a interrogação, perplexo com o que via. - Blue, leve seu amo para dentro!

Draco respirava oxigênio junto ao próprio sangue, se recusando a desmaiar. A pancada na cabeça foi forte, deixando-o praticamente sem nenhuma coordenação motora.

Pode sentir seu corpo ser suspenso no ar, o choro e a voz aguda de Blue soava distante. A cabeça do loiro tombou para trás, fazendo com que ele ficasse engasgado com o sangue. Em meio as tosses violentas, assistiu Konai pegar Potter desmaiado no colo, como se o garoto fosse leve feito uma pena.

Draco ficou consciente durante quase todo tempo, mesmo sem conseguir escutar ou falar alguma coisa. Não viu que fim teve Potter, depois que Blue o levou para o quarto e o colocou na banheira, lavando seu sangue. O elfo quase o sufucou ainda mais, despejando frascos e mais frascos de poções em sua boca. Perdeu a consciência após beber o último frasco, o líquido incolor e adocicado, que reconheceu como poção para o sono. Antes de desmaiar, conseguiu cuspir a maior parte da poção, não queria apagar. No entanto, com o corpo machucado e a cabeça lesada, o pouco que ingeriu foi o suficiente para fazer efeito.

...

Draco não estava surpreso em acordar com Hermione tratando dele. Excluindo os momentos de atrito e tensão entre eles, Granger era uma pessoa bondosa, capaz de ser genuinamente boa até mesmo com ele. Quando seu olhar flagrou os olhos de íris castanhas avermelhados e aquosos, vidrados nas feridas que tratava. As maçãs do rosto rosadas e o semblante cansado, a tristeza e a preocupação marcando cada pequena ruga nos cantos dos olhos, a língua movida por uma culpa esmagadora não deram a Draco outra opção:

- Me perdoe.

Hermione ergueu o olhar para o rosto dele, e apenas o encarou por poucos segundos antes de voltar a atenção para os cortes no braço do sonserino.

Draco não demorou a perceber que ela estava cansada demais para isso, perdoá-lo. E usando a angústia que sentia como forma de autoflagelação, não disse mais nada, respeitando o silêncio que ela pediu com o olhar.

Meia hora foi o necessário para Hermione terminar de curar o lado direito do seu corpo. Draco perdeu as contas de quantas poções ela colocou em sua boca, imitando o que Blue fez antes, e também dos feitiços que usou nas feridas e lesões.

- Por que? - Foi a única coisa que Hermione pronunciou após os minutos de silêncio sepulcral.

- Quis impedir que você fosse junto a eles ao Gringotes.

Hermione não soube esconder a pequena ruga de surpresa entre as sobrancelhas com a inesperada e honesta admissão da verdade que ela já conhecia.

- Não posso dizer que você é pouco eficiente, parabéns... Harry me odeia, e Ronald provavelmente jamais voltará a confiar em mim. - Não havia acusação em seu tom, somente tristeza e cansaço.

- Falo por experiência, não tem como te odiar... E muito menos podem te ver como uma pessoa não confiável. - Draco abriu mão do filtro, deixando sua língua ser guiada por uma parte de sí que ele não compreendia, uma parte que existia por ela e sua mãe.

- Está arrependido?

Uma pergunta simples que seria normal para outras pessoas diante a mesma situação, no entanto, Draco sentia-se como se estivesse sendo bombardeado. Sabendo que ela faria perguntas diretas, que implicaria direto em seu caráter, e infelizmente não se encontrava em posição de mentir para ela.

- Em ter magoado você sim, de ter machucado Potter não.

- Você quase o matou, Draco... Ao menos pensou em mim por um momento? - Perguntou, mas não esperou uma resposta - Aposto que não. Não se importou em como eu me sentiria caso algo ainda mais terrível que algumas escoriações acontecesse a vocês dois

- Eu que dei o primeiro soco, mas a primeira maldição não veio de mim.

- Você é um homem adulto, sabe que não pode sair distribuindo socos e maldições quando algo te desagrada.

- Quando apontam uma varinha na intenção de me prejudicar, eu não me sinto na obrigação de oferecer flores e um pedido de paz por escrito.

- Não tente se insentar da culpa, sabe não vai funcionar comigo.

Com o peso da conversa que ela precisava manter honesta, estava nervosa e psicologicamente exausta, acabou deslizando a gaze sobre a ferida no abdômen de Draco com mais força que o necessário.

- Hermione não estou fugindo da culpa. Mas a verdade é que não posso dizer que me arrependo da briga, não é hoje que Potter se enfia em problemas que não cabem a ele...

- Se não se arrepende disso, então não se arrepende de nada.

- É diferente, Granger, muito diferente. - Draco esfregou os olhos cansados com a mão do seu braço consertado.

- Não consigo ver diferença ... Eu não sei o que pensar de um homem que diz não se arrepender após quase ter levado uma pessoa a morte.

Draco não pode evitar de se sentir culpado por estar conseguindo provocar ainda mais decepção nela. E realmente tinha culpa, foi quem causou todo problema.

- Como se sente? - Quis saber, quando ela terminou de curar as feridas  em seu abdômen e voltou o olhar para seu rosto.

Hermione ergueu as duas sobrancelhas, confusa.

- Eu não sei mais o que pensar sobre você, Draco. Juro que estou tentando fazer o que me pediu, mas perdoá-lo não...

- Eu quero saber sobre você, você desmaiou. - Draco a cortou, adiando o assunto que sabia que viria.

Tinha consciência de que Hermione agora ia "terminar a relação não tinham".

- Um pouco cansada, Konai cuidou das náuseas... A fumaça realmente não me fez bem, sua mãe preparou uma poção com a ajuda de Blue... E me sinto estranha desde que a bebi, quero dizer, não estou conseguindo ficar estressada e acredite, estou com muita raiva. No entanto, sinto apenas... Tristeza.

Draco assentiu embora estivesse curioso sobre o envolvimento de sua mãe nos cuidados de Hermione. E sem filtro de proteção ao redor dos seus muros emocionais, em voz baixa quis saber:

- E o moleque?

Hermione cessou vagarosamente a atividade que fazia, onde tentava retirar os enormes espinhos de trepadeira cravados no tórax do homem.

Ele pegou o cérebro da mulher desprecavido, e fez uma desordem ainda maior em seu coração. Todo dia Hermione desistia de Draco Malfoy, ela desistiu dele naquela mesma madrugada. Perdeu as esperanças e a fé de que poderia existir ainda mais bondade e humanidade por trás do que ele mostrava para Narcisa e para ela. Mas infelizmente, Draco também conseguia fazer o caminho inverso desse mesmo processo todos os dias. E isso com certeza era um fator curioso que nem mesmo o cérebro mais brilhante de sua geração poderia controlar, evitar e muito menos entender.

- Você sabe que pode ser uma menina, não é? - Inquiriu no mesmo tom de voz baixa, aturdida demais para verbalizar qualquer outra coisa.

- Isso é muito improvável, Granger, pra não dizer impossível. - Replicou cheio de razão, em seu âmago estava no mesmo estado de exasperação emocional que ela. - Há setenta gerações todo primogênito dos Malfoys tem sido homens.

- Se eu fosse você não teria tanta certeza... Acho que nós dois ultrapassamos há muito tempo a linha do "improvável" para não dizer do "impossível".

Draco a encarou por alguns segundos, um vinco profundo marcando o meio da testa, absolvendo as palavras dela.

- É um moleque. - Decretou ainda cheio de razão.

Hermione sentiu na boca do estômago coisas que ainda a assombrava, e afastou suas mãos do corpo de Malfoy, sentindo que precisava de ar puro, ou uma vida nova, menos complicada de preferência.

- O que você está fazendo,  Draco? - Perguntou em um quase sussurro.

Hermione sabia que Draco não era um idiota, logo ele pode abrir uma suposição sobre a conversa que aconteceria após terminar de curar suas feridas.

Não podiam continuar com aquilo, começará a afetar pessoas que Hermione amava e que não tinham nada a ver com as escolhas erradas que ela fez.

Draco fechou os olhos por breves segundos, e indo contra seu cérebro que o mandava pensar antes de abrir a boca, disparou:

- Eu não tenho certeza se quero ficar longe de você.

Hermione prendeu a respiração, sentindo que corria risco de desmaiar pela segunda vez.

- É o melhor para nós dois, você longe... O melhor para nós três.

- Você tem certeza?

Hermione não tinha certeza, pois se alinhar nos braços dele e descansar da tristeza que sentia era tudo que conseguia querer. Isso antes do efeito calmante e letárgico da poção que Narcisa a deu passar, após isso, queria mesmo era sufocar Malfoy com uma almofada.

- T-tenho.

Hermione soltou o ar preso quando Draco levou uma mão até seu rosto, deslizando um dedo sobre a bochecha rosada.

- Você está com medo. - Foi uma acusação, em tom gentil, mas ainda uma acusação.

- Você teve medo durante todo esse tempo. - Ela acusou de volta, em meio um breve riso amargo, sentindo falta do tempo em que não existia diálogo entre eles, antes ela podia simplesmente fugir, e no momento Hermione queria fugir.

- Acho que você me apresentou a coragem.

A garganta de Hermione secou, e ela divagou se aquilo era real, se aquele era mesmo Malfoy e o que ele queria dela, a interpretação que fez a sua maneira, a irritou:

- Você está tentando manipular minha decisão pela segunda vez, mesmo depois de toda desgraça que provocou com isso, o que demonstra mais uma vez que você é incorrigível. Eu não permito que jogue comigo!

- Eu não estou manipulando você... - Draco frisou bem suas palavras, se contentando com a demonstração da provável poção tranquilizante que ela havia ingerido, estar passando o efeito, a queria completamente sóbria.

-  Está sim! Fingindo se importar com o meu filho, fingindo sentir seja lá o que for! Porque percebeu que hoje vim dar um basta definitivo nesse maldito envolvimento!

Draco sabia que ela estava sendo prudente em desconfiar dele, seria estúpida se não o fizesse. Deixando-o apenas com uma opção:

- Me peça para provar.

- Francamente, eu... - Hermione se calou, em seu cérebro brotou uma idéia, que ela não fez questão de raciocinar sobre o peso do assunto antes de querer saber:

- O que aconteceu entre você e seu pai?

A pergunta o atingiu como um soco no estomago, a garganta apertou, fazendo o rapaz se sentir sofocado como quando estava respirando sangue.

Depois do que pareceu cinco minutos de silêncio claustrofóbico, Hermione concluiu que não receberia uma resposta. Se arrependeu por não ter articulado melhor a pergunta, pareceu ter afetado Draco em uma profundidade que ela nunca imaginou ser possível existir nele.

- Nunca vou contar o que aconteceu, Hermione. Não por falta de confiança, só não quero te sujar com isso. - Draco iniciou, olhando para um ponto fixo atrás de Hermione. - O que acho que você precisa saber, é que eu me obrigo a odiá-lo... Porque quando não o odeio, sinto falta... Não falta dele... Falta do pai que ele poderia ter sido... Lucius nem sempre foi filho da puta. Não odeio o bebê Hermione, tenho medo de machucá-lo. E você tem razão quando diz que não posso ser pai, não tenho nada de bom a oferecer a ele, ou a você. 

Hermione se colocou de pé, a cabeça girava e alguma coisa ardia dentro de sua caixa torácica. O tempo pareceu passar mais lento do que o normal, como se seu cérebro estivesse afundando em areia movediça.

- Você não pode deixar a cama... - Hermione sussurrou, quando em meio segundo fora parar nos braços de Draco, que a encarava preocupado.

- Não devia ficar sem comer. - Draco colocou Hermione sentada na cama, e estava prestes a se vestir para ir a cozinha.

- Nem pense nisso. - Hermione puxou o braço dele, com o máximo de força que conseguiu, quase nenhuma. - Sua mãe não pode ver essas manchas roxas ... Konai justificou seu sumiço dizendo a ela que você está cuidado de mim.

- Você não pode ficar...

- Draco, cala a boca... - Hermione levou os indicadores as têmporas, massageando. - No momento o vazio do meu estômago é o menor dos problemas.

- Granger, eu não vejo outro problema com maior relevância aqui sem ser...

- Você fodendo a minha cabeça é o problema com maior relevância.

Era incomum Hermione falar palavrões, e ele sempre se surpreendia, acostumado em receber dela apenas o gesto com o dedo médio. Talvez fosse a sobrecarga psicológica, a noite foi longa.

Decidido a não abusar da tolerância de Hermione, se sentou ao lado dela.

- Draco isso não vai dar certo. - Hermione disse, escondendo o rosto com as mãos.

- Do que você fala exatamente?

- Você e eu, não funciona. - Hermione se colocou de pé mais uma vez, impulsionada pela ansiedade, andava de um lado para o outro.

- É claro que não vai dar certo.

- Então qual é a nossa dificuldade em acabar com isso... Merlin, eu não entendo.

- A certeza do erro não me impede de querer continuar. - Draco a puxou para ele, pegando-a de surpresa, Hermione não percebeu que o loiro também havia se colocado de pé.

- Isso sequer é racional... Você está fora da razão.

- Granger, pare de tentar nos encaixar no seu cérebro. - Pediu, segurando o pequeno rosto da mulher entre as duas mãos.

- Está basicamente me pedindo para ceder a insanidade.

- Sim, é exatamente o que eu quero.

- Pois saiba que...

Draco rolou os olhos, e fechou a boca da castanha com o polegar.

- Você não consegue manter a boca fechada? Porra.

- Quem você pensa que é? - A voz saiu abafada, e Hermione bateu no abdômen dele, se arrependendo em seguida, quando o rapaz gemeu de dor. - Há uma hora eu estava decidida a nunca mais te ver... Você me machucou Draco, traiu minha confiança, e você nem mesmo sabe o que quer!

- Pensei que deixei tudo bem claro quando disse que não quero ficar longe de você.

- E onde fica as consequências de tudo que fez, Draco? Não tem justificativa, você foi  maldoso!

- Quis te proteger. - Disse a verdade, e enxergava lógica nela, diferente de Hermione.

- Manipulando pessoas inclusive a mim? Espancando o Harry? Quebrando o nariz de Ronald? Incendiando a casa?!

- Olha eu sou novo nisso, ta legal?

- Em ser um babaca? Eu acredito que não.

- Que droga, Granger, não quero brigar agora.

- Nem tudo se trata do que você quer! Se entendesse isso, teria respeitado minha decisão!

- Você não me deixou com muitas opções!

- Me preocupo se isso pode ser uma patológia hereditária. - Hermione pensou em voz alta, descrente do que ouvia.

- O que?

- O cisnismo, a falta de caráter e vergonha na cara, a astúcia diabólica e a manipulação! - Hermione listou prontamente. - Sem falar é claro, na mentalidade primitiva e o comportamento de um bárbaro, bruto, troglodita e...

Draco a calou tomando sua boca, dividido entre a impaciência e o desespero de talvez não conseguir arrumar sua bagunça.

Talvez Harry tivesse razão, o cérebro de Hermione não funcionava como deveria perto de Malfoy. Tanto que ela não conseguia encontrar nenhuma uma razão plausível para estar correspondendo aquele beijo.

- As coisas não estão resolvidas Draco... - Ela sussurrou, sem se mover para longe dele.

- Você não quer ir embora...

Hermione umideceu os lábios e levou uma mão aos fios loiros, deixando-a escorregar lentamente pelo rosto de Draco.

- Eu acho que estou procurando motivos para ficar.

Em uma mensagem muda, mas ainda gritante, Draco envolveu o corpo menor que o dele com seus braços.

- A noite foi longa, você precisa descansar.

- Cretino... - Hermione chiou, escondendo o rosto no peitoral dele e dando razão as palavras do sonserino, bocejou.

Com dois passos para trás, Draco trouxe os dois para beira da cama.

Intimidade não era mais algo a ser superado, tanto que não foi estranho dividir uma cama vestidos com todas as peças de roupa pela primeira vez.

...

As primeiras horas daquela manhã nublada e fria não trazia bons presságios.

Ronald chiando uma longa lista de palavrões, com o rosto roxo e o nariz enfaixado, atendeu na porta Moody e Kingsley, com os olhos cerrados de sono. Os olhos do ruivo voltaram ao tamanho normal, pego de surpresa pelo semblante sombrio dos homens, que traziam o duende acorrentado e amordaçado aos seus pés.

- Um duende ladrão por um assassino, uma boa troca não acha? - Kingsley murmurou tirando dos seus bolsos um par de aljemas enfeitiçadas.

- O que? - Ronald inclinou a cabeça para o lado.

- Ontem a noite o Patrono de Harry nos avisou sobre um comensal da morte descontrolado por aqui, viemos pegar o maldito.


.


Notas Finais


Sarcasm - Get Scared


(Você me amarra agora
Porque eu sou tão ruim, tão ruim quanto possível)

(Você me pendurou agora pelo pescoço, porque eu sou um destino pior que a morte)

(Que surpresa de veneno que você deixou para os meus olhos)

(Se eu tivesse senso comum eu me cortaria ou me enrolaria e morreria)

(Não se preocupe conosco, nós estamos apenas derramando nossas entranhas)

(Se isso é amor eu não quero ser amado)

(Você polui o ambiente com sua língua suja)

(Veja-me engasgar com isso para que eu possa jogar fora.)

...

Sentiram saudades dos gritos do nosso amável quadro da Sra. Walburga Black durante o confronto? Kkkk eu senti. No próximo capítulo vão poder entender o que aconteceu com ela.

...

Eai gostaram? Não deixe de comentar.


Vejo vocês o mais breve possível. ❤🎆


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