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História Somebody To You - O Caso de Erza Scarlet. - Adeus, ao menos por enquanto.


Escrita por: CarolHust

Notas do Autor


Então, né... Voltei. E espero compensar.
QUEM ESTÁ LENDO O MANGÁ? Eu estava com muita raiva de Gray, mas agora eu nem sei mais... Por que ele está tão lindo, gente, mas eu também tenho uma tremenda vontade de socar ele pelo que ele fez... T_T. E estou tão feliz pelos casais, mas eu quero ver o reencontro. E tem que ser logo senão eu tenho um sério risco de ter uma crise aqui.
Sobre respostas dos reviews: quando eu tenho tempo, eu sempre priorizo escrever pq eu acredito que é o que vocês iriam preferir. Aí tem os momentos tipo agora, que eu vou dar uma pausa apesar de ter tempo pq depois de seis horas escrevendo... Não dá não. Próxima semana já volta Gruvia o/. Vocês vão saber um pouco mais do "tudo". Mas continuem comentando e saibam que eu leio tudo e adoro vcs. (ownt, mas que pessoa fofa...).
Enfim kkkk. Gostaria de agradecer a UsaNyan, WaterLady, otakutinista e thays_princess por favoritarem a história. Bem-vindos!

Beijos e boa leitura e espero que gostem desse capítulo tanto quanto eu. Não consigo fazer pequenos quando se trata de Jerza. ;)

Capítulo 32 - O Caso de Erza Scarlet. - Adeus, ao menos por enquanto.


Fanfic / Fanfiction Somebody To You - O Caso de Erza Scarlet. - Adeus, ao menos por enquanto.

                − Faltam cinco minutos para o início das lutas! Expectadores, a organização do evento orienta todos a se dirigiram aos suas arquibancadas. Agora, um pequeno aviso do nosso patrocinador...

                Enquanto eu amarrava a faixa branca na minha cintura, terminando de vestir o kimono, ouvia o anúncio e pensava em como as nacionais eram totalmente diferentes de todo outro tido de competição ou amistoso. Tudo parecia mais limpo, organizado, formal. Profissional. E isso me fazia, claro, ficar mais excitada e meio insegura.

                Isso não era só porque eu ia disputar com Mira. Ou porque Jellal assistiria tudo. Ou porque de longe eu podia avistar algumas garotas da Mermeid Heel, o que comprovava que Millianna e Kagura estavam ali. Havia muitas outras coisas, que, em conjunto, me davam uma tremenda dor de cabeça. Segundo Porlyusica, a enfermeira do colégio, era por isso que eu vinha sentindo dores na região dos ombros – muita tensão acumulada.

                Não era como se eu pudesse ignorar o que eu sabia que iria ocorrer, ou diminuir a importância daqueles momentos, então tudo o que prometi ao treinador foi dormir o máximo possível e ficar repetindo aqueles exercícios de respiração que passavam no canal Hindi (que tinha informações sobre um país oriental, comida, e exibição de técnicas de yoga). Não era que eu achasse aquilo ridículo nem nada... Mas duvidava que o apresentador com o aplique de cabelo que ficava caindo realmente soubesse o que estava fazendo. Ou ao menos acreditasse no que dizia.

                Sentei ao lado de Gildarts no banco da equipe. Na arquibancada frontal, eu podia assistir Juvia e Meredy conversando, Gray quieto, mas ouvindo tudo ao lado – Natsu estava ocupado demais e não pudera vir naquela tarde, deixando o moreno sozinho – , Laxus, seus fiéis seguidores e os irmãos Strauss, Gajeel, Jet, Droy e Levy. Os dois últimos garotos se amontoavam ao lado da baixinha.

Desde um acontecimento mal explicado para ela, em que tanto a dupla quanto Levy passaram dos limites e ela os mandara “calar a boca”, eles vinham pedindo pelo seu perdão e fazendo tudo para agradá-la, assim como ela os tratava docemente, porém ainda meio relutante. A relação entre eles, de algum modo, parecia estar se ajustando.

Fora desse centro de atenção, havia, no canto da última fileira, um garoto de calça jeans, boné, casaco preto e capuz sobre a cabeça. O objetivo, na verdade, não era que absolutamente ninguém reconhecesse Jellal, mas sim que ele não chamasse a atenção de paparazzis, e principalmente de Millianna. Um escândalo no meio do período de lutas seria terrível, então o “encontro” teria de esperar.

Acredito que ele tenha notado onde eu estava e que tinha ficado analisando-o por um bom tempo, já que levantou a aba do boné e sorriu de canto para mim. Desde o meu comentário a respeito do seu sorriso, ele se esforçava para fazê-lo parecer o mais natural possível. Eu acenei para ele, corada.

Acho que você tem mais coisas para se concentraaar... – cantarolou Mirajane e se sentou ao meu lado.

− Você é a primeira? – eu indaguei e ela suspirou, concordando. – Vai lutar com quem?

Depois das estaduais, que ocorreram cerca de duas semanas antes, a grade de lutas das nacionais ficava disponível para todos os interessados, mas eu preferia focar no que dizia respeito a mim e por isso não me lembrava da sua primeira oponente.

− Uma garota da Blue Pegasus... Jane? Acho que é esse o nome dela.

− Jenny Realight. Você deveria se preocupar com ela, que venceu muita gente boa antes de chegar aqui.

Gildarts tentava enfatizar a informação. Ele se sentia levemente incomodado pela presunção de Mirajane, que às vezes parecia considerar apenas a mim como uma verdadeira ameaça.

Mira levantou-se e fez um gesto como se estivesse tirando a poeira das roupas. Mais uma vez, e como esperado quando ela estava séria, aquele sorriso sinistro apareceu em seu rosto.

− A final é minha e da Erza, Treinador. Fique tranquilo. E você. – ela voltou-se para mim enquanto terminava de prender os cabelos. – Trate de vencer da Kagura. Ela é bem forte, pelo que todo mundo diz.

 

                                                                              ...

 

Eu me lembrava muito bem de Kagura Mikazuchi. Alta, magra e insistente. Na outra vez em que lutara com ela, no ano anterior, eu vencera por pouco.

A questão era que nenhuma de nós sabia quem a outra era até aquele momento. Por isso a situação foi meio estranha quando o juiz nos apresentou, sorrimos uma para outra e nos curvamos. Através dos nossos olhares, concordamos que o momento não era propício para emocionalidade ou qualquer tipo de questionamento. Além de estarmos em público, eu ficara excitada com a competição após ver Mirajane derrotar a oponente tão brutamente.

Quase fiquei com pena de Jenny. Quase.

O bloco A, da Strauss, estava quase decidido, o que praticamente confirmava seu lugar na última disputa. Tinha que me lembrar de que eu não estava na minha situação. Entre as brincadeiras e risadas, eu me esquecia por alguns momentos que havia oponentes como Kagura.

Assim, depois que o alarme de início de luta soou, não demorou muito até ela me derrubar. Duas vezes. Eu estava distraída demais ou em uma posição frágil demais, e sabia o motivo disso: não estava conseguindo “desejar” derrotá-la. Ela era irmã de Simon, afinal de contas.

Busquei me concentrar e relembrar o meu objetivo ali. Dei mais atenção à Kagura e seu sorriso complacente, assim como o modo que sempre me ajudava a levantar com uma expressão caridosa, e o sangue já me subia à cabeça. Eu não estava encarando aquilo e nem sendo encarada seriamente. Depois de analisá-la de todos os ângulos e notar os espaços abertos, consegui derrubá-la três vezes seguidas. Rasteira, por cima do ombro, à força bruta. Provavelmente machuquei alguma parte do meu corpo no processo, já que minha lombar doía, mas não pude tirar o sorriso do rosto.

Foi então minha vez de ajudá-la a levantar. Em certo momento após meu primeiro ponto, ela começara a me encarar como Mirajane, e quando minha vitória foi anunciada, a garota tinha uma expressão de tristeza e compreensão no rosto.

− Bem que meu irmão disse que você era forte. – ela sussurrou para mim quando nos cruzamos, saindo do tatami.

Enquanto ela se afastava, eu, de soslaio, sorria para o Fernandes na multidão e imaginava se ela ainda pensaria o mesmo sobre mim algumas horas mais tarde.

 

                                                                              ...

 

Pelo primeira vez temos uma final decidida entre duas integrantes de uma mesma equipe! Erza Scarlet e Mirajane Strauss, ambas já campeãs na divisão fundamental e extremamente habilidosas! Aposto que nenhuma das duas vai facilitar para a outra só por causa de amizade.

− Muito pelo contrário, na verdade. – comentei.

− Senão não haveria graça. – Mirajane passou por mim rapidamente, correndo para o centro do ginásio.

Não muito tempo depois, eu fui atrás dela, e nos posicionamos para o início da luta.

− Faça questão se exibir toda para o Jelly-kun. – ela zombou.

Depois de passar aquele dia e outros em minha casa e conversar com Jellal, Mira perecia achar que eles estavam íntimos. Bem, talvez fosse a verdade, visto que o azulado tinha me dito que a adorara, apesar da garota ser meio... Estranha. Ela tentou me convencer a chamá-lo do mesmo jeito, mas, apesar de ter rido muito do apelido, não consegui. Talvez eu o visse seriamente demais. Tive de convencê-la a não comentar com ninguém sobre o que descobrira, e inventei uma desculpa esfarrapada para o porquê ninguém poderia saber a respeito do Fernandes.

O acordo feito foi que, se ela vencesse, eu teria que lhe contar o que estava acontecendo. Então eu precisava vencer.

Não por motivo de egoísmo ou vergonha, etc – não mais. Eu não queria que todos soubessem sobre tudo de vez. Preferia falar sobre o meu passado com cada um de meus amigos separadamente, no momento em que eu achasse correto. Mas eu entrara na brincadeira do mesmo modo.

O alarme inicial. Ficamos observando os movimentos uma da outra por mais de um minuto. Eu, particularmente, odiava essa parte do judô, porém ela era necessária. Sem a observação, seríamos apenas duas garotas no jogando uma em cima da outra, sem técnica alguma.

Mirajane avançou e eu recuei. Giramos, andando em sentido horário.

− Pronta?

Antes que eu pudesse responder, ela veio para cima de mim. Infelizmente para a garota, eu já esperava isso. Um dos poucos pontos fracos dela – e isso eu percebera após anos de disputa – era ser muito impaciente. Ela sempre começava os ataques rapidamente e se utilizando do elemento surpresa.

Ponto para Erza Scarlet!

Eu sorri enquanto ela me encarava de baixo. Antes que eu pudesse me livrar do sentimento de felicidade, o sinal soou e Mirajane rapidamente me derrubou com uma rasteira e então uma armou chave de braço, conseguindo um ponto.

Hehe. – ela exibiu uma expressão provocadora.

− Está apenas começando? – indaguei-a enquanto ela me ajudava a levantar e esperávamos o sinal.

Ela dava pequenos saltos, mantendo a posição rígida e se aquecendo.

− Só estou alongado.

Eu ri.

− Pois bem. Pode dizer o mesmo de mim.

Tinha esquecido como era divertido disputar com alguém tão parecida comigo.

Os minutos seguintes foram uma sequência de pontos parciais, majoritariamente, e alguns inteiros, que irritantemente faziam com que nós estivéssemos constantemente empatadas. Isso foi um problema no final, já que terminamos em um suposto empate.

− Iremos contar suas faltas para verem qual de vocês venceu. – um dos árbitros nos disse.

− Ah, ok. Obrigada. – agradecemos.

Ofegantes, ficamos uma ao lado da outra esperando o resultado. Não tardou e um dos juízes entregou um cartão ao narrador do evento.

Infelizmente para uma das garotas, não podemos dizer que foi um empate... A vencedora desse ano é, novamente, Erza Scarlet!

A multidão berrou em alegria. Mesmo nossos amigos, que prometeram não torcer para nenhum dos lados, estavam felizes. Eu poderia ter gritado, pulado, etc, mas me contentei em me curvar para o público e então para Mirajane. A vitória havia sido por um mínimo detalhe, não fora nenhuma diferença esplêndida. Isso não eliminava a sensação maravilhosa no meu peito, no entanto.

− Parabéns. – ela me cumprimentou, batendo em meu ombro com a mão esquerda.

Não era muito difícil perceber que ela não estava lá muito feliz. Bem, era óbvio que não estaria, mas por alguns segundos ela pareceu meio... Derrotada. Quando considerei ir consolá-la, ela se voltou para mim com um sorriso forçado que indicava raiva. Ou a tentativa de fingir o sentimento.

− H-há sempre uma próxima vez.

Ela estava prestes a chorar, seus olhos vermelhos e molhados indicavam isso. A gagueira e a postura ruim também eram péssimos sinais. Passei o braço direito pelos seus ombros, escondendo sua cabeça no meu peito e a levando para fora do local, direto para os vestiários.

− Você está certa. Não quer que eles se lembrem de você desse jeito quando você me derrotar próximo ano, não é?

Ela sorriu antes de se deixar levar pelas emoções.

Eu queria vencer...

Ela não falou muito além dessa frase, que repetia de tempos em tempos. Enxugou as lágrimas em uma toalha aparentemente limpa abandonada em um canto.

Depois de alguns minutos, já estava pronta para uma nova briga.

 

                                                                              ...

 

Uma das coisas mais difíceis, naquele dia, foi tentar explicar para Millianna e Kagura o assunto sobre o qual eu havia pedido para conversar com elas “em particular”. Já tinha sido complicado o suficiente tirá-las de perto das amigas do colégio e convencê-las que eu tinha algo importante a dizer.

Tinha saído dos vestiários quando as encontrei e cumprimentei-as. Millianna não demorou a me abraçar, gritar e perguntar se eu tinha visto muitos “gatinhos” pela cidade – literalmente. Depois que ela e apresentou “formalmente” à amiga, que demonstrava estar tensa e ansiosa para conversar sobre aquele assunto, e eu disse que achava melhor que a conversa ocorresse nos fundos do ginásio. Millianna, após a minha explicação, não pareceu duvidar dos meus motivos, mas Kagura me lançava olhares desconfiados.

− Pode falar agora? – ela indagou, sem conseguir omitir parte da sua impaciência, quando chegamos ao local sugerido por mim.

− ...Podemos.

A garota de cabelos roxos circulava à minha volta, analisando-me, até parou e exibiu algo que parecia um sorriso de compreensão.

− Millia me contou que você passou pelo mesmo que nós... Quero dizer, eu só sofri os resultados, mas vocês viram tudo de perto.

− Ela... Cuidava do Simon. Você sabe. – Milliana segurou o braço da garota e se dirigiu a mim.

Uma pontada de culpa atingiu meu peito. A garota cuidara do irmão quando eu havia sido covarde demais para fazê-lo. Depois de Rob, eu não acreditava, na época, que aguentaria ver alguém minguando a cada dia até sua vida se extinguir.

− Acredito que você tenha procurado por notícias depois daquela mensagem...?

Eu assenti.

− Kagura tem tentado achar informações sobre Jellal faz muito tempo, e aquela foi a primeira que conseguimos. Ainda não descobrimos muito mais... Além de que ele está na cidade.

A garota agia como se estivesse esperando a minha reação de surpresa e raiva, que não ocorreu. Apertei minhas próprias mãos, que suavam com o nervosismo.

− Esse é um dos motivos para termos vindo competir aqui: encontrá-lo. Eu gostaria de uma explicação sobre o que ocorreu. – o tom de voz de Kagura mostrava que aquilo era muito mais do que um desejo. – E é por não tê-la conseguido que eu gostaria de ouvir a sua versão do que aconteceu.

− Você era... A mais próxima dele naquela época. – Millianna tentou ser delicada ao tocar no assunto.

− ...

Fiquei calada enquanto elas ansiavam por uma resposta. Sentia que, se eu contasse a versão na qual eu acreditei por anos, na qual Jellal era o vilão que elas imaginavam, eu pareceria uma mentirosa. Mas se eu contasse a verdade, como desejava, elas não acreditariam em mim. Era preciso que ele estivesse ali.

− Erza?

− Eu... Depois que você me enviou aquela mensagem, eu pensei no assunto. E s-sobre o que você falou, a respeito dele voltar. Acontece que... Sei onde ele está.

− Como assim?! – Kagura arregalou os olhos e segurou meus pulsos com força.

Percebo agora que talvez eu tenha escolhido a pior opção de como “começar o assunto”. Sem dizer nada, eu me voltei para trás e fiz a indicação combinada. Passados alguns segundos, a figura com a cabeça coberta sobre o capuz do casaco surgiu, fazendo com que as garotas ficassem confusas. O garoto se postou ao meu lado.

Tinha medo do que estava por vir.

− Ele tem vivido comigo.

Indiquei ele com a cabeça, e as garotas pareciam tentar processar a informação. Toda a organização de como contaríamos o que realmente ocorrera fora feita por ele. Infelizmente, ela incluía a cláusula de “Não intervir em caso de surto das garotas”. Isso me obrigou a ficar parada ao ver Kagura marchar até ele, abaixar o seu capuz, encará-lo e então... Esbofeteá-lo.

Ele sabia que aquilo iria ocorrer desde o início, assim como eu. “Elas tem todo o direito de descarregar a raiva que eu alimentei por anos, fugindo.”, ele dissera. Por acreditar nisso, ele ficou lá, parado, enquanto eu podia notar parte do seu rosto assumindo o tom dos meus cabelos.

Isso é pelo meu irmão.

Quando ela tentou se lançar sobre ele, foi Millianna que apartou a briga. Ela segurou a colega até ela se acalmar, e então se virou para mim com um olhar de mágoa.

− ...Er-chan? Por que você está fazendo isso?

Eu suspirei. Tentei começar a falar várias vezes, apenas abrindo a boca e a fechando ao realizar o quão meu discurso decorado era ridículo.

− Pode deixar que eu cuido disso. – o azulado colocou um de seus braços sobre minha barriga, me empurrado para trás.

− Não, eu... Quero falar.

Me postei ao lado dele enquanto observava os olhares acusatórios das outras duas.

− Eu sei que vocês não vão acreditar agora, mas... Não aconteceu como vocês imaginam.

Mas é claro que você ia dizer isso. Porque está acreditando nele, Erza? – Kagura questionou.

− Eles sempre tiveram... Essa ligação que eu nunca entendi. – Millia cuspia as palavras. – Como quando saíam sozinhos e...

Milliana. – meu tom ameaçador era proposital. – Por favor.

Ela se calou, revirou os olhos e encostou as costas na parede do ginásio. O assunto ali poderia ser Jellal, mas era eu que vinha “convivendo” com ela por anos e que supostamente tinha quebrado a sua confiança. Enquanto o máximo que poderia acontecer a ele era não conseguir mudar a sua situação, eu poderia perder aquela amizade. Por isso tinha que me esforçar ao máximo para esclarecer aquilo.

− Diga logo.

Antes que eu pudesse sentir o alívio por ela estar disposta a ouvir, Kagura se pronunciou:

− Ele é um milionário que abandonou os amigos quando eles mais precisavam e deixou um deles morrer. Que tipo de explicação precisamos para isso?! Obviamente...

Kagura.

Jellal chamou sua atenção com um tom que o fazia parecer com um “jovem mestre” mais do que nunca. Olhei para ele de soslaio, agradecida.

− Eu nem me lembro totalmente do porquê... Mas você nunca esteve lá. Não sabe o que realmente aconteceu. – tive que partir para uma fala mais autoritária. – Eu sei que as lembranças de Milliana são válidas, mas não são totalmente verdadeiras. Você só acredita no que acredita porque te explicaram a história de certo modo.

A morena parou onde estava e semicerrou os olhos. Era possível notar o seu desejo de, naquele momento, bater em mim.

− Então fale, Erza Scarlet. E você também. – ela se referiu a ele como se o Fernandes fosse um verme no qual ela tivesse pisado.

Ignorando isso, encaramos um ao outro. Estávamos em consenso quanto a uma coisa. Ao encararmos as duas, propositalmente ele segurou minha mão e eu apertei a dele, para conseguirmos confiança, e, de certo modo, marcar que estávamos enfrentando juntos aquele problema.

E então, ele falou.

 

                                                                              ...

 

Foi meio complicado, depois de explicar e comprovar tudo para as garotas, lidar com suas expressões de choque. Imaginei que comigo não devesse ter sido muito diferente. As duas ainda mantinham um pouco da raiva no olhar, por terem mágoa e pena de Zeref, e de vez em quando nos olhavam com desconfiança, se questionando se tudo aquilo não era uma história inventada. Lançavam algumas perguntas aleatórias de vez em quando, sobre detalhes inúteis, para ver se Jellal não vacilaria sob a pressão.

Milliana relutou um pouco antes de começar a chorar, e lentamente se aproximar para abraçá-lo. Ele a envolveu carinhosamente, ainda que um pouco diferente de como fizera comigo. A expressão de alívio dele, ao me olhar, estava misturada com gratidão.

− Que bom que... Eu sempre quis que... Tudo não fosse como parecia. – o tom dela era meio desesperado, e ele alisava suas costas, consolando-a.

Ao notar a outra figura parada em um canto e com as mãos sobre a testa, confusa, fui em direção a ela.

− Kagura, você...

− Eu... Não quero falar nada agora. – ela se voltou para o azulado. – Eu posso ter acreditado na sua história, mas a minha raiva não vai desaparecer tão rápido. Preciso de tempo para... Já que não tenho nenhuma lembrança consistente que me faça crer que você é ou já foi alguém bom.

Jellal assentiu, seriamente, e eles, vacilantes, apertaram as mãos. Ela estava indo embora, com Milliana a seguindo, quando se lembrou de algo e voltou-se para mim.

− Eu acho que você já sabe, mas... O meu irmão sempre te amou. Ele queria que você ouvisse isso de mim.

Fiquei em silêncio enquanto as via se afastarem.

É. Eu sabia.

 

                                                                              ...

 

Quando eu achava que as confusões daquela tarde haviam acabado, e que eu podia voltar para casa e ter um jantar normal, assistir TV e ir para a cama como uma pessoa normal, outra coisa acontecia.

Depois de ter conversado com Jellal, ainda nos fundos, tivemos que passar na parte interna do ginásio antes de irmos embora. Incrivelmente, ainda haviam algumas figuras sentadas nas arquibancadas conversando, por mais que toda a equipe do evento já tivesse ido embora. Pedi que ele me esperasse enquanto eu me despedia de Meredy e Juvia, que então estavam na segunda fileira.

− Quem é aquele, Erza? – elas me perguntaram, sugestivamente.

− Ah, é só o meu... Vizinho.

A minha resposta não era totalmente falsa. Bem, ele vivia no mesmo complexo que eu. Só que não demorou muito para eu me lembrar e elas comentarem a respeito da brincadeira de Natsu a respeito dos meus possíveis vizinhos. O que eu não esperava, no entanto, foi o que se seguiu a isso.

As garotas o observaram por alguns segundos, tentando reconhece-lo. Quando o garoto olhou na nossa direção, não notando que era vigiado, vi a expressão de todos eles mudarem as mesmo tempo.

O garoto da hemorragia.

Juvia arregalou os olhos enquanto se levantava. Tinha me esquecido de que ela já tinha o visto no dia do incidente.

− Então, né...

− Era por isso que você não deixou ninguém vê-lo ou ajuda-lo além de você? Ele é seu namorado ou alguma coisa assim? Eu... Tinha achado que ele era um pervertido.

− N-não! Não, não. Para tudo isso que você falou! – eu neguei veemente.

− Então o que...

Era inútil eu tentar escondê-lo depois daquilo. No entanto, antes que eu precisasse dar uma explicação resumida sobre o que ele era (que consistiria em dizer que ele era um amigo de infância que estava na cidade para terminar os estudos e não tinha onde morar, por isso eu oferecera a minha casa), ele já tinha se aproximado, e estava logo atrás de mim. Naquele instante, notei que Meredy ainda mantinha o olhar chocado, e ele estava maravilhado.

Jellal? – ela buscou confirmar, com os olhos brilhando.

Pude ver ele balbuciar o nome dela antes de abrir um sorriso e girá-la no ar quando ela pulou sobre ele. Enquanto essa cena ocorria, eu e Juvia dividíamos uma expressão confusa. Era estranho para mim estar “excluída” quando o assunto era Jellal.

− Eu não acredito que... Eu não sabia que... Desde quando você está aqui?! E por que não nos procurou?

“Nos procurou”? Havia outra pessoa? Meredy então assumiu um tom teimoso e inchou as bochechas para demonstrar uma raiva manhosa.

− Eu não sabia que você estava estudando na Fairy Tail. E quanto a ela... Eu tinha umas coisas para resolver antes de falar com Ultear. – ele coçava a nuca enquanto me indicou com a cabeça.

− Você conhece Ultear? – eu e a azulada perguntamos simultaneamente.

Jellal se virou para nós e cumprimentou Juvia. Ela pareceu estranhar um pouco o fato dele saber seu nome, mas deixou passar.

− Lembra quando eu disse que estava estudando fora e conheci umas pessoas?

− E quando eu disse que tinha um amigo que me ajudava com geografia? – Meredy falava com Juvia.

Os dois apontaram um para o outro com um sorriso enorme na face.

− Ele morava no mesmo complexo que Ultear, na frente da casa do meu tio. – a rosada explicava. – Aí nós ficamos amigos. Acontece que depois que Ul foi embora, esse aqui ficou totalmente à parte do mundo real e... – as bochechas dela voltaram a encher-se de ar.

− Então é por isso que você estranhou quando eu te falei sobre Gray?

− Sim. – ele afirmou. – Ele tem o sorriso parecido com o dela, e... Eu sabia que ela tinha irmãos adotados, mas não quis perguntar. E Meredy...

− Sem desculpas! Tudo o que você queria saber era sobre a empresa e como você ia reencontrar aquela garota e eu fiquei lá sozinha. Sabia que esse é um dos motivos de eu ter voltado?! – a raiva dela era parte atuação, visto que nãos conseguia disfarçar a vontade de sorrir novamente.

− Prometo compensar...

Ele parou quando ela colocou uma de suas mãos sobre a boca dele. Lentamente, e garota se virou para mim com os olhos arregalados, como se uma oportunidade única tivesse aparecido.

− Espera. Você é aquela Erza? A amiga de infância? – eu assenti. – Esse garoto não parava de falar de você! Como quando ele nos perguntava a melhor maneira de te explicar a respeito de... – ela fez uma pausa ao notar Juvia ao seu lado. − Vocês se acertaram?

Meredy pareceu se lembrar da seriedade do que ocorrera no passado. Ao que tudo indicava, ela sabia a história completa. Só que eu não me liguei muito a isso, porque depois da sua quarta frase eu corei violentamente, ainda mais ao sentir Jellal me puxando pelo braço. Ao virar, foi difícil encará-lo nos olhos ao notar que a vergonha dele era muito maior do que a minha.

Err... Sim. – respondi. − Eu não sabia que...

− Nos falamos depois, Meredy. Juvia. – ele sorriu forçadamente para as duas antes de me puxar para longe daquele ginásio em passos rápidos.

Jellal só voltou a me olhar quando estávamos dentro do vagão do metrô, mas não muito. Ele ainda não sabia muito bem o que falar, e eu só conseguia pensar na sua mão ainda ligada à minha.

 

                                                                              ...

 

Qual foi a minha surpresa ao abrir a porta de casa e encontrar Shou sentado na poltrona da sala de estar? Muita, claro. Mas eu já estava tão cansada e queria tanto conversar com Jellal a sós que minha vontade era de perguntar se ele não poderia esperar até o dia seguinte para dar qualquer que fosse a notícia chocante que provavelmente ele iria dar.

Apesar de tudo isso, ao ouvi-lo dizer “Er-chan” eu agi de modo semelhante à Meredy e corri para abraçá-lo. Ele estava mais alto do que eu lembrava, ainda que fosse maior do que eu. A orelha estava furada, o paletó arrumado e o fone sem fio na orelha. Ele estava no meio de uma ligação e pediu para a pessoa do outro lado da linha ligar mais tarde.

− Você devia ter entrado em contato... Mas por que você está aqui? E como conseguiu entrar?! –lembrei-me de que morava sozinha.

Jellal parecia também não saber, apesar de demonstrar ter uma desconfiança. Antes de me responder, Shou lhe deu um aperto de mãos.

− Eu desconfiei que haveria uma cópia da chave dentro do vaso de orquídeas ao lado da porta. – ele deu de ombros como se aquele fosse um pensamento normal e me atirou o objeto, que estava no bolso da sua calça. – E eu preciso falar com Jellal.

Sua expressão séria já dizia tudo. Ao invés de pedir privacidade, no entanto, Jellal disse que eles poderiam conversar na minha frente. Acabamos por nos sentar na sala de estar e eu lhes trouxe biscoitos e um pouco do chá gelado que havia na geladeira.

− Estão exigindo que você volte.

Jellal revirou os olhos.

− Quem? O presidente?

− Também. Mas a questão é que os próximos meses estarão cheios de eventos importantes para a empresa, e por mais que você não goste disso é necessária a sua presença. Você tem que marcar seu espaço. E quase todos os setores estão implorando para que você compareça.

Eu suei frio. Isso significava que... Ele iria embora? De novo? Para sempre? Minha cabeça se encheu de questionamentos.

− Me enviaram porque acharam que eu seria o que mais provavelmente conseguiria convencê-lo.

Jellal suspirou profundamente, apoiando a cabeça em uma das mãos.

− Por quanto tempo? E eu teria que trancar a faculdade?

− Não sei. Mas para a segunda pergunta... Você pode continuar cursando lá.

− E... Quando vocês iriam partir? − eu me meti na conversa.

Shou demonstrava ter um pouco de vergonha do que iria dizer.

− Na verdade, tem um avião nos esperando do aeroporto agora mesmo. Se você não aceitasse voltar, eles me esperariam até meia noite. Você... Vai?

Jellal olhou para os cantos da sala e depois para mim. Provavelmente estava explícito na minha expressão que eu não queria que ele fosse. Eu não sabia explicar o que, mas havia alguma coisa acontecendo ali. Com nós dois. Que eu tinha uma romântica afeição por ele, eu admitira, não era nenhuma novidade. Mas nós mal tínhamos acabado de retomar nossa relação, e eu não queria deixar as coisas mal arrumadas. Inacabadas. Talvez não fosse possível retomar o passado se sempre algo nos interrompesse no meio do caminho para o algo a mais que poderíamos ter. E eu não sabia o que fazer para chegar a esse ponto.

− Todos os setores estão pedindo? – ele estava a um passo de ceder.

− Todos.

Shou sorriu quando ele assentiu, então assumindo a função de chefe e não mais de amigo.

− Estarei pronto em uma hora. Você poderia... – ele indicou a porta.

− Claro.

O loiro levantou-se, pegou a maleta largada em um canto e foi até a saída. Eu o acompanhei, e antes de ir embora ele me deu um beijo carinhoso na bochecha.

− Desculpe-me por isso, Er-chan. Mas realmente estão precisando dele. E... Boa sorte. Acho que já está na hora de vocês se encararem.

Fechei a porta lentamente, com o coração palpitando. Eu estava nervosa, com vontade de chorar e desejosa, tudo ao mesmo tempo. O Fernandes estava parado no centro da sala, e eu contornei uma das poltronas para ficar de frente para ele.

− Então... Boa viagem. – tentei parecer o mais otimista possível.

Minha voz não só saiu embargada quanto eu não consegui sustentar o seu olhar, o que fez com que ele se aproximasse, parando a centímetros de mim. Vacilante, eu o envolvi com meus braços.

− Erza, eu gostaria de ficar mais também...

− Você vai voltar?

Ele pareceu surpreso pela minha pergunta, e ergueu minha cabeça com uma de suas mãos. Olhou diretamente para os meus olhos. A situação, para mim, era mais do que complicada. Saber o que eu queria fazer era simples, porém... Um movimento em falso, um erro, uma má interpretação e tudo poderia ir por água abaixo. Extremamente envergonhada por conta disso, eu só conseguia encarar seus lábios entreabertos.

Eu lembrava-me da primeira vez em que eu sentira seu toque. Fazia muito tempo, e era por isso que eu me sentia tão insegura, mas a lembrança daquela pequena escapatória para os jardins, meses antes dele ir embora e durante a minha quarta série, talvez tenha sido o que me fez ter certeza do que eu sentia. Nós éramos pessoas completamente diferentes das crianças daquela época, com muito mais problemas, mas o sentimento continuava o mesmo.

− Mas é claro que eu vou voltar. Eu...

Jellal estava tão consciente da situação quanto eu. Ele me abraçou com força durante mais tempo do que eu me dispus a contar, e quando me soltou eu já estava sem ar. Talvez por vergonha de se demorar mais do que o necessário me encarando, em uma velocidade anormal ele me puxou para perto e me deu um selinho demorado, então sugando meus lábios. Nada profundo demais, nada demorado demais, afinal, como eu disse, nós ainda estávamos desenvolvendo aquilo. Ainda assim, a espera por aquele momento e toda a intensidade fizeram com que nós dois nos agarrássemos um ao outro com extrema força.

Nos afastamos lentamente e colamos nossas testas, sorridentes.

− Eu tenho que terminar o que acabei de começar. – ele disse, brincalhão. – Se não for motivo suficiente para a Construtora para eu voltar aqui, para mim será.

Eu sorri, colocando minhas mãos sobre os lados de seu rosto. Era incrível como a mínimo fato de termos nos beijado uma vez já me dava tanta confiança e estabelecia maior intimidade do que eu poderia imaginar.

− Esse... Foi seu segundo beijo? – eu indaguei-o.

− Sim. – ele relaxou os ombros. − E foi o seu?

− Também.

Nos abraçamos mais uma vez, rindo, e eu não conseguia conter minha felicidade por ele ainda lembrar do ocorrido anos atrás. Tentava afastar o pensamento de que em minutos ele teria de ir embora, ou que Shou estava do outro lado da porta, ou que eu não sabia quando voltaria a vê-lo. Ajudei-o a arrumas suas coisas, e logo ele tinha partido.

Observei o táxi ir embora da rua com os dois garotos, e então encarei as únicas duas coisas que ele havia deixado ali: sua escova de dente e uma camiseta velha. Para marcar que ele era de casa, e que em breve estaria de volta.

A partir desse dia, entre visitas periódicas e uma promessa de uma estadia duradoura em algum momento, nós nos comunicávamos por mensagens e Skype. Toda vez que eu via seu nome na tela de notificações simplesmente não me importava a distância, um sorriso iria iluminar meu rosto.


Notas Finais


O que acharam??? Vou fazer o Miraxus ainda hoje. Ah, e para os pedidos como o capítulo do Elfman ou Wendy, eu vou escrevê-los sim, mas em outro momento.
Comentem!!!!


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