História Sombras do passado - Capítulo VIII

"Há mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas!"

William Shakespeare

Todos estavam reunidos nos portões do castelo para partir, Regina observava um pouco de longe Robin apertando Roland num abraço e o beicinho triste do bebê agarrado em seu pescoço. Ela odiava vê-lo triste e odiava Robin ainda mais por não desistir da idéia e ficar com o filho mas, ao mesmo tempo, somente pelo fato dele estar indo, ela se sente estranhamente mais segura. É claro que ela jamais admitiria isso pra ele, ainda mais depois da noite passada. Eles ainda não se encontraram e sinceramente Regina não sabe como olhar para ele depois de tudo que aconteceu...mesmo que não tenha acontecido nada. Ela se aproxima pois também quer ter a chance de dizer até logo para seu amigo.

"Gina!" Grita ele assim que seus olhinhos à alcançam e ela não pode fazer nada além de sorrir. Robin coloca Roland no chão e assim que se levanta os dois trocam olhares pela primeira vez desde que ele saiu do quarto aos primeiros raios da manhã, deixando-a divagando sobre ele e sua frase carregada de ousadia e doçura ao mesmo tempo. Regina sustenta o olhar até sentir algo agarrar suas pernas.

"Olá querido" diz ela se abaixando para ficar quase na altura dele.

"Gina uma coisa mágica aconteceu comigo" diz ele todo empolgado.

"É mesmo? Me conte!" responde ela, sorrindo para ele. Robin os observa de perto.

"Você aquedita que eu domi na sua cama mas acodei na minha?" diz ele arregalando os olhinhos para ela, que precisou levar as duas mãos à boca para se impedir de rir. E foi bom, porque deu mais drama à situação e Roland realmente achou que ela estava impressionada.

"Meu Deus, bebê, isso é fantástico! Será que eu consigo fazer um dia?"

"Eu acho que sim Gina, poquê eu sou 'quiança' e fiz então você adulta cosegue também" diz ele à encorajando. Regina se aproxima e diz bem baixinho no ouvido dele como se estivesse lhe contando um segredo, mas que todos puderam ouvir.

"Vou te contar um segredo que o pequeno príncipe me ensinou" Roland se empolga.

"O pequeno píncipe Henry?" questiona ele e Regina sorri por ele se lembrar do nome de seu filho.

"Ele mesmo. Ele me ensinou que crianças podem fazer coisas extraordinárias, mais do que os adultos às vezes. E você, como é uma criança muito especial, com certeza faz" finaliza ela.

"Uau!" Responde Roland fazendo ela e Robin sorrirem. O ladrão estava complemento encantado com tudo que dizia respeito ao relacionamento de Roland e Regina, era simplesmente tudo muito natural. Jhon se aproxima dele mas ele nem nota, até que ouve a voz do amigo ao seu lado:

"Pegou babador pra levar?" só então Robin olha pra ele com uma expressão confusa. Jhon ri "se você não pegou é melhor ir buscar. Eu não estarei lá para enxugar sua baba toda vez que ficar olhando hipnotizado para ela. Se não quiser ser pego, é melhor andar prevenido" completa Jhon e Robin abaixa a cabeça em negação enquanto ri também.

"Vamos torcer para ninguém ser tão observador como você" diz, mal sabendo que uma certa princesa já estava muito atenta à tudo. David os chama e eles sabem que é hora de partir. Regina dá mais um abraço em Roland:

"Seja um bom menino e não precisa se preocupar, logo nós estaremos de volta"

Nós.

Robin escutou aquilo e interpretou totalmente diferente do que ela quis insinuar, mas sua mente e coração já o estavam traindo nesse nível. Roland deixa um beijinho na ponta do nariz dela e ela retribui da mesma forma, aquilo já tinha virado algo deles. Ela levanta e ajeita suas roupas enquanto vê Roland se atirar para os braços do pai mais uma vez:

"Nunca se esqueça do quanto eu te amo, filho. Você é muito especial! Seja bom para o Tio Jhon, Senhora Granny e Ruby. Nada de pedir doce fora da hora e nem fazer birra para tomar banho. E Roland" o menino prestava muita atenção no pai "nada de sair sem avisar, não deixe o Tio Jhon e os Merry Men te procurando feito doidos, não apronte!"

"Sim, Papa" Regina mordia a bochecha para não rir imaginando todos aqueles marmanjos procurando desesperados aquele pinguinho de gente.

"Eu vou voltar logo dessa vez, eu prometo. Sentirei saudades cada segundo"

"Eu também, Papa. Eu te amo e o Balu também" diz ele e Robin o abraça mais uma vez, levantando-o em seu colo e o entregando a Jhon.

"boa sorte, amigo" deseja Jhon dando uma piscadinha nada discreta para ele. Robin sorri e dá um abraço no amigo, aproveitando para dar mais um cheirinho em seu filho.

"Obrigado" Jhon sai em direção ao acampamento com Roland e Robin segue até Regina:

"Oi"

"Oi" responde ela um tanto sem graça. Regina não sabia o que dizer ou se deveria dizer algo, também não queria que ele perguntasse nada. Após um pequeno silêncio constrangedor onde ambos apenas ficaram olhando um para o outro, Robin se manifesta:

"Vossa Majestade precisa de ajuda com algo?" Oferece ele.

"Não" diz ela surpresa por ele não tocar no assunto deles terem passado a noite no mesmo quarto "obrigada" e assim que essa palavra sai de sua boca Robin abre um enorme sorriso para ela.

"O que foi?" Pergunta, confusa. Robin cruza os braços e ainda sorrindo ele diz:

"Não foi tão difícil, foi? Eu ofereci algo e mesmo você não precisando, agradeceu. Estou orgulhoso de você" diz ele e ela rola os olhos em descrença.

"Já me arrependi" ela responde e ele solta uma gargalhada enquanto se abaixa para pegar sua bolsa com flechas (as com ponta de ouro não estavam ali, no entanto) e seu arco.

"Vossa Majestade pegou a capa?" Pergunta ele e Regina cora na hora. Por um momento ela achou que ele não ousaria e deixaria tudo como estava. Mas ele era ele e é claro que ia abrir a boca sobre algo "não para mim, porque já disse que ela não me pertence mais, só estou preocupado que talvez vossa alteza tenha dificuldades para dormir sem ela." completa ele e Regina não acredita no acabou de ouvir.

"Pois saiba que eu durmo muito bem sem aquela capa que cheira à floresta, eu só estava coberta com ela ontem porque foi a primeira coisa que encontrei para me aquecer. Tenho cobertores muito mais cheirosos e eficientes" ela diz, alterada. Robin morde o lábio inferior e levanta as sobrancelhas enquanto sorri.

"Que bom, então Vossa Majestade dormirá muito bem" diz ele e ela estreita os olhos pra ele sabendo que algo mais estava por vir. E ela estava certa. "Mas...caso sinta falta dela e precise de algo para te aquecer e te fazer lembrar... eu posso dar um jeito nisso" finaliza ele com uma piscadinha, fazendo-a arregalar os olhos e corar mais uma vez. Seu sangue ferve com a falta de limites dele.

"Você quer que eu queime sua bunda de novo, Locksley?"

"Eu prefiro minha bunda perfeita sem marcas de queimadura, Majestade" diz ele se controlando ao máximo.

"Então cale a boca e tire essa bunda perfeita da minha frente antes que eu perca mais a minha paciência com você! E nós ainda nem saímos do castelo!" Regina nem reparou no que disse, mas Robin se deleitou com o que ouviu:

"Vossa Majestade acha minha bunda perfeita?" Diz ele arregalando os olhos e exibindo ainda mais suas covinhas. Regina pira.

"Locksley!"

"ok! ok!" diz ele enquanto sai da frente dela sinalizando para que ela passe, o que ela faz parecendo um furacão, indo ao encontro dos demais em passos firmes e apressados. Robin ri e vai atrás deles. Depois de se reunirem e repassarem algumas coordenadas, o quinteto sai em direção à floresta.

➳

Eles caminham sendo liderados por Robin, que se mostra muito seguro e certo de onde ir, dispensando qualquer uso de mapas. Vez ou outra ele olha para trás, se assegurando que todos estavam o seguindo e também, para olhá-la. Regina estava sem seus volumosos vestidos e isso parecia deixá-la mais livre e à vontade. Belle e David seguiam logo atrás de Robin, numa animada conversa sobre as aventuras de Belle antes de conhecer Rumplestiltskin e sobre sua sede por aventura, caçando criaturas lendárias. Branca e Regina ficaram por último, caminhando lado a lado em silêncio, mas isso não duraria por muito tempo.

"Como você está, Regina?" Pergunta Branca dando início à uma conversa que Regina não queria ter.

"Estou perfeitamente bem"

"Você não precisa esconder o que está sentindo de mim. Também sinto falta da Emma de uma maneira que você sabe bem como é" diz a princesa e Regina solta um longo suspiro. Ela não queria entrar naquele terreno.

"Eu não quero falar sobre sentimentos com você, Branca. Ainda mais quando eles envolvem a sua filha que tomou o meu filho de mim..."

"Regina, Henry é filho da Emma e..." Regina pára abruptamente e a encara.

"Pare agora mesmo ou isso não vai dar certo. Nunca mais venha jogar para cima de mim essa história de que o que está acontecendo é certo porque não é. Emma abriu mão de Henry e nunca foi procurá-lo, ela se quer quis saber sobre ele dez anos depois, então não me venha com esse papo de que ela é a mãe dele porque você sabe muito bem que ela não é. Você pode criar a sua fantasia de que sua filha é perfeita, mas no fundo você sabe que isso não é verdade. Passe a mão na cabeça dela o quanto quiser, mas não venha fazer isso contando com a minha paciência para ouvir. Ela só está com Henry hoje porque eu era a única que poderia nos salvar. Se sua filha perfeita cumprisse o dever dela de "salvadora", ela que deveria ter tirado todos dessa situação e não eu e, acredite em mim quando digo, em hipótese alguma eu abriria mão do Henry e eu só os salvei por causa dele e mais ninguém. Nunca mais venha com esse papo de que ela é a mãe dele pra cima de mim. Eu o criei e se ele é o garoto incrível, saudável e feliz que é hoje é por minha causa. Então me poupe da sua hipocrisia e, para o bem dessa missão, não toque mais nesse assunto comigo" finaliza Regina, deixando Branca sozinha e parada no mesmo lugar, absorvendo cada palavra que a Rainha disparou contra ela. David percebe que alguma coisa aconteceu e vai até sua esposa, Belle se junta à Robin e Regina segue sozinha entre eles.

O grupo caminha por horas, vez ou outra parando para se alimentar e se hidratar. Quando o final da tarde se aproxima, Robin percebe que todos estão cansados, principalmente a princesa, e acha melhor levantarem acampamento. Ele encontra um bom local, perto de um rio e pára de caminhar, esperando todos se aproximarem.

"Eu aconselho pararmos por hoje. Logo irá escurecer e este é um bom lugar para levantarmos acampamento. Pelos meus cálculos, se sairmos cedo amanhã, chegaremos ao castelo do Senhor das Trevas no meio da tarde"

"Acho uma boa idéia, meus pés estão me matando" diz Branca.

"Então vamos logo armar acampamento antes que escureça" incentiva David e ele e Robin começam a tirar as barracas de suas bolsas. Quando vê apenas três barracas no chão, Regina se manifesta:

"Por quê apenas três? Não somos em cinco? Sei que os pombinhos vão querer dormir juntos mas então teríamos que ter pelo menos quatro barracas"

"Era muita coisa para carregar, Majestade. E três barracas dão perfeitamente bem para todos" diz Robin.

"Não vou dividir minha barraca com ninguém" diz a Rainha e cruza os braços de maneira birrenta olhando para ele, mas Robin não parece incomodado com isso.

"Como quiser, Majestade. Eu posso muito bem dividir minha barraca com a Belle, se isso não for um problema para ela" diz ele.

"Problema nenhum" responde Belle sorrindo e Regina se lembra da proposta de Robin sobre estar disponível para aquecê-la a noite e seu sangue ferve ao imaginar ele aquecendo Belle ao invés dela. Ela não poderia deixar isso acontecer.

"Na verdade, eu acabei de me lembrar de que quero discutir uns assuntos com você Belle, então seria melhor para todos se você dividisse a barraca comigo" diz a Rainha tentando se mostrar o mais natural possível e evitando à qualquer custo o olhar de Robin.

"Melhor para TODOS?" Provoca Robin, dando ênfase na palavra final.

"SIM!" responde ela de modo autoritário, crescendo seu olhar ameaçador para cima dele. Belle, que ficou curiosa a respeito de que assuntos seriam esses, simplesmente aceita.

"Por mim tudo bem, tendo um lugar para descansar já está ótimo"

"Muito bem então, estamos decididos" diz Regina e olha para Robin, que sorri para ela. Ela não devolve o sorriso, mas espera até ele se virar para que sorria discretamente também.

Robin e David montam as três barracas enquanto Branca, Belle e Regina recolhem algumas madeiras para fazerem uma fogueira. Como eles haviam entrado em acordo para que Regina não usasse sua magia caso Zelena a estivesse rastreando, tudo estava sendo feito de maneira normal. Assim que o acampamento improvisado ficou pronto, todos colocaram seus pertences em suas respectivas barracas e se reuniram onde haveria uma fogueira logo mais.

"Aproveitem o rio para se banharem enquanto ainda está claro, senhoras. Eu vou caçar algo para jantarmos" diz Robin.

"Você só pode estar brincando! Eu não vou me lavar num rio!" diz a Rainha.

"Então Vossa Majestade vai ficar fedidinha, como diz Roland" fala Robin e todos riem, deixando Regina nervosa.

"Bom, eu estou indo me lavar. Você vem, Belle?" pergunta Branca.

"Sim, estou louca por um banho!" responde.

"Enquanto isso eu acendo a fogueira" propõe David. Robin pega seu arco e flecha e sai para caçar. Regina então se recolhe para a barraca, ela estava doida por um banho mas não iria se despir e tomar banho num rio feito uma selvagem. Pelo menos não na frente deles. Assim que Belle retorna, Regina sente inveja de seu frescor e ambas escutam David anunciar que está indo se banhar. A Rainha sai da barraca e logo vê Robin, depenando um animal que parecia ser um pato, mas ela não tem certeza. Ela o espia por detrás de algumas pedras, prestando atenção em cada detalhe seu. A expressão séria e concentrada enquanto trabalha, os movimentos precisos que acentuam seus braços fortes. Ele é um homem lindo e deve ter muitas atrás dele. Muitas melhores do que ela jamais poderia sonhar em ser... Ela fica quieta ali observando ele o quanto pode, até David se aproximar e os dois arrumarem tudo para o jantar. Reunidos na fogueira, o clima parecia o mais normal possível dentro daquela situação. Os cinco comiam enquanto discutiam estratégias para entrarem no castelo. Ficou de comum acordo entre todos de que Robin e David se aproximariam primeiro, caso houvesse alguma surpresa preparada por Zelena os esperando. Regina não estava nem um pouco feliz quanto à isso, mas sem poder usar sua magia por enquanto, não pôde deixar de concordar que seria o mais seguro à fazer pois, caso algo os esperasse, ela poderia contra atacar com sua magia depois de descobertos.

"Partiremos ao nascer do Sol, quanto antes chegarmos, mais rápido saímos de lá. Tenho a sensação de que não será assim tão simples..." Diz Branca.

"Vamos nos manter positivos. Até agora está tudo bem" encoraja David.

"Nós vamos conseguir!" Acrescenta Belle.

"Bom, se o grupo de auto-ajuda motivacional já terminou eu gostaria de me recolher" comenta Regina sem paciência. Todos concordam com a cabeça e ela se retira sem olhar para trás. Os quatro ainda compartilham mais algumas histórias junto ao fogo antes de também se recolherem. Assim que Belle entra na barraca, Regina finge estar dormindo, afinal ela não tinha nenhum assunto para tratar com ela e só usou a primeira coisa que venho à sua cabeça como uma desculpa para não permitir que Robin dormisse com a traça de biblioteca. Era algo sem cabimento, já que os dois não lhe deviam nenhuma satisfação, mas Regina não queria saber. A Rainha espera por quase uma hora até ter certeza de que Belle havia dormido. Ela estava desesperada por um banho e não conseguiria descansar sem se lavar. Sendo o mais discreta possível, ela sai do acampamento carregando uma troca de roupa. Assim que chega à margem tranquila do rio, ela se despe, ficando apenas com suas roupas de baixo e encara o desafio à sua frente. Estava tudo muito silencioso e as águas calmas à luz da lua se tornavam negras, fazendo Regina se sentir amedrontada para entrar, mas ela não tinha escolha, era sua única opção.

"Não é nada prudente ficar saindo do acampamento sozinha à noite enquanto tem uma bruxa querendo te matar, Majestade" Regina dá um pulo ao ouvir a voz de Robin, pegando uma toalha e se cobrindo da melhor maneira que pode. Ela olha para trás e para os lados, mas não o vê. Assim que direciona seu olhar para o rio porém, enxerga seu torso nu a observá-la. Sua pele bronzeada e agora molhada fazia contraste com as águas negras, a hipnotizando.

"O que faz aqui?" é a única coisa que ela consegue dizer.

"Vim tomar banho. Parece que tivemos a mesma idéia"

"Uma idéia que eu acabei de mudar. Boa noite Locksley"

"Regina, espere! Por favor fique e tome seu banho. Sei que é teimosa demais para admitir mas está cansada, e um banho vai ajudá-la a dormir melhor. Eu já estava de saída" ele dá um último mergulho sob os olhares dela, e começa a se direcionar para a beira do rio. Ela pensa em desviar o olhar, mas não foi possível. A imagem dele saindo das águas feito um Deus do pecado fez suas partes íntimas se molharem mais do que toda a água fornecida por aquele rio. Conforme ia saindo, ela pode notar que ele continuava com os punhos enfaixados e estava usando uma calça, o que a decepcionou profundamente. Ela só se deu conta de que ele estava em sua frente quando ele passou os dedos por entre os cabelos molhados e alguns respingos a atingiu. Pegando uma toalha, Robin se afastou e começou a se secar.

"Vou virar de costas assim Vossa Majestade pode ficar à vontade para entrar" diz ele e se vira. Ele já tinha colocado em sua cabeça que se afastaria para deixá-la a vontade mas que não voltaria para o acampamento sem ela, nem que para isso tivesse que ficar escondido para acompanhá-la. Ele vê pelo canto dos olhos quando Regina deposita sua toalha numa pedra próxima e espera ouvir o barulho das águas quando ela entrar, mas isso não acontece. Ele dá mais um tempo, mas tudo que pode ouvir são os grilos. Então, com cuidado e um pouco de receio, ele se vira e encontra Regina parada no mesmo lugar. Ela usava uma espécie de camisola, mas bem diferente daquela que ele teve o prazer de vê-la usando. Ele se aproxima com cuidado e se coloca na frente dela, que cruza os braços em frente ao corpo, tentando esconder qualquer coisa dele. Robin vê seu olhar assustado e pergunta:

"Qual o problema, Regina?" Ela continua encarando o rio e engole seco, não respondendo nada. Robin desvia seu olhar do dela para olhar para o rio e depois se volta para ela novamente, compreendendo o que se passava.

"Está com medo?" Regina desvia o olhar e olha para ele. Robin enxerga tudo que precisa através dos seus olhos "Não precisa ter medo, o rio não é fundo e o chão não tem muitas pedras, pode acreditar" Regina não se mexe, numa luta interna entre vencer seu medo diante dele (não poderia ser pior!) e confiar no que ele está dizendo. Vendo que a batalha dela com ela mesma está longe de terminar, Robin retira a toalha de seus ombros e começa a entrar no rio novamente.

"O que está fazendo?" Pergunta Regina e se espanta ao vê-lo se virar e oferecer a mão para ela.

"Venha"

"Eu não vou tomar banho com você!" Robin ri.

"Eu não esperava que fosse. Venha, Regina, só irei ajudá-la a entrar e se sentir segura. Confie em mim" diz ele a olhando daquela maneira que somente ele olha. Aquilo era um absurdo, mais um deles na verdade. Mas antes que ela possa deixar sua insegurança dominá-la, sua mão já está na dele, caminhando rio à dentro. A água estava muito agradável, para sua surpresa, e ele caminhou com ela até que a água encobrisse seus seios, assim ela ficaria mais confortável. Quanto mais adentravam as águas, mais firme ela segurava em suas mãos e Robin jamais desviava seu olhar do dela. Assim que pararam, ele desfez o contato devagar, até sentir que ela estava confiante o bastante para ficar à sozinha.

"Vou deixá-la à vontade" diz ele se virando para sair.

"Não, por favor...fique" ela diz e ele volta a olhá-la "só... mantenha-se longe, por favor"

"Eu jamais me aproximaria ou a tocaria sem a sua permissão" diz ele e ela sabe que é verdade "vou ficar de costas, tudo bem?" Ela acena que sim e Robin se vira para que ela tenha privacidade e possa se banhar.

"Então...sua primeira vez tomando banho no rio?" Ele puxa assunto, não esperando ser respondido, mas para sua surpresa, ele é:

"Na verdade não. Eu costumava fugir da minha mãe para tomar banho num rio perto do meu antigo palácio. Mas sempre era de dia e eu conhecia aquelas águas..."

"Por isso ficou com receio de entrar a noite nesse. Muito prudente, Majestade. Mas por que tinha que fugir de sua mãe para poder fazer isso?" Pergunta ele sem saber que estava adentrando um terreno sensível.

"Eu prefiro não falar sobre a minha mãe" é só o que ela responde.

"Me desculpe" diz ele, anotando mentalmente que algo naquela relação também a havia afetado. Ela se mantém em silêncio "Está confiante sobre amanhã?" tenta Robin mais uma vez, mudando de assunto.

"Você que deve me responder isso, afinal quem já invadiu aquele lugar foi você. Aliás, quando foi isso?"

"Durante a maldição. Nós que ficamos tivemos alguns problemas com ataques de ogros. Eu temia pela nossa segurança e principalmente por Roland. Sabia da existência do castelo e que estava abandonado, então fomos para lá. Como eu já havia sido prisioneiro ali, sabia como entrar e assim o fiz, assegurando de que tudo estava bem para que só então meus homens viessem e trouxessem Roland. O lugar estava uma bagunça, alguém já havia o invadido antes de mim, mas era um teto e nos manteria em segurança até que tudo se ajeitasse"

"Então você não foi até lá para roubá-lo?" Pergunta ela em tom surpreso e Robin ri.

"Por mais incrível que possa parecer Majestade, não, eu não fui. Ao contrário de Neal..."

"Neal? Foi lá que se conheceram?"

"Sim. Certo dia ele e Mulan invadiram o castelo"

"Quem é Mulan?" questiona ela.

"Uma mulher guerreira e muito fascinante. Eu até a convidei para fazer parte dos Merry Men na época" Regina já começa a sentir mais uma vez a centelha do ciúme se manifestar dentro dela "Ela aceitou, o que me deixou muito feliz, afinal ela era incrível e seria perfeita para o nosso tipo de trabalho. Mas pouco tempo depois ela veio conversar comigo e acabou nos deixando. Ela disse que não tinha condições de ficar" Regina deixa sua curiosidade falar mais alto:

"E por que não?" pergunta já temendo a resposta.

"Ela estava apaixonada" diz Robin.

"É claro que estava..." Responde Regina mais alto do que deveria e Robin sorri, aproveitando que ela não podia vê-lo.

"Não por mim, caso queira saber..." Regina solta o ar que nem sabia que estava preso até então "por conta disso, ela foi atrás de seu amor"

"Tola" responde Regina.

"É quem não é quando o assunto é o coração?" rebate ele "enfim, Neal precisava chegar à Terra do Nunca e foi atrás de algo que pudesse levá-lo até lá. Foi aí que eu soube que ele era filho do Senhor das Trevas. Mas não era por causa dele que ele estava lá, ele me disse que precisava resgatar seu filho"

"Henry..." Diz ela bem baixinho.

"O que disse?" pergunta ele e ela decide contar.

"Henry, meu filho, ele é...filho do Neal. Eu estava na Terra do Nunca tentando resgatá-lo quando ele chegou lá..." Robin está chocado com a infinidade de coincidências.

"Vossa Majestade está me dizendo que Neal e a filha da princesa são os pais de seu filho?"

"Bem vindo a árvore genealógica dessa família" diz ela com sarcasmo "como ele conseguiu chegar até lá?"

"Roland" responde Robin.

"Roland?" Questiona Regina.

"Sim. Crianças são o alvo de Pan e sua sombra. Contamos a história para ele sobre a Terra do Nunca e só bastava que ele acreditasse. Bolamos um plano para parecer que Roland estava sozinho e ele chamou pela sombra de Pan, dizendo que acreditava nela. E então quando ela apareceu, Neal se agarrou à ela e partiu. Fico feliz de saber que deu certo" Depois de toda essa revelação, o silêncio reinou entre eles. Após mais um tempo ele a ouve:

"Eu terminei"

"Você quer que eu saia primeiro?"

"Sim, por favor" Então Robin sai do lago, sendo seguido por Regina logo atrás de si. Enquanto ela o via à sua frente, o sentimento que pairava sobre ela era de querer abraça-lo. Ele não precisava ter feito isso, aliás não precisava ter feito muitas coisas desde que se conheceram, mas era assim que ele agia. Ele a surpreendia em coisas que ela jamais poderia imaginar e ela estava ficando sem argumentos para brigar consigo mesma por conta das vontades que isso despertava. Eles sairam do rio e Robin permaneceu de costas até que ela o avisasse que já havia terminado de se trocar. Eles seguem até o acampamento em silêncio e, antes de se recolher em sua barraca, Regina se vira e diz:

"Locksley?" Ele a olha "Obrigada"

"Cuidado, Milady. Eu posso me acostumar com isso..." ele diz sorrindo e some para dentro de sua tenda. Regina suspira:

"Eu também"

➳

A manhã seguinte chegou e, quando Regina saiu de sua barraca, se deparou com Robin sentado num tronco junto com Belle, que terminava de refazer suas ataduras no punho. A naturalidade doa dois rindo e conversando um com o outro...aquilo à incomodava num nível absurdo, mesmo sabendo que Belle tinha sentimentos por Rumplestiltskin. Assim que ela terminou, Robin tomou uma de suas mãos e deixou um beijo nela, acabando com qualquer resquício de controle de Regina sobre seu ciúme. Depois de ver Belle se afastar, o olhar de Robin se cruzou com um olhar nada amistoso da Rainha, que virou as costas para ele e saiu pisando duro em direção aos demais, deixando-o confuso sobre sua atitude. Logo que os primeiros raios de sol surgiram, os cinco já haviam retomado sua caminhada em direção ao castelo de Rumplestiltskin. Nenhum dos dois tocou no assunto e era como se nada tivesse acontecido. Branca estava de olho em cada movimento dos dois, mas pelo mau humor de Regina, tudo continuava na mesma. Entre algumas paradas para descanso, alimentação e hidratação, eles chegaram ao castelo no meio da tarde, como Robin havia previsto. Regina o ignorou por todo o tempo e ele achou melhor não provocá-la e nem perguntar o motivo de tanta hostilidade, pois estavam prestes a enfrentar algo desconhecido e o foco não deveria ser outro além desse. Como havia sido combinado, ele e David entraram primeiro, Robin o guiou e eles conseguiram entrar com sucesso. Assim que viram que não havia perigo visível, chamaram as três para se juntarem à eles. O lugar estava silencioso, parecia vazio. Belle se emocionou ao estar de volta ao local que mudou tanto sua vida.

"É muito estranho estar de volta..."

"Não consigo imaginar o que possa estar sentindo" diz Branca "onde você acha que ele pode estar?"

"Sinceramente? Não sei! Mas sugiro que comecemos pelo salão principal. Ele guardava muita coisa importante ali camuflado com magia"

"Me lembro bem disso quando Neal esteve aqui. É uma boa idéia. Por aqui" Robin guia todos até uma enorme porta. Ele desconfia do fato dela estar fechada, pois a maioria das portas pelo qual passaram estavam abertas, o que poderia significar que ali havia algo guardado. Regina se adianta e vai em direção à porta para abri-la.

"Vossa Majestade, eu não faria isso" alerta Robin. Regina o ignora e quando está prestes a tocar a maçaneta, Robin atira uma flecha na porta, fazendo a mesma pegar fogo devido ao feitiço de proteção. Todos se assustam e Regina se vira possessa para ele:

"AQUELA FLECHA QUASE ARRANCOU A MINHA CABEÇA!" grita e Robin responde no mesmo tom:

"AQUELA PORTA QUASE ARRANCOU SEU BRAÇO!" Ele se acalma um pouco "De onde eu venho, um simples obrigado basta" Regina o olha de baixo para cima com desdém:

"De onde você vem as pessoas se banham no rio e usam pinhas como dinheiro" Robin acha inacreditável aquele comentário.

"Somente de onde eu venho que as pessoas se banham no rio, Majestade?" Devolve ele e Regina arregala os olhos furiosa.

"Muito bem vocês dois, não é hora para isso" interfere David "Obrigada Robin, poderíamos ter nos machucado. Será que agora está seguro para abrir?"

"Acredito que não. É magia! Somente se alguém a desfazer" diz Belle e ela estava certa. Quando Robin atira uma segunda flecha, a porta reage do mesmo jeito. Regina então se coloca na frente deles e com sua própria magia, desfaz o feitiço.

"Regina! Nós havíamos concordado que você não usaria magia!" reclama Branca.

"Ou era isso ou não entraríamos! Você não disse que faria tudo por ser filho? Pois eu faço tudo para matar essa bastarda. Agora que tal pararmos de julgar e entrar?" Diz ela abrindo a porta sem nenhuma dificuldade. Assim que entram, a figura de Rumplestiltskin é vista no canto do salão em seu tear. Ele está preso em uma jaula mágica e está em sua antiga forma. Parece louco, trabalhando sem parar e falando sozinho, parecendo não se incomodar com a presença deles ali. Os olhos de Belle se enchem de lágrimas ao vê-lo e ela é amparada por David. Os cinco se aproximam da criatura, sendo Belle a primeira a tentar contato com ele:

"Rumple...?"

"Rumplezinho não está aqui. Rumplezinho se foi, queridinha..." Responde ele sem desviar os olhos do tear.

"Ele realmente voltou dos mortos" diz Regina fascinada.

"Morto. Morto. Muito melhor. Morto" repete Rumple.

"Ele está louco!" Fala David.

"Pelo contrário, agora tenho duas mentes..." Responde Rumple.

"O que ela está fazendo com ele?" Questiona Belle, que agora já estava chorando. Branca vai até mais próximo da jaula, sendo seguida por David.

"Rumplestiltskin precisamos da sua ajuda. Como podemos parar Zelena?" Mas Rumple continua a tear sem dar atenção à princesa.

"Isso é inútil!" Diz Regina.

"Me deixe tentar" Sem medo algum, Belle se aproxima da jaula, passa uma de suas mãos pela grade e segura a mão dele. Isso o tira do transe e o faz olhar para ela, que busca desesperadamente o olhar dele, rezando para encontrar vestígios do homem e da criatura que ama "Rumple, sei que está aí...sei que pode me ouvir. Como podemos parar Zelena?" pergunta ela, acariciando sua mão. Rumplestiltskin parece mais calmo e concentrado, dando esperança em todos.

"Luz" ele diz.

"O quê?" Pergunta Belle.

"Magia branca, magia de luz. A Bruxa boa do Sul...Glinda" pela primeira vez ele parece fazer sentido.

"Onde podemos encontrá-la? Em Oz?" Questiona Belle. Mas ele balança a cabeça de forma negativa freneticamente.

"Não... Ao norte da Floresta... Pela porta, pise dentro... Do coração puro ela não se esconderá..."

"E o que mais Rumple?" Ela tenta, mas ele solta sua mão e volta a tear como se nada tivesse acontecido.

"É melhor sairmos logo daqui. Não estou com um bom pressentimento" diz Regina.

"Vamos, Belle... Temos que ir" com muito custo, David consegue convencer Belle a deixar o local. Os cinco saem do castelo as pressas e quando estavam próximos à floresta, o exército símio de Zelena aparece. Eram seis macacos alados impedindo suas passagens. Os cinco se colocam em posição de batalha: David e Belle com espadas, Branca e Robin com seus arcos e Regina conjura bolas de fogo com as duas mãos.

"Tomem cuidado e gritem se precisarem de ajuda" diz David assim que os macacos avançam para eles. A briga segue frenética mas os macacos não parecem ser bons de briga e em pouco tempo os cinco derrotam as aberrações.

"Eles não são nada inteligentes" debocha Regina os vendo fugir.

"Você tem razão, irmãzinha. Por isso eu vim cuidar do assunto pessoalmente" Todos se viram para então encontrarem Zelena montada em sua vassoura os observando "se quiser um trabalho bem feito, então faça você mesmo" ela some numa fumaça verde e aparece na frente deles. David avança sobre ela com sua espada e apenas com um movimento de mãos ela o lança para longe.

"DAVID" grita branca desesperada mas quando vai correr, percebe que está presa ao chão. Robin estava em posição de atacar, assim como Belle, mas ambos também não conseguiam se mexer.

"O que você quer com o nosso bebê?" Pergunta Branca e Zelena começa a se aproximar dela.

"Acalme-se, docinho. Não quer entrar em trabalho de parto antes, quer?" debocha Zelena. David volta correndo:

"AFASTE-SE DA MINHA ESPOSA!" grita ele.

"Nossa! Alguém está nervosinho..." ri Zelena e o congela também.

"Já chega! Isso é entre eu e você!" Regina levanta um dos braços para enforcá-la com magia mas Zelena é mais rápida e também a paralisa.

"Vamos ver se tudo isso está valendo a pena..." Zelena caminha até Branca e coloca a mão em sua barriga, sorrindo de maneira diabólica "Ah sim... está valendo muito a pena. Cuide bem dele, princesa, e não esqueça de se alimentar bem. No seu dia feliz, eu vou aparecer, e o que é seu... será meu!" Ela diz. Focada em Branca, Zelena não percebe o esforço de Regina para quebrar o feitiço e, após uma grande demanda de concentração e energia, a Rainha se liberta e joga Zelena longe.

"Não tão rápido, irmãzinha!" Assim que Zelena cai, o feitiço nos outros é desfeito. Eles vêem em direção a Regina para ajudá-la, mas Zelena é mais rápida e lança todos para trás.

"SAIAM JÁ DAQUI! SAIAM AGORA!" grita Regina. David corre até Branca que está no chão com as mãos na barriga, preocupada com o tombo e seu bebê, Robin ajuda Belle a se levantar. Zelena se encaminha para Regina:

"Você não deveria ter feito isso... irmãzinha!" Ela lança um feitiço contra Regina que contra-ataca da mesma forma. Os poderes se chocam, criando um campo de energia entre elas. Robin vem correndo ao encontro de Regina, que quando vê ele se aproximando, entra em desespero:

"NÃO! SAIA DAQUI! SAIA DAQUI!" Mas Robin está vidrado, seu olhar de medo e também de fúria se encontra com o dela. Ele arranca a espada de Belle de suas mãos, jogando seu próprio arco no chão. Regina não pode impedi-lo, pois para isso ela teria que tirar uma das mãos que está usando para contra atacar Zelena, e Zelena não pode atacá-lo, pois teria que fazer o mesmo e diminuir seu poder sobre Regina. À medida que se aproxima, Robin percebe que a magia verde de Zelena se aproxima cada vez mais de Regina. Como ela já havia usado sua energia para se livrar do primeiro feitiço, estava visivelmente mais fraca e perderia aquela batalha caso ele não fizesse nada. Assim que viu a lâmina da espada ele teve uma idéia e agora enquanto corria em direção às duas, rezava para que desse certo.

"NÃO! ROBIN... NÃO!" Ele ouvia os gritos desesperados de Regina mas ele não ia parar...ele não ia deixar que nada acontecesse com ela. Ele tinha que tentar! Quando ele finalmente se aproxima das duas, olha fundo nos olhos de Regina, que está chorando, e sem pensar duas vezes, dá um golpe com a espada no meio do campo de energia, empurrando Regina para o lado ao mesmo tempo, fazendo com que ela perca a conexão. O poder de Zelena reflete na lâmina da espada e ricocheteia, a acertando de volta com sua própria magia. Com o impacto, Robin cai para trás, assim como Zelena, que está desacordada. Antes que alguém possa fazer algo, um de seus macacos alados à recolhe, sumindo com ela de vista pelo céu. Robin se levanta com dificuldade e corre até Regina, que está desacordada mais à frente. David, Branca e Belle se aproximam também.

"Regina?...Regina...?" Robin a toma nos braços e logo procura por sua pulsação.

"Robin por favor..." Suplica Branca aos prantos sendo amparada por David e Belle.

"Ela esta viva...graças a Deus" diz ele suspirando de alívio enquanto tira algumas mechas de cabelo de seu rosto, vendo alguns cortes em suas mãos e braços "mas está muito fraca. Precisamos acomodá-la. Todos estão bem?"

"Sim, estamos bem" responde Belle "vamos voltar para a floresta" Robin pega Regina no colo e o grupo retorna para a floresta. Eles caminham pouco, até encontrarem um lugar seguro e discreto.

"Aqui perto do castelo tem um vilarejo, podemos conseguir ajuda lá" diz Belle.

"É uma boa idéia" concorda David. Ele e Robin armam as barracas e Robin acomoda Regina em uma delas, Branca a livra de suas roupas difíceis, e eles a deixam descansar.

"Irei com Belle até o vilarejo. Fiquem aqui e esperem por nós" Branca e Robin concordam e assistem aos dois desaparecerem entre a mata. Robin faz uma fogueira e eles sentam em um tronco de frente para onde Regina dormia para não perdê-la de vista. Os dois ficaram ali em silêncio por um bom tempo tentando se recuperar de tudo que passaram, Branca por conta do bebê e ele por conta dela. Robin não parava de olhar para ela.

"Você quer ir descansar um pouco, Robin?" Ficarei de olho nela" oferece Branca mas ele recusa.

"Eu estou bem"

"Ela vai ficar bem" a princesa diz e coloca uma das mãos em seu ombro "Regina é forte" Robin acena positivamente e desvia seu olhar para o outro lado, escondendo seu olhar marejado.

"Eu vou me deitar então, qualquer coisa pode me chamar" diz Branca e Robin prontamente a ajuda a se levantar. Ele só relaxa quando Branca some dentro de sua barraca. Ele encosta em uma árvore e apoia sua cabeça entra as mãos. O medo que ele sentiu de perdê-la... Ele a olhava dormindo de forma serena, estava machucada e fraca, mas viva. O pensamento sobre o que poderia ter acontecido com ela caso ele não estivesse ali o arrepia por inteiro. Seus instintos nunca falharam e isso se confirmou hoje. Ele fez bem em vir.

Robin ouve barulhos de cavalos e se coloca de pé com rapidez, ficando aliviado segundos depois por ver David e Belle de volta, agora equipados com três animais. Ele ajuda os amigos a amarrarem os cavalos e lhes oferece um chá.

"Onde está Branca?" É a primeira coisa que David pergunta.

"Ela já foi dormir, estava exausta pobrezinha" responde Robin.

"E Regina?" Se preocupa Belle.

"Continua desacordada. Ela está muito fraca e um pouco machucada. Vai levar um tempo para se recuperar!"

"Pensamos em retornar amanhã para o castelo, por isso trouxemos os cavalos" diz David e vê Robin balançar negativamente a cabeça.

"Ela não tem condições de viajar... não vou permitir que saia daqui. Façamos o seguinte: voltem vocês, Branca precisa de cuidados e você também Belle, eu vi que bateu a cabeça ao cair"

"Eu estou bem, Robin" diz Belle.

"Retornem e assim que chegarem dêem as coordenadas à Jhon para que venham nos buscar"

"Robin, você tem certeza?" Pergunta David.

"Absoluta. Andei espiando por aqui e tenho bastante ervas ao meu dispor para chás e antiinflamatórios. Nos deixe um pouco de comida e água e nós ficaremos bem. Eu cuidarei dela até virem nos resgatar"

"Tudo bem. Então partiremos ao amanhecer e voltaremos o mais rápido que pudermos, meu amigo" diz David e apoia as mãos nos ombros de Robin.

"Você acha que Zelena virá nos procurar?" Pergunta Belle com receio.

"Não...pelo menos não por enquanto. Ela se feriu bem mais que Regina, vai precisar de um tempo para se recuperar, assim espero. Estamos seguros por enquanto" responde David antes de se despedir dos amigos e se juntar à Branca. Belle ia se aproximando da barraca onde Regina descansava mas Robin a impediu.

"Belle, descanse na minha barraca. Eu vou cuidar de Regina"

"Robin você está exausto...eu posso ajudar"

"Vai me ajudar indo descansar assim não tenho que me preocupar com você também" ele diz e ela faz uma careta, fazendo Robin rir, mas depois disso seus olhos se entristecem novamente e ele sabia o porquê "fique tranquila, Belle... Rumple vai ficar bem. Vocês ficarão bem"

"Queria esse otimismo de volta...no momento só consigo pensar de maneira negativa" Ela diz.

"Você está cansada... amanhã é um novo dia e tudo ficará melhor, você vai ver"

"Obrigada, Robin, você é um bom amigo"

"E você é uma boa amiga e uma mulher muito corajosa e inteligente. Vá descansar" e depois disso ela vai para a barraca de Robin o deixando sozinho. Robin alimenta um pouco mais o fogo e se dirige até Regina. Ele se senta ao lado dela, relaxando pela primeira vez desde que escaparam de todo aquele pesadelo. Ver o peito dela subir e descer de forma tranquila e ritmada, lhe traz o conforto necessário para que ele se desligue um pouco do medo que o acometeu mais cedo. Antes de ser dominado pelo cansaço, Robin beija seus cabelos e diz próximo ao seu ouvido:

"Não se preocupe, eu vou cuidar de você. Eu sempre vou cuidar de você"