Caos. 4 letras. Denominação atribuída a condição desordenada e confusa dos elementos cósmicos antes da criação do Universo; designação de desordem ou confusão. As Lendas já estavam acostumadas com esse pequeno termo, ele poderia causar ainda mais confusão para eles? Sim.
Helena de Tróia, filha de Zeus, a mulher mais bela do mundo, Homero lhe descreveu com faces rosadas e outros como loira. Conta-se que depois de se casar com Menelau, o rei de Esparta, Páris, o príncipe de Tróia, apaixonou-se por Helena e raptou-lhe. Assim, Menelau declarou guerra contra Tróia e obteve o apoio dos diversos pretendentes de Helena, todos juraram respeitar sua escolha de marido e lhe proteger de males futuros.
Agora, imagine, o que Helena de Tróia seria capaz de causar em Hollywood no ano de 1937. Sua beleza estonteante chamava a atenção de todos homens dali e despertava a inveja de todas as mulheres ao seu redor, como elas poderiam “competir” com tamanha beleza? Havia, no entanto, uma mulher especialmente afetada com a presença da moça. Hedy Lamarr, uma das maiores atrizes da época, aquela responsável por interpretar Helena de Tróia e também por diversas invenções importantes no futuro.
A beleza da mulher misteriosa que apareceu em Hollywood era tanta que causou uma verdadeira guerra entre duas empresas famosas de filmes, costas foram apunhaladas, literalmente, semelhanças? Todos sabiam, era a verdadeira Helena de Tróia em Hollywood, causando um dos maiores anacronismos até agora e causando efeitos em cascata, catastróficos.
Em meio a tudo isso, Jax e o Professor Stein, em sua busca para separar o Nuclear, agora haviam trocado de corpo com a ajuda de Ray e Lena, eles estavam trabalhando duro, mas não era a coisa mais simples do mundo lidar com tudo aquilo. Por isso, ambos ficariam na nave com Sara, Zari, Amaya e Mick enquanto Lena, Kara, Ray e Nate faziam o reconhecimento da situação.
― Uau, ela é realmente muito bonita ― Nate foi o primeiro a pontuar quando viu a mulher loira de olhos claros pela primeira vez ― Ela me parece familiar, como se eu já tivesse lhe visto alguma vez.
― Com toda certeza ela nunca ouviu isso ― Lena resmungou baixinho enquanto se passava por uma das figurantes.
― A fofoca que soube é: ela é muito metódica ― Kara continuou com calma apurando os ouvidos ― Ela não saiu da personagem desde que chegou aqui.
― Não falem com ela ainda, não queremos assustá-la ― Sara pediu recebendo um acenar de cabeças de sua equipe, mesmo não podendo vê-los.
Tudo piorou completamente quando um dos rapazes do set derrubaram uma pilastra perto da mulher misteriosa, ele pediu desculpas e estava completamente encantado com tamanha beleza, mas outro rapaz não aceitou aquilo de bom grado, ali, começaram mais uma briga por Helena. Kara viu, ela realmente viu nos olhos claros da mulher loira, ela odiava seu próprio poder, odiava ver as pessoas brigando por ela, ainda mais daquela forma bárbara.
― A situação realmente piorou aqui ― Lena deixou a capitã a par de tudo ― Eles estão brigando por ela, eu acho.
― Só existe uma mulher capaz de causar esse efeito nos homens ― Nate pareceu acordar de seu transe.
― Ela realmente é Helena de Tróia ― Lena suspirou baixinho.
― Ela está saindo ― Kara foi a primeira a perceber os movimentos da loira.
― Siga-a ― Sara pediu pela comunicação, Kara largou a maçã que tinha em mãos e começou a seguir a mulher com cuidado para não ser notada.
― Ela está sozinha e parece assustada ― Kara começou com os updates para Sara enquanto seguia a mulher.
― O que estamos esperando? Vamos pegá-la ― Jax, no corpo do professor Stein sugeriu de uma vez.
― O quê? Não seríamos tão descuidados para raptá-la em plena luz do dia ― O professor respondeu no corpo de Jax.
― Eu poderia usar meus poderes, pegá-la e voar até a nave, ninguém notaria ― Kara deu de ombros não achando a ideia de todo ruim.
― Jax, aliás, Martin tem razão, não podemos fazer isso agora, precisamos esperar ― Sara pediu.
Kara observava Helena atentamente, ela viu quando a mulher se aproximou do carro de outra companhia de Hollywood, viu os dois conversarem e no fundo, torceu para que Helena fosse inteligente o suficiente para não entrar no carro de um estranho, mas ela entrou.
Aquele simples fato havia começado uma nova guerra em Hollywood, com promessas de morte e tiros por todos os lados.
{...}
Na grande festa de apresentação da nova estrela em ascensão de Hollywood, Sara, Zari, Amaya, Lena, Kara, Nate, Martin (no corpo de Jax) e Ray estavam prontos para interceptar Helena e tirá-la dali.
Eles conversaram sobre assuntos aleatórios enquanto esperavam Helena aparecer, Jax e Mick estavam disfarçados de garçons, Ray conversava com um dos famosos produtores e Nate apenas observava enquanto Kara, Sara, Lena, Amaya e Zari fingiam se divertir juntas atentas a tudo.
Jax paralisou, no entanto, ao ver sua doce paixão juvenil, Hedy Lamarr, a mulher estava presente na festa, mas não parecia em seu melhor humor.
― Ela é uma grande inventora ― Martin continuou murmurando baixinho no comunicador, para as Lendas ― A patente dela de frequência variável revolucionou o mundo ― ele estava encantado, tentou uma aproximação e percebeu o estado deplorável daquela atriz incrível, em seu ponto de vista.
Foi quando Helena de Tróia apareceu, a mulher muito bem vestida, penteada e linda. Sara pediu a todos para se posicionarem corretamente e deixou Kara e Zari juntas em um dos cantos.
― Quando ela pegar o primeiro drink você usa os seus poderes e faz ela derramá-lo em si mesma ― Kara murmurou baixinho para a amiga.
― Pode deixar ― ela tocou levemente no totem e se preparou.
Fez o pedido por Kara e as mulheres foram atrás de Helena no banheiro feminino enquanto Mick, Ray e Nate pareciam completamente bobos pela simples presença da loira.
― Helena, você precisa vir conosco, você não pertence a esse lugar e sabe disso ― Sara pontuou enquanto a loira de olhos claros se via sem saída, rodeada por cinco mulheres.
― Você deve ser da Warner Brothers ― a mulher sorriu de forma cordial ― Diga a Arnold que sinto muito, mas eu o deixei por uma oportunidade melhor.
― Você é realmente uma boa atriz ― Zari pontuou.
― Soube que há uma cena teatral decente em Tróia ― Lena sorriu sarcástica ― Devíamos ir ver.
― Não ― ela se virou para as mulheres ― Não, os deuses ouviram as minhas preces me trazendo aqui ― explicou seu ponto de vista ― Este lugar é estranho, mas eu estou aprendendo as regras. E a primeira regra de Hollywood é: nunca fale de negócios sem o seu agente. ― Da mesma forma como entrou, Helena se retirou dali.
― Acho que ela não é apenas um rostinho bonito ― Sara suspirou baixinho e se retirou dali também com as outras garotas ― Preparem-se todos, precisamos agir rápido ― ela continuou se retirando dali também.
Assim que entraram novamente no salão, Sara deu de cara não só com Helena, mas também com Damien Darhk. Kara sentiu seus pelos se arrepiarem ao lembrar das histórias da capitã da Waverider, sobre como aquele homem era nefasto para si, sua primeira ação foi se colocar logo atrás de Sara, em posição de defesa. Todos pareceram ficar agitados com a simples presença daquele homem e Sara não se importou com seu instinto assassino, ela queria aniquilar com a simples presença de Damien.
As duas foram paradas pela magia de Darhk, sem fazer qualquer esforço e Kara se sentiu esquisita, ela nunca havia sentido algo assim, era como se não pudesse se mexer, como se cada músculo de seu corpo ignorasse seu cérebro, suas vontades e seus instintos, ela sabia o que era aquilo, já havia ouvido falar, Magia.
― O que diabos está fazendo aqui? ― Sara rosnou, irritada com aquele joguinho ridículo.
― Além de pegar meus 15%? ― ele sorriu sarcástico tomando de seu drink.
― Você é o agente dela? ― Sara pontuou a dolorosa verdade.
― Sabe que tenho o instinto assassino que este trabalho exige ― o sorriso não diminuía de seus lábios ― Eu não estou aqui para lutar ― ele tomou a faca das mãos de Sara e colocou ela na mesinha ao lado e liberou as duas ― Eu estou aqui para conversar e não vim sozinho. ― Eles puderam ver a garota do outro dia, aquela responsável por trazê-lo de volta.
― Você não merece nem um segundo da nossa atenção ― Kara foi a primeira a se manifestar, se aproximando do homem, pronta para segurá-lo pelo colarinho da camisa social e lançá-lo dali com todas as suas forças.
― Se vocês não aceitarem a minha oferta, as coisas vão ficar muito feias para vocês ― Pontuou com o mesmo sorriso nos lábios e não parecia se intimidar com a presença imponente de Kara ali.
― Ok ― Sara colocou uma das mãos no ombro da kryptoniana ― Tudo bem Kara, todos afastem-se, eu e Darhk precisamos colocar o papo em dia.
Ela caminhou com o homem até um local reservado contando até mil mentalmente para não atacá-lo ali mesmo e perder seu próprio controle, aquele não era o momento.
― Você quer falar, então fale ― cruzou os braços na frente do homem.
― Para alguém que já morreu, você não aprecia muito as coisas simples da vida ― sorriu sarcástico ― Eu? Sou um homem mudado, por isso estou tentando fazer isso de forma civilizada.
― Fazer o quê? ― ela perguntou apenas por conveniência.
― Convencer vocês e seus amigos de pegarem suas coisas e darem o fora ― respondeu como se fosse a melhor proposta de todas.
― Você quer que Helena fique ― descobriu a verdade por trás daquilo.
― O que eu posso dizer? Os anacronismos fazem bem para os negócios ― arrumou a manga da camisa social que usava.
Enquanto eles conversavam, Kuasa mostrava um pouco mais de quem era para Amaya, mostrou como também era de Zambezi e ainda lhe avisou que matá-la seria como matar a si mesma e Amaya estava convencida das péssimas intenções da mais nova, ela havia corrompido o totem da água.
Os ânimos logo se exaltaram novamente por causa de Helena, Mick havia chamado Ray para saírem dali pelo comunicador, mas eles não funcionavam e a simples presença da mulher perto do mais novo era um fator irritante para o ex-ladrão, ele começou aquela briga.
― Eu achei que precisava convencer você sobre as besteiras que sua equipe faz ― Damien voltou a rir ouvindo a confusão instaurada ali ― Achei precisar convencer você de que estaria melhor se voltasse à vida de antes. O que me trás a minha oferta ― se virou para a confusão ― Eu deixo todos vocês saírem ilesos se saírem agora e voltarem a 2017.
― Ou o quê? ― ela se atreveu a perguntar.
― Ou eu mato seu grupinho feliz de idiotas, um por um, deixando você por último ― Ele se aproximou da loira ― Assim, você morrerá sabendo que poderia tê-los salvado se tivesse feito a escolha certa.
{...}
― Darhk nos fez uma oferta ― Sara pontuou pouco depois do sermão a sua própria equipe por ter causado uma briga estúpida no meio de uma festa de Hollywood ― Paramos de fazer o que estamos fazendo, desistimos da Waverider e de consertar os anacronismos.
― Porque Darhk se importa com o conserto de anacronismos? ― Lena tentou descobrir o plano deles.
― Não sei ― Sara suspirou ― Não deu tempo de saber do plano maligno dele.
― Nós vimos o que ele é capaz de fazer ― Zari pontuou ― Somos capazes de vencê-lo?
― Ainda mais agora com a assistente dele e aquela bruxa de água ― Nate continuou.
― Ela não é uma bruxa ― Amaya se manifestou ― Seu nome é Kuasa e possui um dos totens perdidos do Zambezi.
― Darhk massacrou aqueles agentes do tempo em Londres sem pestanejar ― Martin pontuou a verdade completamente preocupado e com razão ― E se nós não pudermos detê-lo? Essa pode ser a nossa melhor oferta ― Todos sabiam que ele não estava sendo covarde, estava apenas preocupado com sua própria família, sobre o que ainda tinham para viver.
― Ninguém oferece um acordo sem querer nada em troca ― Kara e Mick disseram juntos, surpreendendo a todos os presentes ali.
― Além disso, se nos separarmos ― Kara continuou ― ele vai acabar conosco de um por um ― sua voz vacilou no final da frase, como se soubesse a realidade daquela teoria.
― Ela tem razão ― Lena respondeu num fio de voz e limpou a garganta logo depois aumentando seu tom ― Somos mais fortes juntos, sabemos disso.
― Darhk sabe disso ― Nate finalizou.
― Certo. Vamos trazer Helena para a nave ― Sara ditou as novas ordens vendo os garotos se levantarem ― Não! Depois daquela festa vocês estão de castigo ― disse aos garotos ― E eu preciso que descubram porque nossa comunicação está falhando ― Saiu para trocar de roupa e colocar o novo plano em prática.
{...}
— Toc toc… — O sussurro de Lena batendo suavemente contra sua porta tirou Kara de seus pensamentos. A loira encontrava-se apreensiva. Depois da confusão com Damien e o retorno à nave, Sara voltou a querer resgatar Helena novamente. Desta vez, a ex assassina escolheu somente Amaya e Zari para acompanhá-la, deixando Lena e Kara no comando na nave. E aquele era o motivo de sua preocupação. Com Damien a solta e Zari naquele meio, ela tinha medo pela sua melhor amiga. — Você está livre?
— Lena? — Confusa, Kara arqueou uma única sobrancelha. — O que faz aqui? — Ela soou mais rude que deveria, e Lena arrependeu-se de ter pensado em iniciar uma conversa.
— Eu vim agradecer. Você protegeu a Sara hoje daquele homem. — Lena permaneceu parada próxima da porta, não sabendo se deveria adentrar ou não. Kara trincou o cenho, indiferente.
— Não foi nada demais. — Refutou simplesmente.
— Eu acho que foi. — Ela soltou sem querer, novamente, em poucos segundos, arrependendo-se de ter dito algo. Kara a mirou curiosa. — Desculpe-me… Eu, sem querer, escutei a sua conversa com Sara na noite em que Damien foi revivido. — Revelou, sentindo-se envergonhada pelo penetrante olhar da Zor-El. — Não foi minha intenção, eu juro.
— O que você ouviu? — Kara questionou rigidamente. Lena engoliu em seco, tentando lembrar-se do que tinha sido dito.
— Sobre como vocês duas se pareciam e… Sobre o meu irmão ter revivido? — Kara arregalou os seus olhos, desviando rapidamente sua atenção de Lena. — Isso… é mesmo verdade, Kara?
— Bem, eu não teria porque mentir. — Ironizou a Zor-El, parecendo ácida. — Não como você, certo? — Completou, destilando o seu veneno.
— Kara…
— Sim, ele reviveu. Não posso te dizer o motivo, mas… Ele reviveu e eu tive que passar por todo aquele inferno de novo. Mas, desta vez, ele foi visto como o herói de National City, o herói do mundo… Como ele tanto queria, não? — Lena demorou para processar tudo perfeitamente bem. Lex havia voltado. Ele reviveu dos mortos como uma fênix e retornou a atormentar Kara como se já não tivesse feito o bastante. — Você saberia se não tivesse ido embora. — Brincando com os seus dedos, Kara soou magoada, mesmo que não quisesse demonstrar fraqueza. Lena suspirou, finalmente tomando coragem para adentrar o recinto.
Sentando-se ao lado de sua ex melhor amiga, Lena manteve-se em silêncio, esperando que Kara despejasse toda a sua frustração em si. Lena merecia, ela sabia que sim.
— Eu não entendo, eu nunca entendi… Porque simplesmente você fingiu-se de morta, Lena? — Chateada com as não recentes memórias de chorar contra Alex enquanto raciocinava o peso daquela carta embaraçou sua mente ainda frágil. — Por que apenas não disse que fugiu? Que optou em recomeçar a sua vida em uma outra… Terra? Por que você teve que pisar em meu coração de tal maneira?
— Eu sei, Kara. Não há desculpas para isso e…
— Diga-me a razão. — Disse, desejando que o motivo concreto saísse de seus lábios. Lena respirou fundo.
— Não queria que viesses atrás de mim… Além disso, não achei que você importaria-se com a minha morte. Ninguém deveria importar-se com um Luthor. — Kara mordeu os lábios, evitando uma risada, mas aquele som saiu independente. Não era um riso contente. Ao contrário, um sorriso sombrio, que pairava em tristeza, raiva e mágoa.
— Você sempre foi tão idiota, Lena. — Tentou, outra vez, brincar. Lena a mirou ofendida. — Desde o início de nossa amizade, três anos antes, eu te disse, e segui repetindo a mesma coisa um milhão de vezes; que se dane a porra de seu sobrenome. Eu te amava por quem você era e não de onde você veio. Mas você nunca acreditou em mim, certo?
— Kara…
— Eu fiz questão de dizer-te todo o maldito santo dia o quanto você era importante para mim e, no final, você duvidou de meus sentimentos. — Kara pontuou. — A nossa amizade sempre esteve fadada ao fracasso, Lena?
— Você mentiu! Como queria que eu me sentisse sobre isso?! Você mentiu na minha cara durante anos e esperava que eu pudesse confiar em ti? — Levantando-se da cama, Lena pôs-se diante de Kara, seu rosto vermelho pela raiva.
— Se você tivesse me ouvido, eu poderia ter te dito a razão de toda essa mentira, do porquê eu ter mantido a identidade secreta de você. Mas, como sempre, fugir segue sendo o seu maior hobby, estou enganada? Você forjou a sua morte e fugiu, levando contigo o meu coração. — Lágrimas picaram no canto das orbes azuis, mas Kara lutou para não deixá-las caírem. Kara não se quebraria tão fácil diante de Lena. Não novamente. — Eu teria respeitado o seu espaço se você tivesse somente fugido, eu teria me mantido longe se você apenas dissesse que não queria me ver de forma alguma. Eu sempre te respeitei, não? Porém você foi cruel, infinitamente cruel, quando deixou escrito em papéis que eu era a causa de sua morte… Como eu posso te perdoar por isso? Apenas ilumine a minha mente, Lena.
— Kara… — Nada veio. Ela não tinha uma resposta. Como teria? Kara disse em alto e bom tom; Lena a destruiu quando fingiu-se morta. Ela tirou o seu chão. Puxou o pano onde Kara pisava. Ela não poderia obrigá-la a passar um pano por aquela decisão estúpida de Lena. Era mais complexo que um simples ‘eu te perdôo’.
— Eu imaginei. — Kara levou o silêncio de Lena como resposta. — Por favor, saia. E-eu, eu não estou no melhor clima para essa discussão e Sara deve chegar em alguns minutos com Helena, Zari e Amaya. — Lena não mexeu-se, ainda perdida na sua imaginação. Kara coçou a garganta para tirá-la do transe. — Você já agradeceu, não? Agora vá embora, Lena. — Soando mais firme que deveria, Kara ordenou. Hesitante, a Luthor recuou, finalmente deixando o quarto e uma tristonha Kara, a qual choramingou quando viu-se sozinha, aparando as lágrimas dolorosas.
{...}
— Não é muito abominável... — Comentou Amaya, fitando a missão gigantesca onde datava dados de Helena naquele instante. —…Tratando-se de uma prisão. — Completou.
— É a mesma segurança da festa. Acho que a Helena ainda está lá dentro. — Sara cruzou os seus braços, pensativa.
— Acha mesmo que vão acreditar neste truque? — Zari indagou.
— Os homens ficaram mais espertos nos últimos 1000 anos? — Alfinetou a Lance. Amaya riu, negando a cabeça, e escutou um singelo 'nop' de Zari. Elas seguiram a Capitã até o carro escrito "entrega de cavalos" e Sara deu início ao plano.
Elas conseguiram adentrar após Sara enganar o segurança e vasculharam cuidadosamente a mansão, buscando Helena. A belíssima e grega loira deixava a sala e chegava a parte externa da mansão quando avistou Zari e Amaya chegando.
— Por favor, não grite. — Zari pediu. Helena ameaçou gritar, não esperando ser imprensada por trás pela ex assassina, a qual cobriu sua boca com uma de suas mãos.
— Ela disse "por favor". Pode se comportar? — Sara sussurrou contra o seu ouvido. Helena consentiu freneticamente e, quando teve certeza, Sara a soltou.
— Por favor, não me leve embora. — Helena implorou.
— Desculpe, aqui não é seu lar, Helena. — Sara suspirou.
— Faz ideia de como é nas planícies de Tróia? — Helena desviou o seu olhar de Sara para mirar Zari e Amaya. — A terra de Hollywood está longe de ser perfeita, mas, pelo menos, os homens não se matam por mim. — A sincronia foi perfeita. Ao terminar a sua fala, dois carros estranhos invadiram a mansão, chamando a atenção de Amaya. E o que pôde ser ouvido depois foram tiros e mais tiros. O antigo empresário de Helena e o atual brigavam com armas apontadas por Helena. — Por que isto sempre acontece? — A grega, notando a confusão, inquiriu. — Sou amaldiçoada de verdade.
— A culpa não é sua… — Zari deu um passo à frente. — Mas pode acabar com isso. Venha conosco, Helena. — Pediu a Tomaz. Emocionada, com os olhos avermelhados pelo pré choro, Helena acenou. E Sara quem guiou-lhes para a saída.
— Temos que impedi-los que se matem. — Sara comentou, assistindo os tiros sendo trocados. — Amaya, Zari, acabem com isso. Eu levo Helena em segurança ao carro. — Zari e Amaya a obedeceram. No meio do caminho, Sara deparou com um segurança de Helena e necessitou deixá-la em um canto para poder lutar. A grega assistia as três mulheres lutando, parecendo admirada.
— Graças a Zeus… Elas são guerreiras. — Sara escutou o elogio de Helena e piscou em sua direção, nocauteando o rapaz.
— Venha, vamos… — O quarteto voltou rapidamente à nave, Sara, Amaya e Zari livrando-se das roupas usadas a ir à festa e vestindo coisas casuais. Helena observava a Waverider admirada.
— Esta embarcação é notável. — Elogiou Helena.
— Espere até vê-la voar… — Zari brincou. — Gideon, mostre a ela o que você pode fazer. — As luzes da nave apagaram-se.
— Gideon? — Amaya chamou. Sara pôs as mãos em sua cintura, aproximando-se do painel principal.
— Gideon? — Nada. Ao contrário, as luzes apagaram-se completamente. Sara suspirou, movendo-se ao seu escritório. Ray estava lá, junto de uma abatida Lena.
— Gideon e os outros sistemas vitais estão offline. — Ray comentou.
— Como isso é possível. — Sara interrogou.
— Pode ser Damien Darhk. — Lena deu de ombros. — Qual a melhor forma de nos pegar além de parar a Waverider?
— É como se algumas peças tivessem sumindo. — Stein, Jax e Amaya fizeram-se presentes. E Jax quem disse, no corpo do velho Gray.
— Claro que sumiram, Jefferson. — Stein disse. — Nesta versão da história, aquelas tecnologias não existem mais.
— Espere, do que está falando, Jax? Aliás, Marty? — Indagou Ray.
— Não conseguem ver? É tudo por causa de Hedy Lamarr. — Sara franziu o cenho, mirando Lena com uma careta. — Como sabe, Dr. Palmer, avanços tecnológicos são cumulativos. Eles se desenvolvem com o tempo e parece que a patente dela…
— É o pilar de metade dos sistemas da Waverider. — Lena sussurrou.
— E, sem ela, basicamente estamos…
— Fodidos. — Completou Sara como se fosse óbvio. — Onde está Hedy agora?
— Ela disse que começaria em um novo emprego como telefonista na Warner Brothers… — Stain disse.
— Não deve ser tão difícil fazê-la ser recontratada pelo Sr. Coleson, agora que a garota-modelo dele se foi. — Stein afastou-se de Ray, movendo-se à saída do escritório.
— Aonde você vai? — Sara perguntou, vendo-lhe sair.
— Colocar a carreira da Sra. Lammar no seu devido lugar…
Zari brincava com um de seus joguinhos na jump ship quando escutou a chegada de Helena de Tróia, interrompendo-lhe.
— Não quero me meter, mas posso perguntar… — Zari a fitou. — Que deus lhe deu poderes tão incríveis? — Zari abaixou a cabeça, rindo.
— Os deuses não nos dão poderes. — Helena franziu o cenho. — Talvez tenham dado à Amaya e a mim. Mas a capitã se fez por esforço próprio. Ela treina todo dia. Ela é bem durona.
— Ela também é capitã? — Helena inclinou a sua cabeça. Zari acenou. — Isso me dá esperanças… Saber que vêm de uma época em que as mulheres têm as mesmas chances que os homens.
— É, não diria isso. — Zari fez uma careta.
— Qualquer lugar deve ser melhor do que o lugar onde venho. — Helena disse tristonha. — Passei os últimos cinco anos sozinha, trancada em uma torre. Minha única vista era uma batalha distante sendo travada. Homens se matando. Pelo quê? Por mim? — Zari engoliu em seco, mantendo os seus olhos em Helena. Mesmo que parecesse impossível, Zari sabia como era viver em um local onde ela era silenciada. — E agora querem me mandar de volta àquele local infernal. — Pontuou Helena, permitindo-se sair então da jump ship enquanto era assistida por Zari.
{...}
Quando Jax, ou melhor, Stein, chegou à sede da Warner Brothers, Hedy Lamarr passava ligações de um lado a outro reclamando sobre como aquele sistema parecia ser obsoleto demais, o jovem concordou com ela e lhe inspirou com algumas poucas palavras, afinal, ela estava destinada a melhores coisas. Eles caminharam para fora dali e torceram silenciosamente para tudo dar certo, porém, aquele não era mesmo o dia deles, não quando Damien Darhk e Nora apareceram.
Em um primeiro momento, eles tentaram fugir dali, ambos loucos para salvarem suas próprias peles, mas era tarde demais para fugir. Jax, no corpo de Stein, logo sentiu o pavor através da conexão do Nuclear, eles então se prepararam para salvá-lo. Sara, Nate, Kara, Mick, Jax e Ray iriam lutar contra Darhk, enquanto Lena, Zari e Amaya cuidavam de Helena e lhe preparavam para voltar à sua linha do tempo.
Sem a Waverider funcionando, Zari e Amaya foram fechar as portas da nave no modo manual enquanto Lena e Helena ficaram juntas no lobby da nave, atentas a qualquer possível invasão ali.
Jax sentia pavor, o grande galpão tinha diversos esconderijos, mas ele sabia a verdade, nenhum era seguro o suficiente para deixar Hedy Lamarr segura dos dois vilões, ele só não contava com o aparecimento de sua equipe para lhes ajudar.
Sara foi a primeira a atacar Darhk, com uma pequena shuriken acertando o rosto branquelo.
― Que bom ― manteve o aperto em Stein ― A cavalaria chegou ― seu sorriso sádico se alargou ― Eu realmente senti falta dos seus trajes extravagantes.
― Seu problema é comigo Damien ― Sara tomou a frente sem perceber Kara logo ao seu lado ― Então vamos lutar ― ela se aproximou do homem e pegou duas espadas presentes no set enquanto caminhava até ele ― Eu e você, ao modo da Liga ― rodou a espada em sua mão ― Duas espadas, sem magia.
― Um duelo? Que coisa singular ― ele sorriu da mesma forma, jogou o corpo de Jax para longe e pegou uma das espadas ― Mas sabe, eu não preciso de magia para matá-la.
― Engraçado, Oliver disse a mesma coisa a você, antes de matá-lo ― bateu sua espada na do homem e começou aquele duelo.
Enquanto isso, Zari fechou a primeira porta da nave, ela só não contava com o fato de Kuasa não precisar de portas para conseguir entrar ali e lhe nocautear com um golpe na nuca.
― Deixe ela ir ― Amaya pediu com o tom duro na voz.
― Veja se não é a grande Defensora ― Kuasa sorriu de forma sarcástica.
Amaya estava pronta para lutar contra aquela invasora e, ao mesmo tempo, sentia algo estranho ali, como se ela fosse de certa forma familiar.
De um lado, Amaya e Kuasa lutavam, do outro, Sara e Damien batalhavam por suas vidas enquanto Kara, Mick, Nate e Ray tentavam bater Nora, a loira não conseguia entender como seus grandes poderes pareciam tão inúteis diante de algo visto por ela como simplório, Mick tentou o fogo, ela o agarrou como se não fosse nada.
Kuasa atacou Amaya novamente e, percebendo a situação da nova colega de nave, Lena pegou uma pequena adaga e pediu para Helena lhe esperar, dando outra nas mãos da loira.
Hedy Lamarr resolveu não ouvir os conselhos de Jax para fugir e voltou, resolvendo o problema dos dois, eles precisavam se unir novamente, talvez, assim eles voltassem aos seus próprios corpos, porém o risco da reação catastrófica de grandes proporções ainda parecia assombrar Stein.
Ray tentou uma explosão, também foi em vão contra Nora. Kara e Nate avançaram, a loira deixando a raiva tomar os seus punhos e, antes deles sequer chegarem perto, ela usou os ataques anteriores para atacá-los, derrubando os quatro heróis.
Por um momento, Sara sentiu-se vitoriosa, ela conseguiu desarmar Damien e ele fugiu. Do outro lado Kuasa parecia estar levando a melhor. Quando Sara tinha a espada apontada para o pescoço de Damien, ela sentiu algo diferente crescendo em seu estômago.
― Nada mal ― ele sabia reconhecer.
― Quer essas como suas últimas palavras? ― ela ignorou a sensação, quando a sentiu aumentar ― Nós concordamos, sem magia!
― Veja bem, srta. Lance, eu concordei em não usar a minha magia. ― arrumou a manga da camisa social ― Eu não poderia fazer a mesma promessa por ela.
Sara sentiu a mão de Nora em seu ombro, como se ele estivesse sugando sua força vital e, de fato, estava.
― Sara! ― Kara gritou e usou de sua velocidade para chegar aos dois quando foi parada por Damien, exatamente ao lado de Sara e a loira gritou novamente quando sentiu a outra mão de Nora em seu ombro, a mulher de cabelos castanhos sentiu seus poderes aumentarem enquanto sugava as forças vitais de Kara e Sara.
― Sabem uma coisa sobre as filhas? ― riu sarcástico ― Quando elas lhe veem morrendo nas mãos de um herói com falso moralismo, elas não permitem acontecer novamente.
― Precisamos agir agora ― Jax pediu a Stein e eles se fundiram mais uma vez, sem se preocupar com a reação de grandes proporções. Eles atacaram os Darhk, mas Damien segurou com as mãos enquanto deixava sua filha lidar com as duas heroínas caídas.
O poder fluindo pelas veias do Nuclear formou um poderoso ataque, tão forte que foi capaz de fazer Nora largar Sara e Kara para poder ajudar o pai a pará-lo, mas daquela vez eles estavam em leve desvantagem. Eles se teletransportaram para fora dali e deixaram seu rastro de destruição Jax e Stein voltaram aos seus corpos e Ray foi o primeiro a perceber as duas heroínas desmaiadas, eles precisavam voltar para a Waverider.
Do outro lado, Amaya desabafava em meio a luta.
― Você é uma vergonha para todos os portadores de totens ― esbravejou ― Não tem o direito de carregar esse totem.
― Eu tenho todo o direito ― Kuasa revidou, irritada ― Com este totem e o seu ― continuou.
― Esse totem é da minha família! ― gritou. ― Só minha família tem o direito de portá-lo.
― E continua assim ― respondeu no mesmo tom ― Você deu a sua filha e ela deveria passar para mim, mas ao invés disso, ele está no pescoço da minha irmã mais nova ― deixou todo o seu rancor escapar pelos seus lábios.
― Impossível ― Amaya não queria acreditar.
― Eu ser sua neta? O que você sabe sobre o futuro? Eu disse, não posso matar você sem me matar.
― Mas como? ― ela precisava entender.
Quando Kuasa ia lhe responder, ela sentiu duas adagas perfurando suas costas, Helena e Lena haviam intervido naquela situação.
― Kuasa, espere! ― era tarde demais, a mulher já havia se retirado.
{...}
— Você está bem? — Zari escutou Amaya indagar. Sentada na ala de abertura da nave, a morena descansava do ataque de Kuasa. E Amaya parecia totalmente apreensiva com a Tomaz.
— Sim… Um pouco. — Zari sorriu em meio a pequena dor. — Kuasa é um tanto forte. Me desculpe por ter feito você lidar com ela sozinha. — Amaya negou, também rindo.
— Eu sou mais durona do que imagina, querida. — Piscou a Jiwe, sentando-se ao seu lado. — Mas estou feliz que esteja bem agora. — Admitiu com tamanha sinceridade.
— Assim como você, eu não sou de cair fácil, Já enfrentei coisas piores que uma vadia bruxa da água em 2042. — Comentava, brincando com os seus próprios dedos.
— Eu imagino… — Sussurrou a Jiwe. — Na primeira vez que te vi, você tinha um ar imponente. É difícil imaginar que este ar não fosse a verdade. Você é badass, Zari. E eu não poderia estar amando mais fazer uma parceria contigo. — Zari sentiu-se corar. Ela agradeceu por estar de cabeça baixa ou queimaria como um gigante tomate. Mas Amaya sentiu que a Tomaz parecia constrangida e riu suavemente.
— Z, você sabe… Você pode me chamar de Z, Amaya. — Informou a Tomaz. Amaya anotou mentalmente o apelido indicado por Zari. — E obrigada… Eu estou gostando disso, de nós como uma equipe. É bom ter alguém que compartilhe o peso desse totem. — Amaya consentiu. Antes que algo a mais saísse de Zari, a porta da nave foi aberta pelo restante do grupo, o qual lutava antes contra Nora e Damien. E a primeira reação de Zari foi arregalar os seus olhos, o pânico instalando-se na Tomaz. Sua amiga, sua melhor amiga, desacordada junto da capitã. — Kara! — Nate, o qual carregava Kara, não parou, seguindo Mick, cujo tinha Sara em seus braços, para a ala médica.
Lena Luthor naquele instante ocupava a ponte da Waverider, imaginando como levaria Helena de Tróia à Grécia. No entanto, foi tirada de seus pensamentos quando todos passaram pelo seu recinto atual. Seus olhos verdes caíram em duas figuras loiras desmaiadas e o seu coração bateu diferente em seu peito. Dor, uma incomparável hospedou-se no seu coração como se fosse dono daquele local. Sara… A sua Kara. Ambas sendo carregadas por Nate e Mick.
Ela sentiu os seus joelhos trêmulos, podendo desabar ao chão a qualquer momento. A agonia nunca pareceu tão existente. Ela hesitou em abrir a sua boca e questionar o que acontecera, porém, quando fez, sua voz tornou-se inexistente. A única presença feita foi da angústia e da culpa. Culpa por ver naquele estado, culpa por ser grande parte, mesmo que indiretamente, daquilo tudo. Culpa por Kara estar nas Lendas e ter se machucado de tal forma. Culpa por parecer estar perdendo a pessoa que mais ama naquele mundo. Culpa por parecer estar perdendo Kara Zor-El.
Para Kara, por outro lado, havia apenas o silencioso e apavorante escuro, o mesmo da Zona Fantasma, pronto para lhe assombrar ainda mais, ao invés de permití-la descansar.
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