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História Sombras das chamas - Estradas


Escrita por: InocenseB

Notas do Autor


Olá gente!

Bom, primeiramente gostaria de agradecer a todos que favoritaram e comentaram. Isso me animou muito para escrever e postar mais. Nunca havia usado o site e estava morrendo de medo, admito, então me deram uma leveza enorme no coração kkkkk

Mais um capítulo que revisei, revisei, mas pode ter algum erro, então, qualquer coisa me avisem e desculpem desde já.

Espero que gostem.

Capítulo 2 - Estradas


Quando conheceu Lissana não fazia sol. Na realidade foi no dia em que caia a maior tempestade em dez anos e por isso os geradores da escola haviam explodido. Natsu teve o azar de estar na diretoria até mais tarde após ter feito uma brincadeira de mau gosto com um professor. Lissana havia ficado até mais tarde para estudar, teria prova no dia seguinte.

Com a atenção mais direcionada a chuva de granizo e na janela da antessala da direção, os dois trocaram as primeiras palavras e foi ali que Natsu pensou ter se apaixonado, descobriria meses depois que era apenas atração. A paixão que sentia era bem mais forte do que aquilo.

Mas o momento em que mais se lembrava de Lissana não era nenhum outro. Não era do sorriso dela quando foi pedida em namoro, do rosto tenso ao conhecer os sogros e nem mesmo o impassível que mostrava segundos antes de fecharem o caixão.

Ele se lembrava de quando a conheceu e da chuva. Talvez porque sempre revivesse aquele exato momento quando fechava os olhos. Três meses com o mesmo sonho.

- Essa chuva é tão sombria. – a ouviu murmurar, não respondeu nada, era o primeiro encontro deles, mas as palavras eram diferentes e apenas Lissana falava.  – Não quero que vá à cidade. – murmurou pensativa e então deu um passo na direção do vidro. Natsu observou atentamente o rosto dela através do reflexo. Faltava parte da cabeça quando a via desta forma.

Sabia o que era, traumas do acidente que havia levado a vida da namorada.

- Me prometa que assim que chegar vai embora e levará a Mira com você. – se virou para ele, os olhos azuis extremamente claros molhados e o rosto perfeito intacto. – Oh, claro! Você não pode falar. – fez um sinal positivo se virando na direção do vidro. – Mas considere esse meu pedido. – os dedos finos da mão tocaram a janela e o reflexo mostrou uma palma da mão suja e com dedos retorcidos. Quebrados. Nenhum osso da namorada havia permanecido intacto após o acidente.

O reflexo de Lissana era exatamente idêntico à última vez que Natsu havia a visto com um pingo de vida e o contraste com aparência da primeira vez que se viram era brutal. Ele havia chorado e se assustado nas primeiras noites, mas se acostumou rapidamente com isso. Não se importava com o reflexo, ou com a aparência de Lissana, poderia ser de qualquer forma, só a queria ali.

- Sabe, Natsu... – ela voltou a dizer e como sempre ele prestou atenção nela, nas costas delicadas e pequenas. – Eu sinto muito a falta de todos vocês, mas eu não desejo que fiquem perto de mim. – os dedos se uniram, Natsu observou, no reflexo o ato fez com que sangue escorresse pelo antebraço. – Por favor, vá embora e leve Mirajane com você. – em um movimento rápido a albina já estava diante de si, o rosto bonito e delicado não mostrava o medo da voz, fora do reflexo, independente do que ela sentia ou fazia, sempre séria a doce e linda Lissana do momento que se conheceram. – Natsu, escute o que eu te digo, assim que chegar, não olhe para ninguém, não faça nada e se ver algo que... Não veja nada. Só pegue a Mira e vá embora, eu te juro que se fizer isso eu deixarei que... Deixarei que siga sua vida de forma feliz! – o sorriso bonito que a garota lhe oferecia em nada combinava com as lágrimas que desciam do rosto. A lágrimas que desciam em nada combinava com o rosto feliz. Ela estava ali, diante dele, presa para sempre em uma cena a qual não pertencia.

E ele quis falar mais que em qualquer outro momento, se mover e a envolver em seus braços, ajudar, mas tudo o que fez foi ficar parado a encarando. Lissana estava a distancia de um passo, mas Natsu nunca conseguia se mexer em seus sonhos e assim como todos apenas ficava parado até que a garota desaparecesse e restasse apenas o seu reflexo.

Sujo, ferido, deformado... Morto.

 

- Tudo bem aí? – Erza o encarava com uma expressão assustada. A ruiva possuía um tapa-olho de dormir erguido, mas parecia estar bem desperta.

- Ele acordou? – Gray questionou e foi preciso que Natsu erguesse o rosto para visualizar o amigo já que o mesmo se encontrava de joelhos no estofado do banco da frente e tinha uma expressão preocupada.

- Sim, mesmo com os remédios acordou. – Erza afirmou e os olhos de Natsu se viraram para a janela em que se encontrava. Era possível observar pelo fim da tarde a estrada.

A verdade era que além de pegarem um avião seria necessário que viajassem de ônibus por quase três horas por diversos caminhos pouco conhecidos ou sem uma cidade considerável. A reserva que Levy havia dito era apenas uma das muitas que o local possuía. Ele tentava entender a lógica, por que uma reserva dentro de uma reserva?

- Quer que eu troque com você? – a voz de Erza chamou a sua atenção novamente.

- Quanto tempo falta para chegarmos?

- Umas duas horas, você não conseguiu dormir mais do que quarenta minutos. – Gray tinha um semblante que misturava preocupação com impaciência e pena. Natsu desviou o olhar.

- Talvez possa tomar outro remédio. – Erza murmurou se movendo certamente atrás dos comprimidos de Natsu.

- Não, estou bem desperto. – ergueu a mão pedindo que a ruiva parasse. – Pode voltar a dormir e você volte à sua namorada. – completou voltando a atenção para a estrada. Agora só se via o acostamento.

Natsu não viajava mais de automóveis, havia se tornado adepto dos transportes sustentáveis como caminhadas e bicicleta, embora sua perna ainda doesse quando fazia exercício. Sequelas do acidente, o médico havia dito que a dor amenizaria com o tempo, mas continuaria ali, na sua perna cheia de pinos para sempre. No momento em que ele bebeu demais e resolveu levar a namorado para a casa Natsu havia colocado muitas coisas desagradáveis na lista de “para sempre” em sua vida.

Uma delas era a de não conseguir andar dentro de um carro sem se sentir apavorado. Outra eram os pesadelos com Lissana sempre que fechava os olhos. Possivelmente os olhares preocupados dos amigos talvez entrassem na lista.

- Acho que está certa. – voltou a falar assustando os amigos que já haviam começado aos sussurros uma nova conversa, possivelmente sobre ele. – É melhor trocarmos de lugar. – completou quando a ruiva o encarou sem entender.

- Claro. – concordou se erguendo. Natsu arrastou o corpo pelos bancos desviando um pouco para que não batesse em Erza. Não iria se erguer, sabia que após os pesadelos as dores eram mais fortes.

Possivelmente um problema psicológico, se dizia sempre.

- Vou aproveitar e fechar isso aqui, fica mais confortável quando escuro. – a ruiva mentiu fechando as cortinas e o rosado se afundou na poltrona macia. – Bom que terá sono quando chegarmos. Será quase noite, não? –questionou mais para Gray do que Natsu.

- Isso, vai ser noite na verdade, no mínimo seis ou sete horas. – parecia pensativo.

- Espero que seis. – Natsu murmurou.

- Animado para conhecer a cidade? – Erza o encarou motivada, ele participar da conversa a animava.

- Claro, fiquei até feliz de não ir para uma praia paradisíaca e sim para, como disse a Levy? Uma cidade fantasma. – resmungou causando uma pequena risada de ambos. – De toda forma, ao menos não comprei meus equipamentos para surfe. – olhou na direção de Gray.

- Poderei os usar em outro momento. – resmungou sem humor.

- Sim, no Alasca onde você vai estudar. – não era o Alasca, mas perto. Uma faculdade especializada onde tanto o moreno quanto Juvia iriam cursar biologia. Eram os únicos que já sabiam completamente sobre o futuro, não precisavam ser aceitos de verdade, não eram grande o número de concorrentes, saber falar inglês fluente já os classificava.

- Não ficarei lá sempre, vou voltar para visitar vocês. – era um assunto delicada, a mudança de Gray dava medo ao garoto, ele não queria deixar os amigos e a família, mas não perderia seu sonho.

- Eu talvez não tenha tempo para você, estarei ocupada salvando vidas. – Erza moveu os cabelos de forma convencida.

- E eu estarei ocupado também. – Natsu afirmou causando um brilho nos olhos dos amigos.

-Vai fazer administração para cuidar das lojas?  – Gray questionou sorrindo. Era a primeira vez que o amigo falava em futuro nos últimos três meses.

- Nem um e nem outro. – nunca quis fazer administração e isso não era uma surpresa para ninguém.

- Gastronomia. – Erza sorriu e Natsu fez um sinal positivo. – Ao menos sei onde pedir comida delivery. – comemorou.

- Se pagar a comida, ótimo, mais uma cliente. – debochou fazendo pouco caso e sorrindo.

- Te pago desde que nos conhecemos com a minha amizade. – foi a resposta que recebeu e sorriu. – Só quero ver a cara do Igneel ao ver isso, o seu herdeiro mexendo com panelas. – debochou.

- Meu pai tem meu irmão, bom que não brigo por controle na empresa. – moveu os ombros. Zeref, seu irmão, queria e muito ser o novo dono das lojas. Se Natsu decepcionasse, Zeref conseguiria suprir a falta do rosado.

Era um pensamento recorrente na mente do garoto, se ele não estivesse ali para sempre, sua família conseguiria seguir em frente normalmente. De certa forma o rosado havia nascido com esse pensamento, de que tinha vindo ao mundo com um prazo de validade e que era mais curto que o restante.

†                                       †                                        †

- E não é que parece uma cidade mal assombrada mesmo? – quem interrompeu a conversa dos agora quatro, já Juvia havia acordado ao notar que não era acompanhada em seu sono por Gray, foi ninguém menos do que Gajeel.

- Já chegamos? – Erza questionou puxando as cortinas com força, animada para ver o que a escola tinha lhe reservado. – Bom, isso é, bem exótico. – murmurou sem nenhuma animação.

- Me deixe ver. – a empurrou um pouco para ter uma visão melhor.

Rua de pedras que pareciam escorregadias. Casas antigas e algumas quase caindo aos pedaços, nenhuma construção se sobressaia, nenhuma pessoa andava nas calçadas ou ruas que cruzaram. Não havia som.

- Que horas são? – questionou olhando o próprio relógio. Era pouco menos de sete horas, deveria ter alguém na cidade. Ao menos um cachorro, qualquer coisa além das construções vazias e a névoa.

- Sete horas. – Gray, que embora tivesse uma janela só para si estava debruçado pelo banco e observava tudo com Erza e Natsu, foi quem respondeu.

- Atenção alunos! – Macao, o coordenador calvo e barbudo chamou todos. – Sei que estamos todos animados para essa aventura que se inicia, mas logo chegaremos ao hotel em que ficaremos então quero que peguem suas malas e se juntem no saguão porque temos algumas informações a serem passadas, não se esqueçam que ainda podemos dar advertência. – era a ameaça dele, embora poucos se importassem com ganhar ou não advertência, no final não mudava nada.

Como se pensado de forma cronológica o ônibus parou no momento em que Macao havia terminado de falar. Era um veiculo novo, mesmo assim fez um barulho considerável segundos depois que estacionou e então os alunos foram jogados todos em uma única direção completamente inclinados.

- Que merda é essa?! – alguém gritou, Natsu não soube quem, estava ocupado com Erza sobre si e a dor que se iniciou no seu quadril e então a perna esquerda, a que ele havia conseguido andar sem mancar há poucos dias.

- Senhor, Natsu eu te machuquei?! – Erza se ergueu em um pulo e então estava o erguendo também. A garota conseguia fazer isso com facilidade mesmo na atual situação do ônibus.

- Não, tudo bem, eu estou bem. – tratou de garantir assim que se pós de pé, mas a perna doía muito, apenas o quadril parecia ter aceitado o bem o impacto. – Está todo mundo bem? – questionou desesperado olhando em volta de si, jurava que a qualquer momento iria veria alguém ferido.

Com um ferimento serio.

Fatal.

Um colega morto.

Assim como Lissana.

- Todo mundo? Você que está pior. – Gray assim como Erza estava parado perto dele. Por todo ônibus eram ouvidos resmungos e pequenos gemidos de dor. – Vamos sair daqui. – o amigo não perguntou qual a situação dele, apenas passou os braços de Natsu por seus ombros e começou a andar pelo ônibus. Na frente estava Erza mandando todos saírem, empurrando com força, jogando um ou dois alunos no chão.

- Isso não é necessário. – Natsu tratou de se soltar quando chegou à porta. Desceu sozinho. Odiava sentir-se um inconveniente para qualquer um, já tinha feito isso demais nos meses de recuperação.

- Diga algo quando não estiver tremendo e chorando. – Gray vinha logo atrás. Eram melhores amigos, mas isso porque eram iguais, a mesma forma explosiva de Natsu era tida pelo outro. Não aceitariam mais nada.

- Chorando? – murmurou erguendo as mãos ao rosto. Molhado, estava com o maldito rosto molhado. Odiava isso. – Eu só preciso de um pouco de ar. – olhou na direção de Gray. – É serio, vê se ninguém se machucou. – rosnou apontando para o ônibus que parecia realmente inclinado.

- Okay! – concordou, mas demorou alguns segundos para fazê-lo.

Natsu respirou fundo secando o rosto. Era a sua sorte, após meses longe de estradas, na primeira vez que o fazia sofria um pequeno acidente. Caminhou até que ficasse um pouco mais distante de todos os sons que os demais alunos faziam.

O clima da cidade não era quente e por isso o rosado acabou puxando as mangas compridas de sua blusa verde, era fina e não parecia ser muito eficiente contra a alta umidade e o vento gelado. E isso porque ainda não era noite. Bem típico de áreas entre montanhas e no interior.

Observou a cidade. Parecia antiga e intocada, sombria já que a luz do sol já quase não se mostrava mais presente. Contudo, agora parecia ser habitada. Não uma ou duas, mas dezenas de pessoas estavam paradas a uma distancia considerável, mesmo assim parcialmente ocultos, Natsu nunca precisou de óculos, mas eles estavam embaçados. Mal se moviam, pareciam apenas observar.

Moveu o braço os chamando, afinal precisariam de ajuda com o ônibus. Não houve muito movimento, nada que indicasse que iriam se aproximar. Exasperado o rosado olhou na direção do automóvel para verificar se ele que havia imaginado uma situação critica onde não precisaria de ajuda, mas não, era obvio que precisariam.

O ônibus estava quase caindo, por favor!

- Maldição. – murmurou irritado, aqueles caipiras iriam ajudar querendo ou não, decidiu se virando e caminhando na direção deles. Mas então parou perdendo toda a sua vontade de fazer qualquer ação.

A sua frente novamente surgia a cidade antiga, intocada e sombria, mas agora, completamente vazia.


Notas Finais


Então, o que acharam? Vamos lá, comentem e deem a opinião, juro que não mordo e sou legal kkkkkk

Por enquanto estou apresentando as circunstancias, a Lucy vai aparecer em um caso bem especifico, então enquanto não tiver todo o ambiente própria ficaria estranho, estou fazendo isso e bem, prestem atenção na Juvia porque ela também será de extrema importância para a história.

Ah, sobre as postagens, será no mínimo uma vez por semana. Provavelmente na quarta (sei que hoje é quinta, ainda preciso me adaptar kkkk, mas foquem em uma vez por semana XD). Talvez mais, depende um pouco da minha animação e tals.

Novamente espero que tenham gostado e mais uma vez obrigada por estarem acompanhando.


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